Na noite da última sexta-feira, 3 de outubro, a Paróquia Santa Clara de Assis, em Duque de Caxias (RJ), no bairro Imbariê, celebrou com fé e devoção o Trânsito de São Francisco de Assis, memória litúrgica que recorda a passagem do Pobrezinho deste mundo para Deus. A celebração, que também marca as I Vésperas da Festa de São Francisco, foi realizada na Comunidade São Francisco e reuniu frades, fiéis e toda a fraternidade em clima de oração e contemplação.

A liturgia foi conduzida pelo Frei Jeferson Palandi Broca,  guardião da Fraternidade Mãe Terra, que, juntamente com os frades presentes, guiou o povo na oração dos Salmos, recordando que, assim como Francisco, todo cristão é chamado a viver sua vida como um cântico de louvor. Em seguida, o Frei Jean Carlos Ajluni Oliveira, OFM, pároco da comunidade, fez a leitura de um trecho da Primeira Vida de São Francisco, escrita por Frei Tomás de Celano. O texto, presente no capítulo 8, narra os últimos momentos do Santo de Assis e suas palavras de entrega serena e confiante, quando exalava seu último suspiro em meio aos irmãos.

Durante a reflexão, o Frei Silvério Canjonde, destacou a importância espiritual dessa celebração para toda a família franciscana e para a Igreja. Ele recordou que o Trânsito não é apenas memória da morte de Francisco, mas é, sobretudo, celebração pascal, marcada pela esperança. “A noite nesta penumbra é o convite, assim como Francisco, mesmo no momento da morte, a louvar, agradecer e perdoar. Que possamos ser sinal vivo de Jesus pobre, humilde e crucificado, como nosso Seráfico Pai tanto amou e tanto se dedicou”, afirmou o frade.

O momento orante, realizado ao cair da tarde, fez memória da simplicidade com que Francisco viveu até o fim: deitado em terra nua, frágil e ofegante, entoando o Salmo 141 e ouvindo a leitura do Evangelho de João, ele fez de sua morte um testemunho de vida, transformando a agonia em celebração de esperança. Para os frades e fiéis presentes, reviver este mistério é recordar que a espiritualidade franciscana convida a viver e a morrer com os olhos fixos no Crucificado, com confiança absoluta na misericórdia de Deus.

A celebração do Trânsito foi marcada por grande emoção e recolhimento, deixando em todos a certeza de que o testemunho de São Francisco continua vivo, inspirando homens e mulheres a abraçarem uma vida de simplicidade, fraternidade e amor à criação. Sua Páscoa definitiva, celebrada ao pôr do sol de 3 de outubro de 1226, permanece como sinal de esperança para a Igreja de todos os tempos.

A Paróquia Santa Clara de Assis e a Comunidade São Francisco renovaram, assim, sua gratidão a Deus pelo dom da vocação franciscana, pela vida e pelo testemunho do Seráfico Pai, cuja espiritualidade continua a ser fonte de inspiração para aqueles que desejam viver o Evangelho em sua radicalidade.

---

Texto: Frei Franklin Matheus, OFM – Fotos: Yasmin Bevenuto