Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Papa: gostamos de acreditar em um deus “com efeitos especiais”

04/07/2021

Papa Francisco

                                                                                                                    Imagem: Vatican Media

“Peçamos a Nossa Senhora, que acolheu o mistério de Deus na vida cotidiana de Nazaré, para ter olhos e corações livres de preconceitos e abertos à maravilha, às surpresas de Deus, à Sua presença humilde e escondida na vida cotidiana.”

Foi a oração com a qual o Papa Francisco concluiu a alocução que precede o Angelus ao conduzir a oração mariana ao meio-dia deste domingo, XIV do Tempo Comum, dirigindo-se aos fiéis e peregrinos presentes na Praça São Pedro.

Incredulidade dos conterrâneos de Jesus
Comentando o Evangelho do dia (Mc 6,1-6), Francisco ressaltou que o mesmo nos fala da incredulidade dos conterrâneos de Jesus. Depois de pregar em outras aldeias da Galileia, Jesus voltou a Nazaré, onde havia crescido com Maria e José; e, num sábado, começou a ensinar na sinagoga.

Muitos, ouvindo-o, se perguntam: “De onde lhe vem toda essa sabedoria? Não é o filho do carpinteiro e de Maria, isto é, de nossos vizinhos que conhecemos bem?”, acrescentou o Santo Padre, apresentando esta página do Evangelho que traz a visita de Jesus a Nazaré.

Nenhum profeta é bem recebido em sua própria terra
O Pontífice recordou que diante desta reação, Jesus afirma uma verdade que também se tornou parte da sabedoria popular: “Um profeta não é desprezado exceto em sua própria pátria, entre seus parentes e em sua própria casa”.

A este ponto, Francisco se deteve na atitude dos conterrâneos de Jesus: “Podemos dizer que eles conhecem Jesus, mas não o reconhecem. Efetivamente, há diferença entre conhecer e reconhecer: podemos saber várias coisas sobre uma pessoa, formar uma ideia, confiar no que os outros dizem sobre ela, talvez de vez em quando encontrá-la no bairro, mas tudo isso não é suficiente. Trata-se de um conhecer superficial, que não reconhece a unicidade dessa pessoa. É um risco que todos nós corremos: achamos que sabemos tanto sobre uma pessoa, rotulamo-la e a restringimos em nossos preconceitos.”

Rejeição à novidade de Jesus
Da mesma forma, acrescentou o Papa, os conterrâneos de Jesus o conhecem há trinta anos e pensam que sabem tudo; na realidade, nunca se deram conta de quem é verdadeiramente. Eles se detêm à exterioridade e rejeitam a novidade de Jesus.

Quando deixamos a comodidade do hábito e a ditadura dos preconceitos prevalecer, observou o Santo Padre, é difícil nos abrir à novidade e nos deixarmos surpreender. Muitas vezes acabamos procurando confirmação de nossas ideias e esquemas na vida, em nossas experiências e até mesmo nas pessoas, para nunca ter que fazer o esforço de mudar.

Abrir-se à novidade e surpresas de Deus
“Mas sem abertura à novidade e às surpresas de Deus, sem admiração, a fé se torna uma ladainha cansada que lentamente se extingue”, enfatizou.

Afinal, por que os conterrâneos de Jesus não O reconhecem e acreditam n’Ele? Qual é o motivo? – perguntou o Papa. “Podemos dizer, em poucas palavras, que não aceitam o escândalo da Encarnação”, respondeu Francisco. “É escandaloso que a imensidão de Deus se revele na pequenez de nossa carne, que o Filho de Deus seja o filho do carpinteiro, que a divindade esteja escondida na humanidade, que Deus habite no rosto, nas palavras, nos gestos de um simples homem.”

O escândalo da encarnação de Deus
Eis o escândalo: a encarnação de Deus, sua concretude, seu “cotidiano”. Na realidade, é mais cômodo um deus abstrato e distante, que não se intromete nas situações e que aceita uma fé distante da vida, dos problemas, da sociedade. Ou mesmo gostamos de acreditar em um deus “com efeitos especiais”, que só faz coisas excepcionais e sempre dá grandes emoções”, disse ainda Francisco.

“Ao invés, Deus se encarnou: humilde, terno, escondido, se faz próximo de nós habitando a normalidade de nossa vida cotidiana. E assim, como os conterrâneos de Jesus, corremos o risco que, quando passa, não o reconhecemos, aliás, nos escandalizamos por Ele.”


O Papa confirma visita à Hungria e Eslováquia

“Tenho a alegria de anunciar que de 12 a 15 de setembro próximo, se Deus quiser, irei à Eslováquia para fazer uma visita pastoral. Os eslovacos estão ali contentes…”, disse o Papa acenando para os eslovacos presentes na Praça São Pedro.

Foi o próprio Papa que confirmou, ao término do Angelus este domingo na Praça de São Pedro, a viagem de 12 a 15 de setembro próximo à Eslováquia, explicando que na parte da manhã do dia 12 concelebrará em Budapeste, na Hungria, a missa de encerramento do 52º Congresso Eucarístico Internacional:

“Agradeço de coração àqueles que estão preparando esta viagem e rezo por eles”. Rezemos todos por esta viagem e pelas pessoas que estão trabalhando para organizá-la.”

O anúncio no voo Bagdá-Roma

Trata-se da segunda viagem apostólica de 2021, após a importante viagem ao Iraque. E precisamente no voo de retorno de Bagdá, na habitual entrevista concedida aos jornalistas, Francisco, em resposta a uma pergunta sobre viagens futuras, anunciou sua presença em Budapeste para presidir o encerramento do 52º Congresso Eucarístico Internacional. Acrescentou – referindo-se ao fato de que muitas de suas viagens são o resultado de longas reflexões, mas também de intuições repentinas – que também faria etapa em Bratislava, dada a proximidade entre os dois países.

“Agora terei que ir à Hungria para a missa final do Congresso Eucarístico Internacional, não para uma visita ao país, mas somente para a missa. Mas Budapeste fica a duas horas de carro de Bratislava, por que não fazer uma visita à Eslováquia? É assim que as coisas vêm…”

O Papa em Bratislava e outras três cidades eslovacas

Em particular, a etapa na Eslováquia incluirá não apenas uma visita a Bratislava, mas também a três outras cidades, como confirmado numa declaração do diretor da Sala de Imprensa da Santa sé, Matteo Bruni:

“Como anunciou o Santo Padre no Angelus desta manhã, a convite das Autoridades civis e das Conferências episcopais, no domingo 12 de setembro de 2021, o Papa Francisco estará em Budapeste por ocasião da Santa Missa de encerramento do 52º Congresso Eucarístico Internacional; posteriormente, de 12 a 15 de setembro de 2021, viajará para a Eslováquia, visitando as cidades de Bratislava, Présov, Koesice e Šaštin. O programa da viagem será posteriormente publicado.”


Fonte: Vatican News ( texto de Raimundo de Lima)