Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Natureza franciscana promove diálogo entre arte e ecologia

25/02/2016

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fogo

Inspirada no Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis, será aberta neste sábado, 27 de fevereiro, a Exposição “Natureza Franciscana” no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). Com curadoria de Felipe Chaimovich, a mostra é organizada a partir das estrofes do hino franciscano: “Reunimos aqui artistas que colaboram com elementos da natureza e da vida em seus trabalhos. As obras estão agrupadas conforme as partes do ‘Cântico’ de Francisco de Assis: sol, estrelas, ar, água, fogo, terra, doenças e atribulações, morte. A relação entre arte e ecologia torna-se evidente ao compreendermos a posição fundadora de Francisco de Assis em nossa cultura”, explica Felipe.

O evento tem início às 11 horas e, às 11h30, o ator Juca de Oliveira fará a leitura do “Cântico das Criaturas” na Grande Sala. No auditório Lina Bo Bardi, o espetáculo  musical “Mãeana” abre a exposição Educação como matéria-prima com duas apresentações: sábado às 12h30 e domingo às 16h.

Ao todo, a mostra reúne 18 obras da coleção do museu somadas a 19 empréstimos, totalizando 37 trabalhos que são exibidos em diferentes suportes como fotografia, desenho, gravura, vídeo, livro de artista, instalação, obra sonora, objeto, escultura e bordado. “Para Francisco, o ser humano tem uma relação de colaboração com os elementos naturais: a natureza não é subordinada aos interesses humanos. Embora o ser humano se posicione como uma parte singular da natureza, os demais elementos devem ser tratados por nós como membros de uma só família universal”, explica Chaimovich, que é estudioso da obra de Francisco de Assis há 15 anos.

caixa

Representando a terra, são expostas 30 caixas de papelão cheias de folhas e galhos de árvore embalados em plástico, papelão e fotografias em cores, instalação feita em 1975, por Sérgio Porto.

Dividida conforme os elementos citados na canção Cântico das Criaturas, de Francisco de Assis, a mostra começa com o sol representado pela fotografia em cores Lâmpada (2002), da artista Lucia Koch, ao lado das fotografias em preto e branco “The celebration of light” (1991), de Marcelo Zocchio, e dos 12 livros da série “I got up” (1968-1979), do japonês On Kawara.

O elemento água é tematizado pelas fotografias “A line in the arctic #1” e “A line in the arctic #8” (2012), do paulistano Marcelo Moscheta, e pelas obras relacionados ao projeto Coletas, da artista multimídia Brígida Baltar, que incluem imagens da série “A coleta da neblina” (1998-2005), cinco desenhos de nanquim sobre papel (2004), a escultura de vidro “A coleta do Orvalho” (2001) e o vídeo Coletas (1998-2005).

Em contraponto, o fogo é simbolizado pelo vídeo Homenagem a W. Turner (2002), de Thiago Rocha Pitta, e pelos vestígios de fumaça sobre acrílico e sobre papel feitos pela escultora e desenhista Shirley Paes Leme. O elemento ar fica a cargo da escultura Venus Bleue, do artista francês Yves Klein. As estrelas são apresentadas por meio de sete fotografias do alemão Wolfgang Tillmans. Representando a terra, são expostas 30 caixas de papelão cheias de folhas e galhos de árvore embalados em plástico, papelão e fotografias em cores, instalação feita em 1975, por Sérgio Porto, além do relevo em papel artesanal (1981), de Frans Krajcberg.

As doenças e atribulações são tematizadas pela instalação Dis-placement (1996-7), de Paulo Lima Buenoz: numa sala com mobiliário, frascos de remédio, rosas, lona, giz e tinta, o artista demonstra os caminhos percorridos por ele para alcançar e tomar todos os remédios para combater os efeitos da Aids, antes do surgimento dos coquetéis anti-HIV. A artista Nazareth Pacheco exibe série de fotografias em preto e branco, de 1993, que mostram a malformação congênita do lábio leporino, dentes, raio-x e objeto de gesso.

Por fim, a morte é representada pelo último tecido bordado por José Leonilson antes de falecer, em 1993. Permeando a exposição, a instalação sonora Tudo Aqui (2015), da artista Chiara Banfi, alcança todo o espaço expositivo e abrange todos os elementos representados.

“Depois da morte de Francisco de Assis, em 1226, os Franciscanos incentivaram um novo olhar para o universo, enxergando nele traços de uma mesma geometria que uniria o pensamento humano aos elementos naturais. Os Franciscanos incentivaram a descoberta da perspectiva a partir dos estudos da geometria da luz e, assim, o nascimento da arte fundada no desenho em perspectiva”, lembra Felipe, que nasceu em Santiago do Chile (1968) e é curador do Museu de Arte Moderna de São Paulo desde 2002.

Felipe é também crítico de arte do jornal “Folha de S. Paulo” desde 2000 e é professor titular pleno de história da arte contemporânea e crítica de arte na Fundação Armando Álvares Penteado, em São Paulo. Chaimovich possui doutorado e pós-doutorado em Filosofia pela Universidade de São Paulo.

O curador já apresentou mostras sobre arte e ecologia anteriormente, inclusive no próprio museu, como Ecológica e o Festival de Jardins do MAM no Ibirapuera, em parceria com Chantal Colleu-Dumond, curadora do Festival International de Jardins de Chaumont-sur-Loire, em 2010. O MAM ainda exibiu as exposições Morada Ecológica e Razão e Ambiente, curadas respectivamente por Dominique Gauzin-Muller e Lauro Cavalcanti, ambas em 2011.

SERVIÇO

A mostra estará em cartaz de 28 de fevereiro a 5 de junho 2016.

Entrada: R$ 6,00 – gratuita aos domingos

Local: Museu de Arte Moderna de São Paulo

Endereço: Parque do Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Portão 3)

Horários: Terça a domingo, das 10h às 17h30 (com permanência até as 18h)

Tel.: (11) 5085-1300

Estacionamento no local (Zona Azul: R$5 por 2h)

Acesso para deficientes / Ar condicionado

Restaurante/café