Franciscanos seculares: o que queremos de verdade?
1. Queremos ser gente, gente para valer, cultivando o corpo, a mente, o coração e desejando fazer de nossa vida um cântico de alegria. Somos pessoas felizes porque existimos. Gostamos de nós mesmos de verdade, sem idolatria self. Gostamos de viver e de conviver.
2. Gostamos da vida: família, trabalho, lazeres, natureza, belezas, avanços da técnica. Não somos pessoas macambuzias. Gostamos de viver, apesar de todas as dificuldades. Gostamos do casamento, do ser homem, do ser mulher, das refeições com amigos, de leituras cativantes, de noites de luar e de dias de chuva generosa quando a terra está seca.
3. Queremos ser cristãos. Não somos apenas pessoas de ritos e rezas. Queremos ser discípulos do Ressuscitado. Nascemos no seio de uma família católica. Somos membros da Igreja Católica. Isto, no entanto, não basta. Almejamos ser discípulos do Senhor. Nossa fé não é mera herança que guardamos no banco. Fazemos questão de ler e refletir sobre o Sermão da Montanha que marca nosso estilo de vida. Gostamos quando Papa Francisco pede que tenhamos encontros pessoais com Cristo. Queremos, antes de terminar nossos dias, viver uma Igreja segundo o jeito do Papa Francisco. Temos receio de muito jeito de ser cristão suscitado pelos programas religiosos de televisão.
4. Por diferentes razões e circunstâncias tornamo-nos membros da Ordem Franciscana Secular. Muitos de nós ingressamos nas suas fileiras talvez não sabendo todo o alcance de seu programa de vida. Queremos nos impregnar do espírito da Regra: desejamos seguir o Mestre Jesus vivo e ressuscitado à maneira de Francisco. Esse seguimento tem algumas marcas: empenho de mudança do coração (conversão), vontade de viver com outros (fraternidade), mas viver de verdade, não apenas estar ao lado de… Nossa postura é a de sermos menores, alegres menores, gente simples, sem complicações de vaidade, ciúmes… Frequentando as páginas franciscanas sentimos que somos cristãos à maneira desse gigante/pobre e belo chamado Francisco de Assis.
5. Muitas vezes temos saudade do silêncio, do deserto, do eremitério. Não nos sentimos bem no meio das arruaças. Temos saudade daquele que nos inventou. Por isso, gostamos de ler e saborear a contemplação e a Regra de Francisco para os eremitérios.
6. Pecamos. Somos pecadores. Mas levantamos a cabeça e pedimos o perdão do Senhor. Gostamos de dizer com Francisco: miserável verme vosso ínfimo servo. Mas arde dentro de nós tornar Cristo Jesus amado. Francisco nos pede que o Amor seja amado.
7. Gostamos de trabalhar em nossas paróquias. Não somos tocadores de obras, nem tropa de choque. Não somos empregados de uma firma, mas amantes do Amado. Trabalhamos em todos os campos que nos pedem, de preferência cuidando dos mais abandonados. Não queremos ser pessoas mecânicas na ação pastoral que colocamos. Somos antes de tudo enviados por aquele que nos olha e nos cerca de todo carinho.
8. Queremos viver nossa vida conjugal e familiar com o espírito evangélico-franciscano: um casal unido, simples, amigo, despojado; alegria e confiança em nossa casa; filhos educados sem preocupação com dinheiro, sucesso, culto doentio do corpo; queremos que nossos filhos encontrem Cristo Jesus de modo especial em sua juventude. Não queremos ser uma família fechada, mas um foco de bem querer que ilumine os outros casados e as outras famílias.
Frei Almir Guimarães