Por Frei Sandro Roberto da Costa

Os “paus de arara” começaram a chegar de madrugada, trazendo homens e mulheres de todas as idades, embalados por antigos benditos, ladainhas, cantigas e orações centenárias, que confirmam a crença e encorajam na caminhada. Romeiros e peregrinos de São Francisco do Canindé, vindos de longe, em precárias condições, em meio ao calor e à poeira da estrada, cansados, mas embalados pela devoção, com os olhos brilhando de alegria e fé. Na ensolarada manhã de sexta-feira desta “Assis brasileira”, misturavam-se os hábitos de frades e de romeiros que vieram pagar suas promessas vestidos de São Francisco. A partilha do Pão da Palavra, da Fraternidade e da Vida irmanou a todos, na Celebração Eucarística presidida por Frei Daniel,  franciscano da terra do Papa Francisco, junto com seus irmãos da Conferência do Cone Sul.  Durante o ofertório, o estudante argentino Frei Fábio leu uma carta de um jovem de 21 anos, que está cumprindo pena numa penitenciária em Buenos Aires. Nela, o jovem expunha sua trajetória antes de ser preso, seus anseios, decepções, mas também sua certeza de que tem um Deus misericordioso que o ama e que o quer bem, para além de toda culpa. E terminava pedindo aos frades que rezassem por ele e por sua família.

Após a Missa, reconfortados por um bom café da manhã, foram iniciados os trabalhos do dia. O Projeto Amazônia, suas origens, desenvolvimento e situação atual, com seus desafios eclesiais e sociais foi o tema exposto pelo guardião da fraternidade de Requeña, Frei Eugênio Ortiz, carinhosamente chamado de Peppo. As conclusões das várias oficinas que se reuniram durante os dias do Congresso ocuparam o resto da manhã e parte dos trabalhos da tarde. As oficinas compostas pelos frades, leigos e leigas envolvidos nas áreas específicas de atuação ocuparam-se por três dias com as várias frentes de Evangelização Franciscanas, a partir do tema do Congresso: “Novos Franciscanos, nova Evangelização”. O trabalho dos franciscanos com a juventude, na educação, na comunicação, na defesa da Justiça e da Paz, nos santuários e paróquias, a inclusão dos leigos em nossas frentes de trabalho, o trabalho com os indígenas e afrodescendentes foram apenas alguns dos temas aprofundados. Propostas interessantes surgiram, a partir das quais uma equipe de “observadores” apresentou um texto para votação da assembleia. Um texto deverá ser publicado como resultados destes dias de trabalho. O Master em Evangelização, que reiniciará em Petrópolis em 2014 também foi tema de uma exposição por Frei Sandro Roberto da Costa. Uma oração da tarde no próprio auditório encerrou as atividades do dia.

Um jantar e uma grande festa de confraternização preparados com muito carinho foram oferecidos pelos frades da Província de Santo Antônio nesta última noite do Congresso. Um genuíno “arraiá” nordestino foi montado, com barracas, bandeirinhas coloridas, e muita comida típica, animados por um grupo de dança nordestina que apresentou números de carimbó, baião e xaxado. O convívio fraterno e alegre, muito vivos e presentes neste Congresso, foi a tônica desta noite.

O último dia do Congresso também iniciou-se com a celebração na Basílica, junto com os romeiros de São Francisco. Na sala de reuniões, os últimos trabalhos foram mesclados a um sentimento geral de profunda gratidão pela acolhida e pelos serviços tão generosamente prestados por toda a equipe da casa que nos acolheu. A equipe de trabalhos foi chamada à frente, e foi longamente aplaudida pelos presentes, que se despediam já sentindo saudades destes dias tão intensos. Uma cruz com as cores do Congresso e da Jornada Mundial da Juventude foram colocadas em cada um dos participantes, selando os compromissos assumidos nestes dias: sermos Novos Franciscanos, para uma Nova Evangelização.