Frei Gabriel Dellandrea

Imbariê (RJ) – “Viver é um rasgar-se e remendar-se” (Guimarães Rosa). O grande autor brasileiro de “Grande Sertão Veredas” nos deixou essa bonita frase. Ela resume os tempos que estamos vivendo enquanto seres humanos e, por consequência, em nossa Paróquia Santa Clara, no bairro Imbariê, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Estamos retomando, na maioria de nossas comunidades neste domingo, dia 26/07, à agenda de celebrações após sermos “rasgados” pelas consequências de uma pandemia que ainda insiste em ficar. Estamos tentando nos remendar, entre orientações, máscaras e álcool em gel, na esperança de mesmo, com uma série de limites, experimentarmos a força do ser comunidade.

Entre rasgos e remendos no tecido da vida, vamos encaminhando nossas atividades, nossos sonhos e projetos. Nem tudo é possível readequar, mas queremos fazer o que é possível garantindo a maior segurança, conforto e tranquilidade. As restrições que são necessárias nesse momento nos ajudam a ver a vida por outro olhar: agora temos que “abraçar pelo olhar, tocar nas pessoas com palavras de carinho e estarmos ainda mais unidos, mesmo que cumprindo o distanciamento”. Nunca vivemos uma inversão tão grande: para demonstrarmos verdadeiro amor e cuidado, devemos estar distantes. Mas não longe: cada coração de cada irmão e irmã é um abrigo seguro.

Gestos corporais são muito valorizados nesses tempos, como o olhar, o inclinar-se ao mistério sagrado do outro, o elevar as mãos aos céus, o garantir a limpeza do espaço celebrativo! Tudo isso é uma forma de amar! Por isso, nessa pandemia, somos convidados a remendar os rasgos que a Covid-19 ainda nos deixa, mas com a certeza de que talvez o remendo ainda fique melhor que a costura original!