Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

“No pobre, Jesus bate à porta do nosso coração”

19/11/2017

Papa Francisco

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O Papa Francisco presidiu neste domingo, 19 de novembro, a Santa Missa na Basílica São Pedro por ocasião do 1º Dia Mundial dos Pobres. Próximo do altar, estavam os convidados do Papa: os pobres de Roma. Na sua homilia, o Papa fez referência ao Evangelho do dia, sobre a párobla dos talentos, e lembrou que o pecado do servo mau foi exatamente não fazer nada com o talento recebido. “Deus não é um controlador à procura de bilhetes não timbrados; é um Pai à procura de filhos, a quem confiar os seus bens e os seus projetos (cf. 25, 14). E é triste, quando o Pai do amor não recebe uma generosa resposta de amor dos filhos, que se limitam a respeitar as regras, a cumprir os mandamentos, como jornaleiros na casa do Pai (cf. Lc 15, 17)”, disse o Papa.

Segundo o Papa, a omissão é também o grande pecado contra os pobres. “Aqui assume um nome preciso: indiferença”, disse. Assim como o servo mau, não fazemos nada. “É passar ao largo quando o irmão está em necessidade, é mudar de canal, logo que um problema sério nos indispõe, é também indignar-se com o mal mas sem fazer nada”, lamentou o Papa.

A celebração, na Basílica de São Pedro, a participação de 4 mil pessoas entre pobres e necessitados, acompanhados por associações de voluntários provenientes não somente de Roma e da região do Lácio, mas também de várias dioceses do mundo.

Instituído pelo Papa Francisco na conclusão do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, este Dia quer ser sinal concreto do Ano Jubilar, que se celebra no XXXIII Domingo do Tempo Comum.

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LEIA A HOMILIA DESTE DIA NA ÍNTEGRA

Temos a alegria de repartir o pão da Palavra e, em breve, de repartir e receber o Pão eucarístico, alimentos para o caminho da vida. Deles precisamos todos nós, ninguém excluso, porque todos somos mendigos do essencial, do amor de Deus, que nos dá o sentido da vida e uma vida sem fim. Por isso, também hoje, estendemos a mão para Ele a fim de receber os seus dons.

E, precisamente de dons, nos fala a parábola do Evangelho. Diz-nos que somos destinatários dos talentos de Deus, «cada qual conforme a sua capacidade» (Mt 25, 15). Antes de mais nada, reconheçamos isto: temos talentos, somos «talentosos» aos olhos de Deus. Por isso, ninguém pode considerar-se inútil, ninguém pode dizer-se tão pobre que não possua algo para dar aos outros. Somos eleitos e abençoados por Deus, que deseja cumular-nos dos seus dons, mais do que um pai e uma mãe o desejam fazer aos seus filhos. E Deus, aos olhos de Quem nenhum filho pode ser descartado, confia uma missão a cada um.

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De fato, como Pai amoroso e exigente que é, responsabiliza-nos. Vemos, na parábola, que a cada servo são dados talentos para os multiplicar. Mas enquanto os dois primeiros realizam a missão, o terceiro servo não faz render os talentos; restitui apenas o que recebera: «Com medo – diz ele –, fui esconder o teu talento na terra. Aqui está o que te pertence» (25, 25). Como resposta, este servo recebe palavras duras: «mau e preguiçoso» (25, 26). Nele, que desagradou ao Senhor? Diria, numa palavra (talvez caída um pouco em desuso mas muito atual), a omissão. O seu mal foi o de não fazer o bem. Muitas vezes também nos parece não ter feito nada de mal e com isso nos contentamos, presumindo que somos bons e justos. Assim, porém, corremos o risco de nos comportar como o servo mau: também ele não fez nada de mal, não estragou o talento, antes guardou-o bem na terra. Mas, não fazer nada de mal, não basta. Porque Deus não é um controlador à procura de bilhetes não timbrados; é um Pai à procura de filhos, a quem confiar os seus bens e os seus projetos (cf. 25, 14). E é triste, quando o Pai do amor não recebe uma generosa resposta de amor dos filhos, que se limitam a respeitar as regras, a cumprir os mandamentos, como jornaleiros na casa do Pai (cf. Lc 15, 17).

pobre_191117_4O servo mau, uma vez recebido o talento do Senhor que gosta de partilhar e multiplicar os dons, guardou-o zelosamente, contentou-se com salvaguardá-lo; ora não é fiel a Deus quem se preocupa apenas de conservar, de manter os tesouros do passado, mas, como diz a parábola, aquele que junta novos talentos é que é verdadeiramente «fiel» (25, 21.23), porque tem a mesma mentalidade de Deus e não fica imóvel: arrisca por amor, joga a vida pelos outros, não aceita deixar tudo como está. Descuida só uma coisa: o próprio interesse. Esta é a única omissão justa.

E a omissão é também o grande pecado contra os pobres. Aqui assume um nome preciso: indiferença. Esta é dizer: «Não me diz respeito, não é problema meu, é culpa da sociedade». É passar ao largo quando o irmão está em necessidade, é mudar de canal, logo que um problema sério nos indispõe, é também indignar-se com o mal mas sem fazer nada. Deus, porém, não nos perguntará se sentimos justa indignação, mas se fizemos o bem.

Como podemos então, concretamente, agradar a Deus? Quando se quer agradar a uma pessoa querida, por exemplo dando-lhe uma prenda, é preciso primeiro conhecer os seus gostos, para evitar que a prenda seja mais do agrado de quem a dá do que da pessoa que a recebe. Quando queremos oferecer algo ao Senhor, os seus gostos encontramo-los no Evangelho. Logo a seguir ao texto que ouvimos hoje, Ele diz: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40). Estes irmãos mais pequeninos, seus prediletos, são o faminto e o doente, o forasteiro e o recluso, o pobre e o abandonado, o doente sem ajuda e o necessitado descartado. Nos seus rostos, podemos imaginar impresso o rosto d’Ele; nos seus lábios, mesmo se fechados pela dor, as palavras d’Ele: «Isto é o meu corpo» (Mt 26, 26).

No pobre, Jesus bate à porta do nosso coração e, sedento, pede-nos amor. Quando vencemos a indiferença e, em nome de Jesus, nos gastamos pelos seus irmãos mais pequeninos, somos seus amigos bons e fiéis, com quem Ele gosta de Se demorar. Deus tem em grande apreço, Ele aprecia o comportamento que ouvimos na primeira Leitura: o da «mulher forte» que «estende os braços ao infeliz, e abre a mão ao indigente» (Prv 31, 10.20). Esta é a verdadeira fortaleza: não punhos cerrados e braços cruzados, mas mãos operosas e estendidas aos pobres, à carne ferida do Senhor.

Lá, nos pobres, manifesta-se a presença de Jesus, que, sendo rico, Se fez pobre (cf. 2 Cor 8, 9). Por isso neles, na sua fragilidade, há uma «força salvífica». E, se aos olhos do mundo têm pouco valor, são eles que nos abrem o caminho para o Céu, são o nosso «passaporte para o paraíso». Para nós, é um dever evangélico cuidar deles, que são a nossa verdadeira riqueza; e fazê-lo não só dando pão, mas também repartindo com eles o pão da Palavra, do qual são os destinatários mais naturais. Amar o pobre significa lutar contra todas as pobrezas, espirituais e materiais.

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E isto far-nos-á bem: abeirar-nos de quem é mais pobre do que nós, tocará a nossa vida. Lembrar-nos-á aquilo que conta verdadeiramente: amar a Deus e ao próximo. Só isto dura para sempre, tudo o resto passa; por isso, o que investimos em amor permanece, o resto desaparece. Hoje podemos perguntar-nos: «Para mim, o que conta na vida? Onde invisto?» Na riqueza que passa, da qual o mundo nunca se sacia, ou na riqueza de Deus, que dá a vida eterna? Diante de nós, está esta escolha: viver para ter na terra ou dar para ganhar o Céu. Com efeito, para o Céu, não vale o que se tem, mas o que se dá, e «quem amontoa para si não é rico em relação a Deus» (cf. Lc 12, 21). Então não busquemos o supérfluo para nós, mas o bem para os outros, e nada de precioso nos faltará. O Senhor, que tem compaixão das nossas pobrezas e nos reveste dos seus talentos, nos conceda a sabedoria de procurar o que conta e a coragem de amar, não com palavras, mas com obras.

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ANGELUS

Para seguir adiante e crescer no caminho da vida é preciso não ter medo: é preciso ter confiança. Foi a exortação do Santo Padre no Angelus, ao meio-dia deste domingo (19/11), 1º Dia Mundial dos Pobres. O Papa partiu do Evangelho dominical (Mt 25,14-30), que nos traz a parábola dos talentos, para convidar-nos a não desperdiçar os dons que Deus nos deu.

Muitas vezes o medo leva a escolhas equivocadas
Referindo-se ao comportamento do terceiro servo que por medo de seu senhor enterrou o talento que lhe fora confiado, ressaltou que este servo não tem com seu patrão uma relação de confiança, mas de medo dele, e isso o paralisa. O medo imobiliza sempre e muitas vezes leva a escolhas equivocadas. Francisco afirmou que esta parábola nos faz entender como é importante ter uma ideia verdadeira de Deus.

“Não devemos pensar que Ele seja Senhor inclemente, duro e severo que quer nos punir. Se dentro de nós há esta imagem equivocada de Deus, então nossa vida não poderá ser fecunda, porque viveremos no medo e isso não nos levará a nada de bom. Somos chamados a refletir para descobrir qual é verdadeiramente nossa ideia de Deus.”

Deus misericordioso e piedoso, lento na ira e grande no amor e na fidelidade
Já no Antigo Testamento ele se revelou como “Deus misericordioso e compassivo, lento à ira e rico de amor e de fidelidade” , lembrou o Pontífice. E Jesus sempre nos mostrou que Deus não é um Senhor severo e intolerante, mas um Pai repleto de amor, de ternura, um Pai cheio de bondade. Portanto, podemos e devemos ter uma imensa confiança n’Ele”, acrescentou.

“Jesus nos mostra a generosidade e a solicitude do Pai em muitos modos: com a sua palavra, com seus gestos, com seu acolhimento a todos, especialmente para com os pecadores, os pequenos e os pobres – como hoje nos recorda também o 1º dia Mundial dos Pobres –; mas também com suas advertências, que revelam seu interesse a fim de que não desperdicemos inutilmente nossa vida. Efetivamente, é sinal de que Deus tem grande estima por nós: essa consciência nos ajuda a ser pessoas responsáveis em toda nossa ação.”

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Chamado a uma responsabilidade pessoal e a uma fidelidade
Portanto, a parábola dos talentos nos chama a uma responsabilidade pessoal e a uma fidelidade que se torna também capaz de colocar-nos novamente a caminho em novas estradas, sem “enterrar o talento”, ou seja, os dons que Deus nos confiou, e dos quais nos pedirá conta, acrescentou.

Após a oração mariana, o Papa lembrou aos presentes na Praça São Pedro que este sábado foi proclamado Beato em Detroit, nos EUA, Francisco Solano, sacerdote da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos.

“Humilde e fiel discípulo de Cristo, distinguiu-se por um incansável serviço aos pobres. Seu testemunho ajude sacerdotes, religiosos e leigos a viver com alegria a união entre anúncio do Evangelho e amor aos pobres”, frisou Francisco.

“Foi o que quisemos evocar com o Dia Mundial dos Pobres, celebrado este domingo, que em Roma e nas dioceses do mundo se expressa em muitas iniciativas de oração e de partilha. Faço votos de que os pobres estejam no centro de nossas comunidades não somente em momentos como este, mas sempre; porque eles estão no coração do Evangelho, neles encontramos Jesus que nos fala e nos interpela através de seus sofrimento se de suas necessidades.”

Apelo à comunidade internacional em favor da paz no Oriente Médio
Francisco recordou também as populações que vivem uma dolorosa pobreza por causa da guerra e dos conflitos, renovando à comunidade internacional um veemente apelo a fazer todo esforço possível em favor da paz, em particular no Oriente Médio.

“Dirijo um pensamento especial ao querido povo libanês e rezo pela estabilidade do país, a fim de que possa continuar sendo uma ‘mensagem’ de respeito e convivência para toda a região e para o mundo inteiro”, afirmou ainda.

“Rezo também pelos homens, as pessoas da tripulação do submarino militar argentino desaparecido”, acrescentou o Pontífice recordando por fim, este domingo, o Dia de recordação das vítimas das estradas, instituído pela Onu, exortando os motoristas à prudência e ao respeito pelas normas de trânsito, qual primeira forma de tutela para si e para os outros.

CARDEAL SÉRGIO SERÁ RELATOR DO SÍNODO

O Conselho da Secretaria do Sínodo dos Bispos reuniu-se esta quinta e sexta-feira, 16 e 17 de novembro, no Vaticano, informa um comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé. Ao término do encontro o Santo Padre anunciou a nomeação do Relator Geral na pessoa do arcebispo de Brasília e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Cardeal Sérgio da Rocha, e dos Secretários Especiais nas pessoas do Rev. Pe. Giacomo Costa, S.J. e Pe. Rossano Sala, S.D.B. para a próxima Assembleia Geral Ordinária do Sínodo, a realizar-se no Vaticano de 3 a 28 de outubro de 2018, lê-se ainda no comunicado.


Fonte: Vatican News