Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Papa: transição ecológica passa por consumir menos coisas e viver a fraternidade

17/05/2023

Papa Francisco

                                                                                                     Imagem: Vatican Media

O Papa Francisco escreveu o prefácio do livro “O gosto de mudar – A transição ecológica como caminho para a felicidade” (2023), dos autores Gaël Giraud e Carlo Petrini, que chega às bancas em língua original italiana nesta quarta-feira (17). A obra de 156 páginas, publicada em conjunto pela Livraria Editoria Vaticana e Slow Food Editor, é uma das grandes novidades do Salão Internacional do Livro da cidade italiana de Turim, que começa nesta quinta-feira (18). O texto é o resultado de um diálogo entre Carlo Petrini, sociólogo, ativista italiano e fundador da Associação Slow Food, e Gaël Giraud, jesuíta, economista, teólogo e matemático, professor da Universidade de Georgetown em Washington.

“Este livro gerou em mim um sabor de esperança, de autenticidade, de futuro”, escreveu o Papa no prefácio, que ganhou destaque na contracapa da obra. Esse “verdadeiro gosto pelo bonito e pelo bom”, disse Francisco, vem através de uma “narração crítica” em relação à situação global, com “análise fundamentada e convincente do modelo econômico-alimentar no qual estamos imersos” e com propostas práticas de cuidado com o bem comum. “Críticas do que está errado, histórias de situações positivas: uma com a outra, não uma sem a outra”, continuou o Pontífice no prefácio.

Em seguida, Francisco enalteceu que o livro é resultado do diálogo entre “Petrini e Giraud, um ativista de 70 anos, o outro um professor de economia de 50 anos, ou seja, dois adultos” que encontram nas novas gerações motivos de confiança e esperança, aqueles que “incorporam a mudança de que todos nós precisamos objetivamente. São eles que estão nos pedindo, em várias partes do mundo, para mudar. Mudar nosso estilo de vida, tão predatório em relação ao meio ambiente. Mudar nossa relação com os recursos da Terra, que não são infinitos. Mudar nossa atitude em relação a elas, as novas gerações, de quem estamos roubando o futuro”. E os jovens fazem isso manifestando e fazendo escolhas responsáveis sobre alimentos, transporte e consumo: “os jovens estão nos educando sobre isso!”, escreveu o Papa.

“Os dois autores apontam caminhos operacionais para o desenvolvimento econômico sustentável e criticam o conceito de bem-estar que está em voga atualmente. Aquele segundo o qual o PIB é um ídolo ao qual todos os aspectos da convivência são sacrificados: respeito ao meio ambiente, respeito aos direitos, respeito à dignidade humana”, disse Francisco, ao afirmar que ficou impressionado sobre as origens históricas do PIB, em plena era nazista, com a referência da indústria de armas.

Um crente e um agnóstico por um futuro possível
A natureza do livro, continuou o Pontífice, também é duplamente interessante. Primeiro, porque é produzido na forma de um diálogo, um “confronto que nos enriquece”. Em segundo lugar, os dois interlocutores representam diferentes pontos de vista e origens culturais: Petrini, que se define como agnóstico, e Giraud que é jesuíta, “um crente e um agnóstico conversam e se encontram, embora partindo de diferentes posições, sobre diferentes aspectos que nossa sociedade deve assumir para que o amanhã do mundo ainda seja possível”.

Uma discussão que identifica que o consumo excessivo e o desperdício elevado são “o mal da vida contemporânea”, e que “o altruísmo e a fraternidade” são “as verdadeiras condições para que a convivência seja duradoura e pacífica”. Diante da situação ambiental verdadeiramente crítica, “filha daquela ‘economia que mata'” e que provocou o grito dos pobres e da Terra, sobretudo na África, “não podemos ficar indiferentes: seríamos cúmplices da destruição da beleza que Deus quis nos dar na criação que nos cerca”, escreveu o Papa ao finalizar o prefácio:

“Acredito que este livro seja um presente precioso, porque nos mostra um caminho e a possibilidade concreta de segui-lo, em nível individual, comunitário e institucional: a transição ecológica pode representar uma área em que todos nós, como irmãos e irmãs, cuidemos da casa comum, apostando no fato de que, consumindo menos coisas e vivendo relações mais pessoais, entraremos pela porta da nossa felicidade.”

Apresentação do livro nesta sexta-feira
A obra de Giraud e Petrini, que aprofunda a proposta de transição ecológica com caminhos concretos de mudança seguindo os passos da encíclia Laudato si’, será apresentada na sexta-feira (19) no Salão Internacional do Livro de Turim com a presença dos autores e a moderação de Massimo Giannini, editor do jornal italiano La Stampa.

Fonte: Vatican News (texto de Andressa Collet)


Francisco: missão, inquietação e alegria de levar o Evangelho

O Papa Francisco prosseguiu com o ciclo de catequeses sobre o zelo apostólico, na Audiência Geral desta quarta-feira (17/05), na Praça São Pedro, falando sobre a figura de São Francisco Xavier, “considerado, alguns dizem, o maior missionário dos tempos modernos”. Segundo o Papa, “não se pode dizer quem é o maior, quem é o menor. São tantos os missionários ocultos que hoje fazem muito mais do que São Francisco Xavier, considerado o padroeiro das missões, como Santa Teresa do Menino Jesus”.

“Mas, um missionário é grande quando vai. E são muitos, muitos, sacerdotes, leigos, religiosas, que vão para as missões.”

Inclusive da Itália. Muitos de vocês. Eu vejo por exemplo, quando chega uma história de um sacerdote candidato a bispo: ele passou dez anos na missão daquele lugar. Isso é grande: sair de seu país para pregar o Evangelho. É o zelo apostólico. Isso devemos cultivar muito e olhando para a figura desses homens, dessas mulheres, a gente aprende.

Francisco Xavier era cheio de zelo apostólico
Francisco Xavier nasceu numa família nobre, mas pobre de Navarra, no norte da Espanha, em 1506. Estudou em Paris. É um jovem mundano, inteligente e bom. Ali, encontrou Inácio de Loyola que o induz “a fazer os exercícios espirituais e muda sua vida. Ele deixou toda a sua carreira mundana para se tornar um missionário. Ele se tornou um jesuíta, fez os votos. Depois tornou-se sacerdote, e foi evangelizar, enviado ao Oriente. Naquela época as viagens dos missionários ao Oriente eram enviá-los para mundos desconhecidos. E ele foi, porque estava cheio de zelo apostólico”.

“Partiu assim o primeiro de um numeroso exército de missionários apaixonados dos tempos modernos, prontos a suportar dificuldades e perigos imensos, a chegar a terras e a encontrar povos de culturas e línguas totalmente desconhecidas, impelidos unicamente pelo fortíssimo desejo de tornar Jesus Cristo conhecido e o seu Evangelho”, disse ainda o Papa.

Em pouco mais de onze anos, realizará uma obra extraordinária. Naquela época, as viagens de navio eram muito árduas e perigosas. Muitos morriam durante a viagem, devido a naufrágios ou doenças.

“Infelizmente, hoje morrem porque os deixamos morrer no Mediterrâneo.”

Nos navios ele passou mais de três anos e meio, a fim de ir para a Índia, depois da Índia para o Japão. Como ele se movia!

Inquietação de um apóstolo
Chegou a Goa, na Índia, capital do Oriente português, capital cultural e também comercial. Francisco Xavier estabeleceu ali a sua base, mas não permaneceu ali. Foi evangelizar os pescadores pobres da costa meridional da Índia, ensinando o catecismo e orações às crianças, batizando e curando os enfermos. Depois, durante uma prece noturna diante do túmulo do apóstolo São Bartolomeu, sente que deve ir além da Índia. Deixou em boas mãos a obra já iniciada e zarpa corajosamente para as Molucas, as ilhas mais longínquas do arquipélago indonésio.

“Para estas pessoas não havia horizontes, iam mais além. Estes santos missionários tiveram coragem! Também os de hoje que não vão de navio por três meses, mas de avião por 24 horas. Depois, estando lá é a mesma coisa. Percorrem muitos quilômetros, entram nas florestas. Nas Molucas, põe o catecismo na língua local e ensina a cantar o catecismo”, frisou o Papa. “Um dia, na Índia, encontrou um japonês que lhe falou do seu país distante, onde nunca nenhum missionário europeu ainda tinha ido. Francisco Xavier tinha a inquietação de um apóstolo, de ir mais longe, mais longe, e decidiu partir o mais depressa possível. No Japão, as sementes plantadas darão frutos abundantes”, disse ainda Francisco.

Jovens, olhem Francisco Xavier
“No Japão, o grande sonhador Francisco Xavier compreendeu que o país decisivo para a missão na Ásia era outro: a China. Com a sua cultura, história e grandeza, exercia efetivamente um predomínio sobre aquela parte do mundo. Ainda hoje a China é um polo cultural, com uma grande história, uma história bonita. Mas o seu plano falhou: ele morreu às portas da China, numa ilha, na pequena ilha de Sanchoão, na costa chinesa, na vã espera de poder desembarcar em terra firme, perto de Cantão”, sublinhou o Papa. “Em 3 de dezembro de 1552, ele morreu em total abandono, apenas um chinês estava ao seu lado para vigiá-lo. Assim termina a viagem terrena de Francisco Xavier, aos quarenta e seis anos. A sua atividade extremamente intensa estava sempre vinculada à oração, à união mística e contemplativa com Deus. Ele nunca abandonou a oração, porque sabia que ali havia força”, sublinhou. “Onde quer que se encontrasse, cuidava dos doentes, dos pobres e das crianças. Não era um missionário “aristocrático”: estava sempre com os mais necessitados, com as crianças necessitadas de educação, de catequese. Os pobres, os doentes. Ia direto às fronteiras da assistência”, destacou.

“Muitos jovens hoje sentem a inquietação e não sabem o que fazer com essa inquietação”, disse ainda o Papa, acrescentando:

“Olhem Francisco Xavier, olhem o horizonte do mundo, olhem os povos tão necessitados, olhem para tantas pessoas que sofrem, tantas pessoas que precisam de Jesus, e vão, tenham coragem. Ainda hoje existem jovens corajosos.”

Penso em muitos missionários, por exemplo, em Papua Nova Guiné, penso nos meus amigos, jovens, que vivem na Diocese de Vanimo (Papua Nova Guiné), e em todos aqueles que foram jovens evangelizar na esteira de Francisco Xavier. Que o Senhor nos dê a todos a alegria de evangelizar, a alegria de levar adiante esta mensagem tão bonita que nos torna felizes.


Fonte: Vatican News (texto de Mariangela Jaguraba)