A maioria de nós tivemos os primeiros contatos com Jesus na primeira infância. Muitos tiveram a sorte de ir descobrindo a realidade desse que é chamado de Mestre, Senhor, Vida, por meio de uma catequese inteligente e bem feita e por viverem em comunidades transparentes que acolheram o Ressuscitado. Experimentaram, de alguma forma, sua realidade e sua presença viva. Outros ficaram apenas com noções cerebrais a seu respeito. Começaram a viver os ritos, acompanhar suas famílias na oração e na participação da missa. Talvez alguns deixaram tudo porque não tiveram ocasião de encontrar Jesus vivo e aquele que se insinua em nossas vidas em seu seguimento. Sem seguimento de Jesus este se torna uma vaga sombra do passado incapaz de nos tocar interiormente.
Sempre que vivenciamos a primeira sexta-feira dedicada ao Coração de Jesus temos novamente ocasião de mergulhar no mar imenso de seu amor. Um Deus pobre, indefeso, um mendigo de amor, aceitando em silêncio gestos de ofensa e sendo exposto ao ridículo. Um torturado, parecido com esses que são chutados e aleijados. Vemos o peito aberto, janela pela qual vislumbramos o amor sem limites. Esse momento pode ser aquele que o Senhor pode nos seduzir. É como se o Ressuscitado estivesse a nos dizer: “Tudo isso aconteceu porque te quero bem!”
Vale a pena refletir nestas linhas de José Antonio Pagola: “Voltar a Jesus é reavivar nossa relação com ele. Deixar-nos alcançar por sua pessoa. Deixar-nos seduzir não só por uma causa, um ideal, uma missão, uma religião, mas pela pessoa de Jesus, pelo Deus vivo nele encarnado. Deixar-nos transformar pouco a pouco por esse Deus apaixonado por uma vida mais digna, mais humana e mais feliz para todos, a começar pelos últimos, os mais pequenos, indefesos e excluídos” (Voltar a Jesus, Vozes, p. 53).
Frei Almir Guimarães