Sinfrajupe debate contribuição franciscana para a justiça, paz e ecologia
02/07/2013
O Serviço Interfrancicano de Justiça, Paz e Ecologia – SINFRAJUPE – realizou o Seminário ‘A contribuição franciscana para a justiça, paz e ecologia hoje’ que reuniu os articuladores do serviço, irmãos das fraternidades do Regional Sudeste II da OFS e religiosos da Família Franciscana do Brasil (FFB) do Regional RJ/ES. O encontro teve como objetivo de articular e dinamizar esse serviço franciscano para debater e refletir sobre a contribuição franciscana na formação de uma consciência ambiental que defenda, valorize e promova a vida na perspectiva da justiça ambiental.
A mesa de debatedores foi mediada pela irmã Ana Maria Vicente Soares, Catequista Franciscana, e reuniu o filósofo e teólogo frei Vitório Mazzuco, o frade franciscano coordenador da Ação Franciscana de Ecologia e Solidariedade (AFES), frei Rodrigo Peret e a advogada e professora Francine Damasceno Pinheiro.
Em sua exposição a professora Francine Damasceno abordou os conceitos de justiça ambiental na perspectiva política que trata da relação história construída entre os indivíduos e o meio ambiente. A advogada destacou que a relação dos humanos com a natureza está mediada por relações de poder, pois no capitalismo essas relações favorecem a apropriação de recursos por parte dos grupos detentores dos meios de produção e que por deterem o controle e o uso dos recursos naturais excluem os outros grupos gerando problemas sociais e ambientais como os conflitos entre o agronegócio, camponeses e povos indígenas pela distribuição dos benefícios e dos prejuízos da transformação da natureza.
Finalizando a sua apresentação, Francine Damasceno destacou a construção conceitual de ecologismo popular defendida pelo economista Joan Martinez Alier que relaciona a ideia de ecologia aos conflitos distributivos que reforça a justiça ambiental e ecológica que parte dos direitos humanos ampliados até os aspectos ambientais e focada especificamente nos direitos da natureza. Segundo Francine, essa noção surgiu da criatividade estratégica dos movimentos sociais nas lutas pelo acesso aos recursos naturais e que de certa forma vêm influindo na alteração de políticas públicas e de marcos regulatórios das questões ambientais. Para exemplificar a luta por justiça ambiental, a advogada citou o exemplo do Equador que positivou em sua Constituição a decisão do povo equatoriano em construir uma nova forma de convivência cidadã, na diversidade e harmonia com a natureza em todas as suas dimensões para o bem estar de todos.
Na segunda rodada de debates, Frei Vitório Mazzuco expôs o tema ‘Francisco de Assis, il poverello: o referencial do humano’ nos qual apresenta a grande síntese dos paradigmas do século XXI: a mística, a alteridade, o feminino, o diálogo inter-religioso e a questão ambiental. A partir dessa síntese, Frei Vitório apresentou o referencial de São Francisco de Assis como referencial dessa síntese histórica e uma seta que indica a direção a percorrer, sobretudo quando o mundo passa por uma profunda crise.
Para Frei Vitório, ressaltou que nunca se falou tanto em defender, promover, valorizar e estar ao lado da vida, fato que evidencia que a Irmã e Mãe Terra, como chamava São Francisco, está sendo agredida, ameaçada, explorada de modo desenfreado e desumano. Segundo Frei Vitório, Francisco de Assis pregou e viveu a fraternidade como uma relação e não deixou a parte o relacionamento de todo ser vivente, pois para ele viver a fraternidade universal é dar condições de vida a tudo o que vive, é sentir-se irmanado com os animais, minerais, vegetais, macrocosmo e microrganismos, relacionando-se para criar e transformar para o melhor e equilibrar o potencial da vida.
Finalizando sua fala, Frei Vitório destacou que Francisco é aquele, que ao receber a convocação para reconstruir a casa, de um modo imediato, põe-se em ação. Ecologia é o discurso sobre a casa, seu cuidado e preservação. São Francisco está onde floresce a verdade, a formação de um humano total, onde viceja a fraternidade, amor, ternura, comunhão com tudo e com todos.
Frei Rodrigo Peret destacou em sua exposição que os temas relacionados a justiça, paz e integridade da criação vêm ocupando cada vez mais espaço em todos os setores de nossa sociedade e que os franciscanos ou aqueles com o pensar franciscano tem uma grande contribuição a dar e não podem estar distantes desta realidade. Segundo frei Rodrigo, a mística franciscana nos orienta para mostrarmos ao mundo como a criação ameaçada em todas as partes, deve ser respeitada e reverenciada, de modo que a totalmente fraterna e justa para a integridade de todos e a glória do Criador.
O Regional Sinfrajufe RJ/ES agradece o apoio dado pelo Sindicato dos Servidores das Justiças Federais do Estado do Rio de Janeiro (SISEJUFE) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT/RJ) pela generosa cessão de seu auditório para a realização do seminário.
Conheça o SINFRAJUPE
Quem somos?
Somos franciscanos, franciscanas e simpatizantes de São Francisco, o pobre de Assis, e de Santa Clara, que animados pelo seu carisma e testemunho, formamos o Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia – SINFRAJUPE. Como irmãos e irmãs menores, em nome do Evangelho, numa caminhada constante de conversão, colocamo-nos a SERVIÇO do Reino, na Igreja e na Sociedade, para defender, promover e valorizar a Vida, principalmente lá onde ela se encontra ameaçada, agredida e violentada, assumindo a ótica e o lugar geográfico, social e cultural do empobrecido e excluído.
Objetivo
O SINFRAJUPE é um espaço de articulação para aqueles que trabalham nas dimensões relacionadas às questões da justiça, paz e ecologia. Um espaço que traduz o desejo que temos para nos organizarmos, pensar, aprofundar, estudar e também participar das demandas que temos da sociedade de uma forma mais conjunta e coesa, para ser este instrumento de fortalecimento na família franciscana como um todo e no mundo, diante de todas estas questões que estão sendo colocadas para nós no Brasil e no mundo de hoje.