Papa apoia “Por um mundo sem pena de morte”
22/02/2016
Cidade do Vaticano – O Jubileu extraordinário da Misericórdia é uma ocasião oportuna para promover no mundo formas mais maduras de respeito da vida e da dignidade de toda pessoa. Foi o que disse o Papa no Angelus deste II Domingo da Quaresma (21/02), no qual a liturgia da Igreja nos apresenta o Evangelho da Transfiguração. Referindo-se ao Congresso internacional que se realizará esta segunda-feira em Roma intitulado “Por um mundo sem a pena de morte”, o Santo Padre fez um veemente apelo em favor da abolição da pena capital.
“Efetivamente, as sociedades modernas têm a possibilidade de reprimir eficazmente o crime sem tirar definitivamente a quem o cometeu a possibilidade de redimir-se. O problema deve ser enquadrado na ótica de uma justiça penal que seja sempre mais conforme à dignidade do homem e ao desígnio de Deus sobre o homem e sobre a sociedade e também a uma justiça penal aberta à esperança da reinserção na sociedade. O mandamento “não matar” tem valor absoluto e diz respeito tanto ao inocente quanto ao culpado.”
Mesmo o criminoso mantém inviolável o direito à vida, dom de Deus, frisou o Papa dirigindo-se em seguida aos governantes: “Faço um apelo à consciência dos governantes, a fim de que se chegue a um consenso internacional em prol da abolição da pena de morte. E proponho àqueles que entre estes são católicos que realizem um gesto corajoso e exemplar: que nenhuma condenação seja executada neste Ano Santo da Misericórdia.”
Em seguida, o Papa Francisco fez uma exortação não somente aos cristãos, mas também a todos os homens de boa vontade: “Todos os cristãos e os homens de boa vontade são hoje chamados a trabalhar não somente pela abolição da pena de morte, mas também a fim de melhorar as condições carcerárias, no respeito pela dignidade humana das pessoas privadas da liberdade.”
Na alocução que precedeu a oração mariana, atendo-se à liturgia deste domingo na qual nos é apresentado o Evangelho da Transfiguração, o Santo Padre lembrou a sua recente viagem apostólica ao México dizendo ter sido uma experiência de transfiguração: “A viagem apostólica que realizei nos dias passados ao México foi uma experiência de transfiguração. Como assim? Porque o Senhor mostrou-nos a luz da sua glória através do corpo da sua Igreja, do seu Povo santo que vive naquela terra. Um corpo muitas vezes feridos, um Povo muitas vezes oprimido, desprezado, violado em sua dignidade. Efetivamente, os vários encontros vividos no México foram repletos de luz: a luz da fé que transfigura os rostos e ilumina o caminho.”
Francisco explicou que o “baricentro” espiritual desta sua peregrinação foi o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe. “Permanecer em silêncio diante da imagem de Mãe era aquilo a que propunha por primeiro. E agradeço a Deus por ter-me concedido. Contemplei e deixei que me olhasse Aquela que traz impressos em seus olhos os olhares de todos os seus filhos, e recolhe as dores pelas violências, os sequestros, os assassinatos, os vilipêndios em detrimento de tanta gente pobre, de tantas mulheres.”
O Papa ressaltou que Guadalupe é o Santuário mariano mais visitado do mundo e que de todo o Continente americano “vão ali rezar onde a Virgem Morenita se apresentou ao índio São Juan Diego, dando início à evangelização do continente e à sua nova civilização, fruto do encontro entre diferentes culturas”.
E esta é propriamente a herança que o Senhor entregou ao México, ressaltou o Santo Padre: “Proteger a riqueza da diversidade e, ao mesmo tempo, manifestar a harmonia da fé comum, uma fé sincera e robusta, acompanhada de uma grande carga de vitalidade e de humanidade.”
Aludindo à viagem de ida ao México, o Pontífice acenou também o encontro ocorrido em Cuba entre ele e o Patriarca de Moscou e de todas as Rússias, Kirill, em encontro pelo qual disse elevar um louvor especial à Santíssima Trindade.
“Um encontro muito desejado também por meus Predecessores. Também esse evento é uma luz profética de Ressurreição, da qual hoje o mundo precisa mais do que nunca. A Santa Mãe de Deus continue a guiar-nos no caminho da unidade. Rezemos a Nossa Senhora de Kazan, da qual o Patriarca kirill me presentou um ícone.”
Por fim, o Papa presentou mais uma vez, aos que estavam na Praça São Pedro, a “medicina espiritual” chamada Misericordinha: uma caixinha que contém a coroa do Terço e imagem de Jesus Misericordioso. Francisco concedeu a todos a sua Bênção apostólica, desejou um bom domingo, bom almoço e pediu que rezassem por ele.
Fonte: Rádio Vaticano