No encalço do Senhor com o olhar de São Francisco
Buscar a Deus é tarefa nossa de cada dia. Franciscanos que somos tentamos andar no encalço do Senhor com o olhar de São Francisco. Inspirados num texto de Frei Luc Mathieu, frade menor francês, vejamos uma certa aproximação do tema.
Um certo modo de encontrar Deus
Não como uma divindade anônima, mas de acordo com a revelação feita no Evangelho, como sendo o Pai de Jesus Cristo e nosso Pai, o Filho bem amado do Pai, e o Espírito de amor que nos vem do Pai e do Filho e nos faz entrar em comunhão com esses Três tão misteriosos e tão próximos de nós. O mistério trinitário encontra-se no âmago da experiência franciscana. Ele não causa medo ao espírito humano, mas é luz e proximidade. Ele faz nascer em nosso interior confiança filial e segurança a respeito de nosso devir. A oração franciscana, sempre ancorada na oração da Igreja, não precisa de métodos. É espontânea e gratuita, simples e confiante, familiar e despojada.
... de seguir a Jesus Cristo…
Com um elã alegre e definitivo, uma adesão sem volta. Trata-se mais de seguir a Jesus do que imitá-lo, com a mesma convicção que animava o apóstolo Paulo: “Não pretendo dizer que já alcancei a meta. Mas eu corro por alcançá-la uma vez que também fui conquistado por Cristo Jesus’ (Fl 3, 12). Em Jesus, vemos o Filho do Altíssimo, o Filho bem amado do Pai, mas também nosso irmão que optou pela humildade e pela pobreza e que, desta forma, se tornou próximo dos pecadores que somos a fim de nos reconduzi-los a Deus, reconciliá-los com o Altíssimo. Jesus é contemplado em sua humanidade humilde e serviçal: o menino de Belém, o crucificado do Calvário e o Ressuscitado que dá vida e que está à nossa disposição na modesta aparência do pão partido, homem sofredor pelos pecadores, o Ressuscitado que realiza a condição humana destinada à glória. A tradição franciscana contempla Jesus como o Primeiro pensado no desígnio criador do Pai, o Primeiro amado de todas as criaturas por quem e para quem tudo foi feito: “Tudo foi criado por ele e para ele. Ele existe antes de todas as coisas e tudo subsiste nele” (Cl 1, 15ss).
… de ser livre no movimento do Espírito...
É o Espírito Santo que santifica e ilumina cada um a respeito de sua própria vocação. Francisco o chamava de “Ministro Geral da Ordem” e aquele que inspira caminhos novos de presença no mundo e trilhas de evangelização ainda não percorridas. Ele suscita iniciativas inesperadas para o desenvolvimento da Ordem e para a irradiação evangélica das fraternidades.
Por tradição, os frades sempre se dirigiram às fronteiras da Igreja para relançar a missão, responder aos apelos da Igreja e para se retirar numa solidão do “escondido” e da paciência. Desde suas origens, a família franciscana teve a convicção de ter sido suscitada pelo Espírito para a renovação da Igreja tanto em sua vida interna quanto em sua missão.
Inspirado em: L’héritage de François d’Assise – Luc Mathieu, ofm
Revista Évangile Aujourd’hui, n. 200, 2004, p. 33-34
Frei Almir Guimarães