Como todo homem, natural que Cristo viesse a morrer. Não era natural que ele morresse em meio a sofrimentos. Jesus morre não somente porque sua vida chega a seu termo. Ele morre para mostrar que nele vive não somente para si: sua vida está orientada para o Pai. Morrer para acabar de viver não tinha sentido para ele. Dar livremente a sua vida para mostrar que se vive para um outro, eis o significado filial de sua morte. Mas como ele vai mostrar que está dando livremente sua vida? Aceitando o sofrimento da cruz. Pelo fato de Jesus não ter sido obrigado a ser pregado no lenho, o sofrimento aparece como expressão do ato gratuito que Jesus proclama: “Minha vida ninguém me tira; sou eu que a dou livremente”.
Pierre Talec
QUANDO FORA PREGADO NA CRUZ
Hoje, Nosso Senhor, na balança de cruz pesou o preço de nossa salvação. E, unicamente por sua morte, absolveu todo mundo como restaurador das coisas todas, do mesmo modo como fora seu construtor. Creiamos firmemente que ele redimiu o mundo inteiro, dando muito mais do que o mundo valia. A eminente dignidade do preço pago excedeu o valor do bem resgatado. Entre o redentor e o redimido houve magnanimidade e não equivalência. Aquele que não tinha pecados próprios apagou dignamente o dos outros. Sozinho ele, vítima santa, sucumbiu por todos, a fim de a todos erguer. E ele, o único que não tinha nenhuma dívida, despendeu em favor dos devedores o lucro da misericórdia. Suportou nossos males para conceder-nos seus bens.
Eusébio Galicano, monge
Edição: Frei Almir Guimarães