Aos 85 anos, falece Ir. Maria José em Guaratinguetá
13/03/2015
Aos 85 anos, faleceu em Guaratinguetá Ir. Maria José Rosa Agostinho, da Congregação das Irmãs Franciscanas de Siessen. Segundo Ir. Rosa Maria Severino, Superiora Provincial, ela já estava com sua saúde bem abalada e, no dia 12 de fevereiro, sofreu um AVC. O seu sofrimento prolongou-se por mais um mês entre quarto e UTI do hospital. Ela veio a falecer ontem, 12 de março, às 20h40. Seu corpo está sendo velado na Capela Imaculada Conceição da Casa Provincial em Guaratinguetá (SP), onde será celebrada Missa de corpo presente às 14 horas, seguida do sepultamento.
Irmã Maria José tinha 65 anos de vida religiosa. Deles, quarenta e dois viveu na cozinha do Instituto Sagrado Coração de Maria de Agudos e, em 1987, passou a coordenar as cozinheiras do Seminário de Agudos, onde ficou por mais de duas décadas. Nesse tempo, os seminaristas que passaram por Agudos conheceram e tinham um carinho especial por esta irmã incansável no trabalho, atenciosa, fraterna, exemplo de vida para as irmãs de sua Congregação e para tantos frades e seminaristas que se formaram ali.
Ao celebrar o jubileu de 60 anos de vida religiosa, em Guaratinguetá, disse que preferia o silêncio do “trabalho escondido para melhor servir”.
O Ministro Provincial Frei Fidêncio Vanboemmel, em nome de todos os frades da Província, comunga com as Irmãs de Siessen nessa Páscoa da Ir. Maria José e agradece a Deus pelo carinho e preciosa colaboração desta querida irmã na animação vocacional dos nossos frades e seminaristas: “Louvo o Senhor da Vida pela vida de Irmã Maria José, pelo seu exemplo de dedicação, entrega e despojamento, tão característico de uma verdadeira alma franciscana, que jamais perdeu de vista o seu ponto de partida”, disse o Ministro Provincial.
Irmã Maria Jose nasceu na Fazenda Santo Antônio (Fazenda do Seminário dos Franciscanos), Agudos (SP). “Lá morou com seus pais, o irmão, Miguel e a irmã, Luzia até a sua adolescência. Viveu uma vida muito simples, com poucos recursos e sem oportunidade de estudos. Aos 15 anos foi para o “Colégio das irmãs: Instituto Nossa Senhora do sagrado Coração de Maria”, onde iniciou o trabalho de ajudante de cozinha. Três anos mais tarde pediu para ser aceita como candidata à vida religiosa. Assim, com mais três jovens companheiras dava-se o início ao primeiro grupo de formandas brasileiras. São as nossas pioneiras a quem devemos eterna gratidão. Tanto na formação inicial, como após a emissão dos votos religiosos, sua tarefa sempre foi na cozinha. No início como ajudante das madres”, contou Ir. Rosa Maria Severino.
“Com seu jeito simples, dócil e muito dedicada foi aprendendo as mais finas receitas alemãs. Mais tarde tornou-se a responsável como boa mestra de cozinha. Aí em Agudos passou muitos anos de sua vida. Por quase 40 anos serviu no Instituto Nossa Senhora do Sagrado Coração onde viviam nossas Irmãs e um grande número de estudantes internas. A sua primeira transferência foi para o Seminário Santo Antônio (Agudos), onde cozinhou para muitos seminaristas e frades por 24 anos. Sempre admirada por sua bondade, dedicação e humildade. Muitos frades e ex-alunos se lembram com carinho e admiração de Ir. Maria José, como bondosa mãe. Após ter consumido tantos anos em Agudos e já debilitada, recebeu transferência em 2011 para a Casa Provincial em Guaratinguetá. Aqui continuou dedicada à comunidade e muito fiel à oração, um belo exemplo para as mais jovens.
Estava sempre atenta para participar da vida fraterna. Em janeiro, mesmo frágil, quis fazer o retiro e participar do capítulo provincial com as irmãs. O retiro a tocou muito como revelou a algumas de nós”, acrescentou Ir. Rosa Maria.
“Irmã Maria José deixa-nos um belo exemplo: no serviço de cozinha, ela ofereceu cada dia o sacrifício verdadeiro no qual consumiu suas forças físicas. Fez desse humilde serviço o seu campo missionário. Certamente ela ouvirá do próprio Cristo: tive fome e me destes de comer (…). Vinde benditos de meu Pai (Mt 25). Você veio mesmo para servir e não ser servida (Mc 10,25). Três dias antes de sua morte apareceu um vivo e lindo Arco-íris, assim que saímos da visita no hospital. Para nós era um momento de muita dor pelo sofrimento, mas o recado era claro: ‘Minha Aliança de amor com vocês é uma Aliança Eterna’. Nós agradecemos as nossas co-irmãs, frades, Fazenda da Esperança, funcionárias, familiares de modo especial sua irmã Luzia, amigos por seu apoio contínuo durante a doença prolongada em seus últimos dias de vida”, completou Ir Rosa Maria.
Ir. Maria José nasceu no dia 2 de agosto de 1929, em Agudos (SP). Ingressou na Congregação em 2 de agosto de 1947 e vestiu o hábito em 23 de fevereiro de 1948. Fez a profissão solene no dia 24 de fevereiro de 1949.
AS IRMÃS DE SIESSEN
As primeiras irmãs de Siessen vieram ao Brasil e se estabeleceram em Agudos com a missão de trabalhar na educação e em hospitais. Na educação, com o Curso Normal, na formação de jovens professoras. A escola de Agudos era uma das mais tradicionais do Estado.
Com o passar dos anos, houve abertura para novas perspectivas de evangelização, impulso que veio a partir da renovação proposta pelo Concílio Vaticano II. Foi assim que no dia 8 de agosto de 1996, no Capítulo Geral de Siessen, na Alemanha, foi criada a Província Santa Clara, com sede em Guaratinguetá, SP, exatamente quando se tomava uma decisão importante de deixar a educação para assumir novas frentes de trabalho sem perder de vista o carisma da Congregação. As irmãs partiram para outro campo, a pastoral, quando também houve uma diminuição no número de vocações. Era um novo desafio que tínhamos pela frente.
O trabalho começou do zero, como disse. Com a Fazenda da Esperança, em Guaratinguetá, as irmãs fizeram uma parceria que vem dando frutos até hoje. Hoje, estão espalhadas pelo interior de São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Maranhão e Bahia.
A Congregação teve origem na Alemanha, nos idos de 1854, quando um pequeno grupo de quatro irmãs e três postulantes ingressavam no Convento de Oggelsbeuren (antigo Convento Franciscano, desapropriado desde 1782, por decisões políticas). Essa nova fundação em Oggelsbeuren era um ramo de Dillingen, o mais antigo Convento de Franciscanas da Alemanha.
O Padre José Kuonz, inspetor escolar, com a autorização do Bispo de Rottenburg, dirigiu o pedido à superiora do Convento das Franciscanas de Dillingen, Irmã Theresia Haselmayr, para a instalação de um Convento feminino com a finalidade de criar um Instituto de Educação e Ensino para as jovens.
Em resposta ao pedido do Pe. José Kuonz, madre Teresia disse: “Nossa Santa Ordem deve ser, em todo lugar, pobre e menor, no espírito de seu Fundador, nosso Seráfico Pai São Francisco. O seu fundamento será sempre a simplicidade do olhar confiante em Deus, no seu poder e cuidado. E quando os seus membros fiéis a esse espírito, dão início a uma nova obra, nunca passarão necessidade”.(cf. Carta de fundação).
Em pouco tempo, o Convento tornou-se pequeno e, em 1860, a nova Comunidade mudou-se para o vilarejo de Siessen, na Alemanha .
Já a Comunidade Rainha da Paz, a sede provincial em Guaratinguetá, foi fundada no dia 11 de agosto de 1997. Esta fraternidade tem a missão de cuidar das irmãs idosas e fazer adoração contínua, intercedendo por toda Igreja, pela congregação e todo povo de Deus…
Por ser a Casa-mãe, acolhe as irmãs brasileiras para seus encontros, retiros, reuniões, assembléias e capítulos.
Está localizada junto à Fazenda da Esperança onde realiza encontros, acompanhamento individual, e comunitários para os recuperandos, algumas irmãs realizam visitas às famílias do bairro, assistência à Pastoral da Criança e colaboram na assistência de portadores do HIV na fase terminal, na Casa de Apoio Sol Nascente.