Vocacional - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Ordenação presbiteral de Frei Jeferson Broca

Ordenação

Dois pedidos que fazem história

 

 

Frei Leonardo A. Santos

Guaratinguetá (SP) – No último sábado, 3 de março, a matriz de nossa Senhora da Glória, no Pedregulho, Guaratinguetá, recebeu gente de vários lugares  para celebrar a eucaristia e participar da Ordenação presbiteral de Frei Jeferson, o Quinho, como a família sempre o chamou. As famílias Palandi e Broca tinham o coração apertado entre a alegria de ver mais um padre na família e a que com certeza virá quando o menino que cresceu por ali partir para atravessar o Atlântico, rumo às terras de Angola.

O bispo ordenante foi Dom Raimundo Damasceno. Logo no início do rito de ordenação, o Ministro Provincial Frei Fidêncio Vanboemmel, frisou que no último ano houve dois pedidos de Frei Jeferson. O primeiro estava se cumprindo naquela noite: a ordenação presbiteral. O outro será cumprido em breve quando o novo presbítero deixar esta nossa terra para além-mar.

Na homilia, Dom Raimundo realçou sua alegria em estar ali. Lembrou que a Sagrada Ordenação é o único sacramento cuja administração é exclusividade do bispo. Suas palavras foram esclarecedoras ao povo e animadoras ao novo presbítero: “Quanto a ti, Frei Jeferson, transmite a todos a Palavra de Deus… Procura crer no que leres, ensinar o que creres, praticar o que ensinares! Toma consciência do que fazes e põe em prática o que celebras! Tem sempre diante dos olhos o exemplo do bom pastor que não veio para ser servido, mas para servir, e para buscar e salvar o que estava perdido.”

Ao final da celebração, diante de pessoas de tantos lugares que, de alguma maneira, ajudaram a construir sua vocação, Frei Jeferson agradeceu. Segundo ele, a vida de cada pessoa é um livro no qual escrevem aqueles com quem se convive. Todos escreveram no livro de sua vida, a cada encontro, uma linha de sua vocação ganhava pontuação e sentido. Ele também agradeceu pela confiança de deixarem seus livros abertos para que ele pudesse escrever.

Primeira Missa

“Escutai-o!”: sob a voz do Pai, Frei Jeferson inicia seu ministério presbiteral

 

 

Por Frei Alberto Eckel Junior

Guaratinguetá (SP) – O dia 04 de março, domingo, amanheceu com um sol radiante, talvez prenunciando os sentimentos que tomaram conta daqueles que participaram da missa presidida pela primeira vez por Frei Jeferson. De fato, ao chegar à capela da Comunidade Sagrada Família, notava-se a alegria e a vibração dos fiéis que lá estavam. A missa iniciou às 10h e transcorreu num clima de bastante tranquilidade.

Como de praxe, foi escolhido um pregador para a ocasião. Frei Gilberto da Silva, confrade de turma de Frei Jeferson, foi quem proferiu a homilia. No início, Frei Gilberto disse que é costume o neopresbítero escolher um presbítero mais experiente para pregar, mas que, no caso, ele não era presbítero nem mais experiente. Além disso, ele não ficou lembrando as obrigações de presbítero a Frei Jeferson, uma vez que ele se preparou para isso por mais de 10 anos.

Partindo das leituras do domingo, Frei Gilberto lembrou que a missão primordial do presbítero é ajudar a comunidade eclesial a ouvir o Filho amado, Jesus Cristo, e com Cristo transfigurar-se. Isso, no entanto, não com grandes pretensões, mas com pequenos gestos cotidianos, como um abraço, um colo que acolhe, um silêncio que respeita ou um olhar que conforta, conforme um poema de Cora Coralina que encerrou sua reflexão. Ainda, lembrando as duas figuras “sacerdotais” que emergiram no Vale do Paraíba, Nossa Senhora Aparecida e Frei Galvão, Frei Gilberto presenteou Frei Jeferson com uma pequena imagem da Senhora Aparecida, ou a Mama Muxima (expressão que significa a Mãe do coração e que designa Maria em Angola), confiando o ministério e a missão de Frei Jeferson ao amparo dela.

O final da celebração foi marcado por homenagens e, de certa forma, despedidas, visto que Frei Jeferson irá a Angola como missionário. Familiares, amigos e membros da comunidade local e de Imbariê – Duque de Caxias, onde ele morou nos últimos 2 anos, ofereceram rosas, mensagens e presentes. Neste momento, também, o neopresbítero lembrou o exemplo de sua avó que, apesar do sofrimento de estar debilitada em uma cama por vários anos, mantinha-se firme da fé, com o terço na mão e confiante em Deus.

Por fim, a Ceia do Senhor se “estendeu” num almoço organizado pela comunidade paroquial no salão da Paróquia Nossa Senhora da Glória e oferecido aos confrades, familiares e amigos de Frei Jeferson vindos de Imbariê e Nilópolis.

 

Entrevista

“A Vida Franciscana é uma reposta aos desafios atuais”

 

 

A terra do franciscano e primeiro santo brasileiro, Guaratinguetá (SP), terá mais um sacerdote franciscano. Frei Jeferson Palandi Broca será ordenado presbítero no dia 3 de março pelo Arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Cardeal Damasceno Assis, na Igreja Nossa Senhora da Glória, às 19 horas. No dia 4, ele celebrará a Primeira Missa, às 10 horas, na Capela Sagrada Família, no bairro do Pedregulho. Natural de Guaratinguetá (SP), Frei Jeferson Palandi Broca é filho de Marina Palandi e José da Silva Broca (falecido). É o caçula de cinco filhos, e isso por 5 minutos, visto que Frei Jeferson é gêmeo com sua irmã Janaína. Frei Jeferson nasceu no dia 8 de junho de 1976 e foi admitido na Ordem Franciscana em 2003, quando recebeu o hábito no dia 9 de janeiro. Professou solenemente na Ordem no dia 5 de novembro de 2009 e foi ordenado diácono no dia 4 de dezembro de 2010. Após a ordenação, Frei Jeferson viajará para Angola, onde vai ser missionário, residindo na Fraternidade de Malange.

Conheça mais Frei Jeferson nesta entrevista!

Site Franciscanos – Como se deu o seu discernimento vocacional?

Frei Jeferson – Meu discernimento vocacional se deu após três anos frequentando um grupo de oração, depois de um longo período afastado da Igreja. Na medida em que ia buscando um maior conhecimento da vida cristã e da doutrina católica, o meu desejo de me entregar totalmente a Deus foi aumentando. Assim que fui me tornando um fiel mais participante da vida da Igreja, a certeza de querer ser sacerdote foi ficando mais clara, e quando um colega me deu um livro que continha a história de São Francisco, ficou nítido o estilo de vida que queria para a minha vida. Dessa maneira, em 1999 iniciei os encontros vocacionais no Seminário Frei Galvão, em Guaratinguetá, onde pude experimentar a vida franciscana, repetindo essa experiência no ano de 2000. E 2001, para sentir mais profundamente a vida franciscana, ingressei no aspirantado em Ituporanga (SC).

Site Franciscanos  – Por que escolheu a vida religiosa franciscana?

Frei Jeferson – Escolhi a vida franciscana pelo estilo e modo dos frades viverem, principalmente a dimensão da fraternidade. Também porque, ao ler a história de São Francisco, identifiquei-me muito e me senti como ele ao descobrir qual estilo de vida que deveria seguir: “ É isso que eu quero, é isso que eu procuro, é isso que desejo de todo meu coração”.

Site Franciscanos  – Quais os desafios de um jovem sacerdote na sociedade hoje?

Frei Jeferson – Os desafios são muitos, mas creio que um dos maiores desafios seja vivenciar os valores evangélicos, que na atual sociedade não são valorizados, ou até mesmo são banalizados e ridicularizados. Desse modo, a vida cristã e o modo cristão de estar no mundo não são bem vistos e nem aprovados por essa sociedade capitalista. Sendo assim, vivenciar esse modo de vida, ou melhor, mostrar que há outra possibilidade de viver a vida, de estar no mundo, e que é diferente da ditada pela sociedade de consumo, não é fácil, pois estamos indo contra os interesses de um grupo, para qual a vida humana e suas dimensões não têm outros valores.

Site Franciscanos  – São Francisco e Santa Clara têm lugar hoje no mundo globalizado?

Frei Jeferson – Apesar desta sociedade capitalista não valorizar a vida como um dom de Deus, São Francisco e Santa Clara são figuras interessantes nesse mundo globalizado. Eles surgem como modelo de ser humano realmente universal, pois vivenciaram a humanidade na sua totalidade, e isso inclui Deus, a natureza e o próximo. Mas, numa relação de contato, de cara a cara, de responsabilidade. Por isso, eles têm muito espaço e lugar no mundo globalizado de hoje.

Site Franciscanos  – Quais as suas expectativas quanto à missão em Angola.

Frei Jeferson – Nos últimos dois anos pude conviver com dois confrades que moraram recentemente em Angola. Ouvi muitas histórias que aumentaram o meu desejo de ir para a nossa missão. Espero poder contribuir e dar continuidade ao trabalho realizado pelos freis que foram antes de mim. Também espero aprender a louvar e rezar muito com os freis que estão lá e com o povo angolano, e assim, tornar-me um frade melhor, um ser humano melhor. Para tanto, tenho consciência de que o estilo de vida dos angolanos, sua cultura é bem diferente do nosso estilo de vida, da nossa cultura. E essa diferença é uma possibilidade de enriquecimento cultural, de sabedoria, de religiosidade, de crescimento pessoal e humano para mim. Assim será uma experiência riquíssima.

Site Franciscanos  – Que mensagem você deixaria para um jovem sobre a vida franciscana?

Frei Jeferson – A Vida Franciscana é uma experiência fantástica, é um estilo de viver e estar no mundo, um modo de seguir Jesus Cristo. A Vida Francisca é uma reposta aos desafios atuais. Uma  proposta de viver a vida, de ser e estar no mundo, e que não está desatualizada, ultrapassada, visto que ela engloba as múltiplas dimensões do ser humano.