Aos 80 anos, falece Frei Alécio Broering em São Paulo
23/08/2016
Faleceu na madrugada de terça-feira (01h00, 23 de agosto), em São Paulo, Frei Alécio Broering. O frade, que era conhecido por ter dedicado sua vida à Pastoral Nipo-brasileira, faleceu de insuficiência renal e problemas cardíacos em decorrência de três amputações devido ao diabetes.
Seu corpo foi velado no Convento São Francisco, no Centro de São Paulo, onde residia o frade, e em seguida foi trasladado para o Cemitério do Santíssimo Sacramento, onde está o Jazigo dos Frades da Província da Imaculada Conceição.
O frade menor
Frei Alécio dedicou quase toda a sua vida religiosa franciscana ao trabalho pastoral na colônia japonesa no Brasil. A falta de missas em japonês, muito pedidas pela colônia, motivou o jovem frade a estudar no Japão em 1963, onde trabalhou como missionário. Lá, estudou a língua por dois anos, adquiriu fluência e então pôde voltar para ministrar os sermões, casamentos, bodas, celebrar Missas e batizados para a Comunidade Nipo-brasileira.
Residindo em São Paulo, onde está a maior comunidade japonesa do Brasil, Frei Alécio desenvolveu um grande trabalho pastoral, especialmente na celebração de missas em
Dados pessoais: formação, transferências, trabalhosNascimento: 9.05.1936 (80 anos de idade), em Santo Amaro da Imperatriz – SC; |
japonês na Igreja São Francisco de Assis, na Vila Clementino, sempre no segundo e quarto domingos de cada mês. Durante muitos anos coordenou a Pastoral Nipo-brasileira e participou ativamente de sua fundação em 1967, quando foi o primeiro presidente nacional. Como missionário itinerante entre os japoneses visitava constantemente os Estados de São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Mato Grosso, onde estavam as maiores colônias de japoneses.
Em 1974, Frei Alécio foi Visitador Geral da Federação Franciscana do Japão, que reunia 11 províncias. “O objetivo principal de minha visita era fundar a Província Franciscana do Japão. E aconteceu como a Cúria Geral desejava. Em 1977, foi criada a Província Franciscana dos 26 Mártires do Japão”, escreveu Frei Alécio em texto nas Comunicações internas da Província da Imaculada. Frei Alécio é autor do livro “Os 26 mártires do Japão – A Fé na terra do Sol Nascente”.
O frade dirigiu pelo menos seis romarias dos nipo-brasileiros ao Japão, à Terra Santa e à Europa. Participou ainda de outros trabalhos como o do Cemitério Morumbi, onde há mais de 30 anos trabalhou como presidente da Mantenedora, a Comunidade Religiosa João XXIII. Frei Alécio também foi um dos fundadores da ONG Aliança pela Vida – ALIVI -, que cuida de soropositivos e pessoas vivendo com HIV, especialmente crianças.
Para atender a todas a um maior número de comunidades orientais, fez o Curso de Língua Coreana na Escola Haguon, de 1995-1998, estudando em Seul de setembro a outubro de 98. Além de japonês e coreano, Frei Alécio falava alemão, inglês e francês.
Sempre depois das Celebrações Eucarísticas para a Colônia havia uma confraternização, que Frei Alécio fazia questão de incentivar. “Na verdade a missa que celebro é mais brasileira que japonesa. No Japão, as pessoas gostam de silêncio e recato durante a cerimônia”, dizia em uma entrevista ao Jornal Nippo-Brasil. “Peço aos nikkeis que conservem o que o Japão tem de bom ao mesmo tempo que aprendam as boas coisas brasileiras. Geralmente acontece o contrário”, dizia o frade, sempre muito brincalhão e alegre.
Frei Alécio, contudo, se definia como tímido. Para ele, a preocupação com os mais necessitados vinha desde cedo. Aprendeu a dividir e compartilhar pequenas coisas com os nove irmãos. “No inverno vestia mais camisas quando ia à escola para poder emprestar a um colega que vinha quase sem roupa”, revelou. Ele era o quinto filho de Lídia e Rodolfo Augusto Broering, casal de alemães que deu todo apoio ao filho que quis ingressar no seminário em 1948. “Minha mãe contava que quando comecei a falar, já dizia que queria ser padre”, dizia o frade, para explicar que o desejo de se tornar padre começou cedo. Para ele, a religiosidade na família e o exemplo dos frades tornaram mais forte a vontade de seguir o sacerdócio, que para ele é “usar a vida a serviço dos irmaos”.
A Pastoral Nipo Brasileira, representada pela sigla PANIB, foi fundada em 1967. É uma entidade beneficente, educacional, religiosa, cultural e de assistência social, tendo por finalidade a evangelização e catequização dos japoneses e seus descendentes, radicados no Brasil, visando a sua integração ao cristianismo e a sua adaptação e integração na vida nacional.
R.I.P.