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Papa em apelo pela paz recorda que ganhar com a morte é terrível

Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira (1°/05), realizada na Sala Paulo VI, o Papa Francisco falou sobre a virtude da fé que junto com a caridade e a esperança formam as virtudes teologais.

“As três virtudes teologais são os grandes dons que Deus dá à nossa capacidade moral.”

Sem elas poderíamos ser prudentes, justos, fortes e temperantes, mas não teríamos olhos que veem mesmo no escuro, não teríamos um coração que ama mesmo quando não é amado, não teríamos uma esperança que ousa contra toda esperança.

Ser cristão é preservar o vínculo com Deus

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “a fé é o ato com o qual o homem entrega-se total e livremente a Deus”. “Nesta fé, Abraão foi o grande pai. Quando concordou em deixar a terra dos seus antepassados ​​para ir em direção à terra que Deus lhe teria mostrado. Nesta fé, Abraão se torna pai de uma longa linhagem de filhos. A fé o tornou fecundo”, disse ainda o Papa, citando como exemplos também Moisés, que permaneceu firme, confiante no Senhor, e defendeu “o povo que muitas vezes não tinha fé”, e a Virgem Maria, que “com o coração cheio de fé, com o coração cheio de confiança em Deus, inicia um caminho cujo percurso e perigos ela não conhece”.

“A fé é a virtude que faz o cristão. Porque ser cristão não é antes de tudo aceitar uma cultura, com os valores que a acompanham, mas acolher e preservar um vínculo, um vínculo com Deus: eu e Deus; a minha pessoa e o rosto amável de Jesus. Este vínculo é o que nos torna cristãos.”

O Grande inimigo da fé é o medo

Segundo o Papa, o grande inimigo da fé não é a inteligência, não é a razão, “mas o grande inimigo da fé é o medo“. “Por isso, a fé é o primeiro dom a ser acolhido na vida cristã: um dom que deve ser acolhido e pedido diariamente, para que se renove em nós. Aparentemente é um dom pequeno, mas é o essencial. Quando nos levaram à pia batismal, os nossos pais, depois de anunciarem o nome que haviam escolhido para nós, foram questionados pelo sacerdote: “O que vocês pedem à Igreja de Deus?”. E eles responderam: “A fé, o batismo!””, disse ainda Francisco.

“Para um progenitor cristão, consciente da graça que lhe foi dada, esse é o dom que deve pedir também para o seu filho: a fé. Com ela, um progenitor sabe que, mesmo no meio das provações da vida, o seu filho não se afogará no medo. O inimigo é o medo.Ele também sabe que quando deixar de ter um progenitor nesta terra, continuará tendo um Deus Pai no céu, que nunca o abandonará. O nosso amor é frágil, só o amor de Deus vence a morte”.

          Fé, virtude que podemos invejar

Francisco disse ainda que “nem todos têm fé”, “e mesmo nós, que cremos, muitas vezes percebemos que temos apenas uma pequena quantidade dela. Muitas vezes Jesus pode censurar-nos, como fez com os seus discípulos, por sermos ‘homens de pouca fé’”.

“Mas é o dom mais feliz, a única virtude que podemos invejar. Porque quem tem fé é habitado por uma força que não é só humana; de fato, a fé “desencadeia” em nós a graça e abre a mente ao mistério de Deus.”

O Papa convidou todos os presentes na Sala São Paulo VI a pedirem: Senhor, aumentai a nossa fé! Esta “é uma oração bonita”, concluiu.

Após a catequese sobre a virtude teologal da fé, nas saudações finais aos peregrinos provenientes de diversos países, Francisco também se dirigiu aqueles de língua italiana, ao exortar orações pela paz diante das guerras e de situações de sofrimento que assolam o mundo:

“E, então, não esqueçamos de rezar pela paz: rezemos pelos povos que são vítimas da guerra. A guerra é sempre uma derrota, sempre. Pensemos à martirizada Ucrânia, que sofre tanto. Pensemos nos habitantes da Palestina e de Israel, que estão em guerra. Pensemos nos Rohingya, em Mianmar, e peçamos a paz, peçamos a verdadeira paz para esses povos e para o mundo inteiro. Infelizmente, hoje, os investimentos que mais geram renda são as fábricas de armas: terrível, ganhar com a morte! Peçamos a paz, que avance, a paz.”


Mariangela Jaguraba – Vatican News