O dia 2 de agosto, quando a Ordem celebra a Festa de Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula, foi marcado pelas Ordenações Presbiterais de quatro frades, sendo eles: Frei  Domingos Cacanda Soma; Frei Evaristo Seque Joaquim; Frei Elias Hebo Luís e Frei José João Ganga; que pela graça de Deus e por indicação da Santa Mãe  Igreja  e pelo “sim” por eles dado, passam ao segundo grau das ordens sacras, que é o sacramento que confere ao homem a capacidade de agir em nome de Cristo (agere in nomine Christi), ministrando os sacramentos, pregando a Palavra e entregando-se ao zelo pastoral.

Acreditamos que não é uma simples coincidência, mas sim graça de Deus, quando percebemos, que neste dia cruzam-se duas realidades nas quais São Francisco de Assis era devoto e rendia o máximo apreço e respeito:

1- A devoção a Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula, um lugar santo, no qual muitas vezes Francisco se recolhia com muita piedade e devoção e no qual fundou a ordem;

2- A reverência aos presbíteros, pessoas aos quais Francisco tinha muito apreço, respeito, pois eram os trazem a presença de Cristo na Santa Eucaristia.

Desta forma, estas festividades foram envolvidas por momentos únicos que marcaram a vida de todos os presentes, desde os atos mais simples aos mais complexos.

Destaca-se, a celebração da Santa Missa, que ocorreu no Kimbo São Francisco de Assis, em Palanca, presidida por Dom António Lungieki, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Luanda, concelebrando com sacerdotes religiosos e seculares vindos de perto de longe, entre os quais destacamos: Frei Gustavo Medella, Vigário provincial; representando o Ministro provincial, Frei Paulo Roberto Pereira;  além de Frei Róger Brunorio e Frei Gilson Kammer.

O presidente a celebração refletiu em sua homilia pormenores relevantes para a vivência e convivência dos sacerdotes enquanto ministros de Cristo, capazes de transformar o Vinho e o Pão em verdadeiro Corpo e Sangue de Cristo. Apresentou de forma pertinente, o quanto o “Sim” de Maria se fez chave pela qual o projeto de Deus se tornou realidade na humanidade, pois essa decisão também se torna visível quando se decide abraçar de forma completa os projetos de Deus em nossas vidas. Adversativamente apresentou que não se trata de um “sim” sem compromisso e de palavras vazias, pois é uma decisão decorrentes de compromissos ideológicos. Um sim que não produz paz e só atrapalha, mas um “sim” que seja contínuo, que revela assunção da vida assumida.

Dom António ainda apresentou  alguns questionamentos: Qual é a dignidade do cristão que se faz padre? Essa foi respondida por ele em palavras simples e profundas:

“A dignidade é pública e projetiva e se fortifica pela oração, assim a finalidade de ser padre é de servir o povo de Deus, ouvir as confissões e celebrar a Santa Missa, procurando sempre configurar-se com Cristo, no exercício do seu ministério”, salientou

Ele terminou apresentando 5 aspectos que devem abraçar os sacerdotes e religiosos: velar pela dignidade; ser homem de oração; preservar o valor espiritual da fraternidade; caminhar na santidade; rezar pelos ordenados.

Em tom de gratidão, as palavras do Frei Gustavo Medella ecoaram também aos ouvidos de todos, pois destacou que a presença dos frades em Angola, durante os 35 anos, é fruto de uma história construída não só pelos frades, mas por todos aqueles que se doaram para que esse projeto de Deus se tornasse evidente. E ressaltou o quanto é bonito e gratificante ver o crescimento e amadurecimento da FIMDA que, segundo o frade, é um sentimento profundo de dar e, em contrapartida, receber muito mais do que se precisa.

“Fazei tudo o que Ele vos disser (Jo 2-5)”, com esta frase evangélica os neo-ordenados, com alegria e corações repletos de gratidão, reafirmam e reforçam o seu compromisso de servir a Deus, a Igreja e aos irmãos num espírito minorítico a exemplo de São Francisco de Assis.  Recordando o que dizia nosso Pai Seráfico: “Irmãos comecemos, pois até agora pouco ou nada fizemos”.

Contudo, na plena unidade fraterna, entre as os frades e os religiosos e religiosas; entre os familiares e visitantes; entre os amigos e conhecidos, viveu-se um ambiente de festa e regozijo, onde a confraternização foi a chave mestra com qual se abriam todas as portas.

Mensagem dos Ordenados:

Com esta passagem os ordenados simbolizam o compromisso próprio, que cada um tende a abraçar no exercício do seu Ministério Ordenado, assim que deles vêm as seguintes palavras:

Frei Domingos Cacanda Soma diz que “Ser Presbítero é um desdobramento de uma vocação que se dispõe a ser sempre servidora. O Presbítero, assim como o ser Frade Menor, não se faz para si mesmo, ele existe e se constitui em relação ao outro. Ou melhor, sua razão de ser é sempre para o outro. Por isso que o presbiterado é, fundamentalmente, uma vocação que se radica no serviço. Ouvimos o chamado de Deus ao serviço e colocamo-nos na disposição de servir a Igreja e a Ordem dos Frades Menores como irmãos e também ministros ordenados. E quanto mais colocarmos em marcha o nosso serviço, mais esse ministério vai se plenificando na sua essência”.

Frei Evaristo Seque Joaquim: “Parece-me profundo o que São Lucas escreve nos Atos dos Apóstolos: ‘Tomai cuidado convosco e com todo o rebanho, do qual o Espírito Santo vos constituiu vigilantes, a fim de apascentardes a Igreja de Deus’ (20,28). Assim como fomos cuidados e acolhidos, devemos cuidar para termos esse espírito de acolhida e atenção com todas as pessoas nas comunidades em que atuaremos. A vigilância se aproxima do cuidado quando, com coragem e esperança, nos damos conta dessa grande responsabilidade que é ser cooperador de Jesus Cristo, o Bom Pastor, na missão de caminhar com o rebanho e, juntos, promovermos o Reino de Deus”

Frei Elias Hebo Luís: “Vivemos num tempo de grandes questões ocorrendo em todo o mundo. Como frades e presbíteros devemos estar atentos à realidade do nosso tempo. As melhores respostas que podemos dar ao mundo vem da escuta atenta do povo e do Espírito de Deus que estão sempre indicando direções para uma melhor atuação da Igreja. Nesse Ano Jubilar, sermos “Peregrinos de Esperança” é um bom indicativo de que modo devemos enfrentar as dificuldades do nosso tempo. É com Deus e com a esperança que marchamos firmes para sermos luz no mundo”.

Frei José João Ganga: “No nosso lema de Ordenação há uma indicação daquilo que almejamos viver: ‘fazer o que Ele disser’ (Jo 2,5). Atentos ao Evangelho como Regra de Vida, enquanto franciscanos, queremos ser presbíteros atentos e fiéis ao mandato do Senhor de multiplicar o amor d’Ele para todos. Por isso, ser Ministro Ordenado, é, antes de tudo, ser um ouvinte atento do modo de ser de Jesus Cristo; e quando o vinho da vida estiver em falta, possamos ajudar ao Senhor para que o vinho bom possa ser servido”!

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Frei Roger Brunorio