Vocacional - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Ordenação Presbiteral de Frei Marcos Prado dos Santos

Ordenação

Frei Marcos é ordenado presbítero

 

Frei André Luiz Henriques (texto) e Frei Augusto Luiz Gabriel (fotos)

São Lourenço (MG) – É chegado o grande dia! Às 16 horas, passando pela praça da matriz, a solene procissão de entrada começa a adentrar a igreja, conduzindo radiante o ordenando Frei Marcos Prado dos Santos  ao lado de sua mãe. O coral solta a voz e parece rivalizar com os anjos, como que querendo fazer o céu descer à terra.

Após a proclamação do Evangelho, a convite do diácono, Frei Marcos se apresenta para o Rito de eleição e é confirmado pelo testemunho do ministro provincial e pela acolhida do bispo em nome da Igreja.

Dom Diamantino Prata de Carvalho, OFM, bispo de Campanha (MG) e confrade de nossa Província, conduziu a homilia a partir das leituras escolhidas para a ordenação. Na primeira leitura (cf. Is 61,1-3a), ressaltou o início do ministério público de Jesus, que, segundo Lucas (cf. Lc 4,16-21), declarou ter se cumprido n’Ele esta passagem profética. Assim como o Senhor Jesus, o presbítero é ungido pelo Espírito para anunciar a “boa-nova aos humildes”, para “curar as feridas da alma”. Ninguém é sacerdote para si mesmo! Contudo, este é um caminho de verdadeira realização pessoal, pois somos ungidos com o “óleo da alegria”; e somente quem descobre esta alegria do Evangelho em si mesmo pode transmiti-la aos outros.

A segunda leitura (cf. 2Tm 1,1-8), por sua vez, trouxe muitas recordações ao bispo; dos tempos em que era coordenador dos coroinhas em São Lourenço, há uns 20 anos. A fé sincera da avó e da mãe de Timóteo podia ser atestada também em relação à avó e à mãe de Frei Marcos. Incansáveis, não mediram esforços para criar e educar aquele que antes acolhera como coroinha e que agora ordenava como presbítero. E dirigindo-se ao ordenando, enfatizou a necessidade de ter sempre diante dos olhos a exortação do Apóstolo de “reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos”.

Todavia, é do Evangelho (cf. Lc 10,1-9) que Frei Marcos extraiu o tema de sua ordenação: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita” (Lc 10,2). O bispo convidou todos a se unirem a Cristo que se faz nosso intercessor, que reza por Pedro, que súplica ao Pai pelos seus discípulos presentes e futuros. É preciso rezar pelas vocações, mas, igualmente necessário, assumir a cada dia a própria vocação. São Gregório Magno (cf. Ofício das leituras da festa de São Lucas) nos exorta:

“Eis que o mundo está cheio de sacerdotes, todavia, raramente se vê um operário na messe de Deus; porque aceitamos, sim, o ofício sacerdotal, mas não cumprimos o dever do ofício”.

O bispo convidou, então, o eleito a declarar perante a Igreja seu propósito de desempenhar sempre a missão de sacerdote, pelo ministério da Palavra, pela celebração da Eucaristia e da Reconciliação, pela fidelidade assídua ao dever da oração e pela entrega pessoal a exemplo do Cristo Senhor.

Todos se ajoelham e se prostra o ordenando, enquanto o coro entoa solenemente a prece litânica. Com o auxílio de todos os santos, a Igreja implora ao Senhor a graça para aquele que será ordenado. Frei Marcos se coloca de joelhos e, em silêncio, bispo e presbíteros impõem as mãos sobre ele, seguindo a prece de ordenação cantada pelo bispo.

De pé, o ordenado é revestido com a estola presbiteral e a casula por Frei Daniel (confrade de Fraternidade) e por Frei Rodrigo (confrade de turma) e ungido pelo bispo. Suas mãos ungidas, amarradas com uma fita, são desatadas pela mãe, Ruth, que recebe ao lado da filha, Laila, a primeira bênção sacerdotal de Frei Marcos. Dom Diamantino se ajoelha para receber também a bênção do neo-sacerdote e, a seguir, lhe entrega a oferenda do pão e do vinho exortando-o a conformar-se ao mistério da cruz do Senhor, pondo em prática o que vai celebrar.

Recebido o abraço de todos os presbíteros e confrades presentes, Frei Marcos subiu ao presbitério para concelebrar pela primeira vez a liturgia eucarística. Ao término da qual, fizeram seus agradecimentos o ministro provincial, a ministra da OFS e o ordenado. Haja palavras para expressar tudo que vai no peito! O abraço apertado de cada fiel, de perto e de longe, de São Lourenço, Imbariê, Petrópolis e Santo Amaro da Imperatriz, talvez seja o sinal mais eloquente da alegria compartilhada por todos; alegria que se manifesta também na confraternização que se seguiu à ordenação. Deus confirme sempre em sua graça aquele que hoje consagrou para Seu serviço!

Primeira MIssa

Frei Marcos Prado celebra Primícias em São Lourenço

 

 

Frei André Luiz Henriques (texto) e Frei Augusto Luiz Gabriel (fotos)

São Lourenço (MG) – Domingo é o Dia do Senhor, o dia dos dias; e a Oração Eucarística, a mãe de todas as orações. Contudo, este Domingo e esta Eucaristia são particularmente únicos, e ficarão marcados na memória do neo-sacerdote Frei Marcos Prado dos Santos de modo indelével.

Após a procissão de entrada, o pároco de Santo Amaro da Imperatriz, Frei Daniel Dellandrea, juntamente com seus paroquianos, trouxeram até o altar as vestes sacerdotais, e renovaram o gesto da vestição, manifestando a acolhida da paróquia onde Frei Marcos atuara como diácono e para onde retornará como presbítero e vigário paroquial.

Como tradição da Província, Frei Evaristo Spengler foi escolhido pelo neo-sacerdote para fazer a homilia em sua primeira missa, e a iniciou saudando a terra e a família de Frei Marcos: “Esta terra (São Lourenço)  tem sido pródiga em dar à Igreja e à nossa Ordem franciscana muitas vocações. Oxalá Deus continue a suscitar aqui muitas vocações, recompense e abençoe todas as famílias pela sua generosidade, especialmente Dona Ruth e sua família pela entrega de Frei Marcos sem reserva à Igreja. Que belo ato de generosidade. Por trás de uma vocação sempre tem uma família… família que reza e que apoia”. O pregador escolheu três aspectos centrais deste dia: o lema da ordenação, o dia das missões e o sacerdote.

A messe é grande: Jesus falava de um pastor que tem cem ovelhas, deixa noventa e nove e vai à procura de uma. Contudo, hoje é necessário deixar uma e ir em busca das noventa e nove que estão dispersas. O grande desafio é a transmissão da fé. Outrora, esta era testemunhada pela família aos filhos, reforçada pela escola nas aulas de religião e aprofundada pela Igreja na catequese. Mas, hoje, quem diz o que está certo ou errado? Torna-se infrutífero falar em fidelidade matrimonial quando, nas novelas, quanto mais traições melhor, mais ibope…

Missão: Neste contexto, toda a Igreja é chamada a ser missionária e todo lugar é terra de missão. Embora subsista a necessidade de projetos missionários específicos, como a missão de Angola, realizada pela nossa Província. Os dez anos em que lá trabalhou marcaram profundamente o sacerdócio de Frei Evaristo, e ele citou três exemplos particularmente expressivos:

• Indo para Sautar, onde os missionários não tinham mais acesso há 20 anos por causa da guerra, os frades encontraram no caminho uma senhora idosa que lhes disse: Eu sempre comungava. Não queria morrer sem voltar a confessar e comungar.

• No município de Luquembo, onde há 15 anos não passavam missionários, um casal saiu pelo caminho, estando a mulher grávida de 9 meses. Era sexta-feira. A criança nasceu na estrada, ao fim da tarde. No sábado, o marido carregou a esposa nas costas e a criança nos braços e caminhou o dia inteiro debaixo do sol. No Domingo, retomou a estrada e, novamente, na segunda-feira, até às 15h; quando chegou com um sorriso largo, dizendo: Viemos nos casar e batizar nossos filhos.

• Em Cambundi Catembo, onde havia uma base militar, após anos de muita guerra e matança, vieram os soldados se confessar… Os inimigos se reconciliaram e suplicavam o perdão sacramental. Naquele dia, ele rezou: Senhor, hoje eu vi o teu Reino entre nós!

Sacerdote: Papa Francisco nos ajuda a entender o papel do sacerdote hoje. A unção com o óleo perfumado, recebida no dia da ordenação, não pertence ao padre, e este não pode guardá-la num cofre, mas deve levá-la às ruas e periferias, para perfumar os pobres, doentes, presos, tristes e abandonados. O pastor deve ter o cheiro das ovelhas e o sacerdote, ser portador da alegria do Evangelho e ministro da misericórdia divina. Ser misericordioso é, antes de tudo, curar as feridas.

Como o lema de ordenação ressaltava a necessidade de pedirmos operários ao dono da colheita, Frei Evaristo terminou sua homilia convidando todo o povo a estender as mãos ao altar e suplicar ao Senhor o dom da vocação e da fidelidade.

Ao final da missa, vieram as homenagens dos paroquianos de Santo Amaro, que ofereceram rosas ao neo-sacerdote; dos fiéis de Imbariê, paróquia de Frei Evaristo; dos irmãos da OFS de São Lourenço e da comunidade Santa Mônica, onde a família de Frei Marcos reside. Concluída a missão, os missionários partiram para suas terras levando consigo a emoção destes dias e a saudade do que aqui vivenciaram.

Entrevista

Frei Marcos Prado dos Santos

 

Moacir Beggo

No dia 18 de outubro, às 16 horas, Frei Marcos Prado dos Santos será ordenado presbítero pelo bispo Dom Diamantino Prata de Carvalho, OFM, da Diocese de Campanha (MG). No domingo, 19 de outubro, ele vai celebrar a Primeira Missa às 10 horas. Tanto a ordenação como as primícias serão na Paróquia São Lourenço, no centro de São Lourenço (MG). Nesta entrevista, esse mineiro de Carmo de Minas fala um pouco do ministério que vai assumir, dos desafios, e da orientação do Papa Francisco para que ele tenha o “cheiro das ovelhas”. Conheça um pouco mais o futuro presbítero da Província, que escolheu como lema para a sua ordenação: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita” (Lc 10,2).

Site Franciscanos – O que representa para você chegar à ordenação presbiteral depois de tantos anos de estudo?

Frei Marcos – Depois de anos de estudo, da prática pastoral constante e de cada dia dedicado ao seguimento de Jesus, sinto-me feliz por continuar a missão do discipulado, sendo fiel, colocando a minha vida a serviço da Província e da Igreja. Este momento especial em minha vida, de minha querida família, que está em São Lourenço, e de meus estimados irmãos na fraternidade, não se resume apenas em mais uma conquista ou uma vitória, mas a maior conquista e vitória é a doação de vida, deixando-me modelar a cada dia pelo Evangelho e seu santo modo de operar. A maior riqueza, a vitória, é colocar-me a serviço pela causa do Reino de Deus. Este tesouro não se corrompe, muito menos é entregue às traças. E, quando olho para vida de São Francisco de Assis, enxergo uma grande virtude franciscana: ser capaz de viver em constante desapego, ser capaz de seguir o exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo, vivendo desta felicidade constante do desapego; tenho a felicidade de saber que a luta não é para mim mesmo, mas para o povo de Deus. Por isso, tenho consciência de que não tenho que estar em primeiro lugar, mas, pelo contrário, talvez o lugar que me é concedido seja o último. Porque, na luta para ser servo, o mais importante é servir. E sei que neste mundo poucos são os operários e poucos ainda querem lutar para serem servos! Para mim o ser servo significa: “não levar consigo coisa alguma para o caminho, nem bordão, nem mochila, nem pão, nem dinheiro, nem ter duas túnicas” (Lc 9,3). Minha felicidade não se resume em ser servo de quem eu sou, mas de quem me escolheu, por isso, para alcançar esta plenitude do múnus apostólico, sei que quem me escolheu, me dará tudo e, ao mesmo tempo, não deverei ter nada, senão somente o desejo e a vontade de fazer a Sua vontade, ou seja, pregar com fervor o Evangelho. E, desta maneira, com o nada ser feliz em tudo. Por isso, minha felicidade e alegria em servir se reflete na segurança de quem descobriu o maior de todos os tesouros: estar sempre a serviço de Jesus e do povo de Deus.

Site Franciscanos – O que você acha da frase do Papa de que o presbítero tem que ter o “cheiro das ovelhas”?

Frei Marcos – Ser presbítero é ter sempre intimidade com Jesus, tendo uma vida profunda de oração, fé e devoção, mas o ser presbítero também é se ocupar a cada dia com as páginas da história de vida de cada um que faz parte da comunidade de fé, ou seja, o povo de Deus. O ouvir constantemente a Deus traduz-se no ouvir também o constante apelo do povo de Deus, porque os efeitos da amizade, da intimidade com Deus, estarão profundamente mergulhados na relação de auxílio, atendimento da comunidade, e na vida de cada fiel, que necessita encontrar a Jesus. Basta olhar ao redor da paróquia de Santo Amaro, e a partir desta realidade visualizar as muitas necessidades do povo de Deus. Quando se assume a missão de Jesus, se assume também a missão da comunidade de fé, e neste sentido é essencial para o pastor ter o “cheiro das suas ovelhas”; portanto, acredito que a vida de um presbítero somente tem sentido se é vivida junto da comunidade de fé, encontrando na comunidade o sentido maior de se viver: sendo sentinela, servindo sempre, pois um sacerdote missionário que ama a Jesus deve assumir a cada dia o serviço e missão da Igreja, uma Igreja que é comunidade e conversão. Eu tenho certeza que a cada dia devemos exercer o serviço ao povo de Deus, descobrindo e redescobrindo o chamado de nossa vocação, onde quer que Deus nos conduza, “pregar a palavra, insistir oportuna e inoportunamente, repreender, exortar com toda a paciência e empenho de instruir” (2 Tm 4,2) e com amor. O Papa Francisco com a expresão “cheiro das ovelhas” quer que o Presbítero sempre seja amigo de Deus e de seu povo, cuidando de cada coração, aproximando-se e aproximando cada um da morada paterna.

Site Franciscanos – Quais os desafios que um jovem presbítero tem neste momento da Igreja?

Frei Marcos – Um jovem presbítero deve sempre se manter fiel ao povo de Deus. E, a partir desta fidelidade, mergulhar de coração na evangelização, levando a Palavra de Deus a todas as pessoas. Hoje, principalmente no contexto da evangelização atual, deve-se atender aos sinais dos tempos. Eis um grande desafio, atender aos sinais dos tempos na fraternidade, na comunidade, na dimensão eclesial. Como dizia Santa Clara: “Não perca de vista o ponto de partida”, não se pode permitir perder de vista o ponto de partida, o primeiro amor, o desejo e a vontade de fazer a vontade daquele que envia. O presbítero de hoje é aquele que, na Igreja, povo de Deus, coloca-se como servidor, em uma vocação permanente e decidida, com discrição, para atender aos pobres e ricos, em sentido material e principalmente espiritual. Alimentar, com a Palavra de Deus, o povo, que está sedento. E para um jovem presbítero, posicionar-se diante de uma sociedade em constante mudança, é um grande desafio, uma sociedade centralizada no econômico, onde muitas vezes a religiosidade está se deslocando para o anonimato, e a maioria das pessoas não veem mais sentido na esfera religiosa, ou seja, não se cultiva mais a fé, a devoção, a caridade, enfim, o amor ao próximo parece tender a um enfraquecimento. O Deus que é amor deixa de ser o essencial da vida das pessoas. É nesta dimensão de vida que se deve manter fiel, para ajudar no anúncio do Evangelho, para resgatar o coração das pessoas perdidas, e, a partir da experiência pessoal, ser um exemplo de fé e devoção como São Francisco de Assis. Tenho certeza de que ser presbítero na sociedade de hoje é dar prioridade à comunidade formada pelo Povo de Deus, levando a mensagem do Evangelho a todas as pessoas, fazendo nascer o fruto em terra seca, e desta forma demonstrar que somente se encontra segurança nas mãos de Deus. Jesus, para mim, sempre foi um porto seguro, e na hora em que eu mais precisei, Ele estava presente em minha vida. Quero levar este Jesus, presente na Eucaristia, a todas as pessoas necessitadas. A Eucaristia hoje deve ser um sinal da presença de Deus entre nós, não de maneira superficial, mas em profundidade, dando-nos uma identidade pessoal de abertura e diálogo constante com Deus. Ser um jovem presbítero hoje é levar o Cristo eucarístico para dentro do coração de cada fiel! Assim como Ele habita em nosso coração.

Site Franciscanos – Como se deu o seu discernimento vocacional?

Frei Marcos – Eu era bem jovem quando comecei a participar dos encontros vocacionais com Frei Diamantino, hoje bispo da Diocese de Campanha, no Sul de Minas. Naquela época, buscando o discernimento vocacional, também estava em contato com os Redentoristas, já que, com apenas nove anos, tive contato com eles quando fui com minha avó Maria Aparecida ao Seminário Santo Afonso, na cidade de Aparecida, no Vale do Paraíba (SP). Fui, durante um longo tempo, assistido pelos Redentoristas, sem deixar de fazer todos os encontros vocacionais na Paróquia de São Lourenço Mártir, que era franciscana. Sempre ouvia falar de São Francisco de Assis e o admirava por seu exemplo de vida. Aos poucos, fui nutrindo certa paixão pela vida franciscana. Mesmo assim decidi entrar na Congregação do Santíssimo Redentor e morei no Seminário Santo Afonso, em Aparecida. Mas não fiquei muito tempo. Saí em 1999 e, nos anos seguintes, continuei a fazer os encontros vocacionais com Frei Perceval Canuto. Amadureci minha vocação franciscana e me decidi pelo carisma franciscano, bem diferente do carisma de Santo Afonso, principalmente em relação ao modo de vida, à vivência dos votos na vida religiosa. Para exercer tudo isso com gratidão de coração, decidi seguir os passos de Jesus Cristo, a exemplo de São Francisco de Assis.

Site Franciscanos – Como São Francisco entrou em sua vida?

Frei Marcos – A minha catequese toda foi assistida por Frei Aymoré Dalmédico, que morava e trabalhava na Paróquia de São Lourenço. Portanto, sempre estive perto dos frades, sempre vivenciei a vida e os valores da fraternidade que conhecia. Mesmo durante a catequese, depois na época dos encontros vocacionais, com Frei Diamantino e, mais tarde, com Frei Perceval, aprofundei-me nos escritos e na vida de São Francisco, grande santo e patrono de todas as criaturas. Antes, ainda, conheci um São Francisco na escola que amava a natureza e cuidava de todos os animais. E quando era coroinha, na Paróquia de São Lourenço, sempre admirei a maneira como os frades celebravam e falavam dos valores da vida. Suas pregações e homilias eram cativantes. Era uma extensão da vida de São Francisco de Assis na sua simplicidade e amor a todas as coisas criadas por Deus.

Site Franciscanos – Fale um pouco de sua família e de sua cidade, Carmo de Minas.

Frei Marcos – Em linhas gerais, quando era pequeno, minha família morava em Carmo de Minas. Meus pais, avós e todos os parentes ainda estavam no campo, mas foram seduzidos por uma vida longe daquele lugar, talvez uma vida melhor. Eu tinha pouca idade quando minha família iniciara um êxodo de Carmo de Minas. Alguns decidiram ir para o Rio de Janeiro, e até hoje moram por lá, outros foram para São Paulo e alguns residem no Triângulo Mineiro. Mas, escapei de morar no Rio de Janeiro, pois minha mãe achou que era muito longe. Fomos para a cidade mais próxima, São Lourenço. Meus pais se separaram. Meu pai continuou em Carmo de Minas e depois foi para Belo Horizonte, e minha mãe com meus avós, uma tia e meu irmão, ficamos em São Lourenço. Desde pequeno, cresci em São Lourenço, onde minha família se dedicou ao trabalho no Hotel Beira Parque.

Site Franciscanos – Deixe uma mensagem aos sobre esta missão que está assumindo.

Frei Marcos – Santo Agostinho dizia: “Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! Eis que habitáveis dentro de mim, e eu, lá fora, a procurar-Vos!”. Vejo que os jovens de hoje andam meio preocupados com a beleza, ou seja, um padrão de beleza, onde as pessoas querem, dentro de um contexto, serem lindas, perfeitas, evidenciando apenas a exterioridade da existência. Mas, às vezes, se esquecem da maior perfeição que um dia conheceram: o Deus que habita com seu Espírito Santo o coração de cada pessoa. Deus proporciona uma felicidade que não passa, que não é uma vitrine, que não muda de acordo com a moda. Ao encontrar a Deus, muitos jovens deveriam se preocupar menos com a beleza e tentar buscar primeiramente a alegria e o prazer em viver as coisas únicas e simples do dia a dia. Como a mulher samaritana, cada um de nós tem a oportunidade de viver no dia a dia o verdadeiro Amor, não aquele que oprime e que deixa estagnado no lugar, mas aquele Amor que dá asas. Este é o amor que nos ensina a agarrar-nos às coisas de Deus; as coisas de Deus não são passageiras. O Papa Francisco nos diz que “a grande esperança que a fé nos dá é saber que mesmo em meio às dificuldades Deus atua e nos surpreende”. Portanto, jovem, não tenha medo, caminhe sempre com o coração voltado para Deus!