Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Repelir os migrantes é pecado grave. A indiferença mata

28/08/2024

Notícias

A Audiência Geral voltou à Praça São Pedro esta quarta-feira, 28 de agosto. O Pontífice dedicou sua catequese ao drama dos migrantes: que mares e desertos não se tornem cemitérios.

“Mar e deserto” foi o título da catequese do Papa Francisco desta quarta-feira, 28 de agosto. O Pontífice fez uma pausa em seu ciclo sobre o Espírito Santo para se solidarizar com as pessoas que – mesmo no momento presente – se arriscam em viagens perigosas para viver em paz e segurança em outro lugar.

O pecado do rechaço

Ao falar de mares e desertos, o Papa se referiu a todas as águas traiçoeiras e territórios inacessíveis e inóspitos: “As atuais rotas migratórias são frequentemente marcadas por travessias que para muitas, demasiadas pessoas, são mortais”, denunciou o Pontífice. Como Bispo de Roma, Francisco se concentrou no caso emblemático do Mediterrâneo, que se tornou um cemitério.

“E a tragédia é que muitos destes mortos, a maioria, poderiam ter sido salvos. É preciso dizê-lo claramente: há quem trabalhe de forma sistemática e com todos os meios para repelir os migrantes. E isto, quando feito com consciência e responsabilidade, é um pecado grave.”

O órfão, a viúva e o estrangeiro, destacou o Papa, são os pobres por excelência que Deus sempre defende e nos pede para defender.

Mas não só mares, alguns desertos também se tornam cemitérios de migrantes. E citou um dos casos que conheceu pessoalmente, o do camaronês Mbengue Nyimbilo Crepin, conhecido como Pato, cuja mulher Matyla e a filha Marie, de seis anos, morreram de fome e sede no deserto.

“Na era dos satélites e dos drones, há homens, mulheres e crianças migrantes que ninguém deve ver. Só Deus os vê e ouve o seu clamor. E esta é uma crueldade da nossa civilização.”

O Pontífice recordou que o mar e o deserto são também lugares bíblicos repletos de valor simbólico, que testemunham o drama da opressão e da escravatura. E Deus nunca abandona o seu povo: está com eles, sofre, chora e espera com eles. “O Senhor está com os nossos migrantes no mare nostrum, o Senhor está com os migrantes, não com quem os rejeita.”

A indiferença mata

Neste cenário mortífero, promover leis mais restritivas e militarizar as fronteiras não são a solução. Em vez disso, é preciso expandir rotas de acesso seguras e regulares, facilitando o refúgio para aqueles que fogem de guerras, violência, perseguições e vários desastres.

Mas não só, necessita-se de uma governança global das migrações baseada na justiça, na fraternidade e na solidariedade, combatendo ao mesmo tempo o tráfico de seres humanos.

Francisco concluiu convidando os fiéis a pensarem nas tragédias migratórias, como nas cidades de Lampedusa e Crotone, e enaltecendo os “bons samaritanos” que fazem tudo para ajudá-los, como os voluntários da associação “Mediterranea Saving Humans”“Estes homens e mulheres corajosos são sinal de uma humanidade que não se deixa contagiar pela má cultura da indiferença e do descarte”.

Todos os cristãos podem contribuir, acrescentou o Pontífice, ninguém está excluído desta luta de civilização. Há muitos modos, começando pela oração:

“E a vocês, pergunto: Vocês rezam pelos migrantes, por quem vem às nossas terras para salvar a vida? E há quem queira expulsá-los.” Por fim, um apelo:

“Queridos irmãos e irmãs, unamos os nossos corações e forças, para que os mares e os desertos não sejam cemitérios, mas espaços onde Deus possa abrir caminhos de liberdade e fraternidade.”

Que o Senhor conceda o dom da paz aos muitos países em guerra

Ao término da Audiência Geral, um novo apelo do Papa pela Palestina, Israel, a “martirizada Ucrânia”, Mianmar e o Kivu do Norte: “rezemos para que os mares e desertos se tornem espaços onde Deus possa abrir caminhos de liberdade e fraternidade.”

O pensamento do Papa Francisco voltou mais uma vez aos países dilacerados por conflitos e violências ao término da Audiência Geral desta quarta-feira, 28 de agosto. O Pontífice, expressou sua preocupação com as populações que estão sofrendo, em meio a grandes dificuldades e dores:

“Pensemos nos países em guerra, tantos países em guerra. Pensemos na Palestina, em Israel, na martirizada Ucrânia, pensemos em Mianmar, no Kivu do Norte.”

“Tantos países em guerra”, repetiu o Papa, invocando a Deus para que as hostilidades e os confrontos cessem.

Que o Senhor lhes conceda o dom da paz

Francisco lembra da Ucrânia também na sua saudação aos fiéis poloneses, que há alguns anos têm demonstrado “grande ajuda samaritana e grande compreensão para com os refugiados de guerra”, e os exorta a continuar suas obras de bem.

“Continuem a ser hospitaleiros com aqueles que perderam tudo e vêm até vocês, contando com a sua misericórdia e com o seu auxílio fraterno. Que a Sagrada Família de Nazaré, que também, em um momento de perigo, procurou refúgio em um país estrangeiro, os sustente nisso.”

Intercessão de Santo Agostinho 

E no dia em que se celebra a memória litúrgica de Santo Agostinho, aos peregrinos de língua francesa, o Papa também convida a invocá-lo para que inspire solidariedade entre os povos.

“Rezemos a Santo Agostinho, que hoje celebramos, para que os mares e desertos se tornem espaços onde Deus possa abrir caminhos de liberdade e fraternidade.”

Buscar a sabedoria e Deus como o bispo de Hipona

Dirigindo-se, então, aos alemães, Francisco relembra a “longa jornada interior de busca” de Agostinho, bispo de Hipona, que o levou a perceber o quanto Deus “nos ama e que nossos corações inquietos encontram descanso e paz somente Nele”, desejando “essa experiência da paz de Deus, que supera todo entendimento”.

Por fim, antes da bênção final, o Papa convidou todos a imitar Santo Agostinho, a serem “sedentos da verdadeira sabedoria” e a buscar “incessantemente o Senhor, fonte viva do amor eterno”.


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