Vocacional - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Ordenação Presbiteral de Frei Marcos Vinicius Motta Brugger

Ordenação

Dom Gil: “Frei Marcos, seja um bom franciscano que você será ótimo padre”

 

Frei Augusto Luiz Gabriel

Juiz de Fora (MG) – Após 118 anos da comunidade de fé da Paróquia Nossa Senhora das Dores, de Juiz de Fora (MG), no dia 28 de abril de 2018, pela primeira vez foi ordenado um presbítero ali. Frei Marcos Vinicius Motta Brugger recebeu das mãos do Arcebispo de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira, o segundo grau do Sacramento da Ordem, o Presbiterato. “Seja um bom franciscano que você vai ser um ótimo padre; seja você, Frei Marcos, um ótimo padre e você será um ótimo franciscano”, desejou Dom Gil, arcebispo ordenante.

Numa manhã com um belo céu azul, a igreja ficou lotada para ver esse momento histórico na vida de Frei Marcos, filho desta terra. O lema escolhido pelo ordenando foi extraído do Evangelho de Mc 1,17, e apresenta a seguinte passagem: “Vinde comigo, e eu farei de vós pescadores de homens”. A celebração, que durou aproximadamente duas horas, foi sóbria e carregada de emoção e alegria. Além dos seus confrades de turma, que já estavam presentes durante a semana missionária, também marcaram presença alguns frades estudantes de Teologia residentes em Petrópolis (RJ), bem como o delegado do Ministro Provincial e também Definidor da Província Franciscana da Imaculada Conceição, Frei Paulo Roberto Pereira, conterrâneo de Frei Marcos, assim como sacerdotes e seminaristas da Arquidiocese.

RITO DE ORDENAÇÃO

marcos_280418_ladoApós a liturgia da palavra, o diácono Frei Marcos, aproximando-se do altar deu início ao Rito de Ordenação Presbiteral. Frei Paulo foi interrogado por Dom Gil: “Podes dizer-me se ele é digno deste ministério?”. E Dom Gil ouviu “que a alegria  na Igreja hoje é testemunha da idoneidade de Frei Marcos e, em nome da Fraternidade Franciscana, disse que ele cumpriu todas as etapas da formação eclesiástica. “Ele está conosco desde o ensino médio em Agudos-SP. Também foi aprovado para assumir a Profissão Solene na Ordem dos Frades Menores. Então, tendo transcorrido este itinerário com muita dedicação, liberdade e alegria, em nome da nossa Fraternidade, posso atestar que ele é digno deste ministério”, garantiu Frei Paulo.

Dom Gil iniciou sua homilia dizendo: “Prezado Frei Marcos, chegou o dia de você ser transfigurado em sacerdote, transfigurado porque a graça que você recebe vem do céu, claro! É um dom de Deus, que ninguém merece nesta terra, porque o que é o sacerdote senão aquele que é o continuador das obras do Filho de Deus? Jesus homem e Deus: o sacerdote é isso. Você, que já encontrou os olhos de Deus voltados pra você desde criança, através dos acenos de São Francisco de Assis, depois de passar por toda essa preparação e se consagrar perpetuamente a Deus na Ordem dos Frades Menores, hoje atende a mais um chamado, a mais um aceno e sinal de Deus”, enfatizou o arcebispo.

Segundo Dom Gil, Deus o escolheu para ser sacerdote eternamente na Ordem do Rei Melquisedeque. “Essa grande graça que você recebe é um dom e ao mesmo tempo uma responsabilidade. Você, além de ser um homem consagrado a Deus, também se torna um representante de Jesus Cristo, na ordem sacerdotal. Cristo é único, e nós somos continuadores da obra Dele”, acrescentou.

SER PESCADORES DE HOMENS

“Nós, diante do sacerdócio, trememos enquanto pessoas humanas, pois somos frágeis, mas, a obra não é nossa, é de Cristo. E, você hoje, querido Frei Marcos, passa a ser um desses pescadores de gente que Jesus anunciou a Pedro naquele dia em que a pesca se fez tão miraculosa, já que o mar e a noite não estavam para peixes. Jesus escolhe, consagra e ilumina para esta função. Como padre, por onde você passar, poderá então realizar a ação de Cristo. É assim que Cristo espera de você, que você o represente. Esta é a consciência e você deve crescer nela de hoje para frente. Portanto, você, caro Frei Marcos, deverá fazer o exercício que os franciscanos sabem fazer muito bem, esconder-se atrás de Cristo, quem deve aparecer é o próprio Cristo. Quem mais do que São Francisco pode ensinar esta virtude?”, perguntou o arcebispo ao ordenando, e prosseguiu: “Caro Frei Marcos, você hoje assume este desejo de fazer Cristo aparecer e você se esconder”, ressaltou.

O arcebispo encorajou o ordenando a ter coragem e disposição para enfrentar os desafios que o ministério sacerdotal traz consigo. Segundo ele, não é fácil ser padre, embora seja muito gratificante.

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Para Dom Gil, o padre é o servidor de Deus, ele preside a Eucaristia e também os sacramentos, e conduz o povo à graça de Deus. “Ele é servidor da Palavra, ele evangeliza, ele é servidor do amor de Deus através do pastoreio, das obras de caridade. E é nestas coisas que nós nos realizamos enquanto padres. Porém, o ato mais sublime que dignifica por inteiro a vocação sacerdotal é a celebração da Santa Missa. O padre que celebra bem arrasta pessoas para Deus. O padre que celebra mal, não presta serviço. Às vezes, causa até desânimo quando um padre preside a Eucaristia de qualquer maneira, como se fosse um ato qualquer. A Missa é o ato mais alto que temos na nossa vida. Por isso,  não entendo padres que, tendo recebido a ordenação sacerdotal, não celebram a Missa todos os dias. Mesmo que não se tenha povo, se deve celebrar com piedade quotidianamente”, explicou o arcebispo.

“Frei Marcos, quero lembrar a você o seu inspirador, São Francisco de Assis. Ele o chamou para ser um irmão intenso da pobreza, da castidade e da obediência. Você que é nascido nesta cidade, cujo padroeiro é o franciscano Santo Antônio, desejo que olhe sempre para ele, e queira viver intensamente para Deus. Seja muito bom franciscano que você vai ser um ótimo padre. Seja você, Frei Marcos, um ótimo padre e você será um ótimo franciscano”, desejou Dom Gil, encerrando sua homilia.

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O rito, então,  continuou com o propósito do eleito (VEJA MAIS SOBRE O RITO DE ORDENAÇÃO). Em seguida foi cantada a Ladainha de todos os Santos, quando o ordenando prostrou-se como sinal de sua total entrega a Deus. Veio, então, o momento central da ordenação com a imposição das mãos e a Prece de Ordenação. Na sequência, a última parte do rito: unção das mãos e vestição do eleito com a casula e a estola. Frei Neuri Francisco Reinisch, guardião da Fraternidade de Pato Branco (PR), ajudou o novo presbítero a se paramentar com as vestes sagradas, que foram trazidas pelos seus pais em procissão.

Depois, com a unção das mãos com o óleo do santo Crisma, Dom Gil amarrou as mãos de Frei Marcos. Seus pais desataram e logo receberam com grande emoção a primeira bênção do neopresbítero. Seus padrinhos carregaram em procissão o cálice e a patena. O rito terminou com o abraço fraternal do arcebispo, sacerdotes e religiosos da grande família franciscana. Na sequência, teve início a liturgia eucarística.

AGRADECIMENTOS

O neopresbítero, em seus agradecimentos, recitou de cor uma poesia que recebeu de presente de Frei Walter Hugo de Almeida, que diz:

marcos_280418_lado2“Feriste-me, Senhor, com teu perdão,
E me inundei de bênçãos pela estrada…
Trago em mim acordes de uma canção,
A anunciar teu Reino na jornada.

Agora, Senhor, que me seduziste,
Não posso mais fugir do teu amor
A vida para mim agora existe
Somente ao rumo alegre: -Teu louvor.

O teu chamado virou minha história,
De um horizonte triste para a glória,
E me jogou na busca da alegria!…

Por isso, conto agora assim feliz
Como cantava Francisco de Assis,
Quem me inspirou seguir-te nesta vida.

Em seguida, complementou: “Eu agradeço ao senhor, Dom Gil, pela disponibilidade, por ser o pastor que é, por estar aqui e assim também por nos conceder ainda mais este dom e ministério de levar a Palavra de Deus. Eu agradeço a toda a Ordem dos Frades Menores, à Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, na pessoa do Definidor Frei Paulo, agradeço pela formação, pelo companheirismo e pelos anos em que vivemos juntos e ainda viveremos”.

Entregou para o bispo Dom Gil, também para Frei Paulo e ao Pároco Antônio Eduardo, uma singela lembrança. Além disso, agradeceu a todo o povo que se fez presente e em especial a comunidade de Pato Branco (PR), local onde Frei Marcos reside atualmente, que lotaram um ônibus e vieram participar deste momento especial na vida do novo padre.

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E, por fim, fez memória a três pessoas importantes em sua vida: “Já fiz isso na minha ordenação diaconal e irei repetir agora. Primeiramente, a Dona Aparecida, mãe do Frei Paulo e professora de ensino religioso do meu tempo de escola, que me encaminhou para os franciscanos, e cumprindo o chamado dela, hoje aqui estou. Também agradeço à minha avó, com a qual moramos um tempo juntos, e agradeço ao Frei Nelson Rabelo, que me ajudou a cumprir o ministério do diaconato e agora intercede pelo ministério presbiteral que assumi hoje”. E, por fim, agradeceu com imensa alegria aos familiares, entregando flores para a mãe.

Frei Olivo Marafon, pároco da Paróquia São Pedro Apóstolo, com a ajuda de seus paroquianos, entregou ao pároco Antônio Eduardo um quadro que traz ilustrado o painel interior da igreja paranaense.

Após a bênção final, foi servido almoço a todos os presentes, preparado pela comunidade paroquial local.

Frei Marcos celebra sua Primeira Missa neste domingo, às 09h30, na Paróquia Nossa Senhora das Dores e terá como pregador Frei Paulo Roberto Pereira.

Primeira Missa

Primícias de Frei Marcos Vinicius em Juiz da Fora

 

Frei Augusto Luiz Gabriel

Juiz de Fora (MG) – Frei Marcos Vinicius Motta Brugger, ordenado sacerdote no dia 28 de abril de 2018, pelo Arcebispo Dom Gil Antônio Moreira, celebrou no 5º Domingo da Páscoa (29/04), às 9h30, sua Primeira Missa, na Paróquia Nossa Senhora das Dores, em Juiz de Fora (MG). A igreja ficou pequena para este momento histórico e único na vida de Frei Marcos e da comunidade. Frei Paulo Roberto Pereira, filho desta terra, foi o pregador e desejou ao neopresbítero que continue a ser sinal da alegria franciscana e da amizade, virtudes que trouxeram em caravana as pessoas que viajaram quase um dia inteiro de Pato Branco até aqui. “Virtudes que deverão ser a marca da sua viajem de serviço e de missão que começa hoje aqui e terá seu termo no céu”, disse.

Frei Marcos presidiu a celebração tendo como concelebrantes o delegado do Ministro Provincial e Definidor, Frei Paulo, o pároco Pe. Antônio Eduardo, Frei Olivo Marafon, Frei Neuri Reinisch, Frei Diego Melo, Frei Alan Maia, Frei Vanderlei da Silva Neves e os diáconos Frei Evaldo Ludwig, Frei Marx Rodrigues dos Reis e Frei José Raimundo. Frei Marcos conduziu a celebração de forma leve, com devoção e segurança.

Como é de costume na Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, o novo presbítero não faz a homilia, e sim, convida um confrade que marcou a sua trajetória e história de vida para proferir a mesma. Frei Marcos convidou seu conterrâneo Frei Paulo, que atualmente é guardião e reside no Convento da Penha, no Espírito Santo (ES).

VENHAM COMIGO QUE FAREI DE VOCÊS PESCADORES DE HOMENS

primeira_missa_290418_6 “Ainda temos presente na memória as fraternas palavras do Arcebispo. Palavras que indicavam a grandeza e a beleza do ministério dos presbíteros. Sendo um bom franciscano, Frei Marcos será um bom padre; sendo um bom padre, será um bom franciscano”, lembrou Frei Paulo no início de sua homilia. “No início dessa semana foi publicada uma linda entrevista sua na página dos Franciscanos na internet. Ali você, com muita clareza, apresenta as motivações da vocação do ministro ordenado. Sua fala recorda os ensinamentos de São João Crisóstomo, Santo Agostinho e São Francisco que apontam para a dignidade sem par da Eucaristia. Ao mencionar São Francisco e sua admiração pelo serviço prestado pelo sacerdote, que traz a todos a dádiva maior, você recorda que a Eucaristia mescla grandiosidade e simplicidade: Deus se dá em comida e bebida para nos salvar. E citando Santo Agostinho, você nos lembra que os sacerdotes são  Ministros de Cristo, servidores de Cristo. Assim, o ministério sacerdotal, é serviço. Ser padre é colocar-se à disposição, é não reter nada de nós para nós mesmos, a fim de que totalmente nos possua aquele que totalmente se nos dá”, retomou Frei Paulo.

Segundo Frei Paulo, certa ocasião, ele ouviu de um professor de liturgia que homilia significa “conversa familiar”, por isso propôs agora uma conversa com jeito de encontro de família, encontro de irmãos. “Encontro de família em festa. Festa da sua família: saudação à dona Sandra, seu Maurício e seu irmão. Festa da sua família construída na fé: saudação ao Padre Antônio Eduardo e ao povo desta Paróquia que acolheu os missionários franciscanos com afeto sem igual nestes dias que antecederam a ordenação. Família paroquial que se orgulha por ter gerado vocações a serviço do Reino e, hoje se orgulha mais ainda por ter acolhido, pela primeira vez em 118 anos, uma celebração de ordenação. Festa da sua família, da nossa família por vocação, a família franciscana: saudação a Frei Neuri, guardião da fraternidade de Pato Branco, chão da sua missão e serviço. Festa de todos nós que somos, pelo batismo, irmãos e irmãs, povo de Deus a caminho do Reino definitivo. Festa de todos nós que cremos que a vida se enche de sentido quando buscamos ouvir o que Deus tem a nos dizer e quando nos dispomos a servir aos mais necessitados”, acrescentou.

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“Prometi a mim mesmo que não mencionaria nossa afinidade no que diz respeito à escolha pelo Botafogo; acho que não combina com uma ocasião tão solene mencionar que torcer pelo Botafogo é fazer como fizeram os reis magos quando desejaram conhecer Jesus. Eles perguntaram com ansiedade: Como vamos achar o Salvador nascido em Belém: sigam a Estrela… Pronto. Mas hoje não é dia desses assuntos”, brincou o Definidor.

E continuou: “O lema da ordenação é aquela frase que, como farol, oferecerá luz ao seu caminhar; uma inspiração que, como fonte, alimentará constantemente seu desejo e sua determinação: ‘Venham comigo que farei de vocês pescadores de homens’. A primeira vez que vi seu lema, recordei uma dificuldade da infância. Diante da proposta de Jesus, ‘farei de vocês pescadores de homens’, confesso não me era confortável imaginar pessoas presas nas redes ou agarradas em anzóis, sendo colocadas nos barcos ou arrastadas até à praia”.

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Para Frei Paulo, infelizmente, a imagem de gente sendo pescada continua a gerar incômodo, mas hoje se aplica, sobretudo quando vemos o resgate de tantos africanos que, levados pela última gota de esperança, se lançam ao mar em precárias embarcações para fugir da fome e da guerra e alcançar vida digna nos países brancos e ricos. “Alguém já teria dito que, ao invés de terra, nosso planeta deveria chamar-se água. Nossa Casa Comum contém algumas porções de terra cercada de mar por todos os lados. O mar envolve a terra. Quando da criação, o Senhor faz a terra surgir das águas. O mar, portanto, é gerador de vida. Para nós que tivemos o privilégio de nascer aqui nas terras da Inconfidência, terras do ouro e do minério, pra nós que trazemos no íntimo o dom de amar as montanhas, o mar atrai e gera encantamento. Para o povo da Bíblia, o mar podia trazer o alimento e o sustento; em torno dele se organizaram muitas cidades e se estabeleceu o progresso. Além disso, o mar guardava seus segredos que produziam medos e incertezas. O mar retinha o desconhecido o obscuro; suas profundezas podiam guardar destruição e morte”, disse o frade pregador.

IR COM O SENHOR E ESTAR COM ELE

Segundo Frei Paulo, Jesus decide iniciar o anúncio do Reino. Dando continuidade à pregação de João Batista dizia: “O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo; arrependam-se e creiam no evangelho”. Jesus vai à beira da Praia e avista os filhos de Zebedeu, Tiago e João. É o encontro do filho do carpinteiro com os filhos do pescador. Esses conhecedores dos tempos e das marés dos peixes e do mar; o primeiro profundo conhecedor das manhas e manhãs que se repetem e dão sabor ao coração humano.  Os irmãos espertos em pescados, Jesus especialista em humanidade. Então, diz o texto bíblico, deixaram imediatamente as redes e o seguiram. “Chamo a atenção ao advérbio que destaca o modo como o fizeram: imediatamente, sem mediações, sem talvez, sem porquês, sem reservas… Sabe por quê? Porque não há outra atitude possível diante do convite do Mestre. Quando encontramos o tesouro escondido no campo, ou a pérola mais preciosa, quando nos encontramos com a proposta do Reino de Deus, nada mais enche nossos olhos, nada mais atrai nosso desejo, senão a fraternidade e a justiça, a liberdade e a paz, para nós e mesmos e, sobretudo, para os que vivem na ignorância e no medo”, afirmou.

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E continuou afirmando que ao acolher a palavra de Jesus os pescadores de Genesaré manifestam claramente seu entendimento. Mostram-se dispostos a resgatar do mar da ignorância e do medo os homens e mulheres que ainda não conheciam a palavra que liberta. Revelam-se empenhados em oferecer suas vidas e lançar as redes até em águas mais profundas.

“Eles, certamente eram bons pescadores, conheciam os segredos da profissão familiar e podiam estar seguros da tarefa a eles atribuída. Caro Marcos, meu irmão, esteja certo, a convicção que estimulou o sim dos pescadores de Tiberíades não nasceu apenas das suas reconhecidas habilidades pesqueiras. Eles podem deixar barcos, família e trabalho porque nada disso importa porque ao apontar a missão dada o Mestre antes diz: “Venham comigo”. Essa primeira parte do chamado é decisiva. Essa parte é que sustenta o sim dado. Ir com o Senhor. Estar com Ele. As leituras escolhidas para este 5º Domingo da Páscoa, apresentam caminhos seguros para estarmos com o Senhor. Estar  na presença do Senhor e cultivar intimidade com ele. Cultivar intimidade com ele para ter no nosso coração os mesmos sentimentos do Mestre de Nazaré. Ter no nosso coração os mesmos sentimentos e poder agir como ele agiu, escolher estar ao lado daqueles que ele escolheu. Entregar a própria vida, como ele livremente escolheu”, desejou.

É NECESSÁRIO ESCOLHER, ELEGER, FAZER OPÇÃO

Dirigindo-se a Frei Marcos, disse: “Ao ouvir o apelo do Mestre você, como os discípulos à beira do mar, se dispôs a fazer-se pescador de gente. Para ser pescador no mar, devemos entender de mar. Para pescar nos rios e lagos, devemos observar as curvas, profundidades e segredos desses. Para ser pescador de gente, será necessário conhecer a humanidade na sua profundeza. Para conhecer é preciso estar junto. Aqui se repete o ditado que atesta: para conhecer alguém devemos comer um saco de sal com esta pessoa. O conhecimento leva tempo; exige dedicação e empenho. Para conhecer, como Jesus conhece, para conhecer como irmão que é o projeto de São Francisco, é necessário escolher, eleger, fazer opção”, acrescentou.

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Para Frei Paulo Roberto, a simplicidade, virtude tão cara a São Francisco é caminho de auto conhecimento, é caminho de mútuo conhecimento, é caminho de conhecimento do Reino de Deus. “A confiança, em Deus por primeiro, em seus próprios sonhos e, especialmente, a confiança fraterna nos conduz com segurança ao conhecimento do Reino de Deus. A gratidão, tão bem expressa por suas palavras na celebração de ontem, deve sempre reger os passos dos que buscam conhecer o Senhor e seu santo modo de operar. A gratidão só é possível nos corações livres. O soberbo basta-se a si mesmo, por isso não consegue ser grato. A gratidão nos aproxima dos irmãos, das irmãs, de todas as criaturas; a gratidão nos aproxima de Deus”, ressaltou.

“Caro irmão, Frei Marcos, cultive e ajude-nos a cultivar a simplicidade, a confiança e a gratidão, todos os dias, desde a hora que acordar até a hora quando se recolher ao descanso. Continue a ser sinal da alegria franciscana e da amizade, virtudes que trouxeram em caravana as pessoas que viajaram quase um dia inteiro de Pato Branco até aqui. Virtudes que deverão ser a marca da sua viagem de serviço e de missão que começa hoje, aqui e terá seu termo no céu”, pediu o pregador.

AGRADECIMENTOS

Após o rito da Comunhão, o Pároco dirigiu a comunidade local palavras de agradecimento pelo engajamento e realização da ordenação de Frei Marcos. Frei Neuri também agradeceu a todos e em especial ao neopresbítero por fazer a diferença na fraternidade onde residem juntos com mais quatro frades. “Em nome do Conselho paroquial da Paróquia São Pedro Apóstolo, queremos entregar uma singela lembrança, tendo em vista que seu aniversário é amanhã (30/04)”.

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Frei Leandro Costa Santos seu confrade de turma desde o ano de 2005, também proferiu palavras de incentivo e de gratidão ao novo padre. “Hoje nos alegramos com Marcos Vinicius, por esse seu sim que é uma graça e compromisso. De nossa parte receba a nossa amizade e saiba que esse seu sim é também nosso pela amizade e pela fraternidade”, completou.

Entrevista

Frei Marcos Vinicius Motta Brugger

 

O mineiro Frei Marcos Vinicius Motta Brugger será ordenado presbítero por Dom Gil Antônio Moreira, Arcebispo de Juiz de Fora, no dia 28 de abril, às 9 horas, na Paróquia Nossa Senhora das Dores, no bairro Grama de Juiz de Fora (MG). A sua Primeira Missa será celebrada na mesma Paróquia no dia seguinte, tendo como pregador Frei Paulo Roberto Pereira.

Frei Marcos nasceu no dia 30 de abril de 1990, em Juiz de Fora (MG). É filho de Sandra Regina e José Brugger e irmão de Cristiano, Cláudio e José Maurício. Ingressou no Seminário Santo Antônio de Agudos em 2005, onde cursou o Ensino Médio e vestiu o hábito no dia 11 de janeiro de 2009, em Rodeio (SC). Concluiu os cursos de Filosofia em 2012 e de Teologia em 2016. Professou solenemente na Ordem dos Frades Menores no dia 6 de dezembro de 2014. Morando em Pato Branco, a partir de 2017, foi ordenado diácono no dia 22 de outubro de 2017. Acompanhe!

Site Franciscanos – Por que escolheu ser frade franciscano?

Frei Marcos – É certo que nossa Profissão da Regra e da Vida dos Frades Menores é fruto da liberdade de cada religioso, porém acredito que desde o início, tanto o chamado ao seguimento do Cristo quanto o caminho a ser realizado, foram obras da providência divina. Isto porque meu impulso vocacional começou dentro de uma perspectiva “clerical”, e apenas aos poucos o Senhor foi me revelando o que eu devia fazer.
E foi desde “pequenininho em Barbacena”, ou melhor, em Juiz de Fora, que me propus a engajar na formação sacerdotal, ou como se diz, queria ser padre. Todavia, foi apenas por intermédio de Dona Aparecida, mãe de Frei Paulo Pereira, que com 11 anos de idade conheci o carisma franciscano. Porém, a Vovó, como gostava de ser chamada, era professora de Ensino Religioso no colégio em que eu estudava e, ao terminar o ano letivo ficamos sem um contato direto até meus 13 anos. Mas isso não a impediu de guardar no coração os anseios de um ‘meninote’ do fundamental. E assim, no ano de 2004, recebi um telefonema inesperado que mudaria minha vida. Dona Aparecida me propôs começar o acompanhamento vocacional franciscano, com o intuito de entrar no Seminário de Agudos. Dito e feito, e hoje estou aqui. Como podem ver, não foi uma revelação extraordinária, apenas uma resposta firme ao chamado.
Contudo, ainda fica a questão: por que ser frade franciscano? Ora, com certeza ser franciscano não foi o resultado de uma admiração prévia por algum frade, ação social ou mesmo livro espiritual. Considero que ser frade franciscano foi uma escolha gradual dentro de nossa formação inicial. Foram os anos de trabalho, estudo, evangelização e oração numa vida de minoridade e fraternidade que me levaram a dizer, como Francisco, ‘é isto que eu quero de todo o meu coração’. Portanto, acredito que ser frade foi um movimento dialético entre o chamado de Cristo, por meio de seus agentes, e minha resposta consciente na busca de uma fé verdadeira, uma esperança firme e uma caridade perfeita.

Site Franciscanos – Qual o significado do ministério sacerdotal para você?

Frei Marcos – Quão grandiosa dignidade e admirável grandeza, dizia Francisco de Assis, quando sobre o altar o Cristo, Filho do Deus Vivo, se faz presente nas mãos do sacerdote na modesta aparência do pão. Acredito que Francisco, assim como São João Crisóstomo, deixam transparecer no ministério sacerdotal à luz da dignidade eucarística, que mescla grandiosidade e simplicidade em Deus que se dá em comida e bebida para nos salvar. Assim, parece natural chegar à conclusão de Crisóstomo. Ora se digno é esse momento, digno deve ser também aquele que foi preparado para esse serviço. E por isso, aprendemos com nossos pais e com Francisco de Assis, a honrar e respeitar o ministério sacerdotal. Santo Agostinho disse uma vez: “Nós, sacerdotes, que somos? Ministros (de Cristo), seus servidores; porque tudo o que distribuímos a vós não é coisa nossa, mas o colocamos para fora de sua dispensa. E também nós vivemos disso, porque somos servos como vós” (Sermão 229/ E, 4).

Portanto, o ministério sacerdotal, redundantemente, é serviço. É se colocar à disposição, é não reter nada de nós para nós mesmos, a fim de que totalmente nos possua aquele que totalmente se nos dá. Ser sacerdote, para mim, é identificar-se com o Cristo eucarístico, doar-se constantemente ao projeto do Pai, cumprindo a missão de fiel dispensador dos vossos mistérios, de modo que o povo renasça pela água da regeneração, ganhe novas forças do vosso altar, os pecadores sejam reconciliados e os enfermos se reanimem.

Papa Bento XVI disse em uma de suas homilias que a ordenação sacerdotal significa ser imerso na Verdade. Na Verdade, que é a pessoa de Cristo, que nasce também da atualidade e da compreensão do anúncio. Por isso, somente na consciência da Verdade feita Pessoa na Encarnação do Filho que se justifica o convite missionário “Vinde comigo, e eu farei de vós pescadores de homens”. Servir a messe do Senhor e anunciar o seu Evangelho, transformando corações pela doação total de si, este é o lema escolhido para minha ordenação.

Site Franciscanos – O que você diria a um jovem que quer ingressar na vida franciscana?

Frei Marcos – Nós, irmãos da Ordem dos Frades Menores, somos consagrados a Deus por meio dos conselhos evangélicos (obediência, nada de próprio e castidade), vivendo a radicalidade do Santo Evangelho na Igreja, assim como nos inspirou São Francisco de Assis. Somos uma fraternidade que segue Jesus, iluminada pelo Espírito Santo, nutrindo um espírito de oração, devoção e comunhão fraterna. Somos chamados a ser testemunhas de penitência, minoridade e caridade para com todos os homens, e a anunciar o Evangelho por meio de nossa vida, convidando todos à reconciliação e à paz. Vinde e Vede!

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