Franciscanos lançam a pedra fundamental do Santuário Frei Galvão
05/06/2021
No Dia Mundial do Meio Ambiente, neste 5 de junho, o carisma franciscano serviu como base no lançamento da pedra fundamental do novo Santuário dedicado a Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, na cidade de Guaratinguetá, terra natal do santo franciscano. O Arcebispo Emérito de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, o grande idealizador do novo Santuário, presidiu a Santa Missa, às 9 horas, abrindo esse dia histórico para os fiéis devotos de Frei Galvão. Terminada a Celebração Eucarística, deu-se a bênção do terreno onde será erguido o novo Santuário e fez-se o plantio de 20 mudas de plantas nativas da região e da Mata Atlântica. No final, o reitor Frei Diego Melo anunciou a campanha “Terra de Frei Galvão”, iniciativa de ajuda para a construção do novo Santuário.
Esse momento foi marcado, simbolicamente, com a assinatura do convênio entre Fundação SOS Mata Atlântica, Arquidiocese de Aparecida e Prefeitura de Guaratinguetá para restauração e preservação permanente (APP) do Parque Laudato Si’.
O reitor do Santuário, Frei Diego Melo, fez acolhida do Cardeal Damasceno, que veio de Brasília para esta celebração; do Ministro Provincial, Frei César Külkamp, representando toda a Província Franciscana da Imaculada Conceição; do bispo diocesano de Osasco, Dom João Bosco; do vice-presidente da Canção Nova, Padre Wagner Ferreira da Silva; do reitor do Santuário Nacional, Pe Carlos Eduardo Catalfo; de Frei Leandro Costa e Frei Roberto Ishara, colaboradores do Santuário; dos frades da Província, religiosos, religiosas e seminaristas e dos fiéis devotos do primeiro Santo brasileiro, entre eles o prefeito de Guaratinguetá, Marcus Soliva, e o vice Régis Yasumura.
Infelizmente, devido à pandemia, um número pequeno de pessoas pôde presenciar este momento histórico. Mas a tecnologia possibilitou, através da TV Canção Nova e TV Web Frei Galvão, que estes momentos chegassem mais perto dos devotos de Frei Galvão.
Segundo D. Damasceno, foi com muita alegria que retornou a Guaratinguetá, “terra querida, onde estive por um cem número de vezes” como Arcebispo de Aparecida, no período de 2004 a 2016. “Hoje, aqui me encontro nesse 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, para participar de um momento histórico, de grande significado para a Igreja do Brasil, em especial para a Arquidiocese de Aparecida, para a cidade de Guaratinguetá e para os devotos de Frei Galvão. Agradeço o convite de Dom Orlando Brandes e de Frei Diego Melo para presidir esta Eucaristia, que será seguida da bênção ao local do futuro Parque Laudo Si’ e do plantio de árvores que marcarão o início das obras do Santuário de Santo Antônio de Sant’Ana Galvão. Esses acontecimentos nos fazem lembrar o cuidado que devemos ter para com a nossa Casa Comum, o Planeta Terra, primeiro santuário que, como mãe, nos acolhe em seus braços. Esse presente de Deus para nós, a nossa Casa Comum, a Terra”, disse.
O Arcebispo emérito explicou o significado de Laudato Si’, expressão usada para nominar o Parque deste Santuário, cuja designação é uma homenagem ao Papa Francisco por sua encíclica Laudato Si’, que significa “Louvado sejas”. “Essa expressão foi proferida por São Francisco de Assis, no dialeto da região da Umbria, há oito séculos. Faz parte do ‘Cântico das Criaturas’, também conhecido como o ‘Cântico do Irmão Sol’. Contemplar o sol, levava Francisco a experimentar a grandeza do Senhor, encontrar nos seres da natureza um caminho para viver a comunhão com Deus. E assim ele louvava o Senhor pela irmã lua, pelas estrelas, pelo irmão vento, pelo ar, pelas nuvens e pelo sereno o tempo todo. Louvava o Senhor pela irmã água, pelo irmão fogo, por nossa irmã a Mãe terra, e louvava o Senhor pelos que perdoam, pelo seu amor que suporta as enfermidades e tribulações. E pela nossa irmã a morte corporal, na qual homem algum pode escapar. Essa atitude de contemplação e louvor de Francisco está a base do discipulado missionário do Evangelho da vida”, explicou.
“No ‘Cântico das Criaturas’ podemos experimentar o grande amor de Francisco pela criação e pelo criador. Cuidar da criação é uma forma de louvar a Deus Criador. É dar graças a Ele por sua obra maravilhosa e pela responsabilidade que nos confiou como discípulos missionários, guardiães da nossa Casa Comum, a Terra”, lembrou.
Segundo Dom Raymundo, hoje é um dia histórico para a Arquidiocese de Aparecida e para a cidade de Guaratinguetá.: “Iniciam-se as obras do Santuário, dedicado a um filho desta terra, o primeiro brasileiro a ser declarado santo”. O Arcebispo, então, explicou como surgiu a ideia da criação de um santuário dedicado a Frei Galvão. “Depois da canonização de Frei Galvão, em 2007, pelo Papa Bento XVI, a Arquidiocese de Aparecida decidiu, em 8 de dezembro de 2010, erigir um Santuário em homenagem a Frei Galvão”, contou.
Segundo ele, a Igreja no Jardim do Vale, dedicada a São José e a Frei Galvão, passou a ser dedicada ao segundo padroeiro. “Era uma maneira de homenagear o primeiro santo brasileiro, o filho mais ilustre de Guaratinguetá e uma maneira de perpetuar a sua memória e difundir o seu culto. Também uma forma de criar uma estrutura para melhor acolher e atender, pastoralmente, os devotos que vinham a Guaratinguetá em quantidade sempre crescente após a canonização de Frei Galvão”, acrescentou.
Dom Raymundo lembrou que, com o tempo, sentiu-se a necessidade de ampliação da área do terreno para a construção de um novo templo. Segundo ele, numerosas pessoas e entidades contribuíram para que esse intento se tornasse realidade. “O projeto do Santuário, como não poderia deixar de ser, foi elaborado levando-se em conta a preservação do meio ambiente”, assinalou, recordando que foi feito um estudo sobre o impacto ambiental. Com isso, além da criação do Parque Laudo Si’, também haverá preservação das nascentes existentes nesta área.
“É muito significativo, queridos irmãos e irmãs, que as obras do Santuário Frei Galvão se iniciem no Dia Mundial do Meio Ambiente com o plantio de árvores. Esse é um gesto de grande valor para a ecologia e que se irradiará para muitos outros lugares”, acredita.
“Cumprimento Dom Orlando por sua feliz decisão de confiar a pastoral e a administração do Santuário Frei Galvão aos frades franciscanos. Como sabemos, esses nossos irmãos, pela força do carisma franciscano que os move, têm grande amor pela casa comum, a Irmã Terra, e profundo e dedicado cuidado para com a criação”, ressaltou.
E Dom Raymundo concluiu com uma exortação: “Façamos desta Eucaristia um especial agradecimento a Deus pelo dom de criação, reflexo da sabedoria e beleza do Verbo Criador. Rezemos por todos aqueles que lutam pela defesa da vida e do meio ambiente. Peçamos a Deus, por intercessão de Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, para que esse Santuário seja um centro evangelizador para os peregrinos que aqui acorrem para agradecer a Deus e louvá-Lo pelos favores dele recebidos, bem como fortalecer a fé, o amor e esperança em Deus. Seja este Santuário um lugar de acolhida, de paz e de experiência da misericórdia divina, caminho para reconciliação com Deus e com o próximo. Vossos peregrinos que aqui chegam, sintam-se acolhidos pela Mãe de Deus e nossa, a Imaculada Conceição, a virgem puríssima, que concebeu em seu seio redentor dos homens, manter-se preservada da mancha original, verdade de fé que Frei Galvão assumiu com voz profética. Peçamos a Deus pelos frades franciscanos que servem neste Santuário para que sejam ardorosos anunciadores do Evangelho com a vida e com a Palavra. E por todos os colaboradores deste Santuário para que Deus lhes retribua seus trabalhos com copiosas bênçãos e graças. Paz e Bem”.
Durante o ofertório, símbolos marcantes para o dia: mudas de plantas, tijolos da primeira comunidade São José e a pá de pedreiro.
Logo após a comunhão, foi assinado o convênio entre o Santuário e a Fundação SOS Mata Atlântica, que ficará responsável pela restauração, reflorestamento e conservação desta área. A Fundação trabalha com a Arquidiocese desde 2016, quando Dom Raymundo exercia o ministério episcopal em Aparecida. “Essa Fundação tem demonstrado grande experiência e capacidade de conservação e preservação de patrimônios naturais. Por certo, fará um primoroso trabalho nesta sua nova área de atuação”, disse o Arcebispo. Assinaram o documento o geógrafo Mário Mantovani, diretor da SOS Mata Atlântica, o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, pela Província da Imaculada Conceição do Brasil, o prefeito de Guaratinguetá, Marcus Soliva e testemunhas.
A Fundação SOS Mata Atlântica é uma ONG criada em 1986, cuja missão é defender a Mata Atlântica do Brasil, conservando os patrimônios naturais e históricos, buscando um desenvolvimento sustentável que possa preservar a fauna e flora.
Frei Diego falou do desafio que tem pela frente para construir o novo Santuário. Mas confia na ajuda generosa dos fiéis devotos em todo o Brasil para construir esse templo. Para falar disso, contou uma história. Segundo ele, no ano passado, depois de celebrar a Missa, uma senhora, amparada por uma bengalinha, aproximou-se dele e falou que tinha algo importante para lhe dar: “Frei, eu venho de Minas Gerais e aqui está a economia de um ano que eu quero doar para a este Santuário de Frei Galvão”. “Naquela hora, eu senti um frio na barriga diante daquela responsabilidade. Quando olhamos para a maquete, este projeto grandioso, sentimos também um frio na barriga”. Segundo o frade, tem consciência da grandiosidade do projeto, mas também sabe que ele é possível de ser realizado. Dirigindo-se a Dom Damasceno, que é o presidente da Comissão de Construção do novo Santuário, disse: “Dom Damasceno aqui está o valor desta obra. Dentro deste saquinho está depositado um valor inegociável: a confiança, a fé, a devoção e a gratidão de todo o povo e de todos os fiéis de Frei Galvão. É com esses valores que nós faremos essa obra se tornar uma realidade”. No evangelho da liturgia de hoje, Jesus chama atenção dos discípulos para a viúva pobre que, mesmo sem recursos, deposita no cofre do templo tudo o que tinha para sua sobrevivência.
PEDRA FUNDAMENTAL
O lançamento da pedra fundamental, marco histórico do início da construção do novo Santuário, foi simbolizado através do plantio de 20 mudas de árvores em uma parte do terreno de mais de 100 mil metros quadrados, onde teve início o “Parque Laudato Sí”.
Dom Raymundo abençoou a água recolhida das nascentes para molhar as mudas que foram plantadas.
O Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, participou da bênção e agradeceu a todos pela presença. “Estamos numa terra santa, no Vale do Paraíba com o Santuário Nacional, agora aqui com o Santuário de Frei Galvão, com a Canção Nova, com a Fazenda da Esperança, com a presença de tantas congregações que marcaram este chão, nós vamos hoje bendizer e louvar a Deus, Dom Raymundo, porque tudo isso começou no seu coração, um projeto arrojado. Mas nós temos fé. O Santuário é diocesano mas os olhos do Brasil inteiro estão voltados para cá, porque o santo não é só de Guaratinguetá. Ele é de todo o Brasil. É o primeiro santo brasileiro”, disse.
Depois, dirigindo-se para os frades, pediu: “Eu gostaria de pedir aos frades franciscanos que nos façam conhecer, amar ainda mais Frei Galvão para que aqui continue acontecendo os milagres da graça de Deus e aqui muitas pessoas possam encontrar-se com Deus e mudar suas vidas”, disse, agradecendo a Dom Raymundo, Frei César, Dom João Bosco e os devotos. “Recebemos ajuda, sr. prefeito, de muitas mãos. Muito obrigado pela parte da Prefeitura. Quero agradecer o grande apoio do Santuário Nacional de Aparecida, que estendeu também a mão para que os dois santuários sejam irmãos, ajudem-se uns aos outros. Viva Frei Galvão”, concluiu.
Frei César confessou que os franciscanos de toda a Província e de todo o Brasil ainda estão vivendo as alegrias que “nos foram possibilitadas e oferecidas para prestar serviço à Igreja e aos devotos de Frei Galvão” neste Santuário, neste lugar sagrado. “E, por isso, quero agradecer de todo coração a Dom Orlando e ao Cardeal Damasceno, e saudá-los neste momento, dizendo que mais uma vez estamos dispostos a servir na Igreja e com a Igreja e que este Bosque Laudato Si’ é uma expressão franciscana também de serviço à Igreja”, disse.
Frei César saudou toda a Família Franciscana presente, assim como as autoridades civis de Guaratinguetá, representando todo o povo, que neste tempo difícil da pandemia tem estado ao lado dos frades na animação, levando à frente esta missão no Santuário de Frei Galvão. “À família de Frei Galvão aqui presente queremos saudar, cumprimentar e agradecer por estarem juntos de nós numa só família, que é a família dos devotos, dos que servem a Deus na devoção de Frei Galvão. Quero agradecer também a Fraternidade que está diretamente a serviço neste Santuário por essa feliz iniciativa de construção por esse Bosque Laudato Si’. É uma forma de demonstrar nosso carinho pela casa comum, já tão saudada aqui e estimada por São Francisco, por enxergar em todas as coisas, em toda a criação a presença de Deus, tanto na natureza como em cada irmão. Então, que esse dia seja marcado por esse sinal da profunda integração de toda a casa comum, onde estamos nós, nossos irmãos mais vulneráveis, e a criação, a beleza da natureza amada por Deus. Que Deus abençoe largamente este espaço e que todo trabalho aqui realizado seja para o seu louvor e glória”, animou.
O Vigário Provincial Frei Gustavo Medella falou de sua alegria em participar deste momento. “Tive a graça de acompanhar todo o diálogo para que nós, franciscanos, assumissemos o trabalho pastoral deste Santuário. Hoje, damos esse passo tão importante, simbólico, na parceria dos franciscanos com a Igreja de Aparecida e o povo de Deus”, destacou o frade.
Para ele, o lançamento da pedra fundamental neste dia dedicado ao Meio Ambiente mostra uma direção muito clara. “Nossa evangelização deseja caminhar ao modo de São Francisco. É um santuário composto de pedra, de material de construção, mas em função de um santuário mais importante, que é o santuário da vida. Cada ser humano, cada pessoa, cada bem da criação, todos formamos um harmonioso conjunto de vida para o qual o Papa Francisco chama atenção, inspirado em São Francisco, na Encíclica Laudato Si'”, observou Frei Medella.
O prefeito Marcus Soliva também destacou o dia especial em Guaratinguetá. Ele adiantou que existe a possibilidade de o Parque Laudato Si’ ser ampliado. “Nós temos ali uma nascente que divide as duas áreas – o Parque Laudato Si’ e a área pertencente à Companhia de Desenvolvimento de Guaratinguetá ( CODESG) -e ela já até dispôs a anexar uma área a mais ali para que seja incorporada à grande área verde. Isso está encaminhando muito bem para deixar disponível para a cidade mais uma área, ampliando esse pulmão verde, muito bem citado por Dom Damasceno”, adiantou o prefeito, garantindo que não precisa da aprovação da Câmara dos Vereadores nessa ampliação.
“Esse projeto do santuário é grandioso. Não menos grandioso quanto é o santo frei galvão, filho de Guaratinguetá, merecedor de todas as homenagens, de todo reconhecimento de sua santidade. Por isso ele é merecedor da construção desse santuário, bem como todos os peregrinos, todos aqueles que são os responsáveis pelo investimento na construção desse santuário, também merecem essa grande obra”, disse o prefeito. Segundo ele, a cidade de Guaratinguetá está se preparando para receber um número maior de turistas. Em julho haverá o leilão para definir a empresa que vai construir o Aeroporto Regional de Guaratinguetá. Segundo ele, no entorno do terreno também serão construídas novas vias de acesso.
O vice-prefeito Régis Yasumura concorda com o prefeito. “O prefeito bem disse: o santuário não vai salvar só almas, mas também a economia”.
Moacir Beggo | Fotos: equipe da TV Web Frei Galvão
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