Frei Almir Guimarães
O coração de Deus se chama coração de Jesus Cristo. O coração humano de Jesus Cristo não é infinito, mas certamente ele é o coração de Deus. Pelo amor que nos dedica ele se torna o centro de nosso coração. Esse nosso coração se sente, então, libertado de toda angústia. Deus é grande demais para ser compreendido por nossa fragilidade. Pode, quem sabe, nos causar receios e medo de tão excelso que é. Ora, o coração de Jesus é o mesmo coração de Deus com chispas de ternura e de encorajamento. Do coração de Jesus brotaram palavras humanas, palavras íntimas, palavras humanas que eram palavras de Deus, palavras de promessa de imensa felicidade.
É junto desse coração que encontramos descanso. Na certeza de que ele nos ama de um amor sem mistura, ele nada mais é do amor. Esse coração se debruçou sobre os mais fundos abismos de nosso mistério de sim e não, de desejo das alturas e de gosto pelo que é debaixo. No coração de Jesus, e quase que somente nele, Deus se revela como nosso Deus. Compreendemos que o sentido da vida é o dom, o amor, o perdão, a entrega do melhor de nós mesmos.
Nesse coração compreendemos que o grande mistério da vida se torna o mistério do amor. Compreendemos a coisa essencial, a realidade do amor sem o que todo saber se torna vão e constitui tormento para o espírito.
Nosso coração sabe que, nesse coração, ladrões e assassinos encontram perdão, lugar em que as noites mais escuras se vestem com a luminosidade do dia. O coração de Jesus suportou conosco toda sorte de trevas. E nele tudo se transforma em amor.