Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Na Capela Sistina, Papa agradece aos pais pela decisão de batizar seus filhos

08/01/2023

Papa Francisco

                                                                                                                    Imagem: Vatican Media

Na Festa do Batismo de Jesus, a Capela Sistina acolheu a celebração da Santa Missa presidida pelo Papa Francisco, com o Batismo de 13 crianças, filhas de funcionários do Estado do Vaticano. O costume de batizar os filhos dos funcionários da Santa Sé foi instituído por São João Paulo em 11 de janeiro de 1981 com a Missa presidida na Capela Paulina do Palácio Apostólico. Em 1983, o Papa Wojtyła presidiu a Missa pela primeira vez com o rito do batismo de algumas crianças na Capela Sistina.

Logo no início da celebração, o Santo Padre fez aos pais as perguntas próprias do rito do Batismo. A seguir, cada casal aproximou-se do Papa que fez o sinal da cruz na testa de cada criança, gesto repetido pelos pais.

Em sua breve homilia, Francisco começou agradecendo aos pais por fazerem seus filhos “entrarem na Igreja”, destacando a beleza de um dia assim, que nos faz recordar do nosso Batismo, pois “nos esquecemos quando fomos batizados: “É como um aniversário, porque o Batismo faz-nos renascer para a vida cristã. É por isso que vos aconselho a ensinar aos vossos filhos a data do Batismo, como um novo aniversário: que todos os anos se recordem e agradeçam a Deus por esta graça de se tornarem cristãos. E esta é uma tarefa que vos aconselho a fazer”.

O Papa recordou então, que com o Batismo, os filhos estão iniciando um caminho, “mas cabe a vocês e aos padrinhos ajudá-los a continuar nesse caminho: “Somos ensinados a rezar quando crianças. Mas é quando crianças que aprendem a rezar, pelo menos a fazer assim com as mãos, com os gestos… Mas como crianças aprendem a rezar, porque será a oração que lhes dará força ao longo de toda a vida: nos momentos bons para agradecer a Deus, e nos momentos ruins, para encontrar a força. É a primeira coisa que vocês devem fazer: rezar. E rezar também a Nossa Senhora, que é a Mãe: é a nossa Mãe”.

Francisco observa que “quando alguém está zangado com o Senhor, ou se afastou, Nossa Senhora está sempre por perto para abrir caminho para que voltem. É um ditado: o Senhor está sempre perto de nós, mas Nossa Senhora é a mãe, e a mãe está sempre mais perto do que o pai. Sempre. Porque é assim. As mães são assim, e isso é grandioso. Que aprendam a ser cristãos.”

Até este momento da celebração, as crianças estavam tranquilas, o que não passou desapercebido do Santo Padre, que então deu algumas indicações aos pais, caso a situação se alterasse: “Agora estão todos calados, todos… – está bem – mas talvez alguém dê o pontapé inicial, começará. E (sic)como as crianças são sinfônicas, todas irão atrás dele. E deixem-nos gritar, deixem-nos chorar. Talvez alguém esteja chorando de fome: amamente-o. Com toda liberdade. O importante é que hoje esta celebração seja a festa, a festa do início de um belo caminho cristão, no qual vocês ajudarão os vossos filhos a seguirem em frente. Talvez algum esteja muito coberto e sinta calor: que se sinta confortável, que todos se sintam confortáveis. E nós festejamos com eles esse início de caminho. E cabe a vocês ajudar a caminhar, porque eu acabo aqui, mas vocês toda a vida! E obrigado por esta decisão de trazê-los para batizar”.


ANGELUS

O Papa: a justiça de Deus é misericordiosa

“Não dividindo, mas compartilhando”. Às margens do Jordão, Jesus mostra-nos que “a verdadeira justiça de Deus é a misericórdia que salva, o amor que partilha a nossa condição humana, se faz próximo, se compadece da nossa dor, entrando nas nossas obscuridades para levar a luz”. Assim também nós, como discípulos de Jesus, “somos chamados a exercer deste modo a justiça, nas relações com os outros, na Igreja, na sociedade”.

Após presidir a celebração da Santa Missa na Capela Sistina com o Batismo de 13 crianças, foi a vez de o Papa Francisco encontrar-se com os milhares de fiéis e turistas de várias partes do mundo reunidos na Praça São Pedro para o Angelus na festa do Batismo do Senhor.

Inspirado no Evangelho de Mateus (Mt 3,13-14) que narra o ambiente que envolve o Batismo de Jesus por João  no rio Jordão, o Santo Padre começa explicando que “era um rito com o qual as pessoas se arrependiam e se comprometiam a se converter”. Neste sentido, “um hino litúrgico diz que o povo ia ser batizado “de alma e pés descalços”, uma alma aberta, sem cobrir nada, com humildade e coração transparente.”

Diante da surpresa da multidão ao ver “o Santo de Deus, o Filho de Deus sem pecado”, ao lado dos pecadores e de sua escolha de receber o Batismo, Jesus dirige-se a João dizendo: «Deixa por agora, pois convém cumpramos a justiça completa».

Mas, pegunta o Papa, o que significa “cumprir toda a justiça”?

Fazendo-se batizar, Jesus nos revela a justiça de Deus, aquela justiça que Ele veio trazer ao mundo. Nós, tantas vezes, temos uma ideia estreita de justiça e pensamos que ela significa: quem erra que pague e assim apaga o mal que cometeu. Mas a justiça de Deus, como ensina a Escritura, é muito maior: seu propósito não é a condenação do culpado, mas sua salvação e seu renascimento, o torná-lo justo, de injusto a justo. É uma justiça que vem do amor, que vem daquelas entranhas de compaixão e de misericórdia que são o próprio coração de Deus, Pai que se comove quando somos oprimidos pelo mal e caímos sob o peso dos pecados e das fragilidades.

A justiça de Deus, portanto – frisou Francisco – “não quer distribuir penas e castigos”, mas, como afirma o Apóstolo Paulo, “consiste em justificar a nós, seus filhos, libertando-nos das ciladas do mal, curando-nos, reerguendo-nos (…). O Senhor está com a mão estendida para ajudar a nos reerguer”: “E então compreendemos que, às margens do Jordão, Jesus nos revela o sentido de sua missão: Ele veio cumprir a justiça divina, que é salvar os pecadores; veio para tomar sobre os ombros o pecado do mundo e descer nas águas do abismo, naquelas águas da morte, de modo a nos recuperar e não nos deixar afogar. Ele mostra-nos hoje que a verdadeira justiça de Deus é a misericórdia que salva. Nós temos medo de pensar que Deus é misericórdia, e Deus é misericórdia, porque a sua justiça é precisamente a misericórdia que salva, a sua justiça é o amor que partilha a nossa condição humana. A sua justiça se faz próxima, se compadece da nossa dor, entrando nas nossas obscuridades para levar a luz”.

Francisco recorda então a homilia de Bento XVI em 13 de janeiro de 2008, quando afirmou que “Deus quis salvar-nos indo ele mesmo até ao fundo do abismo da morte, para que cada homem, mesmo quem caiu tão em baixo que já não vê o céu, possa encontrar a mão de Deus à qual se agarrar e subir das trevas para ver de novo a luz para a qual ele é feito.”

“Nós – disse o Papa – temos medo de pensar em uma justiça assim misericordiosa. Sigamos em frente. Deus é misericórdia. Sua justiça é misericordiosa. Deixemo-nos tomar pela mçao por Ele”.

“Também nós – completou – discípulos de Jesus, somos chamados a exercer deste modo a justiça, nas relações com os outros, na Igreja, na sociedade”: “Não com a dureza de quem julga e condena dividindo as pessoas em boas e más, mas com a misericórdia de quem acolhe compartilhando as feridas e as fragilidades das irmãs e dos irmãos, para reerguê-los. Gostaria de dizer isso assim: não dividindo, mas compartilhando. Não dividir, mas compartilhar. Façamos como Jesus: compartilhemos, carreguemos os fardos uns dos outros ao invés de fofocar e destruir, olhemo-nos com compaixão, ajudemo-nos uns aos outros.”

“Perguntemo-nos – propôs Francisco: sou uma pessoa que divide ou que partilha?”: “Pensemos um pouco: sou discípulo do amor de Jesus ou discípulo da fofoca, que divide e divide? Mas a fofoca é uma arma letal: mata, mata o amor, mata a sociedade, mata a fraternidade. Perguntemo-nos: sou uma pessoa que divide ou uma pessoa que partilha?”

“E agora rezemos a Nossa Senhora, que deu à luz Jesus, imergindo-o em nossa fragilidade para que tivéssemos vida novamente”, foi o convite de Francisco ao concluir sua reflexão.


Fonte: Vatican News (texto de Jackson Erpen)