Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Frades almoçam com a população de rua neste domingo

19/11/2017

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São Paulo (SP) – O projeto social, conhecido popularmente como “Chá do Padre”, já é uma tradição nos fundos do Convento São Francisco em São Paulo. Hoje, além do chá para cerca de 350 moradores de rua, também oferece 300 almoços, de segunda a segunda, para esta população, assim como atendimentos de psicologia, jurídico (Defensoria Pública da União) e assistência social, tendo uma estrutura para banhos e lavanderia.

Neste domingo, atendendo ao pedido do Papa Francisco que instituiu o 1º Dia Mundial dos Pobres, para recordar o Ano da Misericórdia, o guardião do Convento São Francisco, Frei Mário Luiz Tagliari, convidou os frades de sua Fraternidade para participarem do almoço no “Chá do Padre”, não só para comer, mas para servir. Os que não tinham atividades pastorais, atenderam ao pedido do guardião, assim como o Vigário Provincial, Frei César Külkamp, que reside na Sede Provincial. Frei Diego Melo, que se reuniu com a Comissão de Preparação para o Encontro Nacional de Juventudes, que acontecerá no próximo ano em Vila Velha, convidou os representantes desta Comissão – Rafael Corrêa, Frei Wellington Buarque e Juliana Caroline – para conhecerem este projeto. Frei Marcos Mello explicou aos atendidos o significado do dia instituído pelo Papa e convidou a todos a rezar o Pai Nosso.

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Para Frei Mário, o Dia Mundial dos Pobres era urgente como chamada de atenção do mundo para o problema da pobreza. Só para citar um exemplo, segundo o “Guia da Fome no Mundo”, entre 2004 e 2009, 55 mil pessoas perderam a vida nas guerras, mas a fome matou mais de 250 mil pessoas entre 2010 e 2012, só na Somália.

“Quando o Papa anunciou essa data em junho, e o fez com tanta antecedência, sem dúvida nenhuma era para chamar a atenção do mundo inteiro para a questão da fome, que diariamente mata e é um problema atual num mundo dominado por um capitalismo cada vez mais selvagem, que visa o acúmulo e a riqueza. Multidões estão ficando fora desse sistema, e o pior, passando fome, inclusive lá bem próximo do próprio Papa em Roma”, observou Frei Mário, acrescentando que foi uma coincidência e até um símbolo muito forte o Papa ter instituído esse dia em 13 de junho, na festa de Santo Antônio, que é conhecido no Brasil e no mundo inteiro como o santo dos pobres ou do pão de Santo Antônio para os pobres.

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“O Papa não está instituindo um dia como se fosse o único que nós devêssemos nos preocupar com a questão da fome, com a questão da pobreza. Mas ele instituiu esse dia para dizer que o mundo deve se voltar para esta questão urgente: milhões de pessoas estão passando fome e morrendo de desnutrição e não é possível que nós, cristãos, de modo especial católicos – embora ele faz esse convite ao mundo inteiro, não apenas aos cristãos e católicos – não tenhamos consciência de que é o ser humano que está se degradando, que é o ser humano que está em ruínas, exatamente pela forma de vida egoísta de conservação de riqueza e consumismo”, lamentou o frade.

Segundo Frei Mário, o gesto profético do Papa Francisco é, sem dúvida, evangelizador e uma catequese muito oportuna e importante para o mundo de hoje. “Diante de um pobre sofredor, abandonado e maltrapilho, temos a tentação de virar o rosto. Não dá mais para dizer que se ama a Deus se esse amor não passa pelo próximo e esse próximo não é aquele que nos dá presentes e é nosso amigo. Mas que esse próximo seja aquele da parábola do bom samaritano, que se fez próximo daquele que estava caído, maltratado e machucado. Então, o Papa Francisco vem chamar a atenção para sermos próximos daqueles que estão à margem da vida ou nosso amor será só de palavras”, destacou Frei Mário.

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Para Frei Diego Melo, animador vocacional da Província da Imaculada, ao instituir este Dia Mundial dos Pobres, o Papa quer despertar em nós a consciência, a visibilidade daqueles que são invisíveis na nossa sociedade. “E acredito muito num princípio de que a cabeça da gente pensa a partir de onde nossos pés pisam”, reforçou o frade. “Então, um dia como esse, muitas vezes nos leva forçosamente até a incentivar que a gente se aproxime, de fato, dessa realidade, entenda um pouquinho mais, conviva e participe, porque estar no meio dos mais pobres significa assumir a dor deles, assumir a condição deles, e mudar a nossa consciência. A importância de um dia como este, de uma atividade concreta – seja ela qual for – é que ela, certamente, não será pontual, mas vai mudar – e espero que mude – o nosso modo de pensar,   nosso modo de ver a realidade e que essa mudança dentro de nós também nos ajude a buscarmos formas de transformação e de melhorias, assim como condições mais dignas para os mais pobres”, conclui Frei Diego.

Moacir Beggo

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