Vocacional - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Ordenação Presbiteral de Frei Gilson Kammer

Ordenação

Frei Gilson continua a obra do Bom Pastor

 

 

Por Moacir Beggo

Ituporanga (SC) – Como disse, Dom Augustinho Petry, bispo da Diocese de Rio do Sul, a data escolhida para a ordenação presbiteral de Frei Gilson Kammer não poderia ser mais providencial. No 4º Domingo da Páscoa, chamado Domingo do Bom Pastor, Frei Gilson recebeu o sacramento da Ordem, para ser, em nome de Cristo, pela palavra e pela graça de Deus, pastor da Igreja.

A matriz de Santo Estêvão lotou para ver esse momento histórico. Pelas mãos de D. Augustinho, Frei Gilson foi ordenado presbítero numa celebração eucarística que teve início às 18 horas e terminou depois de duas horas. Ao lado do bispo, estavam como concelebrantes o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, o pároco de Santo Estêvão, Frei João Lopes, os sacerdotes da diocese e de de toda a Província, religiosos e religiosas e seminaristas. Entre os sacerdotes, Frei César Külkamp, Definidor e Secretário da Formação e Estudos e Frei Samuel Ferreira de Lima, Definidor e Mestre dos Noviços. Para homenagear e celebrar com Frei Gilson, um grupo de pessoas veio de Duque de Caxias (RJ), Petrópolis e Campo Largo (PR). Foi o reconhecimento e a amizade do povo dessas comunidades pelos anos de pastoral que Frei Gilson prestou enquanto era estudante de Teologia em Petrópolis.

D. Augustinho também lembrou que este domingo foi escolhido como Dia Mundial de Orações pelas Vocações, além de festejar São Matias, o discípulo escolhido para substituir Judas, o traidor de Jesus Cristo.

Segundo o bispo diocesano, o Bom Pastor é um homem bom, querido e amado. “Um homem bom, é aceito. A gente se aproxima dele sem medo. A um homem bom a gente abre o coração”, disse. “Jesus escolheu os seus pastores e chamou a você, Frei Gilson. Você é o grande eleito dessa noite. A sua ordenação também faz lembrar a todos nós que também somos eleitos. Ninguém está sobrando, ninguém está esquecido, abandonado, no coração do Bom Pastor”, animou.

D. Augustinho, durante a sua homilia, explicou o rito da ordenação para o povo. “Não sei se entenderam bem, mas o Ministro Provincial, Frei Fidêncio, pediu que seja ordenado para o sacerdócio o nosso diácono Gilson. Pedido importante, que depende do bispo dizer sim. Como disse Frei Fidêncio, todos os formadores do ordenando o acharam que era digno. Mas vamos fazer mais uma consulta para quem veio a esta celebração: ‘Querida comunidade, podemos ordená-lo?’”, perguntou. E ouviu um grande “sim”.

Na sequência, no diálogo com D. Augustinho, Frei Gilson disse o sim ao Ministério Presbiteral, suas funções e seu modo de vida. Então, Frei Gilson, prostrou-se ao chão, enquanto Frei Gustavo Medella puxou a Ladainha de Todos os Santos. “Vamos cantar, invocar todos os santos na Ladainha e pedir a eles forças e graças para Frei Gilson ser um bom pastor”, explicou o bispo.

Terminada a ladainha, um grande silêncio tomou conta da igreja. Pela imposição das mãos de D. Augustinho e pela prece de Ordenação foi conferido ao eleito o dom do Espírito Santo para o múnus de presbítero. O mesmo gesto foi repetido pelos presbíteros, um a um, para significar a admissão do eleito na Ordem Presbiteral. “É o ponto fundamental e mais importante da cerimônia. Está lá na Bíblia. Esse momento é concluído com a Oração Consecratória. Depois disso, temos um novo padre. Aí ungimos as suas mãos para abençoar, consagrar, batizar, perdoar e ir ao encontro, sobretudo, dos necessitados”, acrescentou o bispo.

Veio, então, a investidura das vestes litúrgicas. Frei Marcos Andrade, seu professor, e Frei Vanilton Leme, guardião na fraternidade de Colatina, onde reside, ajudaram a Frei Gilson retirar as vestes de diácono e a colocar a estola e a casula. “A estola é sinal do poder sacerdotal e a casula é a veste própria do pastor”.

Em seguida, Frei Gilson teve as mãos ungidas com o óleo do Santo Crisma. As palavras do Bispo expressaram a grandeza deste momento da unção: “Nosso Senhor Jesus Cristo, a quem o Pai ungiu com o Espírito Santo, e revestiu de poder, te guarde para a santificação do povo fiel e para oferecer a Deus o Santo Sacrifício”.

Depois de ungidas, as mãos foram atadas pelo bispo e desamarradas para serem colocadas a serviço do povo de Deus. Os pais, sr. Nélson e dª Terezinha, desataram as mãos do neo sacerdote, participando das primícias do ministério de seu filho e receberam a primeira bênção. Foi um momento de muita emoção para os familiares de Frei Gilson e que contagiou a assembleia. Frei Gilson foi abraçado, então, pelos familiares e pelos sacerdotes e confrades.

Mais uma vez, Frei Gilson se ajoelhou diante do bispo, desta vez para receber a patena com o pão e o cálice com o vinho e a água. Agora, como neo sacerdote, Frei Gilson ficou ao lado do bispo no altar, para início da Liturgia Eucarística.

Agradecimentos
No final da celebração, Frei Fidêncio agradeceu, em nome da Província Franciscana da Imaculada Conceição, ao bispo D. Augustinho por ordenar Frei Gilson Kammer. “Somos gratos ao sr. porque temos a graça de fazer penitência aqui nesta diocese de Rio do Sul, em duas cidades: Rodeio, uma paróquia e um noviciado; e aqui em Ituporanga, como paróquia e seminário. Somos gratos porque temos essa graça de trabalhar nesta diocese”, disse, agradecendo também a todos os sacerdotes e citando Frei Pedro da Silva, coordenador do Serviço de Animação Vocacional (SAV) da Província.

“Mas eu queria dizer uma palavrinha aos pais de Frei Gilson, que temos a graça de conhecer há mais tempo. Vocês deram o Frei Gilson para nós duas vezes. A Primeira na profissão solene, quando ele se tornou frade menor. E hoje, juntos à nossa família franciscana, demos Frei Gilson à família de Deus, para poder exercer o seu pastoreio através do ministério sacerdotal. A vocês pais e parentes, o nosso muito obrigado”, acrescentou.

A Frei Gilson disse que era acolhido com muita alegria na fraternidade provincial. “E aqui vale a palavra de São Francisco de Assis, dirigida aos sacerdotes da Ordem: ‘Considerai vossa dignidade, irmãos sacerdotes. Sede santos, porque o Senhor é santo!’. Também agradeceu ao guardião Frei João Lopes e a Paróquia de Santo Estêvão pela acolhida e trabalho. “Que o Cristo Bom Pastor possa sempre nos conduzir para aquilo que D. Augustinho dizia hoje: para aquilo que é bom”, completou o Ministro Provincial.

Novamente muito emocionado, Frei Gilson agradeceu ao bispo, à Província, às pessoas que o ajudaram nesta celebração e aos familiares. Neste domingo, às 9h30, terá a sua Primeira Missa na Comunidade Dona Luiza, tendo como pregador Frei Marcos Andrade.

Próximas ordenações presbiterais
No dia 29 de maio, na cidade de mineira de São Lourenço será a vez de Frei Alessandro Dias do Nascimento, colega de turma de Frei Gilson, receber o ministério sacerdotal. No dia 2 de julho, em Petrópolis, Frei Gustavo Medella será ordenado presbítero na Igreja e Convento do Sagrado Coração de Jesus e, em agosto, Frei Paulo Borges, na cidade de Colatina, no Espírito Santo.

Primeira Missa

Frei Gilson inicia o seu ministério presbiteral na comunidade onde nasceu

 

 

Por Moacir Beggo

Ituporanga (SC) – O início do ministério presbiteral de Frei Gilson Kammer foi na comunidade Dona Luiza, um vilarejo que fica a 14 quilômetros de Ituporanga. Ali, onde cresceu e se formou até ingressar no Seminário São Francisco de Assis, em Ituporanga (SC), Frei Gilson celebrou a sua primeira Santa Missa neste domingo, às 9h30. A capela, que tem como padroeiro São Pedro, ficou pequena para tanta gente que queria participar deste momento especial na vida de Frei Gilson. Foram necessários dois telões em frente ao Salão Paroquial para que todos pudessem ver o novo sacerdote.

Desde o dia da ordenação presbiteral, na Matriz de Santo Estêvão, em Ituporanga, choveu muito. O domingo começou frio e chuvoso também, mas a celebração não perdeu a solenidade que se esperava.

Frei Gilson escolheu como pregador Frei Marcos Andrade, seu orientador e professor no Seminário Santo Antônio em Agudos (SP). “O Sacramento da Ordem é uma Eucaristia feita com a vida do presbítero. O sacerdote não pode dizer ‘tomai e comei’ se depois não se fizer uma oferta de si mesmo à comunidade, aos pobres, aos necessitados de todo o tipo de cuidado, aos doentes, aos sofredores, aos marginalizados, aos machucados e feridos. Por isso, a Eucaristia é o centro de nossa vida cristã e deve ser também o centro e o coração de cada um”, disse o pregador, dirigindo-se ao neopresbítero.

“O presbítero participa do sacerdócio de Cristo como todos os fiéis, como todos os batizados, porém agora ainda mais como Ministro ordenado”, acrescentou.
Segundo o pregador, o presbítero não deve pertencer a nenhuma família mas a todas as famílias.

E todas as famílias, especialmente de Dona Luiza, se uniram para fazer uma bonita festa litúrgica, seguida de uma grande confraternização no Salão Paroquial.

Frei Gilson voltou a se emocionar muito a exemplo da ordenação. Junto com os quatro irmãos – ele é o terceiro – fez uma homenagem aos pais, demonstrando todo o seu carinho pela formação que recebeu na família. Agradeceu a todos que tornaram possível a bonita festa de sua ordenação e teve de interromper sua fala no final da celebração quando fez memória do conhecido e amigo das liturgias na Igreja de São Pedro, o Sr. Tonho. Falecido recentemente, ele animava as celebrações com o seu violão.

Frei Gilson vai continuar o seu ministério presbiteral na Fraternidade Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, em Colatina (ES), onde reside atualmente.

Entrevista

Frei Gilson Kammer

 

 

Por Moacir Beggo 

“Pude ver que a vocação cristã nasce de um coração generoso que se mostra em atitudes de partilha e comunhão com as demais pessoas”. A frase resume bem um pouco da personalidade de Frei Gilson Kammer, esse catarinense de Atalanta, que tentou fugir enquanto pôde do chamado para a vida religiosa: “Não era para mim”. Mas não teve jeito e seu sim veio com naturalidade e generosidade. Neste sábado, dia 14 de maio, às 18 horas, Frei Gilson  será ordenado presbítero pelas mãos de Dom Augustinho Petry, bispo da Diocese de Rio do Sul. Sua ordenação será na Matriz Santo Estêvão de Ituporanga e a Primeira Missa na Comunidade Dona Luiza, em Atalanta, no dia 15 de maio, às 9h30.  Frei Gilson ingressou na Ordem Franciscana em 2001, tendo como mestre Frei Fidêncio Vanboemmel, o atual Ministro Provincial. Ele escolheu como lema de sua ordenação: “O Senhor é meu pastor, nada me faltará”.

Site Franciscanos –  Conte um pouco da história de sua vocação.

Frei Gilson – Minha família tem uma vivência de fé bem clara e a participação na vida da comunidade é muito boa. Seguindo este exemplo, desde muito cedo tenho claro que nossa vida não deve ser guardada para nosso único proveito, mas deve ser partilhada com todos. Nunca tinha me passado pela cabeça que para isso acontecer precisaria ser frade, mas sim ter um coração generoso. Um certo dia fui com alguns amigos fazer o estágio vocacional no seminário de Ituporanga-SC e minha primeira impressão foi a de que aquela vida não era para mim. Passado algum tempo, resolvi conversar melhor com os frades e cheguei à decisão de ir para o seminário. Contando com o apoio de minha família e também da comunidade, parti rumo à vida franciscana e ali pude ver que a vocação cristã nasce de um coração generoso que se mostra em atitudes de partilha e comunhão com as demais pessoas. A vida de fraternidade nos mostra o que realmente somos e quais os dons que temos para oferecer aos irmãos, e isto aparece no cotidiano de nossa vida.

Site Franciscanos –  Por que escolheu ser franciscano?

Frei Gilson – Sou natural de Atalanta-SC, cidade que é atendida pelos frades da Paróquia Santo Estevão de Ituporanga-SC e onde está o seminário também. Acredito que esta proximidade possa ter chamado minha atenção para a vocação religiosa franciscana e, podendo conhecê-la melhor, percebi que esta era a forma de vida a que Deus me chamava: fazer-me irmão entre os irmãos menores.

Site Franciscanos – Faça um resumo de sua formação e estudos na Província da Imaculada.

Frei Gilson – Ingressei no Seminário São Francisco de Assis em Ituporanga-SC, no ano de 1996 para cursar a 8ª série do Ensino Fundamental. Entres os anos de 1997 e 1999 fiz o Ensino Médio no Seminário Santo Antônio em Agudos-SP. No ano 2000 fui para Guaratinguetá-SP fazer o Postulantado, tendo como mestre Frei Fidêncio Vanboemmel. No ano seguinte, mais exatamente no dia 12 de janeiro de 2001, recebi o hábito franciscano das mãos de Frei Caetano Ferrari e iniciei o ano de Noviciado em Rodeio-SC, novamente tendo como mestre Frei Fidêncio Vanboemmel, e no dia 05 de janeiro de 2002 professei pela primeira vez diante de Frei Caetano Ferrari. Nos anos de 2002, 2003 e 2004 morei em Rondinha – Campo Largo-PR e cursei a Filosofia na FAE, em Curitiba-PR. Sentindo a necessidade de um tempo maior para refletir e tomar as decisões que precisava, pedi ao governo provincial um ano de estágio em alguma fraternidade, e então, passei o ano de 2005 no Postulantado Frei Galvão, Guaratinguetá-SP. Foi um ano abençoado e pude com a ajuda da fraternidade tomar a firme decisão de abraçar a vida religiosa franciscana para sempre, com o propósito de renovar a cada dia o chamado evangélico: “Vem e segue-me”. Em 2006, retornei para Campo Largo-PR e concluí a Filosofia. Em 2007, fui para Petrópolis-RJ, na Fraternidade Franciscana Nossa Senhora de Guadalupe, bairro Osvaldo Cruz, e iniciei a teologia no ITF. Nos anos de 2008 e 2009 residi na Fraternidade Franciscana Santa Clara, na Rua Dr. Thouzet, bairro Quitandinha em Petrópolis-RJ. Fiz a Profissão Solene no dia 02 de agosto de 2008, na Igreja do Convento Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis, nas mãos de Frei Augusto Koenig. No ano de 2010, morei na Fraternidade Franciscana São Francisco de Assis, no bairro de Campos Elíseos em Duque de Caxias-RJ. Fui ordenado diácono no dia 18 de abril, em Xérem-RJ.

Site Franciscanos –  Diante de tantas opções da vida moderna, o que leva um jovem de sua idade a assumir um propósito de vida tão exigente e radical?

Frei Gilson –  É claro que o mundo nos oferece muitas coisas e nós não estamos à margem disto e como todas as pessoas têm sua atenção chamada para esta diversidade, nós também a temos. Muitas pessoas não se deixam levar por estas ofertas e procuram em suas vidas fazer uma escolha que leve em consideração a sua realização profissional ou o bem estar da família. Nós não somos diferentes dos demais, a única diferença talvez seja que, no nosso caso, devemos estar sempre em espírito de conversão para não perdermos o encanto inicial do nosso chamado. Tenho de dar uma resposta a Deus, e descobrir a razão pela qual escolhi ser frade menor é dar sentido ao propósito de vida que escolhi. Não somos melhores que ninguém, todas as pessoas buscam realizações profissionais, procuram ser os melhores em suas áreas, nós também devemos buscar ser os melhores e, para isso, o caminho é procurar fazer uma forte experiência de Deus que seja capaz de transformar nossa vida. Fé, esperança e radicalidade é o que Cristo exige de cada um de nós, independente da escolha que fazemos.

Site Franciscanos – Deixe uma mensagem, especialmente para o jovem que quer seguir a vida religiosa.

Frei Gilson – Não temer o chamado que Deus nos faz e acreditar sempre que a graça e a bondade divina nos impulsiona a nos lançarmos ao encontro das pessoas para podermos partilhar os dons que Deus nos dá. A vida religiosa franciscana é, ao mesmo tempo, algo muito bonito e desafiador, e por isso precisa ser buscada com autenticidade.