No dia 4 de outubro, o Seminário Frei Galvão celebrou, em comunhão com toda a Família Franciscana, a solenidade do Poverello de Assis, aquele que, na Terra, foi a “viva imagem do Cristo” (Cf. Santoral Franciscano – Oração do dia).

Para que a solenidade fosse vivida e celebrada com reverência, os postulantes de Guaratinguetá (SP), prepararam um Tríduo com cantos, reflexões e orações, realizados após as vésperas.

Ainda em preparação para a festa, os cinco postulantes organizaram uma singela exposição do “Trânsito de São Francisco” e realizaram uma leitura minuciosa das fontes franciscanas, para que todos os elementos simbólicos tivessem sentido real, e não apenas estético. “Seus filhos se lamentam ao ver chegada a hora; Frei Ângelo suspira e Clara, ao longe, chora” (Cf. Hino – I vésperas).

O tema do Tríduo foi “E todos sejam chamados frades menores” (Cf. RnB 6,3). Cada dia do tríduo tinha um subtema, para que o postulante escolhido pudesse realizar uma reflexão. No 1° dia, o tema foi “São Francisco e a fraternidade”. O postulante Luciano Ferreira Leite, em sua reflexão, nos exortou: “A fraternidade nada mais é do que amar. Isso é um desafio para nós, que somos fruto de uma sociedade individualista e seletiva. A busca pela fraternidade nos convida a praticar a virtude da sabedoria, e é na busca da sabedoria que formamos a fraternidade!”

No 2° dia, o tema proposto foi “São Francisco e a minoridade”. O postulante Francisco Ivon da Silva Jr trouxe a seguinte reflexão: “A minoridade é a base para a construção de uma fraternidade autêntica, que imita a vida de Cristo! São Francisco nos convida a sermos sempre menores, pois é um convite profético diante de um mundo individualista e supérfluo.”

No 3° dia do Tríduo, celebramos a Memória do Trânsito. “Francisco, não és belo!”, dizia Irmão Masseo. “A morte é que embeleza, e a vida principia” (Cf. Hino – I vésperas). Aquele que, em vida, se assemelhou em tudo a Cristo faz com que ousemos tomar a profecia de Isaías, transformada em liberdade poética, dizendo: “…Não fazia vista, nem tinha beleza a atrair o olhar, não tinha aparência que agradasse” (Isaías 53,2).

Participaram conosco nesta celebração os frades do Santuário Frei Galvão, as Irmãs Franciscanas Seráficas, da Ordem Franciscana Secular e alguns amigos e voluntários do Seminário.

A celebração foi marcada pelo zelo na preparação dos cantos, ornamentação, limpeza, etc. À noite, os frades de hábito e velas na mão, os postulantes radiantes por encenar a memória do Trânsito, e todos os presentes, agradecidos por rememorar o dia “feliz” em que ganhamos um intercessor no Céu junto a Deus.

Durante a reflexão, Frei Walter de Carvalho Junior, mestre dos postulantes, disse aos presentes: “Irmãos e irmãs, se estamos celebrando com fervor o trânsito derradeiro de Nosso Pai Francisco, é porque significativos, intensos e abençoados foram os pequenos e constantes trânsitos e passagens que ele realizou desde que o Senhor lhe mostrou o que ele devia fazer.”

Ao término da celebração, Irmã Roseana Maria da Silva, TOS, nos disse: “Hoje, ao celebrar o Trânsito de São Francisco em Fraternidade, desejamos a todos uma feliz celebração em honra ao nosso Pai Seráfico. Que a comemoração dos 800 anos de São Francisco Estigmatizado nos lembre que Deus continua a chamar santos e santas para tocar as feridas de todas as pessoas e criaturas chagadas.”

Chegado o grande dia, a grande solenidade para a Família Franciscana. Na manhã do dia 4, foram rezadas solenemente as Vésperas, e, em seguida, começaram os preparativos para a Celebração Eucarística, que aconteceria à noite. Durante a manhã e tarde, os postulantes continuaram a preparar os ambientes para as festas, enquanto os frades abençoavam os animais trazidos à capela. Às 17h30, tivemos as segundas vésperas e, às 19h30, a Santa Missa Solene.

Os devotos do Humilde de Assis marcaram presença para estar conosco na festa do Pai dos Menores. Para encerrar o dia, tivemos uma alegre confraternização com todos os frades, postulantes, irmãs, membros da OFS e convidados.

O guardião da fraternidade, Frei João Francisco da Silva, dirigiu aos presentes a seguinte reflexão: “800 anos passados e o ‘mundo tem saudades de ti, Francisco!’. A queixa dita por São João Paulo II, mais do que uma poesia, foi, e ainda é, uma constatação real e muito atual. Mas por que o mundo ainda tem saudades de Francisco? Ou, o que o mundo se tornou para que seja necessário invocar o Santo de Assis? O mundo tem saudade de Francisco porque ‘aqui na Terra vamos mal vivendo’ – poema de Dom Helder Câmara – a cobiça é grande, o amor pequeno.”

Dante Alighieri, em “A Divina Comédia”, ao citar São Francisco, escreve: “Nasceu no mundo um sol”. Sabemos que o Sol é a estrela mais próxima da Terra, com cerca de 4,6 bilhões de anos. Quando uma estrela morre (explode após a fusão nuclear em seu núcleo diminuir), esse processo é chamado de “supernova”, uma explosão de energia que espalha vários elementos, formando novas estrelas! Pegando este viés e comparando a declaração de Dante, ao dizer que Francisco é um “sol”, ou seja, uma “estrela”, Francisco é uma “mãe” que, em seu processo de “supernova”, dá origem a diversos filhos para a Igreja. Em outras palavras: “sua morte não foi em vão”.

O que seria de nós, Senhor Onipotente, sem a fé de Francisco de Assis e nossa devoção a ele, em um mundo chagado por males e desgraças? Neste dia, somos convidados a rezar com São João Paulo II, assim como ele o fez em sua visita à Basílica de São Francisco em Assis, no dia 5 de novembro de 1978: “Tu, que tanto aproximaste Cristo da tua época, ajuda-nos a aproximar Cristo da nossa época, dos nossos tempos difíceis e críticos.”

Hoje, Francisco rejubila no Céu, juntamente com seus confrades e as Damas da Pobreza! O santo místico goza nos céus a palma da vitória. Frei João Mannes, em seu livro “O Transcendente Imanente”, capítulo 4 (Experiência Mística e Liberdade Perfeita), escreve que a mística é o “clímax da perfeição cristã, para além da qual não existe senão o estado final da glória”. São Francisco, com muita luta, chegou a esse cume sublime e glorioso.

Que nosso Pai interceda por nós, seus filhos, para que possamos ser “Chagados pelo Amor” (tema do Capítulo Provincial 2024), para que possamos “transmitir” e chagar o mundo com amor.

Deus nos conceda essa graça de um dia estarmos com Ele e São Francisco na Pátria Definitiva.

Paz e Bem!

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Francisco Ivon da Silva Jr. e Luis Naldo Rodrigues da Conceição – Comunicações do Postulantado