Frei Almir Guimarães
“Todos os cristãos, em qualquer lugar e situação em que se encontrem, estão convidados a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de procurá-lo dia a dia, sem cessar”. Papa Francisco, A Alegria do Evangelho, 3
♦ Mês após mês, cristãos que somos, na Primeira Sexta-feira do Mês, temos muito gosto em nos deter diante de Jesus, o Filho amado do Pai, com seu Coração aberto no alto da cruz. Desde nossa mais tenra infância aprendemos a olhar com indizível amor e carinhoso respeito para o “lado aberto” no lado do Senhor. Daquela fissura no peito do Senhor brotaram rios de água e sangue, mas sobretudo esse lugar se converteu para todos em âmbito de contemplação, de gratidão e de júbilo interior. Uma força de vida provém desse amor que termina com uma gruta a ser habitada, a gruta do peito do Senhor.
♦ Não há dúvida, o Papa Francisco, tem toda razão quando nos convida a voltar ao encontro pessoal com Cristo. Não nos sentimos satisfeitos com a mera “pratica” religiosa, com pertença à religião católica. Colocamos ritos, formulamos ou recitamos orações com o melhor de nós mesmos. Nada, pois, a recriminar. Pode, no entanto, acontecer que tenhamos nos acostumado demais com tudo o que colocamos ou dizemos. Talvez falte o mais importante que é o contato pessoal, direto com o Senhor Jesus. Ele vive, está em nosso meio, se imiscui em nosso cotidiano, faz-se presente. De modo particular sua presença se adensa quando nos reunimos para a oração comunitária e para a celebração da Eucaristia. Certamente, como discípulos de Jesus, não faltamos a esses encontros que Ele marca conosco.
♦Há, no entanto, hoje mais do que nunca, uma insistência a que venhamos a nutrir uma amizade pessoal com o Senhor. Ele mesmo deu a entender que nos tratava como amigos e que tudo o que tinha de carinhoso a nos revelar foi feito. No silêncio do quarto, na oração serena, na leitura carinhosa das páginas do Evangelho, mormente em suas exortações e parábolas ao longo da peregrinação da vida, vamos ouvindo o Mestre e deixando que Ele nos modele.
♦ De modo muito particular, nosso encontro pessoal pode se dar por meio da contemplação da cruz. Detemo-nos diante do mais belo dos filhos do homens, do sonho das colinas eternas, daquele que foi enviado até nós pela fornalha de amor que é vida da Trindade. Ali, nada de majestade: um ser que morre de amor dizendo que nos ama por cada movimento, cada gesto, cada palavra mal sussurrada. Alguém de muito bom e muito belo nos ama. Fixamos o olhar no lado, nesse lado bendito e nada temos a dizer senão: “Coração do Senhor, tem piedade de nós”. Nasce no coração do que contempla um desejo de renovação de vida. O amor que é vida, vida que produz.
♦ Concluamos com uma outra palavra do Papa Francisco: “Toda a vida de Jesus, sua forma de tratar os pobres, seus gestos, sua coerência, sua generosidade simples e cotidiana e, finalmente, sua total dedicação, tudo é precioso e fala à nossa vida pessoal. Todas as vezes que alguém volta a descobri-lo, convence-se de que é isso mesmo que os precisam, embora não o saibam” (A Alegria do Evangelho, n.265).