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Papa Francisco: Lançar corajosamente as redes do Evangelho no meio do mar do mundo

O Papa Francisco celebrou a primeira missa pública de sua 45ª Viagem Apostólica Internacional, no Estádio Gelora Bung Karno, em Jacarta, na Indonésia, nesta quinta-feira (05/09). Francisco iniciou sua homilia, citando duas atitudes fundamentais que o encontro com Jesus nos convida a viver e que nos tornam seus discípulos: escutar a Palavra e viver a Palavra.

Escutar a Palavra.

O Papa fundamentou-se no Evangelho de Lucas, destacando que o Evangelista conta que muitas pessoas acorriam a Jesus e que a multidão se comprimia à volta dele “para escutar a palavra de Deus”. Procuravam-no, tinham fome e sede da Palavra do Senhor, que ouviam ressoar nas palavras de Jesus.

Palavra de Deus, única bússola para o nosso caminho

“Por isso, este episódio, que se repete tantas vezes no Evangelho, nos diz que o coração do homem está sempre à procura de uma verdade que possa aplacar e alimentar o seu desejo de felicidade; que não podemos contentar-nos apenas com as palavras humanas, os critérios deste mundo e os juízos terrenos”.

“Perante o entontecimento e a vaidade das palavras humanas, faz falta a Palavra de Deus, a única que é bússola para o nosso caminho e é capaz de, no meio de tantas feridas e perplexidades, nos reconduzir ao verdadeiro sentido da vida”, disse ainda o Papa.

Segundo Francisco, “a primeira tarefa do discípulo não é vestir o hábito de uma religiosidade exteriormente perfeita, fazer coisas extraordinárias ou envolver-se em projetos grandiosos. Pelo contrário, o primeiro passo consiste em saber escutar a única Palavra que salva, que é a de Jesus, como podemos ver no episódio evangélico, o Mestre sobe para a barca de Pedro a fim de se afastar um pouco da margem e, assim, pregar melhor ao povo. A nossa vida de fé começa quando, acolhendo humildemente Jesus na barca da nossa vida, lhe damos espaço, escutamos a sua Palavra e, por ela, nos deixamos interpelar, estremecer e transformar”.

Ousar uma vida nova

Ao mesmo tempo, a Palavra do Senhor pede para ser encarnada concretamente em nós: somos chamados a viver a Palavra. Quando terminou de pregar às multidões a partir da barca, Jesus dirige-se a Pedro, exortando-o a arriscar e a apostar nesta Palavra: “Avança para águas mais profundas, e lançai vossas redes para a pesca”.

“A Palavra do Senhor não pode permanecer uma linda ideia abstrata ou suscitar apenas a emoção de um momento; ela exige-nos que mudemos o olhar, que deixemos o coração transformar-se à imagem do coração de Cristo; ela nos chama a lançar corajosamente as redes do Evangelho no meio do mar do mundo, “correndo o risco” de viver o amor que Ele nos ensinou e viveu em primeiro lugar”.

“Também a nós o Senhor, com a força ardente da sua Palavra, nos pede para avançar para águas mais profundas, para sairmos das margens estagnadas dos maus hábitos, dos medos e da mediocridade, para ousarmos uma vida nova”.

Ter a mesma humildade e fé de Pedro

De acordo com Francisco, “existem sempre obstáculos e desculpas no sentido de dizermos ‘não’; mas olhemos de novo para a atitude de Pedro: tinha vindo de uma noite difícil, em que não tinha pescado nada, estava cansado e desiludido, e no entanto, em vez de ficar paralisado naquele vazio e bloqueado pelo seu próprio fracasso, diz: ‘Mestre, trabalhamos durante toda a noite e nada pescamos; mas, porque Tu o dizes, lançarei as redes’. Porque Tu o dizes, lançarei as redes. E então se realiza o inaudito: o milagre de uma barca que se enche de peixes a ponto de quase afundar”.

“Irmãos e irmãs, perante as muitas tarefas da nossa vida quotidiana; perante o apelo, que todos sentimos, de construir uma sociedade mais justa, de avançar no caminho da paz e do diálogo – que aqui na Indonésia já foi traçado há muito tempo –, podemos por vezes julgar-nos inadequados, sentir o peso de tanto esforço que nem sempre dá os frutos esperados, ou o peso dos nossos erros que parecem impedir o caminho”.

“Mas, com a mesma humildade e fé de Pedro, também nos é pedido para não ficarmos prisioneiros dos nossos fracassos e, em vez de permanecermos com os olhos fixos nas nossas redes vazias, olharmos para Jesus e confiarmos nele”.

“Podemos sempre arriscar, avançando-nos ao mar e lançando de novo as redes, mesmo depois de termos atravessado a noite do fracasso, o tempo da desilusão, em que não pescamos nada”.

Percorrer com confiança o caminho do diálogo

O Papa citou as palavras de Santa Teresa de Calcutá, cuja memória celebramos hoje, que se dedicou incansavelmente aos mais pobres e se tornou uma promotora da paz e do diálogo: “Quando nada tivermos para dar, demos esse nada. E lembra-te: nunca te canses de semear, mesmo se não vieres a colher nada”.

Francisco exortou os indonésios a ousarem sempre o sonho da fraternidade que é “um verdadeiro tesouro” entre eles. “Com a Palavra do Senhor encorajo-vos a semear o amor, a percorrer com confiança o caminho do diálogo, a praticar continuamente a bondade e amabilidade com o sorriso que vos caracteriza, a serem construtores de unidade e de paz. Sede construtores de esperança, daquela esperança do Evangelho que não desilude e abre a uma alegria sem fim”, concluiu.


Mariangela Jaguraba – Vatican News