Vocacional - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Ordenação Presbiteral de Frei Gustavo Wayand Medella

Ordenação

“Procure ter sempre os olhos fixos no Senhor Jesus”

 

Por Moacir Beggo

Petrópolis (RJ) – A igreja do Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis (RJ) voltou a ver uma bonita festa franciscana, fruto da presença dos frades em 115 anos nesta cidade. Numa celebração que durou mais de 2h30, Frei Gustavo Medella foi ordenado presbítero pelas mãos de Dom José Juvêncio Balestieri, bispo emérito da Diocese de Rio do Sul (SC), que mais uma fez demonstrou muito carinho pelos frades e especialmente pelo novo presbítero. Ele ordenou também presbítero Frei Renato Pezenti no ano passado.

Em 115 anos, o Convento do Sagrado foi uma importante casa na formação dos sacerdotes. A alegria por ter um frade natural da cidade recebendo o Sacramento da Ordem era visível no rosto do grande número de frades que veio de todos os cantos da Província, entre eles o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel e os Definidores Frei César Küllkamp, Frei Sandro da Costa e Frei Samuel Ferreira de Lima. O guardião e pároco do Sagrado, Frei Adriano Freixo Pinto, fez a acolhida do povo.

Frei Medella esteve acompanhado na procissão de entrada por seus pais Célia Regina e Jorge Luiz Medella. Também estavam presentes os irmãos André e Thais, a avó materna Mary Conceição e todos os familiares.

Para este momento importante na vida do novo presbítero, os seminaristas de Ituporanga, onde Frei Medella é orientador pedagógico, não quiseram ficar fora da festa. Um ônibus trouxe os seminaristas e várias lotações vieram da Baixada Fluminense, onde Frei Medella exerceu sua atividade pastoral enquanto estudante de teologia.

Dom José, muito à vontade entre os frades, aproximou-se de Frei Medella e, sempre se dirigindo-se ao ordenando, tocou em pontos importantes da vida presbiteral, como ao enfatizar a importância da oração: “Rezar é estar com Jesus; rezar é se tornar íntimo de Jesus; é fazer-se amigo de Jesus; é partilhar da vida de Jesus. Você refletiu, você pensou, você tomou consciência das obrigações de um religioso padre. Você é ordenado padre para pregar, para anunciar o evangelho, para apascentar o povo de Deus, para celebrar o culto divino. Ou seja, rezar em nome do povo de Deus e presidir a Eucaristia”, disse.

Segundo o bispo, Frei Medella é aquela pessoa que não precisa apertar a campainha para entrar na residência do Coração Jesus. “Você vai pela cozinha, pela porta dos fundos, porque você é de casa”, acrescentou, citando uma frase que D. Hélder ouviu de seu pai para explicar o sacerdócio. “O padre não tem o direito de se fechar em si mesmo. O padre é alguém que pertence a Deus e à comunidade. Principalmente à comunidade, porque Deus não precisa de nós. O que Deus quer é que o padre se ocupe das pessoas”.

Citando o Documento de Aparecida pediu a Frei Medella que leve o povo a conhecer Jesus, a se encontrar com Jesus e a pregar o Evangelho de Jesus. “Não basta conhecer. Você já se fez íntimo da vida de Jesus. Você partilha da vida de Jesus. Então ajude as pessoas a se encontrarem com Jesus. Essa uma tarefa que você deve levar a tento”.

Dom José lembrou Tertuliano para dizer que o cristão não nasce, ele se faz. “O discípulo missionário de Jesus não nasce, ele se faz discípulo missionário. E essa é nossa tarefa: fazer de cada seguidor de Jesus Cristo um apaixonado discípulo, que sempre está presente e leva à frente o ensinamento que ele aprendeu da palavra do Senhor”, enfatizou.

E continuou: “Tudo isso, meu querido, quer dizer o seguinte. Se você deseja que o seu agir pastoral produza frutos e não seja apenas uma figueira que se apresenta viçosa, porém internamente estéril, procura ter sempre os olhos fixos no Senhor Jesus”.

Para estar sempre com Jesus hoje, como frisou muito, ele apontou três caminhos: a oração, a eucaristia e a caridade pastoral, ou seja, o serviço que devemos prestar aos irmãos.

Segundo ele, a oração se torna mais premente ainda para um religioso padre. “Você sabe mais do que eu: galho separado da árvore apodrece. O padre que abandona a oração, abraça a tentação. O padre que deixa em segundo lugar a intimidade com Jesus vai sentir necessidade de buscar intimidade fora. Reze muito. Reze pelo povo. O povo tem o direito de ver o seu bispo e seu padre rezando. Como padre você já é um homem eucarístico. Saiba perder tempo diante do sacrário e a exemplo de Madre Tereza de Calcutá, o sacrário seja sua televisão, o seu notebook”, ensinou.

Para fechar, contou uma história. Um frade velhinho, cadeirante, todos os dias após o almoço, solicitava ao noviço que o levasse à igreja e o deixasse à frente do sacrário. Apenas dois ou três minutos, ele já estava dormindo. Um dia, o noviço se atreveu a dizer: “Mas frei, não é melhor ir para cama do que para a frente do tabernáculo. O sr. dorme mesmo?” E aquele frei experimentado na vida sacerdotal disse: “Meu caro, cachorro velho gosta de dormir aos pés do dono”. Não sei se cachorro novo gosta de dormir aos pés do dono. Só sei que cachorro novo precisa dormir aos pés de Jesus”.

Terminada a homilia teve início o rito propriamente da ordenação presbiteral. Frei Medella foi chamado para próximo do bispo e disse sim ao Ministério Presbiteral, suas funções e seu modo de vida. Começou, então, um dos momentos mais belos, com a prostração de Frei Medella ao chão, enquanto o povo cantava a Ladainha pedindo a intercessão de todos os santos.

Na sequência, pela imposição das mãos de José e de todos os presbíteros na celebração, Frei Medella recebeu o Sacramento da Ordem. Esse momento terminou com a oração Consecratória. Em seguida, Frei César e Frei Almir Guimarães ajudaram Frei Medella na investidura das vestes litúrgicas: casula e estola.

Já como novo presbítero, Frei Medella teve as mãos ungidas com o óleo do Santo Crisma. Na sequência, suas mãos foram amarradas pelo bispo e desamarradas pelos pais, significando que agora estão a serviço do povo de Deus.

Para terminar o rito, Frei Medella recebeu, de joelhos, a patena com o pão e o cálice com o vinho e a água, dando prosseguimento à celebração, agora como novo presbítero da Igreja.

Homenagem

Os seminaristas que vieram de Ituporanga prestaram uma singela homenagem a Frei Medella e não se cansaram de destacar a virtudes dele. “Poder partilhar de sua vida é uma graça de Deus. Sua largueza de coração a todos encanta”. Como presente deram um cartão gigante, fazendo alusão à alta estatura do novo presbítero.

Frei Fidêncio, por sua vez, agradeceu muito ao bispo Dom José por ordenar Frei Medella e disse que as casas da Província, especialmente, o Sagrado estão de portas abertas para ele. Agradeceu, em nome da Província, aos pais de Frei Medella e todos os formadores da Província.

Frei Medella também não economizou nos agradecimentos a Deus, à Província, à Igreja, à família e a todos que participaram de sua caminhada.

Dona Célia, a mãe de Medella, contou que viveu dias de muita ansiedade antes da ordenação, mas que agora estava muito feliz pela bonita festa. “É muito bom para uma mãe ver o carinho que as pessoas têm para com meu filho. Já tinha observado isso quando o visitei no Noviciado e em Rondinha. As pessoas gostam muito dele. O Gustavo é assim mesmo, tem um coração do tamanho dele”, disse.

Um pouco de história – Os primeiros franciscanos chegaram a Petrópolis em 16 de janeiro de 1896. Nos fundos da Igreja do Sagrado Coração de Jesus foi construído um convento, que depois se tornou conhecido simplesmente como Convento do Sagrado. A partir deste convento ou centro evangelizador, nasceu a Editora Vozes, a Escola Gratuita São José, que deu origem ao Instituto dos Meninos Cantores; e o Instituto Teológico, que formou gerações de frades. Frei Almir Guimarães foi o último petropolitano a se ordenar no Sagrado, em 15 de dezembro de 1964. Os outros petropolitanos, Frei Gilmar José da Silva e Frei Robons de Castro Guimarães, não se ordenaram na igreja do Sagrado. Frei Medella também é o primeiro ex-Canarinho a se tornar presbítero.