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Sefras abre serviço emergencial à população de rua

24/05/2018

Notícias

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São Paulo (SP) – O serviço emergencial de abrigo à população em situação de rua durante o inverno já está funcionado no Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras). O espaço, que funciona no Convento São Francisco, na Rua Riachuelo, 268, no centro de São Paulo, é o mesmo onde durante o dia os frades atendem a população em situação de rua através do serviço Pop Rua, conhecido como “Chá do Padre”, onde fornecem acolhimento, 300 almoços e 450 lanches à tarde. À noite, a partir das 19 horas, o local passará a abrigar dezenas de pessoas para pernoite.

Na última semana, a temperatura começou a cair acentuadamente em São Paulo. Na noite mais fria até agora, no dia 21, dois moradores de rua foram encontrados mortos em São Paulo. A suspeita é que não tenham resistido ao frio. A cidade de São Paulo registrou a menor temperatura média do ano, com 8ºC, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE).  “A população em situação de rua é a que mais sofre com a chegada do inverno”, explica Frei José Francisco de Cássia dos Santos. “O Sefras, anualmente, pelo menos nos últimos três anos, tem realizado esse acolhimento por conta do inverno e das baixas temperaturas. Não se trata de um projeto fixo, mas sim, de uma ação emergencial”, explica.

Segundo o frade, o Sefras se mobilizou para contratar três novos educadores sociais e mais três auxiliares de serviços gerais. “Além disso, foi realizada uma ‘força-tarefa’ com diversos trabalhadores da instituição para que o acolhimento seja feito da melhor forma possível num espaço com acesso a banho, alimentação e cama individual para o pernoite”, informou.

Cada morador em situação de rua recebe um kit com materiais de higiene pessoal e toalha, tomam banho, ganham roupa limpa, jantam e recebem uma cama com cobertor. O espaço tem capacidade para acolher 100 pessoas por noite.

POPULAÇÃO DE RUA EM SÃO PAULO

Para o frade, a real situação da população de rua na cidade de São Paulo é uma realidade preocupante que deve “nos levar a agir de forma imediata no atendimento a estas pessoas e de suas demandas e, também, ações de médio e longo prazo na articulação e na luta por políticas que garantam a vida das pessoas que estão em situação de rua”.

A capital paulista tem 15.905 pessoas vivendo em situação de rua, segundo o último censo realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em 2015. São pessoas com diversas limitações e fragilidades que vão desde violências sofridas pelo Estado até quebra de vínculos comunitários e familiares. “É uma população que sofre diversas violações de direitos e talvez a maior delas é o direito à cidade e o direito à vida”, explica o frade.

Frei José diz que a questão de vagas em locais de acolhimento para pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo é sempre algo muito controverso. “É preciso perguntar sobre a qualidade do acolhimento feito. É preciso questionar por que muitas pessoas em situação de rua não querem ir para estes locais”, indicou o frade.

Segundo o frade, as pessoas em situação de rua têm diversas questões que precisam ser consideradas para somar a totalização destas vagas: pessoas com seus pertences e carrocinhas, pessoas com seus animais de estimação, a questão de álcool e drogas, a questão das pessoas transexuais e transgêneros, enfim, “diversas variáveis que impactam sobre esta questão de quantidade e acesso das pessoas aos centros de acolhida”.

A Prefeitura de São Paulo informa que, durante a estação mais fria do ano, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) intensifica o trabalho na rede de abordagem e atendimento à população em situação de rua, por meio da Operação Baixas Temperaturas. Quando os termômetros atingem 13ºC ou menos, os agentes oferecem encaminhamento e acolhimento de pessoas em situação de risco para locais protegidos do frio. “Durante esse período, as vagas nos Centros de Acolhida são ampliadas de acordo com a demanda. O encaminhamento pode ser feito por meio dos Centros POP, Núcleos ou 156. Os Centros de Acolhida que funcionam por 16h funcionarão excepcionalmente das 16h às 9h, todos os dias da semana. Além disso, cerca de 400 profissionais são mobilizados exclusivamente para o trabalho de abordagem nas ruas”, informa o site da Prefeitura.

COMO AJUDAR

Com o objetivo de levar mais solidariedade, o Sefras coloca também em ação a Campanha de Inverno. Frei José pede que doações de materiais de higiene como: sabonetes, xampu e lâmina de barbear. Toalhas de banho e roupas de frio masculinas. Meias e calçados. E também itens de alimentação: arroz, feijão, macarrão, óleo, biscoitos, leite e carnes.

Os interessados em fazer as doações podem procurar o serviço da Rua Japurá, nº 212, em frente a Câmara Municipal, no centro de São Paulo. A sede do Sefras fica na rua Hannemann, 352, no Pari. O telefone é (11) 3291-4433.

O SEFRAS

O Serviço Franciscano de Solidariedade – Sefras – faz parte da ação social franciscana da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, com sede em São Paulo. Dois serviços são voltados especialmente para a população em situação de rua: o Sefras Pop Rua São Paulo, que é um espaço de acolhida, escuta e partilha, alé de oferecer aos participantes atendimento social e jurídico feito em parceria com a Defensoria Pública da União, atividades sócio-educativas, políticas, culturais e de incentivo à participação da construção de políticas públicas e fóruns de discussão da população em situação de rua; e o serviço Franciscano de Reciclagem, o Recifran, na região do Glicério.