Gerais pedem que irmãos leigos ocupem cargos de liderança
10/04/2017
CIDADE DO VATICANO – Os superiores dos quatro ramos principais dos Frades Franciscanos pediram formalmente ao Papa Francisco autorização para permitir que suas comunidades elejam irmãos leigos para cargos de liderança em suas comunidades.
“O Papa Francisco estuda as possibilidades de fazer avançar este projeto”, disse Frei Michael Perry, Ministro Geral dos Frades Menores. “Deixamos uma carta com um pedido formal para uma dispensa dos requisitos da lei canônica que, na maioria das ordens religiosas, apenas um padre pode ser eleito para os cargos de liderança”, disse.
Frei Perry encontrou-se com o Papa Francisco, neste 10 de abril, juntamente com o Ministro Geral Capuchinho, Frei Mauro Johri; o Ministro Geral Conventual, Frei Marco Tasca; e o Ministro Geral da Terceira Ordem Regular, o Frei Nicholas Polichnowski.
Frei Tasca disse que o Papa Francisco lamentou os atentados terroristas no Egito e “confirmou com grande determinação” que iria visitar o Egito no final de abril, como planejado. Eles também falaram da violência contínua na Síria e da presença de franciscanos, que continuam a ministrar lá e em outras regiões onde a tensão e a violência são uma ocorrência diária.
Mas, disse Frei Perry, “falamos, sobretudo, dos passos que estamos tomando para criar a comunhão entre nós, entre as diferentes Ordens da Família Franciscana”.
Os quatro ramos diferentes, disse ele, estão trabalhando juntos para reunir seus institutos de ensino superior em Roma e ter uma variedade de projetos cooperativos na Terra Santa.
“Além disso”, disse ele, “falamos da importância da possibilidade de permitir que os frades leigos sirvam de maneira ordinária em nossas ordens”.
As regras que ditam a elegibilidade para a liderança em ordens religiosas, com uma forte mistura de irmãos e sacerdotes – especialmente se essas ordens, como os franciscanos -, foram fundadas sem distinção entre leigos e ordenados.
O decreto do Concílio sobre a vida religiosa diz: “Monastérios de homens e comunidades que não são exclusivamente leigos podem, de acordo com sua natureza e Constituições, admitir clérigos e leigos em pé de igualdade e com direitos e obrigações iguais”.
Ainda assim, para Ordens como os Franciscanos, em que a maioria dos membros são sacerdotes, o Vaticano insistiu que a ordenação é um requisito para o “poder de governança”. Ele vetou a eleição de irmãos como superiores de Ordens que têm mais sacerdotes do que irmãos como membros, mesmo quando as Constituições da Ordem não insistem que o superior seja um sacerdote.
No Sínodo dos Bispos sobre a Vida Religiosa em 1994, a questão foi levantada repetidamente. Frei Hermann Schaluck, Ministro Geral dos Frades Menores na época, disse ao Sínodo que sua Ordem foi fundada por um leigo, São Francisco de Assis, que nunca foi ordenado sacerdote. O carisma da Ordem não estava ligado à ordenação, mas a uma vida de seguir o Evangelho de forma radical.
A igualdade dos frades leigos e ordenados, disse ele, deveria significar que ambos poderiam ser chamados para papéis de liderança. E pediu ao Vaticano que a possibilidade seja “oficial e juridicamente” reconhecida.
Respondendo às proposições dos membros do Sínodo em 1996, São João Paulo II disse: “Foi criada uma comissão especial para examinar e resolver aos problemas relacionados com esta questão. É necessário aguardar as conclusões desta comissão antes de tomar as decisões adequadas de acordo com o que será determinado com autoridade”.
O estudo parece ter sido interrompido. Em dezembro de 2015, o Vaticano emitiu um documento sobre a identidade e a missão dos irmãos religiosos. Na ocasião, o arcebispo José Rodríguez Carballo, secretário da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, disse que seu gabinete pedirá ao Papa Francisco uma comissão ad hoc para estudar a questão.