Não nos cansamos de nos colocar diante de Jesus, vivo, ressuscitado, atuando misteriosamente em nosso mundo e na vida de cada um. É nosso ilustre visitante. Muitos de nós temos o cuidado de contemplar mais detidamente o Coração do Mestre na primeira sexta-feira. Queremos que seu amor penetre mais e mais nosso viver. Olhamos com carinho essa fonte aberta no peito de Jesus. Concluímos que mais amor do que esse era impossível…dom até a última gota de sangue e de água e um abrigo nas ressacas e tormentas.

Vivemos, vamos de etapa em etapa, por vezes enxergamos claro. Nossos pés andam firme. Vislumbramos um viver pleno marcado pelo amor.Com a brisa suave acariciando o rosto andamos a cantarolar a melodia da esperança e temos fé no amanhã de nossos dias e nos dias do mundo. Fazemos também a experiência da cegueira. Repetimos as coisas. Rotina. Passeamos nossos olhos por aqui e por ali. Como caminhar com alegria e não simplesmente caminhar por caminhar? Por vezes nossa vida cristã é sem viço. Acreditamos, praticamos, não cometemos faltas graves, mas somos seres indecisos e titubeantes. A Escritura pode nos acordar de um certo torpor. Fazemos essa experiência de cegueira. Buscamos a luz. Eis uma palavra de Isaías.

“Eu, o Senhor, conduzirei os cegos pelas mãos e os levarei por um caminho nunca visto; hei de guiá-los por atalhos e veredas até então desconhecidos para eles. Diante deles mudarei em luz as trevas, farei planos os caminhos tortuosos. Tudo haverei de fazer em seu favor e jamais haverei de abandoná-los” (Is 42, 16).

Os cegos que somos precisamos da claridade do amor. Cristo, com seu peito arreganhado, é prova de podemos viver na luminosidade. Nunca seremos abandonados. Demonstração mais gritante de bem-querer não podia haver do que lado fissurado do Senhor Jesus.

Enxergar, abrir os olhos e deixar que a luz da fé nos ilumine com as graças do coração do Redentor: ver a alegria da vitória dos outros e rejubilarmos, alterar nossa agenda porque o amor suplica nossa atenção e nossa presença, enxergar a dor no olhar de um idoso sem ninguém. O Coração de Jesus pede que sejamos luz. Que façamos sua tarefa de iluminar de amor com nossa vida.

Frei Almir Guimarães