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Leitura dramática do musical “Francisco de Assis” encanta

01/06/2016

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Moacir Beggo (texto) e Érika Augusto (fotos)

Se depender da leitura dramática de “Francisco de Assis – A Jornada de um Homem”, apresentada ontem (31 de maio) no Museu de Arte Moderna de São Paulo, a peça musical vai ser um sucesso. Depois de uma hora e meia de apresentação, o público que compareceu ao Auditório Lina Bo Bardi não poupou aplausos para o trabalho das autoras e diretoras Alcione Alves e Ilíada de Castro e o grupo de vinte atores e dois músicos.

Ilíada explicou que essa leitura estava acontecendo no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) porque se emocionou com as obras de arte quando visitou a Exposição Franciscana. Segundo ela, a ideia de fazer a leitura ali agradou o curador Felipe Chaimovich e teve a aprovação da presidente do MAM, Milú Villela. “Quero agradecê-los pelo espaço e também a Magnólia Costa que deu todo esse apoio para nós. Gostaria de agradecer em especial ao grupo de frades franciscanos (Frei Fidêncio Vanboemmel, Ministro Provincial, Frei Mário Tagliari, Frei Valdecir Schwambach, Frei Raimundo O. Castro e Frei Edvaldo Soares) que veio nos prestigiar”, disse Ilíada.

“Nós já tínhamos escrito o texto, fizemos uma adaptação e estamos transformando em musical com canções inéditas de um compositor maravilhoso com mais de 80 anos”, explicou Ilíada, referindo ao pianista, regente, arranjador e compositor mineiro, Edmundo Villani-Côrtes.

Alcione explicou que na leitura dramática, o “público é meio que diretor da peça” e a postura é mais ativa do que assistir simplesmente ao espetáculo. “Por ser uma história longa e cheia de detalhes, a peça tem muitas narrações. Algumas cenas e diálogos foram transformados em narrações”, explicou antes da apresentação. Na verdade, Alcione nem precisaria ter feito essa explicação.  A envolvente condução do texto e dos cantos foi tão bem feita e tão prazerosa que nos levou a sonhar com o cenário medieval no início do movimento franciscano de Assis.

Segundo as autoras, contar a vida de Francisco é uma tarefa muito difícil e para isso optaram por dividir o espetáculo em três planos: o plano biográfico, o plano simbólico (a importância do coro musical que vai cantar o simbólico e se movimentar coreograficamente), e o plano espiritual.

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Segundo Ilíada, esse “namoro” com Francisco de Assis não é recente. “Na verdade, anos atrás, fomos convidadas a escrever um texto sobre Francisco de Assis para a Sociedade Antropozófica (a antroposofia é um caminho do conhecimento que deseja levar o espiritual da entidade humana para o espiritual do universo segundo Rudolf Steiner), que era muito importante para eles. E a gente se apaixonou pelo assunto. Realmente me surpreendeu muito a atualidade de Francisco de Assis nos dias de hoje.  Ele é a solução para os nossos dias. Ainda bem que o Papa resolveu ser Francisco também”, comemora Ilíada, destacando o tema da paz e da tolerância religiosa ao citar o encontro de Francisco com o sultão.

Segundo o Ministro Provincial,  a mensagem de Francisco é sempre muito atual, basta ver toda a inspiração que serviu para o Papa Francisco escrever a Laudato Sí. “A peça mostra este Francisco preocupado com a integridade da totalidade da criação. Ele é afável, fraterno e tem muito a dizer em nossos dias”, disse Frei Fidêncio Vanboemmel.

“Francisco sempre surpreende. Sua mensagem é atualíssima, como hoje à crítica ao consumismo. Ele consegue ser feliz com pouco, ajudando os outros. Hoje, a gente só consegue ser feliz comprando, comprando, comprando…  No século 12, na Idade Média, ou você ia para o capitalismo ou pegava uma linha franciscana. O capitalismo provou que não é caminho”, acrescentou Ilíada, que agora começa os ensaios pra valer, embora ainda não exista data para a estreia do musical. “A produção exige verba e ainda não temos esse valor para colocar o projeto em circuito”, disse a autora.

Frei Fidêncio fez um apelo para que patrocinadores ajudem nesta fase de produção da peça musical. “Pela importância e atualidade do projeto ‘Francisco de Assis – A Jornada de um Homem’, que está em sintonia com a linguagem da Laudato Sí do Papa Francisco, fazemos um apelo para que surjam patrocinadores que acreditam nos valores e nos ideais da utopia de Francisco e Clara de Assis. Acredito que esta mensagem deve chegar ao coração das pessoas que acreditam num mundo melhor”, pediu o Ministro Provincial.

Há 800 anos, Francisco de Assis encanta e conquista mais admiradores e seguidores. Nas artes, ele é garantia de grandes obras como são os filmes “Francisco, menestrel de Deus”, de Roberto Rossellini (1950); a encenação televisiva “Francisco de Assis”, de Liliana Cavani (1966); o filme “Irmão sol, irmã lua”, de Franco Zeffirelli (1972), com trilha sonora composta por Riz Ortolani, interpretada por Claudio Baglioni e por Donovan na versão inglesa); o mais recente: “Francesco” de Michele Soavi (2002) e a minissérie de TV (duas versões) “Chiara e Francesco”, direção de Fabrizio Costa (2007). Grande sucesso, em 1981, também teve o musical “Forza, venite gente” [Força, vinde gente], de Michele Paulicelli.