Papa: Igreja vive de confiança e humildade, não de triunfos. É a lógica do grão de mostarda.
05/12/2021
O Papa Francisco encerrou seus compromissos públicos em Atenas reunindo-se com a comunidade católica na Catedral de São Dionísio.
Antes de se dirigir a Bispos, Sacerdotes, Religiosos e Religiosas, Seminaristas e Catequistas, o Pontífice ouviu a saudação do presidente da Conferência Episcopal Grega, Dom Sevastianos Rossolatos, e os testemunhos de uma freira e de um leigo.
Paulo e o “laboratório de fé”
Enquanto em Chipre o apóstolo Barnabé guiou as reflexões do Papa, na Grécia o Pontífice se inspirou em Paulo, que inaugurou um “laboratório de fé” para a inculturação do Verbo.
Francisco ressaltou de modo especial duas características de sua missão: a confiança e o acolhimento. Em Atenas, Paulo estava só, em minoria e com escassa probabilidade de sucesso. Mas não se deixou vencer pelo desânimo: “Eis a atitude do verdadeiro apóstolo: prosseguir com confiança, preferindo mais o incômodo das situações inesperadas que a rotina e a repetição.”
Esta coragem de Paulo, acrescentou o Papa, vem de Deus, que gosta de atuar na nossa pequenez.
“A nós, como Igreja, não é pedido o espírito da conquista e da vitória, a magnificência dos grandes números, o esplendor mundano. Tudo isto é perigoso. É a tentação do triunfalismo. A nós, é-nos pedido para aprender com o grão de mostarda, que, apesar de ínfimo, humilde e lentamente cresce.”
O segredo do Reino de Deus está contido nas pequenas coisas, naquilo que frequentemente não se vê nem faz rumor. Ser minoria – e, no mundo inteiro, a Igreja é minoria – não quer dizer ser insignificante, disse ainda Francisco. Portanto, “coragem”!
Não impor, mas propor
Já o segundo aspecto – o acolhimento – está ligado à evangelização. Paulo respeita seus interlocutores, reconhece neles uma sensibilidade religiosa, estão em busca do “Deus desconhecido”. De fato, disse o Papa, evangelizar não é encher um recipiente vazio, mas reconhecer as sementes que Deus já plantou antes da nossa chegada.
“Paulo acolhe o desejo de Deus escondido no coração daquelas pessoas e, com gentileza, quer comunicar-lhes o assombro da fé. O seu estilo não é impositivo, mas propositivo. Não se baseia no proselitismo, mas na mansidão de Jesus.”
Assim também devem atuar os católicos hoje, com este espírito de acolhimento: “De coração, desejo que possam continuar o trabalho no seu histórico laboratório da fé e que o façam com estes dois ingredientes, a confiança e o acolhimento, para saborear o Evangelho como experiência de alegria e fraternidade.”
Fonte: Vatican News (texto de Bianca Fraccalvieri)