Vocacional - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Ordenação Presbiteral de Frei Gabriel Dellandrea

Ordenação

Rodeio (SC) – A imponente Igreja de São Virgílio, da Comunidade Rodeio 50, ficou ainda mais bonita neste sábado, 20 de maio, às 16 horas, com a Ordenação Presbiteral de Frei Gabriel Dellandrea. Pela imposição das mãos do bispo diocesano de Rio do Sul (SC), Dom Onécimo Alberton, Frei Gabriel recebeu o segundo grau do Sacramento da Ordem, tornando-se o segundo “filho padre” de Dª Terezinha e o Sr. Sérgio. O primeiro a se ordenar presbítero foi Frei Daniel (dia 18 de outubro de 2008).

A grandiosidade do rito de ordenação garantiu belos e emocionantes momentos em duas horas com a igreja lotada. A começar pela solene procissão com os presbíteros e religiosos franciscanos, o bispo Dom Onécimo e Frei Gabriel ao lado de seus pais.

Os aspirantes do Seminário de Ituporanga, noviços e religiosas, principalmente as Irmãs Catequistas Franciscanas, e o povo rodeiense se juntaram a um grupo de amigos de Imbariê, na Baixada Fluminense, que veio de ônibus para partilhar deste momento único na vida de Frei Gabriel. Presentes o Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, e o Vigário Provincial, Frei Gustavo Wayand Medella. O cerimoniário foi Frei Rodrigo da Silva Santos e Frei Diego Melo fez os comentários.

O rito da ordenação obedeceu à seguinte ordem: a eleição do candidato; homilia, propósito do eleito; ladainha; imposição das mãos e prece de ordenação; unção das mãos e entrega da patena e do cálice.

 

Após a proclamação do Evangelho, o diácono Frei Augusto Luiz Gabriel convidou Frei Gabriel para o Rito de eleição, quando foi confirmado pelo testemunho do irmão e Definidor Provincial, Frei Daniel Dellandrea, e pela acolhida do bispo em nome da Igreja.

Na sua homilia, o bispo agradeceu o convite para estar neste momento tão especial na vida de Frei Gabriel. Recordou a entrevista que Frei Gabriel deu a este site e que falou do significado da ordenação presbiteral como serviço. “De fato, Jesus não procura os sábios, mas os disponíveis. A primeira resposta amorosa que Jesus espera de nós, é e sempre será a disponibilidade para o seu serviço. Com o coração e os olhos fixos Nele, com a diaconia e o sacerdócio, na missão evangelizadora e pastoral que te será confiada, és chamado todos os dias fazer o que Ele fez: ‘Se eu, vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar-vos os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais também vós’ (Jo 13, 13-15)”.

“Caríssimo irmão, viva o sacerdócio ministerial que te será confiado, com coração sinodal, permanecendo unido a Cristo, à sua Igreja e à Ordem Franciscana, conforme o apóstolo Paulo exorta na leitura que acabamos de escutar: ‘Como, num só corpo temos muitos membros, cada qual com uma função diferente, assim nós, embora muitos, somos em Cristo um só corpo e todos membros uns dos outros'”.

O bispo pediu que Frei Gabriel permaneça fiel a Jesus e e sirva-O nos irmãos e irmãs, sobretudo, nos mais necessitados. “Faça isso consciente do que Ele nos diz no Evangelho: ‘Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará'”.

E continuou: “Se Jesus te convida para estar com Ele na Cruz, para viver Nele a fecundidade da tua castidade, na obediência amorosa, viva a preciosidade da pobreza evangélica como oferta de tua vida, vocação e missão”, disse, lembrando: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto”.

Dom Onécimo falou do lema de ordenação, extraído da oração de São Francisco diante do crucifixo de São Damião: “Grande e magnífico Deus, meu Senhor Jesus Cristo, iluminai o meu espírito e dissipai as trevas da minha alma. Dai-me uma fé reta, uma esperança certa e uma caridade perfeita. Concedei meu Deus, que eu vos conheça muito, para poder agir sempre segundo os vossos ensinamentos e de acordo com a vossa Santíssima Vontade”.

“Na presença de Deus, seja esta oração vivida por ti todos os dias, e diante do crucifixo de São Damião, como Francisco, continue a obra de edificação de sua morada em ti, para edificar com tua vida, vocação e missão a Igreja de seu filho Jesus”, pediu.

“Que Maria Mãe de Jesus, Mãe da Igreja, dos vocacionados e dos sacerdotes, seja para ti modelo de quem procurou em tudo, fazer a vontade de Deus. Assim seja!”, concluiu.

Na continuidade do rito, o bispo convidou, então, o eleito a declarar perante a Igreja seu propósito de desempenhar sempre a missão de presbítero, pelo ministério da Palavra, pela celebração da Eucaristia e da reconciliação, pela fidelidade assídua ao dever da oração e pela entrega pessoal a exemplo do Cristo Senhor. Diante da Igreja e no diálogo com o bispo, Frei Gabriel disse sim ao ministério presbiteral, suas funções e seu modo de vida. Então, ele se prostrou ao chão, como sinal de total entrega a Deus, enquanto Frei Gustavo Medella iniciou a Ladainha de Todos os Santos, implorando ao Senhor a graça para aquele que será ordenado.

No momento central, Frei Gabriel se colocou de joelhos e, em silêncio, bispo e presbíteros impuseram as mãos sobre ele, seguindo a prece de ordenação feita pelo bispo.

De pé, o ordenado foi revestido por seu irmão Frei Daniel, por Frei Augusto Luiz Gabriel e Frei Roger Strapazzon (confrades de turma) com a estola, sinal de seu serviço, e a casula, a veste própria do pastor. Teve as suas mãos ungidas e amarradas com uma fita, que foram desatadas pelos pais, Terezinha e Sérgio. Eles, assim como Frei Daniel, o irmão Elton, a cunhada Carolina e as pequenas sobrinhas receberam a primeira bênção presbiteral de Frei Gabriel. Dom Onécimo, a seguir, lhe entregou a patena e o cálice, exortando-o a conformar-se ao mistério da Cruz do Senhor, pondo em prática o que vai celebrar.

Recebido o abraço de todos os presbíteros, com quem dividirá o ministério, e confrades presentes, Frei Gabriel subiu ao presbitério para concelebrar pela primeira vez a liturgia Eucarística.

Ao término da qual, fizeram seus agradecimentos o representante da Comunidade, o Ministro provincial e o ordenado.

Em nome do Conselho Paroquial da Paróquia São Francisco de Assis, Valcir Ferrari agradeceu a Dom Onécimo, aos frades em nome do Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto, às Irmãs Catequistas, aos paroquianos e aos missionários. “Um agradecimento especial ao ‘sim’ de Frei Gabriel, à sua família pela graça de ter mais um filho presbítero. Através de nossas orações, possam alcançar todos os santos e santas para que interceda junto a Deus e para que dê a Frei Gabriel discernimento e coragem para conduzir o seu rebanho até Deus, o nosso Pai”, disse.

O Ministro Provincial disse que quando a Fraternidade elege um irmão para assumir o ministério presbiteral, ela conta com o esforço de muita gente. E agradeceu a todos os formadores e professores da Província. “Quando o Frei Gabriel, no alto da sua juventude, sorrindo em simpatia, diz ‘eu quero fazer parte desta missão’, eu tenho certeza que nós todos nos animamos”, disse, mesmo os sêniores Frei Tarcísio Theiss e Frei José Bertoldi. “Todos nós nos alegramos e todos nós dizemos vale a pena. E por isso esta Semana Missionária, tenho certeza, preencheu os corações das famílias que nos acolheram. Nessa certeza, vale a pena, vale a pena ouvir o Senhor, vale a pena colocar os nossos passos nas pegadas de Jesus Cristo e sair anunciando ao mundo inteiro o Evangelho da Paz e do Bem”, acrescentou Frei Paulo

E dirigindo-se a Frei Gabriel, apontou para os frades. “Quanta gente você pode contar! São os frades, seus irmãos. São padres que, com você, formam o Colégio dos Presbíteros. E o bispo, que, com tanta paternidade, nos acolheu e fez você um servidor da Palavra, fez você uma pessoa disposta a lavar os pés, sobretudo daqueles que mais sofrem.  Nós nos alegramos muito com o seu ‘sim’. E aqui nesta casa, o ‘sim’ das Irmãs Catequistas. Mulheres com coragem que, olhando a realidade e vendo a necessidade, disseram sim. Saíram pelo mundo vivendo em fraternidade, inspiradas em Clara e Francisco de Assis”, emendou.

Ao povo de Deus disse que tinha uma palavra: gratidão. “A todos que fazem parte desta caminhada, tenho um pedido: rezem por nós. Rezem pelo Frei Gabriel, rezem por cada frei, cada Irmã Catequista, rezem pela Igreja para que a gente tenha coragem necessária de anunciar com profecia, com empenho, o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo”, pediu.

Frei Gabriel contou que seus pais gostam de costurar, mas que ele e o Frei Daniel não têm esse dom. “Mas nesse pouco tempo de vida religiosa, aprendi que temos de fazer sempre uma costura. Nós somos uma costura de histórias, de pessoas, de aprendizados. E apesar de ficarmos mais unidos quando costuramos novas coisas, costurar fere. A agulha para unir uma parte à outra, precisa ferir a peça. Por isso, nós também, na nossa caminhada de fé, nos unimos e nos ferimos. Por isso, desde já, no início deste ministério, peço perdão se eu vier a decepcionar alguém ou não vier exercer bem o ministério. Mas eu gostaria de fazer estes trabalhos com a ajuda dos meus confrades. Costurar é unir partes. E como é necessário unir partes. Estamos desunidos por muito pouca coisa”, observou.

 

“Por isso, eu quero costurar. Minha vida, minha Ordem. Agradeço a todos que estão aqui, de perto e de longe que testemunharam este momento. Não vou mencionar nomes e lugares para não faltar com ninguém. Mas também preciso agradecer nominalmente ao pároco Frei João Miguel, que preparou toda essa Semana e essas celebrações, e a Comunidade Rodeio 50. Quero agradecer aos meus familiares, que são a base para a minha vida. Agradeço aos amigos e confrades e, agradecendo aos confrades, agradeço nominalmente ao Frei Paulo, que foi o meu primeiro formador e me ensinou uma frase bonita: “Quem tem dom, passa bem”, revelou.

Por último, agradeceu a Dom Onécimo por ter aceitado presidir esta celebração. “Já imaginava a sua paternidade, e pude confirmar isso pessoalmente”, confessou.

Dom Onécimo, por sua vez, agradeceu por esse momento tão especial. Ele também fez um agradecimento à Província Franciscana da Imaculada Conceição: “Quero agradecer imensamente à Ordem Franciscana. E eu sou grato porque antes de ser Diocese, os franciscanos aqui já estavam. Então, a base da espiritualidade franciscana perpassa em muitas paróquias da nossa Diocese e se constituem em muitas comunidades que foram atendidas espiritualmente e acompanhadas pelos sacramentos, pelo testemunho da vida de tantos frades que nos antecederam e que faz parte da história da Igreja de Rio de Sul. Peço a Deus que sempre abençoe a Ordem Franciscana aqui na Diocese, presente também em Ituporanga e também em todas as diversas realidades em nosso país. Que Deus nos abençoe e que a fecundidade vocacional possa sempre suscitar a vida nova com o coração hoje agradecido por esse mais novo irmão em Cristo”.

Frei Gabriel vai presidir a Primeira Missa neste domingo, 21 de maio, às 10 horas, na Igreja Matriz São Francisco de Assis de Rodeio.


Frei Roger Strapazzon e Moacir Beggo

Primeira Missa

Rodeio (SC) – A igreja onde Frei Gabriel Dellandrea teve a maior parte de sua rotina de oração durante o ano de Noviciado, que é também a Matriz São Francisco de Assis de Rodeio (SC), abriu as portas neste domingo da Ascensão do Senhor (21/5) para o início do seu Ministério Presbiteral. A simbólica e solene liturgia deste dia deu as linhas mestras para o seu presbiterado: “Vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês. Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo”.

O seu irmão, Frei Daniel, fez a homilia desta Primeira Missa, aproveitando esta liturgia e a ordenação para falar da vocação: “A liturgia de hoje da Ascensão do Senhor nos convida a refletir esta nossa vocação. Olhar para o horizonte, para o céu, com esperança. Com os pés firmes no chão da vida”.

A primeira presidência da Celebração Eucarística realizada por Frei Gabriel, ordenado presbítero no dia anterior (20/5) na Igreja de São Virgílio, na Comunidade Rodeio 50, teve como concelebrantes seus confrades, como o Ministro Provincial Frei Paulo Roberto Pereira, o pároco Frei João Miguel Silva da Cruz, o seu irmão e Definidor Provincial Frei Daniel Dellandrea e Frei Augusto Luiz Gabriel, no serviço do altar.

Desde o início da Semana Missionária, todas as celebrações foram preparadas com muito cuidado e carinho pelas equipes envolvidas e não foi diferente neste domingo. O outono, com cara de inverno na região catarinense do Vale do Itajaí, deixou o clima agradável e o sol, ainda que timidamente, apareceu para dar mais calor. Toda essa atmosfera trouxe o povo de Deus para ser testemunha deste momento único na família Dellandrea, na Família Franciscana e no povo rodeiense.

Após a Proclamação do Evangelho, Frei Gabriel lembrou que existe uma tradição que o neopresbítero convide outro “irmão mais velho” para fazer a homilia. No caso dele, não foi só de sua Fraternidade, mas de sua família mesmo. “Até ontem eu era só um padre da família, agora sou o padre mais velho”, brincou Frei Daniel.

 

Segundo ele, hoje é dia de se alegrar com a vocação de Frei Gabriel e com a vocação de toda a Igreja. “E celebrar a ordenação de Frei Gabriel neste ano que celebramos, com toda a Igreja, o Ano Vocacional, é um sinal da graça de Deus. A Igreja nos leva a refletir sobre todas as vocações. A Igreja é a fonte das vocações, o local do chamamento do Senhor. Não só a vocação presbiteral, não só a vocação de religiosos, mas a vocação de batizados. Nós somos chamados a ser sal e luz neste mundo”, explicou o frade.

Frei Daniel falou também que é no berço da família que nascem e brotam as vocações. Para fundamentar, falou dos “muitos sinais vocacionais” que ajudaram aos dois irmãos dar o “nosso ‘sim a Deus'”

Para Frei Daniel, vocação não é um chamado de Deus para fazer algo apenas para si próprio, mas é uma função, uma tarefa desse próprio Deus que foi vocacionado de amor à humanidade. Mesmo Jesus Cristo foi vocacionado do Pai, enviado do Pai a este mundo para nos revelar o amor de Deus. Por isso, quando Deus nos chama à vocação, nós recebemos de Deus o amor. Nos amando, Deus nos chama. E devemos responder com amor, como ele nos amou”, frisou.

Lembrou, contudo, que o chamado de Deus pressupõe a missão, a propagação desse amor que recebemos. “O seu lema fala disso. Conhecer o amor de Deus para poder agir de acordo com a vontade de Deus. Essa foi a experiência de nosso Pai São Francisco. Ele percebeu que no amargo da vida, há a doçura de Deus, como beijo ao leproso”, citou. Segundo ele, ao sentir a doçura de Deus, ele também olhou para a sua missão: “Senhor, que queres que eu faça?”.

“E percebeu que o amor não é amado. Talvez, ao perceber a sua fraqueza, ainda viu que precisava amar muito mais e o quanto distante estava do amor de Deus.

A Ascensão do Senhor, que hoje celebramos, nos mostra esse amor que Deus nos conduz em direção à eternidade, mas passa pelo amor da vida, pela prática dessa vocação, de amar como ele nos amou”, ressaltou.

FALTA UM

Segundo o Evangelho, Jesus levou ao monte onze de seus discípulos. “E esta semana Frei Paulo e eu estávamos numa reunião com o bispo da Diocese e ele dizia na reflexão que foram onze discípulos não os doze. Judas já não estava mais presente”, disse. “Esse que faltava não é só o Judas por ser traidor, mas esse que faltava para completar os doze é aquele a quem ainda o Senhor a de chamar, é aquele a quem ainda demonstra que o grupo dos doze apóstolos, o grupo dos discípulos ainda está incompleto e a ser completado por aqueles que os discípulos terão de ir buscar. ‘Ide por todo o mundo e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo'”, explicou.

Para ele, cada um de nós é este discípulo ou discípula que falta para completar este grupo dos doze. “Todos nós somos chamados para fazer parte deste grupo escolhido pelo Senhor”, assinalou.

“A nossa vida é um peregrinar em direção a Deus. Como sacerdotes e religiosos temos essa missão de conduzir o povo a Deus”, indicou. “Mas ao olhar para o céu percebemos o quanto somos pequenos. Ao olhar para o céu, para a imensidão do espaço, perguntamos: O que sómos nós diante da grandeza do universo? Olhar para o céu nos faz perceber o que somos diante de Deus. Nós não somos totalmente divinos, somos humanamente também filhos Dele, mas pequenos”, observou.

Segundo ele, o serviço evangelizador deve também ter sempre esta compreensão. “Servir na humildade, na pequenez, como o próprio Jesus que não se apegou na sua condição divina, mas, ao fazer-se humano, mostrou-nos que também o serviço ao Pai se faz no lava-pés, na entrega e no amor aos outros”, ensinou.

“Olhar para o céu nos recorda que devemos ter os pés no chão, pois a esperança do céu deve fazer alegria do nosso peregrinar diário. Hoje não é fácil enfrentar as dificuldades da vida. Muitas vezes precisamos olhar para o céu para que tenhamos a força de Deus para enfrentar as dificuldades. O céu há de ser sempre o horizonte da esperança”, ressaltou.

 

Falando ao neopresbítero, Frei Daniel lembrou que se corre o risco de ficar alienado no mundo achando que a vida do sacerdote é apenas espiritualidade ou se apegar ao chão do mundo e esquecer do ministério de serviço de Deus ao mundo. E alertou: “Criar este caminho de discípulos e missionários de trazer a beleza do céu a este mundo não é fácil. O mundo vai realmente, muitas vezes, nos crucificar. Jesus dizia que quem quer segui-Lo, ‘tome a sua cruz’. Mas na hora do desespero, lembre-se do que disse Jesus no Evangelho de hoje: ‘Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo'”, orientou.

Frei Daniel, a exemplo do bispo no dia da ordenação, lembrou a Frei Gabriel que ele não está sozinho e que tem os irmãos da Fraternidade. “Acredito que muitas palavras não possam dizer tudo sobre uma experiência tão bonita que é a vocação ao sacerdócio. Jesus dizia ‘vinde e vede’. Vamos juntos nesta barca, lançar as redes, deixemos também nos iluminar por esta Palavra que o Senhor ainda nos procura ensinar, pois a messe é grande”, convidou o irmão mais velho.

Frei Daniel lembrou que Frei Gabriel está a serviço da Animação Vocacional da Província e vai exercer a mesma missão de lançar as redes, de animar muitos na vocação franciscana.

GRATIDÃO

Em nome da Paróquia anfitriã da celebração, Ervino Girardi fez agradecimentos e homenagens. “A Paróquia se sente agradecida pela Primeira Missa celebrada aqui, nesta casa que tem como Padroeiro São Francisco de Assis. Sinta-se abraçado por cada paroquiano. Sabemos que tem um caminho longo a percorrer, mas não impossível nesta sua missão. Querido Frei Gabriel, pedimos com muito carinho: não esqueça de nossas famílias, abrace nossas crianças, olhe com atenção especial para nossos jovens, dê carinho para nossos idosos”. Ele pediu, com a intercessão de Maria e São Francisco para sua vocação e missão.

Taís Santos veio com o grupo de Imbariê, em Duque de Caxias (RJ), e agradeceu a Frei Gabriel pelo trabalho que realizou na Paróquia Santa Clara de Assis, em especial com os jovens. “Sua presença foi muito marcante para nós. Você sempre esteve à nossa disposição. Obrigado por nos fazer entender que Cristo é nosso ponto de partida. Conte com nossas orações e não deixe de rezar por nós”, pediu.

O Vigário Provincial, Frei Gustavo Wayand Medella, falou em nome dos frades. “Seguimos costurando, costureiros que somos de relações, de sonhos, de dificuldades, de desafios. Seguimos costurando com a graça de Deus”, disse.

Ele recordou que esta semana celebra-se a Semana Laudato Si’ e que o Papa Francisco nos ensina que tudo está interligado na sua Carta Laudato Si’. Nesta semana completa 8 anos da sua publicação.

“Por isso, a palavra que tenho para dizer agora é obrigado, que quer dizer ‘totalmente ligado a isso que você fez por mim’. A essa presença que você marcou na minha vida. Aí está costurada e não vai mais descosturar. É esse obrigado que queremos dizer à Paróquia São Francisco de Assis e a todas as suas Comunidades e ao Frei João Miguel, representando essa imensa comunidade costurada no amor de Deus, neste querido pedaço de chão deste Vale Trentino. Muito, muito obrigado”, enfatizou.

E continuou: “Obrigado a esta Fraternidade de Rodeio. Hoje faz um ano que Frei Josemberg celebrou a Primeira Missa. Obrigado à Família Dellandrea. Um agradecimento especial ao nosso Serviço de Animação Vocacional da Província. Obrigado à equipe Missionária, que passou costurando casas e casas. Muito obrigado pelas bênçãos que vocês generosamente ofereceram costurando os corações de quem com vocês foram visitar”, completou.

Frei Gustavo lembrou que daqui a uns dias, Frei Gabriel terá o compromisso como pregador da Trezena de Santo Antônio, no Convento Santo Antônio do Rio de Janeiro. “Estamos esperando de braços abertos”, disse.

Frei Gabriel agradeceu a todos, especialmente ao seu irmão Frei Daniel pela homilia desta celebração.


Moacir Beggo

Entrevista

“Quero continuar anunciando o amor que um dia me atingiu”

Frei Gabriel Dellandrea será ordenado presbítero pelo bispo diocesano de Rio do Sul (SC), Dom Onécimo Alberton, no dia 20 de maio, às 16 horas, na Igreja São Virgílio do Rodeio 50, em Rodeio e a Primeira Missa ele vai presidir no domingo, 21 de maio, às 10 horas, na Igreja Matriz São Francisco de Assis de Rodeio.

“Concedei, meu Deus, que eu vos conheça muito, para poder agir sempre segundo os vossos ensinamentos e de acordo com a vossa Santíssima Vontade”. A oração de São Francisco de Assis foi escolhida como lema para a sua ordenação.

Frei Gabriel é natural de Timbó (SC), onde nasceu no dia 7 de outubro de 1994, porém a família sempre morou em Rodeio (SC). Em 2009, ingressou no Seminário Santo Antônio de Agudos (SP) e vestiu o hábito franciscano em janeiro de 2013, em Rodeio (SC), onde fez a primeira profissão em 3 de janeiro de 2014. Concluiu o curso de Filosofia em 2016. Fez o Ano Missionário em 2017 e concluiu o curso de Teologia em 2021. Professou na Ordem dos Frades Menores no dia 8 de setembro de 2019. Foi ordenado diácono no dia 30 de julho de 2022. Atualmente reside no Convento São Francisco e é animador do Serviço Vocacional da Província (SAV), juntamente com o trabalho com as juventudes e o PVF. Frei Gabriel é irmão de Frei Daniel Dellandrea.

Conheça um pouco mais Frei Gabriel nesta entrevista a Moacir Beggo.

Site Franciscanos – Fale um pouco da história de sua vocação.

Frei Gabriel – É uma tarefa injusta falar sobre a nossa história. Injusto, pois nós sempre acabamos lembrando dos grandes momentos de nossas vidas, mas a verdade mesmo e o que teve mais sentido foi o cotidiano, o ordinário. E isso não dá para verbalizar, é o infinito particular. É claro que os dias especiais, com as datas importantes, sempre foram marcantes. Mas ao revisar minha vocação gosto de lembrar do dia a dia. Das tardes de missão, das louças lavadas em fraternidade, do cozinhar com os confrades, dos momentos de oração silenciosa, das conversas com os irmãos, dos cafezinhos, das formações. Estes momentos têm validade tanto quanto o dia da Ordenação Presbiteral de meu irmão, em 2008, onde vi os frades reunidos e senti forte em meu coração que as coisas mudariam a partir dali. Depois dessa data ingressei no processo formativo, em 2009, em Agudos. O Ensino Médio foi o tempo de no cotidiano perceber que o carisma franciscano era uma resposta cada vez mais ardente em mim.

O caminho foi sendo percorrido com o tempo do postulantado e do noviciado. Nestas ocasiões, eu me encantei ainda mais com o carisma franciscano através dos estudos e da convivência. Os frades daqueles períodos foram mestres de acompanhamento, entusiasmo, sonho e realidade. Muitos me ensinaram a fazer velas e a perdoar, me mostraram o caminho dos estudos e da busca por me conhecer, me superar.

O tempo da Profissão Temporária foi intenso. As novidades, os primeiros passos na vida religiosa franciscana, os encantos e a intensa vida fraterna foram presentes de Deus. A crise me veio com a dúvida: será que sou capaz? Por vezes pensei que não era. Meus limites, minhas imaturidades… mas os confrades me ajudaram muito a entender o caminho. O estudo, a oração, a atividade apostólica me mostrou que o Senhor capacita. Com as crises próprias da idade, todos os mestres da formação inicial, os colegas de turma, os amigos me deram indicativos de como superar os questionamentos e transformá-los em perguntas melhores para ir cada vez mais.

O tempo do Ano Missionário na animação vocacional redobrou o vigor. Com isso, a ocasião da Profissão Solene foi o recolhimento de toda essa história, assumindo com um sim o “não contentar-se de contente, é cuidar que se ganha em se perder, é estar-se preso por vontade, é servir a quem vence, o vencedor”, como expressa Camões.

Por fim, este período da vivência da Formação Permanente tem uma sanha de querer servir cada vez mais. No confronto com meus limites, vejo a vida franciscana como a resposta para as minhas inquietações. Cada dia, a busca de conversão. Em Cristo encontro minha resposta de humanidade!

Site Franciscanos – O seu irmão Daniel te influenciou nesta decisão?

Frei Gabriel – Com toda certeza. A sua influência foi justamente mantendo a distância necessária para que eu fizesse a minha caminhada. Porém, eu sabia que em tudo ele estava lá, apoiando. O Daniel é muito centrado, bem intencionado no que faz, correto. Não poderia ter sido diferente. Nós moramos juntos, pela primeira vez na vida, na mesma casa, quando eu entrei em Agudos. Lá ele soube me ajudar, mas garantindo que eu fizesse a minha caminhada. E até hoje é assim: ambos temos o mesmo desejo de seguir a Cristo ao modo de São Francisco, compartilhamos os sonhos um ao outro, tendo clareza que cada um tem a sua resposta, o seu tempo, as suas escolhas. É uma grande graça, um grande presente, um grande dom ter um irmão de sangue e de Ordem!

Site Franciscanos – O que significa para você a ordenação presbiteral?

Frei Gabriel – Serviço. Num tempo fiquei meio frustrado porque todo mundo tinha carteira de trabalho e eu não. Ao ser eleito para este trabalho, sei que minha carteira será assinada para continuar a servir a Igreja, agora, nesta missão. Tenho consciência dos meus limites, mas sei que o apoio de Deus, dos confrades e do povo será meu amparo. Quero continuar anunciando o amor que um dia me atingiu, para que eu possa levá-lo a outros corações, através daquilo que compete a um presbítero. Faço minhas as palavras do grande Ariano Suassuna: “Como sou pouco e sei pouco, faço o pouco que me cabe, me doando por inteiro”.

Site Franciscanos – Como está a expectativa na família e na cidade?

Frei Gabriel – Somos uma família muito unida. As férias são sempre uma ocasião de encontro, partilha de vida, dias intensos. Além disso, sempre estivemos juntos, à medida do possível, nos momentos de necessidade, crise… isso através dos conselhos um para o outro, das orações… e agora estaremos juntos nesta ocasião que me conferirá este ministério. Este ano também vivemos a chegada de mais uma sobrinha, a Anita, que com a Clara vêm somar nossas alegrias. Em Rodeio há um clima alegre, depois da tormenta das enchentes. O povo está animado porque vamos aproveitar a ocasião para fazer uma missão na cidade, levando esperança depois da tempestade. Além disso, será ocasião de revisitar junto com o povo a importância de cada “sim”, de cada pessoa, de cada liderança da paróquia!

Site Franciscanos – Em meio a tantos apelos da sociedade moderna, o que leva um jovem como você a atender ao pedido de Jesus: “Vem e segue-me”?

Frei Gabriel – O filósofo Nietzsche critica o cristianismo, até onde eu entendi, nos acusando de invertermos os valores mais radicalmente humanos. De que os cristãos subverteram o sentido da vida e são negadores dela. Colocamos um ideal e temos que alcançá-lo. Por isso, muitos se frustram e tal. Bem, eu vejo que Cristo, na verdade, ao me convidar, me ajuda a ser ainda mais humano. Sem dúvida, ao atender o pedido de Jesus eu não aniquilo o meu eu, mas encontro a razão pela qual quero ser! Obviamente, atingir o Cristo não é um trabalho acabado agora, mas “Caçador de Mim” busco-O.

Site Franciscanos – Deixe uma mensagem para os jovens que são vocacionados à vida religiosa franciscana?

Frei Gabriel – Acredito que ao longo da nossa caminhada, devemos observar o dia a dia como fonte de aprendizado. Um bom exemplo de um irmão, um conselho de um amigo, um trecho da Palavra, uma história de Francisco, um convívio com os que estão próximos a nós em nossas atividades apostólicas sempre são fonte de reflexão, sabedoria… além disso, se eu pudesse indicar, sugeriria que possamos repetir em nossos corações a oração diante do Crucifixo de São Damião, feita por Francisco, e que utilizei como lema para esta ocasião, pois sempre me marcou muito por sua singeleza, simplicidade e entusiasmo: “Grande e magnífico Deus, meu Senhor Jesus Cristo, iluminai o meu espírito e dissipai as trevas da minha alma. Dai-me uma fé reta, uma esperança certa é uma caridade perfeita. Concedei meu Deus, que eu vos conheça muito, para poder agir sempre segundo os vossos ensinamentos e de acordo com a vossa Santíssima Vontade”.

P.S.: peço que este trecho permaneça: agradeço a todos os colaboradores da Província. Inclusive ao Moacir Beggo. Em 2009, no Capítulo das Esteiras, ele me deu valiosas dicas de escrita. Ainda não aprendi tudo, mas ele aguçou meu desejo de acertar mais nas palavras. Com certeza ele e os demais sempre nos são ocasião de aprendizado!

Dois filhos Padres

Dª Terezinha fala sobre ser mãe de dois filhos padres: “É uma alegria que não cabe no peito”

Era uma manhã de sol, mas com o vento frio do outono do Sul do Brasil. Dª Terezinha Corrêa Dellandrea, mãe dos Freis Daniel e Gabriel, já tinha cozinhado batatinhas para fazer uma gostosa maionese e colocou-as para esfriar numa vasilha de vidro perto da janela. O fogão já fervia outra panela: agora de chuchu, para fazer uma tigela deste legume que o Gabriel gosta bem quentinho e sem quase nenhum tempero. No forno, um pedaço de carne já assava para servir no almoço que reuniria a família completa, pois o Daniel estava por chegar. Na grande cozinha tem uma mesa grande, que ao invés de ser ladeada por cadeiras, tem grandes bancos para acolher a família toda. O espaço de cozinhar é também local para acolher todo mundo, além de ter uma outra mesa com imagens de santos, flores e fotos dos filhos, das netinhas e outros objetos simbólicos da família. Toda a casa respira a alegria pela proximidade da Ordenação Presbiteral de Frei Gabriel. Sentamos à mesa e Dª Terezinha concedeu a entrevista abaixo, sempre muito emocionada.

Acompanhe!

Site Franciscanos – Como o seu coração recebe esses dois filhos presbíteros?

Dª Terezinha – Eu recebo com muita emoção (pausa para choro). É uma emoção muito grande que a gente não tem nem explicação do que sente, sabe? É muito lindo, uma alegria tão grande que não cabe no peito. É uma pergunta que muitos me fazem, muitos me perguntam o que eu sinto.  “Eu gostaria de saber o que você sente no coração, sabendo que um filho [frei] já é uma alegria muito grande, né, para uma mãe. Imagina dois?”. Então, o que sinto no meu coração é uma emoção muito forte, um agradecimento muito grande a Deus, que faço todo dia por ter me dado essa graça de ter três filhos, sendo dois padres e um que me deu as netinhas (Clara e Anita). Um bom pai e um bom filho também.

Site Franciscanos – Como a sra. recebeu a decisão de Frei Daniel de ser frade e depois a de Frei Gabriel?

Dª Terezinha – Eu recebi sempre apoiando eles. Sempre apoiei eles, nunca interferi. A escolha era deles. Então, a gente fica feliz por eles hoje, pela escolha deles, pois deu tudo certo.

Site Franciscanos – Quando eles eram crianças, a senhora imaginava que um dia teria dois frades franciscanos e presbíteros?

Dª Terezinha – Não (pausa para choro). Quando eu e o Sérgio viemos morar em Rodeio (Sérgio, esposo de Dona Terezinha, nasceu em Rodeio, mas ela nasceu na cidade vizinha, Ascurra, onde cresceu e só saiu de lá após ter se casado), ele comprou uma máquina fotográfica e nós pegamos o Daniel e fomos para a Igreja (Matriz São Francisco de Assis – do Noviciado de Rodeio/SC) e batemos um monte de fotos dele sentado naquela escadaria. Eu nunca poderia imaginar que nessa Igreja ele iria servir como coroinha e, como coroinha, despertar nele a vocação. No começo foi difícil entender. Quando ele veio falar comigo que queria estudar num seminário, eu pensei: “Nossa, como vai ser isso… como vai ser?”. E tudo foi se resolvendo. Eu lembro que no dia de Nossa Senhora Aparecida, ele me disse: “Mãe, eu queria estudar no seminário”. E eu tinha uma imagem dela em cima de uma mesa. Eu não sabia mais o que responder pra ele, então eu disse: “Vai lá e reza para Nossa Senhora, para ela te dar uma luz”. E então eu vi ele lá, ajoelhado, na frente da Nossa Senhora. E depois disso as portas se abriram e “quando eu vi”, ele estava indo embora. Sofri bastante, pois senti muito a falta dele. Eu já estava grávida do Gabriel, e chorava de muita saudade dele pois não era como hoje com os celulares, onde podemos conversar mais. A gente ia visitar ele bastante, pois era perto (Ituporanga/SC). Eu tive uma gravidez [do Gabriel] de muita saudade, de muito choro, mas quando ele nasceu, o frei sorriso (risos), tudo se transformou em alegria. No caso dele, eu também não imaginava. Ele sempre dizia: “Nunca vou te deixar”. Me lembro que as pessoas perguntavam se ele também iria ser frei. Ele respondia que não queria, que nunca iria me deixar. E ele se espelhou no irmão depois de tantas visitas nos seminários. Na Semana Missionária da Ordenação do Daniel, se ele tinha dúvidas, acabou quando ele me disse: “Mãe, eu também quero ir”. E eu apoiei ele, pois sempre apoiei a decisão deles. E foi, ficou, e ficou firme. A gente sofreu pela separação, pois ele foi direto para São Paulo, que não era perto para estar visitando, mas deu certo.

Site Franciscanos – A senhora já conhecia os franciscanos e São Francisco de Assis antes de eles se tornarem seminaristas? Como é a vida religiosa da família?

Dª Terezinha – Nunca tinha ouvido. Eu soube quando vim morar em Rodeio. Mas depois nos envolvemos na comunidade. A gente sempre participava das celebrações todo final de semana. Em 2003 fomos convidados para ser ministros da Eucaristia e aceitamos. Até hoje fazemos essa missão e fazemos o que podemos pela comunidade, mantendo aquela fé acesa, ainda mais com os filhos freis. Nós cultivamos isso.

Site Franciscanos – Quais santos e santas a senhora é devota?

Dª Terezinha – Eu sou devota de todos os santos, mas a que mais mexe comigo é Santa Terezinha. E eu sempre procurava saber o porquê tinha essa devoção. E  lembrei um dia: quando ia para a aula, ainda pequena, tinha uma gruta no caminho para a escola. E lá havia imagens muito lindas e eu ficava admirada olhando-as. Uma delas era de Santa Terezinha. E um dia dormindo sonhei com aquela gruta e lembrei dessa imagem. Era ela que estava ali. Isso mexeu comigo quando era criança e por isso tenho uma devoção muito grande por ela. A imagem dela me chama muito a atenção. Tanto é que uma vez que visitei o Daniel em Petrópolis e fui numa igreja (Catedral São Pedro de Alcântara). Todo mundo visitou a igreja e saiu. Eu fiquei lá, rezando diante de uma imagem de Santa Terezinha. Eu pedi que ela protegesse o Daniel para mim, pois deixaria ele nas mãos dela. E quando fui sair, vi que ela tinha um buquê de rosas nas mãos. Quando eu virei as costas, aquele buquê caiu no chão como se ela me dissesse: “Pode ir que ele vai ficar nas minhas mãos”. E até hoje eu rezo e peço a bênção e a proteção dos meus filhos. Tudo o que a gente pede para Deus não podemos duvidar, pois Ele escuta o nosso pedido de mãe. Sempre que eu rezo eu coloco os meus filhos nas mãos de Santa Terezinha e durante o dia eu esqueço que podem estar em perigo, pois sei no meu coração que eles têm a proteção de Deus.

Dª Terezinha e sr. Sérgio no ateliê de costura

Site Franciscanos – O que você diria para uma mãe que está indecisa em aceitar seu filho como seminarista?

Dª Terezinha – O que eu diria? Em primeiro lugar eu acho que a mãe nem precisaria ter dúvida em aceitar. Simplesmente aceitar e colocar nas mãos de Deus, deixar ele no caminho que escolheu e rezar e agradecer a Deus por ter tomado essa decisão de ser um frei, um padre. Isso vem muito do apoio da mãe, do pai, nessa caminhada. Os pais não precisam mais se preocupar, pois sabem onde está o filho. O que vale é a oração da gente e deixar ele seguir o caminho. É um caminho muito lindo, muito valioso na vida da família. Nenhuma mãe deveria ter dúvidas. E mesmo que depois não desse certo e esse filho tivesse que voltar atrás, ao menos ele teve uma experiência que poderia dizer: “Eu tive a minha experiência e a minha mãe e a minha família me apoiou”. É um caminho muito lindo e o que precisa é de oração para que continue. Então, acho que muitos jovens deveriam entrar e fazer essa experiência. Não precisa ser um padre, frei, mas fazer essa experiência de vida religiosa. Se todo jovem tivesse essa oportunidade de fazer essa experiência, mesmo que depois não seja aquilo que ele queria, pelo menos fez uma experiência, teve conhecimento sobre a religião. Todo apoio, especialmente da mãe, é muito bom.

A Família Dellandrea, da esq. para dir: Frei Gabriel, Dª Terezinha, Sr. Sérgio, Carolina com a pequena Anita, Elton com a pequena Clara e Frei Daniel


Moacir Beggo