Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Frades e comunidade iniciam o Tríduo em preparação à Ordenação Presbiteral do Frei Felipe em Vila Velha

09/10/2025

Notícias

A Comunidade Jesus Ressuscitado, carinhosamente conhecida como “Igreja da Pedra”, localizada no bairro Soteco, em Vila Velha (ES), acolheu missionários, franciscanos e o povo fiel no primeiro dia do Tríduo em preparação para a Ordenação Presbiteral do Frei Felipe Medeiros Carretta. A celebração aconteceu na noite desta quarta-feira, 8 de outubro, também reunindo familiares do frade nascido e criado na cidade canela-verde.

Fundada em novembro de 1983, a igreja que, por muitas vezes, acompanhou a dedicação do jovem vocacionado Felipe, agora se alegra com sua entrega à vida religiosa franciscana no serviço do ministério ordenado, desta forma, ela se compromete a rezar na intenção de que o ministério seja profícuo. A comunidade paroquial testemunhou a renovação da fé pela vocação primeira de todo cristão: a vocação batismal.

A Semana Missionária é marcada por visitas aos doentes e famílias, no período matutino. A experiência de ser missionário na prática, levando a alegria do Evangelho, a modo de São Francisco. Já a noite, a Celebração Eucarística de cada dia do tríduo reflete os pilares das vocações batismal, religiosa e presbiteral.

Celebração da Vocação Batismal

A celebração que marcou o início do tríduo preparatório meditou a importância da Vocação Batismal. Para isso, os dois principais elementos que consolidam o primeiro sacramento de iniciação cristã, a água e a luz, simbolizaram mais do que a presença do Espírito Santo que tornou o Frei Felipe Carretta um filho de Deus. Indica a identidade de alguém que, pelo Batismo, renasceu para se tornar sacerdote, profeta e rei, por excelência. Esses elementos também expressam a continuidade de uma caminhada, agora alicerçada no ministério presbiteral.
O mantra entoado na inauguração da Missa recordou justamente o sentido da vocação batismal que é “ser uma nova criatura”, e se tornar, pela Ressurreição de Cristo, um novo ser, um novo homem. “Como são belos os pés do mensageiro, que anuncia a paz. Como são belos os pés do mensageiro, que anuncia o Senhor”, prenunciando a mensagem central do Evangelho.

A acolhida foi feita pelo Frei Gabriel Dellandrea, Guardião do Convento da Penha. Ele ressaltou que o confrade vive a “urgência do chamado missionário” que o próprio Cristo já plantou em seu coração, afinal, a completude da “obra começada” é o amor, o ardor missionário. Já a presidência da Missa ficou a cargo do Frei Augusto Luiz Gabriel, com presença e concelebração dos freis provenientes de várias fraternidades da Província da Imaculada Conceição.


Na homilia, Frei Augusto lembrou de uma história que o bispo Dom Gregório Paixão contou quando ele foi ordenado diácono em 2022. A história do Frei e do garfo. “As leituras que ouvimos nos lembram que a fé nos é dada pela pregação (Rm 10,9-18), que os céus proclamam a glória do Senhor (Sl 19) e que Jesus envia os discípulos a fazerem discípulos de todas as nações (Mt 28,16-20). Essa liturgia compõem um único chamado: ser testemunhas confiantes e humildes do Ressuscitado. A história que nos ajuda a compreender o que celebramos é: havia um Frei muito idoso, já com 95 anos, que morava num seminário franciscano. Um dia, um jovem frei se aproximou dele e perguntou: ‘Frei, o senhor certamente já realizou tudo aquilo que queria ao longo da sua vida. O senhor ainda guarda algum sonho no mais profundo do seu coração?’ Aquele experiente Frei, com voz calma e olhar sereno, respondeu: ‘sim, meu filho, eu guardo apenas um sonho. No dia da minha morte, quando eu estiver deitado no caixão, eu quero ter na minha mão direita um garfo”.


O jovem ficou surpreso, – continua Frei Augusto – e disse-lhe: ‘mas Frei, aqui na nossa fraternidade os freis costumam ser enterrados com uma cruz ou com um terço nas mãos. Por que o senhor quer um garfo? ’ O Frei então sorriu e contou: ‘ah, meu filho, isso me traz grandes recordações. Quando eu era menino, aos domingos, minha mãe me levava à casa da minha avó. Depois do almoço, minha avó se inclinava ao meu ouvido e dizia: ‘Guarde o garfo. Mantenha o garfo, não dê o garfo para ninguém, porque o melhor está por vir. ’ Logo depois, ela trazia um grande pedaço de torta de chocolate com morangos. Com o garfo que eu guardara, eu me deliciava dizendo: ‘O melhor está por vir’. ‘O melhor está por vir!’”, contou Frei Augusto.

Contextualizando a história com a liturgia da Palavra, o frade explicou que “o melhor que está por vir” na vocação de Frei Felipe é abrir-se à graça de Deus, “à obra nova que o Senhor deseja realizar em cada um de nós. Ao ouvir essa história, pensamos imediatamente na promessa que Cristo nos faz no Evangelho: Ele está conosco ‘até o fim do mundo’ e nos envia a anunciar o Reino. O ‘garfo do Frei’ é sinal de esperança: mesmo diante da morte, ele testemunha que a vida cristã aponta sempre ‘para além’, para o banquete definitivo com Deus. Isso é precisamente a confiança que brota da fé que confessamos com a boca e guardamos no coração (Rm 10). Essa história simples fala de esperança. O garfo é um símbolo da fé que espera o ‘melhor’, não como um prêmio futuro, mas como uma confiança diária na ação de Deus. Este Deus que te trouxe até aqui, que te gerou, te nutriu e que indica: ‘O melhor está por vir’”, disse Frei Augusto.

Ainda na reflexão, se dirigindo ao confrade, Frei Augusto afirmou: “Ser presbítero, meu irmão Frei Felipe, é carregar esse garfo da esperança nas mãos, mesmo quando a mesa da vida parece vazia. É acreditar que Deus ainda tem um ‘melhor’ reservado. Uma palavra que vai tocar um coração, uma confissão que vai restaurar uma alma, uma Eucaristia que vai reacender a fé de uma comunidade cansada… O garfo, nas mãos do Frei da história, é também símbolo do serviço, instrumento simples, cotidiano, que alimenta. Assim também é o presbítero: alguém chamado a servir o pão da Palavra e o Pão da Vida. Não com pompas, mas com simplicidade. Não com brilho, mas com fé. Não com poder, mas com os pés belos de quem anuncia o bem (Rm 10,15). Irmãos e irmãs, esta liturgia nos convida a olhar para o futuro com fé. A cada Missa, a cada confissão, a cada gesto de caridade, o Frei Felipe e todos nós somos chamados a testemunhar que o melhor está por vir, porque Cristo Ressuscitado caminha conosco”.

“Que o nosso irmão traga para o altar e para a vida o garfo da esperança franciscana, e que, quando as pessoas olharem para o seu ministério, possam dizer: ‘ali está um homem de Deus… Que acredita que ‘o melhor está por vir’!” Por que sim, sem dúvida, o melhor em sua vida e vocação está por vir”, finalizou Frei Augusto.


Na sequência, Frei Gabriel convidou a madrinha de batismo de Frei Felipe para que apresentasse aos fiéis um quadro com fotos e com a roupa que o diácono transitório usou no dia do seu Batismo. Depois, Frei Felipe, diante do Altar do Santo Sacrifício, professou a fé publicamente, iluminado pela luz de Cristo, que também recorda o momento das promessas batismais. Também mostrou o documento da Profissão de Fé em papel timbrado, assinado e que posteriormente será arquivado no centro de documentação provincial.

O testemunho de profissão de fé público faz parte do itinerário missionário, assim, ele manifesta publicamente o desejo de anunciar Cristo Ressuscitado em suas ações, atos e na vivência fraterna. Com essa profissão de fé, ele reafirma que a vida cristã se pauta em valores evangélicos e sobretudo na Trindade Indivisível.

Ao final, quando os freis se apresentaram, Frei Tiago Soares comentou que ele e outros que também estavam ali na comunidade (e viajaram para Vila Velha para a Ordenação) foram colegas de turma no período formativo nos seminários da Província. A Missa foi encerrada com o convite feito pelo Diácono Frei Felipe para o dia 11 de outubro, às 18h.


Cristian Oliveira (ASCOM)