Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

“Deus é bom”, afirma Dom Paulo em dia festivo

04/07/2016

Notícias

Érika Augusto

São Paulo (SP) – Um dia de festa para a Arquidiocese de São Paulo, para a Província Franciscana da Imaculada Conceição e para toda a Igreja. Cardeais e bispos de todo o Brasil, o clero, religiosos e religiosas, autoridades, leigos e familiares se reuniram na Catedral da Sé no dia 2/07/16 para celebrar os 50 anos da Ordenação Episcopal de Dom Paulo Evaristo Arns. A missa foi presidida por Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo da Arquidiocese de São Paulo, Dom Giovanni D’Aniello, Núncio Apostólico no Brasil, Dom Claudio Hummes, Arcebispo emérito da Arquidiocese de São Paulo, Dom Leonardo Ulrich Steiner, Bispo Auxiliar de Brasília e Secretário Geral da CNBB, Dom Murilo Krieger, Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Orani Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Raymundo Damasceno, Arcebispo de Aparecida, Dom João Bosco, Bispo da Diocese de Osasco, entre outros.

Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, estava com sua esposa Ana Estela Haddad. A senadora Marta Suplicy, a deputada Luiza Erundina e Gabriel Chalita também participaram da celebração. Além do clero e das autoridades, os leigos se fizeram presentes. Movimentos sociais carregavam faixas e bandeiras, marcando presença neste momento de ação de graças.

A cerimônia teve início às 10h e após a procissão de entrada, Dom Paulo Evaristo Arns foi recebido pelos presentes com grande emoção. Com a saúde debilitada, aos 94 anos, o Arcebispo emérito teve disposição de cantar a Oração de São Francisco de Assis, animada pelo coral. Esteve durante boa parte do tempo sentado. As homenagens aconteceram logo no início da celebração.

Dom Leonardo Ulrich Steiner foi o primeiro a falar. O bispo é primo de Dom Paulo, e falou em nome da família. Chico Whitaker falou em nome dos leigos e recordou uma frase do arcebispo: “Nossos atos é que confirmam as nossas escolhas”. Chico recordou também que na Quarta-feira de Cinzas de 1996, durante a abertura da Campanha da Fraternidade o então arcebispo dizia: “Não fazer política é a pior maneira de fazer política”, afirmou.

DSC_5288A luta de Dom Paulo contra o regime militar foi lembrada durante toda a cerimônia. Padre Fernando Ramiro falou em nome do clero. Ele foi o primeiro padre ordenado por Dom Paulo, recordou que o franciscano dizia que um frade menor não deveria ser um irmão maior. Mas que a graça de Deus agiu na vida da cidade de São Paulo através da ação de Dom Paulo. O sacerdote recordou que Dom Paulo permaneceu 28 anos à frente da Arquidiocese de São Paulo, o episcopado mais longo do século XX e agradeceu pela coragem do Cardeal. “Vossa Eminência foi uma das poucas vozes do episcopado brasileiro naqueles anos de chumbo a gritar contra as brutalidades da ditadura”, concluiu.

Dom Murilo Krieger ressaltou o trabalho do arcebispo em prol dos direitos humanos e afirmou que Dom Paulo ajudou na construção de um Brasil melhor e mais justo. “Naquele momento e naquela circunstância o senhor fez o que precisava ser feito e o fez em nome de Jesus Cristo e dos mais fracos. As gerações atuais têm uma grande dívida para com o senhor. Espero que seu exemplo e seu testemunho em defesa da democracia sirvam de exemplo”, afirmou o Vice-Presidente da CNBB. Em seguida Dom Odilo leu uma mensagem do governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin.

O grande homenageado do dia também falou aos presentes, encorajando- os e afirmando: “Deus é bom”. Dom Paulo disse ainda a respeito da eternidade, e que ela “não termina nunca”. Ao final de suas palavras, o arcebispo foi ovacionado.

O Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giovanni D’ Aniello leu a mensagem do Papa Francisco enviada especialmente para a ocasião. O Santo Padre afirmou que se unia à Ordem dos Frades Menores, à Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil e à Arquidiocese de São Paulo neste dia. O Papa Francisco agradeceu Dom Paulo pelo zelo episcopal com todo o povo de Deus, sobretudo na defesa aos direitos humanos, e recordou o Papa Paulo VI e São João Paulo II, que estiveram diversas vezes com Dom Paulo. E concluiu a mensagem dando graças a Deus pela vida e missão do Arcebispo.

Em sua homilia, Dom Odilo Pedro Scherer recordou ordenação episcopal de Dom Paulo Evaristo Arns, que aconteceu no dia 3 de julho de 1966, na Paróquia Sagrado Coração de Jesus em Forquilhinha (SC). O Cardeal recordou os presentes um pouco da história de Dom Paulo à frente da Arquidiocese de São Paulo. O lema episcopal Ex spe in spem (De esperança em esperança) foi uma marca, segundo Dom Odilo.

“Movido pela esperança cristã, Dom Paulo continuou firme na promoção daquilo que a fé ensina e o amor exige, animando também a comunidade arquidiocesana a caminhar e agir na mesma esperança. Esta de fato é a atitude própria da Igreja de Cristo, que não esmorece no anúncio do Evangelho, mesmo quando ela precisa ir contra os poderes e a cultura dominante, mesmo quando os frutos não aparecem imediatamente, ou quando isso cobra o preço da perseguição”, ressaltou Dom Odilo.

Entre os presentes recebidos por Dom Paulo durante a celebração estavam um belíssimo quadro, que foi entregue pelo Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel e por Frei Evaristo Spengler, nomeado bispo da Prelazia do Marajó. Algumas crianças entraram em procissão levando flores a Dom Paulo, que ganhou também um livro comemorativo com fotos de seu trabalho da Arquidiocese de São Paulo.

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Após a missa Dom Paulo, seus familiares e alguns Cardeais e bispos foram recebidos para um almoço festivo no Convento São Francisco de Assis. Frei Fidêncio acolheu a todos e disse algumas palavras a Dom Paulo. O frade leu um trecho da carta do Ministro Provincial na época em que Dom Paulo foi nomeado bispo, saudando-o pela nomeação episcopal. “Sua designação para auxiliar em São Paulo se reveste de particular importância – graças a Deus não o mandaram para o mato”, brincava o Ministro Provincial da época.

Frei Fidêncio salientou que não mandaram Dom Paulo “para o mato”, mas para uma selva de pedras repletas de desafios, onde Dom Paulo exerceu seu ministério episcopal de maneira profética, e pediu que Dom Paulo, do eremitério onde vive atualmente, continuasse mandando para a Província a tríplice bênção.