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Papa: “Eram pessoas que almejavam a felicidade”

19/04/2015

Papa Francisco

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Cidade do Vaticano – A oração do Regina Coeli deste domingo, 19 de abril, foi fortemente caracterizada pela expressão de tristeza do Pontífice ao mencionar o naufrágio ocorrido no Mar Mediterrâneo na noite passada.

Francisco fez um novo apelo à comunidade internacional para que “atue com decisão e prontidão” e evite mais tragédias como esta, em que cerca de 700 pessoas desapareceram quando o barco em que viajavam rumo à Itália virou, em águas líbias.

O Papa recordou aos fiéis na Praça São Pedro que os imigrantes mortos “eram homens e mulheres como nós, irmãos que buscam uma vida melhor; famintos, perseguidos, feridos, explorados, vítimas de guerras, pessoas que almejavam a felicidade”.

Francisco convidou todos a “rezar, primeiro em silêncio, e depois todos juntos, por estes irmãos e irmãs desaparecidos nas águas do Canal da Sicília.

“Expresso minha profunda dor por uma tragédia como esta e asseguro aos desaparecidos e às suas famílias que me recordarei de rezar por eles”, disse o Papa, entristecido.

Dados oficiais
Quarta-feira, 400 pessoas se afogaram num incidente semelhante, perto da costa da Líbia, país que por sua proximidade geográfica com a Itália é um dos principais pontos de partida de embarcações com imigrantes em busca de asilo. A maioria dos imigrantes vem de países africanos e de regiões de conflito no Oriente Médio, como a Síria.

Números divulgados pelas Nações Unidas indicam que em menos de uma semana, mais de 10 mil imigrantes desembarcaram na costa italiana, a maioria na ilha da Sicília. E pelo menos mil já morreram em incidentes este ano, um número 20 vezes maior que nos primeiros quatro meses de 2014.
O Papa Francisco fez sábado, 18, em encontro com o Presidente da República italiana, Sergio Mattarella, um chamado à comunidade internacional para um “envolvimento mais amplo neste drama”.

No ano passado, 170 mil pessoas fizeram a arriscada travessia para a Itália, que partindo da Líbia tem cerca de 500 km. A maioria dos imigrantes vem de países africanos e de regiões de conflito no Oriente Médio, como a Síria.

Tragédia de grandes proporções
A porta-voz do Acnur, Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, Carlotta Sami, disse à mídia italiana que a agência estava se preparando “para uma tragédia de grandes proporções”.
Segundo informações da Guarda Costeira, 20 navios e três helicópteros estão envolvidos nas buscas.

Pelo menos 24 corpos foram encontrados dos cerca de 700 imigrantes desaparecidos neste domingo (19) após o naufrágio de um pesqueiro ao sul da ilha italiana de Lampedusa, no mar Mediterrâneo informou a Guarda Costeira italiana. Apenas 28 pessoas foram resgatadas com vida até o momento.

Um dos sobreviventes disse que cerca de 700 pessoas viajavam no barco, que se acidentou a cerca de 70 milhas da costa da Líbia, durante travessia rumo à Itália. Embora ainda não esteja confirmado que a embarcação levava este número de pessoas a bordo, a Guarda Costeira disse em um comunicado que o navio de 20 metros de comprimento, tinha “capacidade para transportar várias centenas de pessoas”.

O naufrágio ocorreu durante a noite, segundo o depoimento de um dos 28 imigrantes salvos, informou a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR) na Itália, Carlotta Sami.

O sobrevivente contou que o pesqueiro enviou uma mensagem de socorro para a Guarda Costeira durante a noite.

Diante da impossibilidade de chegar a tempo ao local, o Centro Nacional de Socorro da Guarda Costeira pediu ao barco português “King Jacob”, que navegava perto da zona, que desviasse sua rota em direção ao pesqueiro. Quando a embarcação portuguesa se aproximou do pesqueiro, os imigrantes se “posicionaram todos no mesmo lugar do barco e provocaram seu naufrágio”.

O barco português iniciou então o resgate, enquanto se dirigiam para o local unidades da Guarda Costeira italiana e da Marinha de Malta, pois o acidente ocorreu perto da ilha.

Diante desta nova tragédia, a União Europeia anunciou que iria realizar uma reunião de emergência com seus ministros do Interior e das Relações Exteriores, mas não especificou qualquer data específica.

As autoridades agora temem um aumento de travessias, porque nos meses de primavera e verão as condições de navegação no Mediterrâneo melhoram.

“ÓDIO RELIGIOSO”

Muitos dos imigrantes fogem da violência de grupos extremistas. O grupo Estado Islâmico (EI) publicou neste domingo, 19 de abril, um vídeo mostrando cerca de trinta homens, supostamente cristãos etíopes, sendo executados por jihadistas na Líbia. O vídeo, de 29 minutos, postado em sites jihadistas, mostra um grupo de pelo menos 16 homens decapitados em uma praia e um outro grupo de 12 pessoas baleadas à morte em uma área de deserto. Eles são identificados como membros da “Igreja etíope inimiga”, por serem cristãos.


Fonte: Rádio Vaticano