Carisma - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Origens de Clara

Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM

As Edizioni Poziuncola, de Assis, publicaram um alentado estudo sobre Clara de Assis da autoria de Chiara Giovanna Cremaschi, conhecida autora de textos sobre a vida das Irmãs Pobres de São Damião (Chiara di Assisi. Um silenzio che grida, 2009). Desta obra colhemos as informações que agora apresentamos a respeito das origens de Clara.

1. Clara nasceu na cidade de Assis em 1193. Segundo uma antiga biografia o fato ter-se-ia dado a 20 de maio. Nasce numa família da pequena nobreza do interior, conhecida como aristocracia. Em sua casa haviam sete cavaleiros todos nobres e poderosos (cf. Proc 19, 1). As origens de seu nome de família devem ser buscadas num castelo nobre do condado. De seu lugar de origem, seu antepassado, conde Bernardino, há uns cinqüenta anos havia se transferido para a cidade e construído um palácio com torre, símbolo da nobreza e do poder, na praça da Catedral dedicada a São Rufino. João de Ventura de Assis, no Processo de Canonização, descreve o modo de se viver na casa: “Ainda que a corte de sua casa fosse das maiores da cidade e lá se fizessem grandes despesas, ela deixava de lado e guardava os alimentos que lhe eram dados para comer, na fartura de uma casa grande…” Nada faltava, nem mesmo para os fâmulos.

2. Não temos condições de saber o sobrenome familiar e nobre. Tudo leva a crer que Offreduccio já estaria morto no momento do nascimento de Clara. No palácio viviam seus filhos e respectivas famílias. Monaldo é o chefe, porque o mais idoso. Entre os outros se pode contar Simão, pai de Rufino, que ingressaria no grupo dos irmãos de Francisco de Assis e por fim Favarone. No Processo de Canonizaçao Pedro de Damião da Cidade de Assis, diz ter conhecido o pai de Clara, messer Favarone, nobre e grande poderoso na cidade. Clara pertence às vintes famílias nobres de Assis

3. “Segundo certos estudiosos o nome Favarone indica a nobreza de quem o tem, segundo outros é um sobrenome que se dava a quem queria aparecer mais do que era”. Na verdade, é o filho mais novo, e por costume é um miles, um cavaleiro armado, muitas vezes ausente de casa. É pouco conhecido de seus concidadãos. Casou-se com uma nobre da cidade a respeito da qual, segundo alguns, não se conhece o verdadeiro nome. Há os que afirmam que o nome de Ortolana é índice de alta nobreza, para outros trata-se de um nome que lhe foi dado por ter colocado no mundo criaturas como flores.(Ortulana-Hortelã). Estamos diante uma mulher dotada de grande capacidade e de profunda fé cristã que é sem mais a domina, a senhora do palácio, colocada à frente das outras mulheres e da criadagem. É cercada do afeto e da amizade de muitas senhoras aristocratas que freqüentam sua casa. Havia uma convivência entre essas mulheres; os trabalhos que realizavam juntas nos mesmos cômodos, favorecia a partilha de pensamentos e de desejos. As freqüentes ausências do marido davam a Ortolana ampla liberdade de movimento. Ela se dirigia em peregrinação a vários lugares que eram metas habituais da Idade Média, até meso à Terra Santa.

4. Enquanto espera seu filho . reza diante do Crucifixo pedindo ajuda para o momento do parto. Num determinado momento ouve uma voz que lhe diz: tu darás à luz uma criança que iluminará o mundo. Não é aqui o lugar de discutir sobre o modo como se deu tal fato. A voz explica as razões pelas quais a filha recebeu o nome de Clara. Em latim Clara significa ilustre, famosa e segundo alguns esse nome só era dado a mulheres da aristocracia. Recebendo esse nome de Clara, na língua popular da Umbria, atribui-se ao termo a característica da luminosidade.

5. Celano pinta Ortolana como protótipo da mulher assisiense, com o escopo de apresentar um modelo de mulher para aquelas que não podiam seguir Clara em tudo. “Sua mãe, Ortolona que devia dar à luz a planta frutífera no jardim da Igreja, também era rica em não poucos bons frutos. Embora fosse presa aos laços do matrimônio e aos cuidados familiares, entregava-se como podia ao serviço de Deus e a intensas práticas de piedade. Tanto que, por devoção foi com os peregrinos ao ultramar e voltou toda feliz, depois de visitar os lugares que o Deus homem consagrou com suas pegadas. Também foi ao santuário de São Miguel Arcanjo para rezar e visitou piedosamente a as basílicas dos apóstolos.

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