Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

“Até o final ele fez o bem…”

02/04/2019

Jesus respondeu: “Hoje estarás comigo no Paraíso”
Lc 23, 43)

Tudo estava para ser concluído. Jesus aproveitara bem o tempo, os anos de sua vida pública para percorrer os caminhos dos homens. Uma que outra vez vemo-lo na sinagoga e no templo. A maior parte de seus dias passava no meio das gentes, de toda sorte de gente. Sentava-se à mesa com alguns, socorria a outros, dirigia uma palavra a um grupo maior com Mestre, sempre um Mestre que mais falava com seu olhar do que com suas palavras. Um Mestre que tinha uma fonte no coração.

Lucas nos relata ainda um inusitado encontro de Jesus bem no final de sua vida, no alto da cruz. Tudo estava para se concluir. Está “sentado” no trono da cruz. O Mestre que vai dar a lição do amor até o fim. Quase não aguenta mais. Sente falta de ar. De quando em vez, olha à distância e vê o mundo, os homens, as mulheres. Está no final de suas forças. Exaurido. Completamente exaurido. De um lado e de outros, dois salteadores pregados de um lado e de outro.

Um deles, desesperado, solta palavras de revolta, duras palavras que devem ter atingido o delicado Coração do Mestre. “Afinal de contas, se és mesmo o Messias, desce daí, tira-nos da morte…” Palavras de desespero, mas tão duras. Naquela hora aumentaram a dor das chagas do Senhor.

Há o outro, mais sereno, mesmo sofrendo. O que se passava na cabeça desse que aprendemos a chamar de “bom ladrão”? Certamente, alguém que havia cometido graves delitos, que havia se perdido nos caminhos do existir, como tantos de nós. Sente ele que está ao lado de uma pessoa boa, profundamente boa, misteriosamente boa e bela. Conheceu ali, no momento da execução. Mas uma pessoa boa. Nem podia ver-lhe o rosto. Esse ladrão “bom” perto desse Jesus tão límpido, experimenta a dor de não ter sido bom de verdade. Dá-se conta que o fim três se aproxima.

Dirige-se ao revoltado: “Meu caro, nós merecemos o castigo. Nossa biografia está manchada. Por que insultar esse homem? Nós estamos pagando por nossos atos. Melhor que cales a boca e te prepares para morrer. Não temes a Deus? .

Do interior desse ladrão tido como “bom” havia uma dor, a dor do arrependimento. E ele exprime um desejo: “Jesus, lembra-te de mim, quando vieres com teu reino”. Imagino o tom suplicante e confiante de sua voz. Pouco antes do desfecho de tudo uma promessa que estava na iminência de se realizar: “Em verdade eu te digo, hoje estarás comigo no Paraiso”. Que doces esses sons! Certamente, o ladrão bom teria vontade de desvencilhar-se dos cravos e abraçar demoradamente a Jesus misturando seu sangue com seu sangue, suas lágrimas com suas lágrimas.

Será que os dois se olharam? Crucificados como estavam, podiam tornar o rosto um para o outro? Ou foi simplesmente ouvidos fiapos de vozes? A voz que fazia um pedido e voz de uma promessa inaudita.

Não vai mais ter sentido essa coisa de tempo. Naquele mesmo “hoje”, esse homem despedaçado e sofredor estaria na glória. “Hoje, estarás comigo na glória. Nossos corpos se transfigurarão e eu vou te levar pela mão para que nós dois nos deliciemos na contemplação do rosto do Pai. O céu já começou para ti. Eu estava com saudade do Pai. Agora, depois, de ter percorrido os caminhos da terra vamos juntos para a glória do Pai”.

Concluo com um pensamento de José Antonio Pagola: “Faltam poucas horas para o final. Da cruz só se ouve o insultos de alguns e os gritos de dor dos justiçados. De repente um deles se dirige a Jesus: “Lembra-te de mim”. A resposta de Jesus é imediata: “Asseguro-te: hoje estarás comigo no paraíso”. Ele sempre fez a mesma coisa: suprimia medos, infundia confiança em Deus, transmitia esperança. E continua fazendo isso até o final!” (Pagola, Lucas, p. 345).

Frei Almir Guimarães 

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