Iniciação à vida cristã é tarefa de todos, diz Frei João Reinert
17/07/2018
A iniciação à vida cristã é, sem dúvida, o grande desafio pastoral da atualidade. A afirmação é do mestre e doutor em Teologia pela PUC-Rio, Frei João Fernandes Reinert, que lança seu novo livro “Inspiração catecumenal e conversão pastoral”, pela Paulus. Segundo o frade desta Província, cada vez mais se percebe que iniciação à vida cristã é tarefa de todos, de todas as atividades eclesiais. “A conversão pastoral passa por essa nova consciência iniciática”, explica Frei João, lembrando que este livro não pretende refletir o “como” da iniciação à vida cristã, mas, sobretudo o “quem”, isto é, a quem compete o compromisso de gerar novos filhos na fé. “Pensar o ‘quem’ da iniciação significa repensar a pastoralidade. À luz da inspiração catecumenal, refletiremos os fundamentos da conversão pastoral, seus pressupostos, seus enfoques, e o faremos iluminados pela inspiração catecumenal, a qual é, inquestionavelmente, uma peça decisiva no processo da nova evangelização”, observa o frade.
O livro está estruturado a partir das duas dimensões, as duas colunas do catecumenato, que são o querigma e a mistagogia. O autor faz uma breve e sucinta visita à religião e à fé na atual mudança de época, cuja conclusão é a existência de uma crise de fé, que por sua vez coloca a pastoral de manutenção igualmente em crise. “Nada justifica, na atualidade, a permanência da pastoral de manutenção, por atravessarmos uma crise religiosa em que não se é permitido pressupor a fé. Antes de manter é preciso despertar, suscitar, apresentar a proposta de vida cristã. O querigma, o primeiro anúncio de Jesus Cristo, portanto, torna-se realidade obrigatoriamente central para toda proposta pastoral que queira estar no processo de revisão dos seus pressupostos”, explica Frei João. A mistagogia, continua o frade, longe de ser apenas o último tempo do percurso catecumenal, é um paradigma evangelizador. “A conversão pastoral tem muito a ver com a relação que se estabelece entre querigma e mistagogia. Muitas ações eclesiais são desprovidas tanto do querigma como da mistagogia. O legalismo, a burocracia pastoral que o digam!”, constata Frei João, que é autor também de “Pode hoje a paróquia ser uma comunidade eclesial? Repensando a paróquia em diálogo com a religiosidade pós-moderna (Vozes) e “Paróquia e iniciação cristã” (Paulus).
Segundo Frei João, nessa perspectiva, o Papa Francisco é um dos papas mais querigmáticos e mistagógicos que a Igreja já teve. “Sua clareza da centralidade da fé cristã, sua profecia e seu esforço para purificar o cristianismo de patologias eclesiais são sinais inequívocos de alguém que é mistagogo, com extrema clareza da centralidade da Pessoa de Jesus Cristo na vida cristã”, ilustra Frei João, que é pároco na Paróquia Santa Clara de Assis, em Duque de Caxias (RJ) e docente do Instituto Teológico Franciscana (ITF) de Petrópolis.