Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Papa: levemos aos pobres a esperança com ternura, sem os julgar

14/11/2021

Papa Francisco

                                                                                                                                         Imagem: Vatican Media

Neste domingo (14/11) em que a Igreja celebra o 5° Dia Mundial dos Pobres, na homilia da Santa Missa celebrada na Basílica de São Pedro o Papa Francisco falou sobre as imagens utilizadas por Jesus para nos dar esperança. Depois de falar sobre o Evangelho de Marcos (13, 24-28) no qual se recorda que “da total obscuridade, há de vir o Filho do Homem” disse:

“Deste modo o Evangelho ajuda-nos a ler a história, captando dois aspetos dela: a dor de hoje e a esperança de amanhã. Por um lado, evocam-se todas as dolorosas contradições em que a realidade humana vive imersa em cada tempo; por outro, há o futuro de salvação que a espera, isto é, o encontro com o Senhor que vem para nos libertar de todo o mal”.

A dor e a esperança
Em seguida comentou dois desses aspetos, “com o olhar de Jesus”. Com relação ao primeiro aspecto comentou a dor de hoje. “Vivemos numa história marcada por tribulações, violências, sofrimentos e injustiças” e afirmou:

“O Dia Mundial dos Pobres que estamos celebrando, pede-nos que não viremos o rosto para o outro lado, não tenhamos medo de olhar de perto o sofrimento dos mais frágeis. Para eles o sol frequentemente é obscurecido pela solidão, a lua de suas expectativas apaga-se e os sonhos caem na resignação e acaba abalada a própria existência. Tudo isso por causa da pobreza a que muitas vezes se veem constrangidos, vítimas da injustiça e da desigualdade duma sociedade do descarte, que corre apressada sem os ver e, sem escrúpulos, os abandona ao seu destino”.

Porém, disse Francisco: “Em contrapartida, existe o segundo aspeto: a esperança de amanhã. Jesus quer abrir-nos à esperança, arrancar-nos da angústia e do medo à vista da dor do mundo. Para isso assegura-nos: ao mesmo tempo que o sol se obscurece e tudo parece cair é precisamente quando Ele Se faz vizinho a nós”.

Porque, “a salvação de Deus não é só uma promessa reservada para o Além, mas cresce já agora dentro da nossa história ferida, abre caminho por entre as opressões e injustiças do mundo”.

O que Jesus nos pede, a nós cristãos?
Neste ponto o Papa perguntou o que se pede, a nós cristãos? E como resposta disse: “Nutrir a esperança de amanhã, curando a dor de hoje”. De fato, explicou, a esperança que nasce do Evangelho não consiste em esperar passivamente por um amanhã em que as coisas hão de correr melhor, mas em tornar concreta hoje a promessa de salvação de Deus: hoje, cada dia…

“A nós, é-nos pedido isto: ser, entre as ruínas quotidianas do mundo, construtores incansáveis de esperança; ser luz enquanto o sol se obscurece; ser testemunhas de compaixão enquanto ao redor reina a distração; ser presenças atentas na indiferença generalizada”.

“Compete-nos”, disse ainda “especialmente a nós cristãos, organizar a esperança, traduzi-la diariamente em vida concreta nas relações humanas, no compromisso sociopolítico”.

Agir concretamente pelo bem
A partir da imagem simples que Jesus oferece a de folhas que desabrocham sem fazer ruído e estas folhas aparecem quando o ramo se torna tenro Francisco afirmou que aqui está a palavra que faz germinar a esperança no mundo e alivia a dor dos pobres: a ternura. Depende de nós superar o fechamento, a rigidez interior e deixar de pensar apenas em nossos problemas.

“Jesus quer-nos ‘conversores de bem’: pessoas que, imersas no ar pesado que todos respiram, respondem ao mal com o bem (cf. Rm 12, 21). Pessoas que agem: partilham o pão com os famintos, trabalham pela justiça, elevam os pobres e devolvem-lhes a sua dignidade”.

Por fim encorajou todos com as palavras de Lucas: “Coragem, o Senhor está próximo! Também para ti há um verão que desabrocha no coração do inverno. Mesmo da tua dor, pode ressurgir a esperança”. Concluindo Francisco disse: “Levemos ao mundo este olhar de esperança. Levemo-lo com ternura aos pobres, sem os julgar. Porque lá, junto deles, está Jesus; porque lá, neles, está Jesus, que nos espera”.

ANGELUS DEST DOMINGO

No Angelus deste domingo (14/11), Dia Mundial dos Pobres o Papa Francisco falou sobre a passagem evangélica de Marcos que anuncia: “O sol escurecerá, a lua não dará mais sua luz, e as estrelas cairão do céu” (Mc 13, 24-25)”. Podemos ficar pasmos ao ler disse o Papa, mas explica, o Senhor quer que entendamos que tudo neste mundo, mais cedo ou mais tarde, passa. Mesmo o sol, a lua e as estrelas que formam o “firmamento” estão destinados a passar. Em seguida no versículo 31 Jesus diz o que não passará: “As minhas palavras não passarão”.

Portanto afirmou Francisco: “Ele estabelece uma distinção entre as penúltimas coisas, que passam, e as últimas coisas, que permanecem. Esta é uma mensagem preciosa para nós, para nos orientar nas escolhas importantes da vida. Em que convém investir nossas vidas? No que é transitório ou nas palavras do Senhor, que permanecem para sempre? Obviamente sobre estas. Mas não é fácil”

De fato, advertiu o Papa, “as palavras do Senhor, embora belas, vão além do imediato e exigem paciência. Somos tentados a nos agarrar ao que vemos e tocamos e que nos parece mais seguro. Mas isto é um engano” continuou, porque elas passarão. A este ponto Francisco alerta para que a vida não seja construída sobre a areia. “O discípulo fiel, para Jesus, é aquele que funda sua vida sobre a rocha, que é sua Palavra”, concluiu.

O coração palpitante da palavra de Deus: caridade
Para construirmos nossa casa sobre a rocha devemos nos perguntar: “Qual é o centro, o coração palpitante da Palavra de Deus? O que, em suma, dá solidez à vida e jamais terminará? São Paulo nos diz: ‘A caridade jamais terá fim’. Aquele que faz o bem investe para a eternidade”

Francisco recorda que a pessoa generosa constrói o Céu sobre a terra, pode ser que “não tenha visibilidade”, mas o que ela faz não será perdido, porque “o bem nunca se perde, permanece para sempre”. E nos perguntamos: em que estamos investindo nossas vidas? Nas coisas que passam ou as que permanecem para sempre? Devemos recordar, disse: “A Palavra de Deus hoje nos adverte: o cenário deste mundo vai passar. E somente o amor permanecerá”. Encorajando o Papa afirmou: “Basear a própria vida na Palavra de Deus, não é fugir da história, mas mergulhar nas realidades terrenas para torná-las sólidas, para transformá-las com o amor, imprimindo nelas o sinal da eternidade, o sinal de Deus”

As escolhas
Por fim o Papa concluiu suas palavras com um conselho de Santo Inácio de Loyola para fazer as escolhas importantes: “Antes de decidir, imaginemos que estamos diante de Jesus, como no fim da vida, diante d’Aquele que é amor. Pensando em nós mesmos ali, em sua presença, no limiar da eternidade, tomemos a decisão para o hoje. Pode não ser a mais fácil, a mais imediata, mas será a decisão boa”.


Fonte: Vatican News (texto de Jane Nogara)