Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

O novo Mestre dos Noviços

01/02/2019

Entrevistas

Ordenado presbítero em 2013, o mineiro Frei Rodrigo da Silva Santos iniciou seu trabalho evangelizador na formação e estudos da Província. Primeiro como professor e vice-orientador no Seminário São Francisco de Assis, em Ituporanga (SC), depois como mestre dos frades professos temporários no tempo da Filosofia, em Rondinha (PR). Filho de Adilson e Regina, e irmão de Marcelo e Felipe (ele é o do meio), Frei Rodrigo nasceu no dia 30 de abril de 1984 e ingressou na Ordem Franciscana no dia 8 de janeiro de 2005. No último Congresso Capitular, Frei Rodrigo recebeu a missão de conduzir a formação dos noviços. Segundo os Estatutos Gerais da Ordem, neste período formativo, os noviços são iniciados na teologia da vida religiosa, particularmente na teologia da Regra, na história e na espiritualidade da Ordem, fundamentada especialmente nos escritos de São Francisco; ao mesmo tempo e de modo prático, aprendem a vida evangélica na comunhão fraterna e na participação das atividades dos irmãos. Nesse tempo, como orientam os Estatutos, Frei Rodrigo ajudará os noviços a “modelarem” sua vida com a de Jesus Cristo mediante a leitura e a meditação diária da Sagrada Escritura, sobretudo do Santo Evangelho, que é fundamento da Regra de Vida Franciscana. Ele ensinará aos noviços o diálogo com Deus mediante um método de oração pessoal, a vivência mais profunda do Mistério Pascal por uma celebração ativa na Liturgia e a participação mais intensa nos mistérios da Igreja, guiados pela bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja. Acompanhe a entrevista concedida a Moacir Beggo!

Site Franciscanos Como recebeu a nomeação de mestre de noviços?

Frei Rodrigo – A maioria dos frades guarda boas lembranças deste intenso tempo ao qual chamamos de Noviciado. Tempo de graça, pois é o ano em que somos integrados à Ordem dos Frades Menores, passamos a usar o hábito franciscano e, de forma intensa, passamos a ser provados na Forma de Vida que sentimo-nos cada vez mais desejosos de assumir para nossa vida. Digo isso porque são estas, entre outras recordações, que trago de minha própria experiência como noviço, e que, com alegria, recebi como missão acompanhar e caminhar junto com os noviços que Deus tem encaminhado à Província. Considero que atuar na formação tem sido uma experiência gratificante, por poder ajudar com aquilo que é possível na caminhada dos jovens frades e partilhar das alegrias de cada pequena vitória alcançada por deles. Que Deus nos ajude nesta nova etapa a ser acompanhada.

Site FranciscanosQual é o papel de um mestre de noviços? E como é o mestre Frei Rodrigo?

Frei Rodrigo – Como já mencionei, o papel de todo formador é o de caminhar junto com o formando em sua própria jornada de amadurecimento pessoal e cristão dentro de uma específica forma de vida, no nosso caso, a franciscana. Ele partilhará de seus conhecimentos, experiência de vida religiosa e da proximidade fraterna para que cada formando possa provar-se neste estilo de vida. Como mestre dos noviços, penso ser este meu papel junto ao grupo que chega a esta etapa de formação: através das formações de espiritualidade e conteúdos teóricos previstos, através dos momentos de trabalho, oração e convivência fraterna, permitir que cada noviço encontre em nossa casa e junto à nossa fraternidade um ambiente propício para que se tornem bons frades, ansiosos por servir a Deus, à Igreja e à sociedade.

Site Franciscanos – Que expectativas tem para este seu primeiro ano, tendo em vista, principalmente, que será uma turma pequena?

Frei Rodrigo – É verdade. Em 2019 teremos apenas 5 noviços, uma turma pequena. Entretanto, sendo também o primeiro ano desta atual equipe formativa, poderemos aprender as características específicas da etapa do Noviciado com as proporcionais demandas deste pequeno grupo e, quando estivermos mais inteirados, estaremos melhores preparados para acompanhar grupos maiores. Vale recordar que esta não é a primeira vez que o Noviciado acolhe uma turma pequena e, como já aconteceu antes, as atividades previstas podem ser facilmente adaptadas ao número de formandos que a cada ano passam por nossa fraternidade.

Site Franciscanos – Desde a sua ordenação presbiteral, o sr. tem trabalhado com a formação e é também responsável pelo tempo da formação inicial. Como preparar o jovem religioso para enfrentar uma sociedade sem alma e sem amor (cultura contemporânea hostil aos valores cristãos), que tenha formação para transformar realidade de injustiça em justiça, de ódio em amor, de segregação em comunhão, de discriminação em acolhida, de morte em vida?

Frei Rodrigo – Pergunta difícil esta, mas muito necessária. Todo formador deve continuamente questionar-se a respeito da atualidade daquilo que ele oferece aos seus formandos para que possa melhor prepará-los para estarem à altura das demandas dos nossos tempos. Acompanhando formandos nestes últimos anos, temos percebido que os desafios, quase sempre, voltam-se à área do amadurecimento afetivo para que o religioso possa e queira, de forma madura, conciliar suas próprias expectativas e necessidades com aquilo que é um projeto de vida e missão da fraternidade. Nós, formadores, sentimo-nos desafiados a capacitar os formandos a uma adesão comprometida com nosso ideal e missão, de modo que ele consiga, com ousadia e criatividade, superar quaisquer desafios que a evangelização e caminhada de vida possam interpor em sua jornada. Cada um dos aspectos lembrados em sua pergunta, e outros que poderiam ser recordados, apresentam-se como um desafio que, acreditamos, ser possível de ser trabalhado através do diálogo aberto entre formadores e formandos.

Site Franciscanos – Como o mestre de noviços chama os jovens para o caminho de Francisco e Clara?

Frei Rodrigo – Nosso chamado só é efetivo se estiver permeado por uma sincera apresentação daquilo que confere sentido à nossa escolha de continuarmos frades franciscanos. Digo àqueles que se sentem inspirados a seguir o mesmo caminho que ele tem permitido a muitos, inclusive a mim, encontrar sua realização de vida, no serviço à fraternidade e ao povo como sinal daquilo que acreditamos ser a vontade de Deus sendo operada no mundo, sinal do seu Reino. Acredito firmemente que, como religiosos, somos chamados a sermos sinais aos homens e mulheres de nosso tempo que apontem para Deus, através da cordialidade e alegria por uma vida dedicada a Ele. Se é isso que um (a) jovem deseja para sua vida, a Ordem Franciscana é uma entre muitas possibilidades de fazê-lo. Como frades, atuamos na educação, na solidariedade, na comunicação, em paróquias e santuários, aqui e em terras de missão. Se é vasto o campo de possibilidades de ação evangelizadora, entretanto uma coisa permanece em todas elas: nós o fazemos em fraternidade, juntos, como irmãos que partilham de um mesmo ideal. Assim queremos viver e contamos com as bênçãos de São Francisco e Santa Clara para prosseguir com esta bela história franciscana.