Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Papa pede aos bispos da Sicília menos sobrepeliz e barrete

10/06/2022

Papa Francisco

                                                                                                                                                 Imagem: Vatican Media

O papa Francisco está preocupado com o uso de sobrepelizes rendadas e barretes por padres da Sicília, um sinal, para ele, de pouca implementação das decisões do Concílio Vaticano II. “Falo claramente: caríssimos, ainda a sobrepeliz, o barrete…, mas onde estamos? Sessenta anos depois do Concílio! Um pouco de atualização inclusive na arte litúrgica, na ‘moda’ litúrgica”, disse o papa Francisco hoje (9) ao receber bispos e padres da Sicília no Vaticano, neste dia 9 de junho.

“Eu não gostaria de terminar sem mencionar algo que me preocupa, que me preocupa muito. Eu me pergunto: como vai a reforma começada pelo Concílio? Como vai entre vocês? A piedade popular é uma grande riqueza e devemos preservá-la, acompanhá-la para que não se perca. Também devemos educá-la. A este respeito, leiam o número 48 da Evangelii nuntiandi, que tem plena vigência o que são Paulo VI nos disse sobre a piedade popular: libertá-la de todo gesto supersticioso e pegar a substância que tem dentro”, disse o papa.

“Sim, tudo bem às vezes trazer um pouco da renda da avó. É para homenagear a avó, não é? Vocês entenderam tudo, não é mesmo? É bom homenagear a avó, mas é melhor celebrar a mãe, a santa mãe Igreja, e como a mãe Igreja quer ser celebrada. E que a insularidade não impeça a verdadeira reforma litúrgica que o Concílio propôs. E não permaneçam imóveis”.

O papa também sugeriu que os padres prestassem atenção ao pregar homilias porque “as pessoas querem substância. Um pensamento, um sentimento e uma imagem, e elas carregam isso durante toda a semana”.

“Não sei como os padres sicilianos pregam, se pregam como sugerido na Evangelii gaudium ou se pregam de tal forma que as pessoas saem para fumar um cigarro e depois voltam…. Esses sermões no qual falam de tudo e de nada. Tenham em mente que após oito minutos a atenção diminui, e as pessoas querem substância. Um pensamento, um sentimento e uma imagem, e elas carregam isso durante toda a semana”, concluiu o papa.


Fonte: ACI Digital (original em italiano https://www.vatican.va/content/francesco/it/speeches/2022/june/documents/20220609-clero-sicilia.html)


Papa ao clero siciliano: “Abraçar plenamente a vida deste povo”

Na manhã desta quinta-feira (09/06) o Papa Francisco recebeu no Vaticano os Bispos e Sacerdotes da Sicília. Francisco iniciou seu discurso falando ao clero siciliano que a mudança epocal em que nos encontramos “exige escolhas corajosas, embora ponderadas e, sobretudo, iluminadas com o discernimento do Espírito Santo”. “A atitude responsável com a qual vivê-la – disse ainda – como em outras fases históricas, é acolhê-la com consciência e com uma “decisão de ocupar-se confiadamente da realidade, ancorando-se na sábia Tradição viva e vivente da Igreja, que permite fazer-se ao largo sem medo”.

Contradições insulares
“A Sicília não está fora desta mudança; pelo contrário, como no passado, está no centro dos caminhos históricos traçados pelos povos continentais”. E continua afirmando que “a condição de insularidade afeta profundamente a sociedade siciliana, acabando por destacar as contradições que carregamos dentro de nós”. Por isso na Sicília, testemunhamos “comportamentos e gestos marcados por grandes virtudes, bem como uma cruel selvageria”.

“Não é coincidência que tanto sangue tenha sido derramado pelas mãos dos violentos, mas também pela humilde e heroica resistência dos santos e dos justos, servos da Igreja e do Estado”

O Papa pondera ao afirmar: “A situação social atual na Sicília está em clara regressão há anos; um sinal claro é o despovoamento da ilha, devido tanto à queda da taxa de natalidade como à emigração maciça de jovens”, animando em seguida os presentes com as palavras: “É necessário compreender como e em qual direção a Sicília está vivendo a mudança de época e que caminhos poderia tomar, a fim de anunciar, nas fraturas e articulações desta mudança, o Evangelho de Cristo”.

Desafios
“Diante deste grande desafio, – continuou o Papa – a Igreja também é afetada pela situação geral com seus fardos e mudaças, registrando uma queda nas vocações ao sacerdócio e à vida consagrada, mas, sobretudo, um crescente distanciamento dos jovens”. Porém continuou, “não faltaram, no passado, e ainda não faltam hoje, sacerdotes e fiéis que abracem plenamente o destino do povo siciliano”.

Os sacerdotes são um ponto de referência
“Como ignorar o trabalho silencioso, tenaz e amoroso de tantos sacerdotes no meio de pessoas desanimadas ou desempregadas, no meio de crianças ou de idosos cada vez mais solitários? É por isso que na Sicília, – continua Francisco – as pessoas ainda olham para os sacerdotes como guias espirituais e morais, pessoas que também podem ajudar a melhorar a vida civil e social da ilha, apoiar a família e ser um ponto de referência para os jovens em crescimento”.

Lançar as redes
Com esta situação Francisco disse aos presentes “Diante da consciência de nossas fraquezas, sabemos que a vontade de Cristo nos coloca no centro deste desafio. A chave para tudo isso está em seu chamado, no qual podemos nos apoiar para colocar no mar e lançar nossas redes novamente”. Se ainda prevalece a amargura e a desilusão, isso seria “mais uma razão para que nós pastores sejamos chamados a abraçar plenamente a vida deste povo”. “Estar ao lado, estar perto, é o que somos chamados a viver, em nome da fidelidade de Deus”.

“Proximidade, compaixão e ternura: este é o estilo de Deus e é também o estilo do pastor”

Valores marianos
Depois o Papa falou sobre a grande devoção mariana da Ilha: “A Sicília, consagrada a Maria Imaculada, para a qual, juntos, bispos e sacerdotes, celebram a Jornada Sacerdotal Mariana. O primeiro valor que se sublinha nesta prática é o da unidade, verdadeiramente crucial diante do individualismo e da fragmentação, se não a divisão que paira sobre todos nós. A unidade, dom do sacrifício pascal de Jesus, é fortalecida com o método da sinodalidade, que vocês adotaram através dos caminhos de formação definidos sobre com o tema ‘Com o passo Sinodal’”.

“O outro valor é o de confiar-se a Maria, a mulher de ternura e consolação, de paciência e compaixão. Entre o sacerdote e a Mãe celeste, se estabelece dia após dia um diálogo secreto que conforta e acalma toda a ferida”

“Neste simples diálogo, conclui Francisco “feito de olhares e palavras humildes como as do Terço, o sacerdote descobre como a pérola da virgindade de Maria, totalmente dedicada a Deus, faz dela uma terna mãe para todos. Assim também ele, quase sem se dar conta, vê a fecundidade de um celibato, às vezes difícil de suportar, mas precioso e rico na sua transparência”.


Fonte: Vatican News (texto de Jane Nogara)