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Canarinhos de Petrópolis realizam Concerto Especial dos 800 anos das Chagas de São Francisco

07/10/2024

Notícias

Emocionante, magnífico e profundo! Estes podem ser os adjetivos que descrevem o Concerto Especial dos 800 anos das Chagas de São Francisco que os Corais dos Canarinhos de Petrópolis apresentaram no último sábado, dia 05 de outubro, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, no centro da cidade Imperial, em Petrópolis (RJ). 

Nas comemorações do Jubileu dos 800 anos da Impressão das Chagas de São Francisco, festejada de diversas formas pelos franciscanos e franciscanas de todo o mundo, o Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis (IMCP), uma instituição franciscana, decidiu celebrar esse Jubileu com a sua arte e a sua música. 

Assim como no ano passado, nas comemorações dos 800 anos do Presépio de Greccio, a equipe dos Canarinhos, para produzir este concerto, debruçou-se nos textos clássicos da hagiografia franciscana que apresentam esse momento singular na história do cristianismo: a cena do amor tão profundo de um homem ao Cristo Crucificado que mereceu trazer em todo o seu ser as marcas da Paixão do Senhor! Regidos pelo Maestro Marco Aurélio Lischt, o Coral dos Canarinhos e o Coral das Meninas dos Canarinhos uniram-se em mais de sessenta vozes para louvarem o bom Deus pelas maravilhas operadas em seu humilde servo, Francisco de Assis. 

No início da apresentação, em silêncio, os Tenores e Baixos tomaram posição aos pés da imagem do Sagrado Coração de Jesus e num tom orante cantaram, à capela, “Salut, Dame Sainte” do compositor francês, Francis Poulenc, que musicou quatro orações atribuídas a São Francisco. Após esta primeira canção, o Presidente do IMCP, Frei Marcos Antônio de Andrade, iniciou a narrativa do texto dizendo aos presentes: “A vocação de Francisco de Assis começa com a Cruz, se dá no seguimento da Cruz e encontra o seu ápice com a Cruz! São as marcas desse amor ao Crucificado que queremos lembrar nesta noite.” 

Para recordar esse itinerário da vocação de São Francisco, todo transpassado pela Paixão ao Crucificado, a narrativa lembrou, primeiramente, do encontro do jovem de Assis com o “Crucifixo de São Damião”, o mesmo teria dito ao santo nas ruínas daquele templo: “Francisco, vai e restaura a minha casa que, como vês, está em ruínas”. Coube ao coralista Ângelo Saraiva Bitencourte representar São Francisco. Fazendo eco à oração dita pelo Poverello, o jovem coralista fez o solo da “Oração diante do Crucifixo”, musicada pelo italiano Marco Frisina (Alto e glorioso Dio). Seguindo o mandato do Jesus, o jovem Francisco inicia a reconstrução da Igreja do Senhor e nas palavras de Frei Marcos aos presentes: “Ele não ficou só, muitos homens e mulheres uniram-se a ele para viverem essa suprema graça que de Assis iria irradiar para todo o mundo!” Neste momento, alguns coralistas, caracterizados como franciscanos e clarissas, dirigem-se à frente do presbitério da Igreja e ajudam a Francisco em sua missão. Tal gesto quis mostrar a grande família religiosa que seguindo a Francisco deu continuidade ao carisma que dele nasceu.  

Dando um salto no tempo, a narrativa lembrou a partir de Tomás de Celano e São Boaventura o momento em que Francisco sobe ao Monte Alverne, dois anos antes de entregar sua alma ao céu, para um período de profunda oração e lá, absorto nas coisas do Altíssimo, recebe a visão do Serafim alado que trazia em si o Senhor Crucificado. Foi neste dia, 17 de setembro de 1224, que Francisco, admirado e assustado com aquela visão, encheu-se de amor e dor pelos sofrimentos da Paixão de Jesus e recebeu em seu corpo as Chagas do Crucificado. Com a Igreja na penumbra, o coralista Ângelo sai da pequena gruta com as marcas das chagas em suas mãos, pés e em seu lado, representando o miraculoso fato ocorrido há 800 anos.  

Os tenores e baixos do Coral uniram-se ao Santo, agora chagado, para cantarem uma de suas orações, também musicada por Poulenc, “Seigneur, je vou em prie”, texto que na versão em português conhecemos como: “Absorvei, Senhor eu vos suplico”. Depois, os pequenos coralistas, representando os franciscanos, vão até o Seráfico Pai, para admirarem essa graça que o Altíssimo concedeu ao Pobrezinho. 

Frei Marcos lembrou aos presentes o sentido espiritual de tal evento: “Francisco concluiu a perfeição evangélica não olhando para a cruz e o sepulcro como um fim, mas compreendeu como ninguém a grandeza do Mistério da Páscoa do Senhor, que passa pelo calvário, mas tem sua resposta eterna na vitória da vida”. Todas as luzes da Igreja foram acesas e com júbilo o grande Coral cantou “Benedicat tibi Dominus”, composição de Siro Merlo, inspirada na Bênção de São Francisco escrita no bilhete a Frei Leão.

Por fim, disse o narrador: “Seráfico Pai, hoje fazemos memória dos 800 anos de suas chagas. Olhe por cada um de nós, olhe por todos os chagados do nosso tempo, todos aqueles que em suas dores, sofrimentos e aflições unem-se ao mistério da Cruz do Senhor, mistério este em que fostes mestre! Roga por teus filhos e filhas, Francisco, pois o mundo tem saudades de ti!” Neste instante, o coralista Ângelo, com o Crucifixo de São Damião nas mãos, iniciou uma procissão, seguido por todo o Coral e saíram pelo corredor central da Igreja cantando a famosa “Oração de São Francisco” musicada por Pe. Irala. O público, uniu-se aos coralistas e a uma só voz todos clamaram ao Senhor para serem “instrumentos de paz” neste mundo em que vivemos, assim como foi Francisco, homem chagado pelo amor às coisas do Senhor!

Ao voltarem à Igreja, os coralistas foram, calorosamente, aplaudidos pelos presentes por este tão belo e profundo momento de arte, oração e espiritualidade. Frei Marcos, em nome do IMCP, agradeceu aos coralistas pelo grande empenho dedicado nesta apresentação, à Equipe dos Canarinhos pela produção e montagem do concerto e a todo o público, pela carinhosa presença nesta comemoração tão significativa para a Família Franciscana. E despediu-se de todos do modo mais franciscano com um alto e eloquente, “Paz e Bem!”


Frei João Manoel Zechinatto