Vocacional - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Ordenação Presbiteral de Frei Roberto Ishara

Ordenação

Frei Roberto, com o coração de operário

 

Moacir Beggo

São Paulo (SP) – Com a Igreja de São Francisco de Assis da Vila Clementino lotada, Frei Roberto Ishara foi ordenado presbítero pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, Dom Tomé Ferreira da Silva, que lhe deu como missão ser sacerdote com coração de operário. O recém-nomeado bispo da Diocese de São José do Rio Preto presidiu a celebração, que começou às 15 horas no sábado (20/10), véspera do Dia das Missões, tendo como concelebrantes o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, e o pároco Frei Djalmo Fuck.

A família de Frei Roberto, na maioria de São Paulo, veio em peso para a celebração, especialmente seus irmãos Sidnei, Sandra, Marcelo e Claudinei, e seus pais Yuko Ishara e Nely Eiko Ishara. Além dos familiares, comunidades do Rio de Janeiro e Petrópolis, assim como do bairro Mandaqui de São Paulo marcaram presença. Seus confrades em bom número, sacerdotes da região episcopal do Ipiranga, religiosos e religiosas, celebraram com ele este momento de graça.

Segundo Dom Tomé, lembrando São Gregório Magno, o sacerdócio que a Igreja conferiu a Frei Roberto só tem sua razão de ser na pessoa de Jesus Cristo Sacerdote e dizia que não faltam pessoas boas, que não faltam pessoas que desejam ouvir coisas boas, mas faltam pessoas que digam as coisas boas. “E para explicar esse pensamento, São Gregório comentava que Jesus não menciona nestes pensamentos o sacerdote, mas Jesus usa a expressão operários, porque deseja discípulos, deseja apóstolos, deseja sacerdotes que tenham coração de operário. E ter coração de operário é dar a vida por amor a Jesus Cristo no serviço ao povo de Deus. Ser sacerdote com o coração de operário é viver o sacerdócio na intimidade e na publicidade 24 horas por dia. Ser sacerdote com o coração de operário e não limitar ou não delimitar o nosso ofício sacerdotal aos limites estreitos de nossa agenda, quase sempre inspirada pelo horário comercial da sociedade”, ensinou o bispo.

Segundo Dom Tomé, o sacerdócio é graça de Deus. “O sacerdócio é presente de Deus confiado à Igreja para servir ao seu povo. Somos servidores do povo de Deus e servidores com Jesus Cristo, servidores com Nossa Senhora, a sua Mãe. Somo os últimos servos de todos, que a Seu exemplo não viemos para ser servidos, mas fomos constituídos para servir e para dar a nossa vida também como resgate para Deus”, explicou.

“Ora, querido Frei Roberto, quando o nosso coração e a nossa inteligência se afastam de Jesus Cristo Sacerdote, a tentação que nos ocorre é de fazer do sacerdócio ministerial um poder demasiadamente humano. O sacerdócio ministerial não é obra humana. É dom de Deus em Jesus Cristo Sacerdote, para nós que formamos o seu povo. E se vivemos o ministério sacerdotal como poder humano ou à semelhança de um modelo humano, estaremos fazendo tudo o que Jesus Cristo não fez e tudo o que Jesus Cristo não quis fazer. E não quer que também nós, seus ministros ordenados, o façamos ao longo da nossa vida”, admoestou Dom Tomé.

Para o bispo, quando o ministro ordenado torna-se inoportunamente incapaz de dar a sua vida pelo povo de Deus, ele torna-se um funcionário da Igreja. “Em vez de bem, ele começa a fazer mal ao povo de Deus”, lamentou.

O bispo pediu que rezemos por Frei Roberto. “Para que seja um sacerdote ao modo de Cristo Sacerdote, ele precisa da nossa oração, da nossa amizade, do nosso apoio”, enfatizou.

No final, lembrou o exemplo de São Francisco. “Frei Roberto, como franciscano, você tem em São Francisco de Assis, o fundador da sua Ordem religiosa, o modelo de vida sacerdotal. Ele não foi sacerdote, ministro ordenado da Igreja, mas ele foi sacerdote pelo seu batismo e soube viver essa realidade intensamente, talvez no grau máximo possível a uma pessoa. Que contemplando esse sacerdócio existencial de São Francisco de Assis, você possa motivar a vossa vida sacerdotal, doravante em São Paulo ou onde a sua Ordem religiosa precisar de seus préstimos e de seus trabalhos!”, desejou.

Terminada a homilia teve início o rito de ordenação. Frei Roberto foi revestido das vestes litúrgicas por Frei Walter de Carvalho Júnior e Frei Euclydes Pezzamiglio, seus confrades na Fraternidade da Vila Clementino. O Sr. Seiichi e Dona Regina Shimatai, tios e padrinhos de Batismo de Frei Roberto, trouxeram a estola e a casula. Já como presbítero, Frei João recebeu o cálice e patena de Dom Tomé e, pela primeira vez, ele exerceu o seu ministério, concelebrando com o bispo e os presbíteros.

Primeira Missa

O início da missão de Frei Roberto

 

 

Moacir Beggo

São Paulo (SP) – No domingo dedicado às Missões, Frei Roberto Ishara iniciou o seu ministério presbiteral. Ordenado no sábado pelo bispo Dom Tomé Ferreira da Silva, Frei Roberto celebrou a Primeira Missa, às 9 horas, na Paróquia de São Francisco de Assis, na Vila Clementino, em São Paulo.

Ao seu lado, como concelebrantes, Frei Djalmo Fuck, e Frei Paulo César Ferreira da Silva e o diácono Frei André Luiz Henriques. Mas seus confrades marcaram presença, especialmente o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, os Definidores Frei Mário Tagliari e Frei César Külkamp. Além da comunidade paroquial da Vila, a comunidade do bairro do Mandaqui, em São Paulo, as comunidades da Rocinha, Rio de Janeiro, e de Petrópolis participaram deste momento de graça na vida de Frei Roberto.

Como é costume na Província Franciscana da Imaculada, o novo presbítero escolhe o pregador na Primeira Missa e Frei Roberto convidou Frei Paulo César Ferreira da Silva, orientador dos aspirantes no Seminário de Agudos, para fazer a homilia.

Segundo Frei Paulo, a amizade entre eles começou e se fortaleceu tendo um elo comum: a música. Frei Paulo, uma das mais belas vozes da Província, e Frei Roberto, no violão, passavam muito tempo cantando.

Frei Paulo fez a sua reflexão deste domingo a partir dos textos bíblicos que apresentam o “Servo de Deus” (Isaías 53,10-11). “Como o Servo de Deus, você também, Frei Roberto, identificou-se com o Mistério da Compaixão de Deus. O sacerdócio é o ministério da compaixão e do serviço. Como sacerdote, você faz a entrega total de si mesmo pelo bem de todos, à semelhança de Cristo, disposto a “beber do cálice que ele bebeu e ser batizado com o seu batismo”, disse o pregador.

Segundo Frei Paulo, da Eucaristia aprendemos a fazer da vida uma oblação e a viver a liberdade para a qual o Senhor nos libertou. “Você é o que é, Frei Roberto, verdadeiro frade menor, por sua fé. Com o seu testemunho, com o seu apostolado, você transmite amor, porque ‘Deus é o amor com que amamos nosso irmão’”, acrescentou citando Santo Agostinho.

Frei Paulo lembrou que Frei Roberto escolheu o versículo 22 do Salmo 32, como seu lema de ordenação: “Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, pois em vós nós esperamos”.

“Como é bom, Frei Roberto, reconhecer em você a bondade de nosso Deus, que presta ouvido às súplicas dos que o invocam! Inspirado por essa confiança você, qual Servo de Deus, invoca a sua misericórdia sobre todos nós!”, completou Frei Paulo, que homenageou o novo presbítero cantando a música do Pe. Zezinho.

Frei Roberto também foi homenageado pelos paroquianos, que apresentaram um vídeo com imagens de sua infância e de sua caminhada religiosa franciscana. Mais uma vez, ele agradeceu a todos pela dedicação durante o Tríduo, a ordenação e a Primeira Missa. E também não deixou de agradecer à sua família, que, segundo ele, foi a responsável por sua vocação. “Todos os anos nos reunimos num sítio, apesar dos sofrimentos e cruzes que toda família tem”, disse o novo presbítero.

Frei Djalmo também agradeceu a todos que participaram da celebração e citou especialmente Frei Pedro da Silva, o animador vocacional da Província, que preparou e conduziu todas as celebrações, e o pregador Frei Paulo.

Neste início de ministério presbiteral, Frei Roberto vai celebrar no bairro do Mandaqui, no próximo domingo, às 7 e 10 horas.

Entrevista

Frei Roberto Ishara

 

 

Quase um ano de sua chegada à Paróquia São Francisco de Assis, na Vila Clementino, integrado à Fraternidade da Sede Provincial, o paulistano descendente de japoneses, Frei Roberto Ishara, já é conhecido dos profissionais que trabalham nos hospitais da região, uma vez que um de seus serviços é visitar e confortar os doentes. Com o seu hábito já um tanto surrado ou descolorido, Frei  Ishara conquista qualquer  pessoa com sua presença franciscana. Sempre sorridente, gentil e atencioso, ele aceitou, com muito custo, falar um pouco de sua vida, de seu discernimento vocacional e um pouco do pensamento do futuro presbítero.

Frei Roberto será ordenado presbítero no dia 20 de outubro, às 15 horas, na Paróquia São Francisco de Assis, na Vila Clementino, pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, Dom Tomé Ferreira da Silva. No dia 21, às 9 horas, ele celebrará a sua Primeira Missa na mesma igreja, tendo como pregador Frei Paulo César Ferreira da Silva. Frei Roberto Ishara nasceu no dia 3 de janeiro de 1970. É filho de Yuko Ishara e Nely Eiko Ishara e tem quatro irmãos:  Sidnei, Sandra, Marcelo e Claudinei. “Sou o penúltimo”, conta. Seu discernimento vocacional aconteceu quando morava no Japão trabalhando como dekassegui, onde teve o primeiro contato e leu toda a Sagrada Escritura. Na volta ao Brasil, tomou a decisão de ser padre. Escolheu ser religioso franciscano e ingressou na Ordem Franciscana por esta Província, quando vestiu o hábito em 2004 e fez a profissão solene em 5 de novembro de 2009.

Frei Roberto escolheu como lema “Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, pois em Vós nós esperamos”, do Salmo 32.

 

Por Moacir Beggo

Site Franciscanos –  Como foi o seu discernimento vocacional?

Frei Roberto Ishara – Deus nos fala (vocação) todos os dias, mas sua leitura e sentido se dá na composição dos vários fatos ocorridos em nossa vida cotidiana. Quando criança, meus pais me levavam à Missa e me admirava a figura do sacerdote. Ao mesmo tempo, meus padrinhos de batismo, Seiichi e Regina, sempre no final dos cartões de aniversário e Natal, assinavam “Paz e Bem!”, e me diziam que mais tarde eu iria compreender seu sentido. O encontro pessoal com Cristo foi acontecendo a cada dia durante toda vida. Mas um momento especial foi quando me encontrava no Japão trabalhando como dekassegui, onde li toda a Sagrada Escritura pela primeira vez. Achei que não daria mais tempo de me tornar padre, mas a Providência Divina e Nossa Senhora sempre vão nos conduzindo. Retornei ao Brasil e iniciei meu discernimento na Paróquia São Francisco no centro, acolhido pelo nosso saudoso Frei Luiz Fernando de Mendonça. Mas Deus continua “falando”.

Site Franciscanos –   Por que escolheu a vida religiosa franciscana?

Frei Roberto Ishara – Na pessoa de Francisco vemos que é possível a vivência do Santo Evangelho. No carisma de Francisco temos uma linguagem universal e, por isso, uma diversidade de atuações no apostolado. Na vida em Fraternidade Franciscana temos a alegria da ajuda mútua entre os irmãos.

Site Franciscanos –  Como levar a mensagem de Francisco e Clara a uma sociedade tão pluralista de hoje, especialmente a paulistana?

Frei Roberto Ishara – O único ponto frágil da riqueza da pluralidade é o perigo da perda do essencial e referência comum a todos. Este comum nos une e nos mantém no essencial. A simplicidade é ter uma coisa só, o essencial, a referência, este comum que une a todos. Diferentemente da complexidade, da complicação, em que vamos nos perdendo no fechamento em si mesmo e perdendo assim, o sentido da Vida. Deus é simples, a vida é simples, Francisco e Clara eram simples, ou seja, possuíam “uma coisa só” e ao mesmo tempo, “tudo”! Penso que a simplicidade nos faça retornar à vida.

Site Franciscanos –  Como está sendo o seu trabalho de evangelização na Paróquia da Vila Clementino, em São Paulo?

Frei Roberto Ishara – Logo que cheguei fui “evangelizado” pela minha Fraternidade, nossas(os) irmãs(ãos) funcionárias(os), por todos da Comunidade, pelos enfermos e profissionais nos hospitais, por todos! Só assim podemos ser instrumento de evangelização, acolhendo o Evangelho em cada pessoa e tratando generosamente cada um como único, de forma pessoal. A quantidade de pastorais e a assistência nos inúmeros hospitais, como o “fermento do Reino que faz crescer o pão”, vão sendo frutos da acolhida generosa de cada pessoa em particular.

Site Franciscanos –   Deixe uma mensagem para os jovens

Frei Roberto Ishara – Francisco e Clara eram jovens, e descobriram um prazer novo de se viver. Somente por Deus, com Deus e em Deus, o jovem afirma sua identidade, descobre o sentido de sua vida, e o seu amanhã (três buscas que caracterizam a fase da juventude). Assim, “vive-se no mundo sem ser do mundo”, ou seja, não significa “negar” as coisas que são próprias da juventude, mas as “considera” e as vivem com Deus, participando de tudo, caminhando junto!