Vocacional - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Ordenação Presbiteral de Frei Diego Atalino de Melo

Ordenação

“Frei Diego, seja um sacerdote eucarístico!”

 

Por Moacir Beggo

Lages (SC) – O ginásio de esportes do Colégio Santa Rosa, em Lages (SC), cedeu seu espaço neste sábado (11/02) para registrar na sua história um dos momentos mais belos e intensos da liturgia católica: a ordenação presbiteral. No altar montado no centro da quadra, com o Crucifixo no alto e a imagem de São Francisco no lado direito, o bispo de Lages, Dom Irineu Andreassa, OFM, impôs as mãos sobre a cabeça de Frei Diego Atalino de Melo para receber o Sacramento da Ordem.

Tudo colaborou para que Frei Diego tivesse uma bonita festa: Um lindo dia de sol, o local da celebração ao lado da Fraternidade São José, ou do “Conventinho”, como é mais conhecida esta casa da Província da Imaculada Conceição, a cuidadosa preparação da quadra e da liturgia para que a celebração fluísse com leveza e fé. E um toque bem franciscano: além do bispo, um grande número de confrades de Frei Diego esteve presente, assim como sacerdotes da Diocese.

O povo de Lages participou com entusiasmo deste momento e, como acontece em todas as ordenações presbiterais da Província, um grupo fiel da Baixada Fluminense mais uma vez não economizou esforços para estar com o frade que conheceu devido às atividades pastorais nesta região do Rio de Janeiro.

Dom Irineu teve como concelebrantes o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, e o pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, Frei Gentil Branco.

Depois de três horas de celebração, Frei Diego poderá levar para o seu ministério uma recomendação que o bispo franciscano repetiu com insistência: “Frei Diego, seja um sacerdote eucarístico”!

“Nos teus lábios as palavras de Jesus serão não só ditas, mas realizadas: ‘Tomai todos e comei: isto é o meu corpo’, ‘tomai todos e bebei, isto é o meu sangue’”, disse, pedindo a Frei Diego que lembre sempre que a eucaristia faz a Igreja e “que a Igreja faz a Eucaristia”.

Dom Irineu também fez uma reflexão sobre o lema que Frei Diego escolheu para a sua ordenação: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi”, referindo-se ao espanto do profeta Jeremias ao ser escolhido pelo Senhor. Segundo o bispo, ele não sabia falar, era muito jovem, e tinha medo de assumir tão grande missão. “Hoje, Frei Diego, o Senhor o escolhe com tuas limitações, fragilidades e medos. Ao mesmo tempo uma certeza é confortadora: foi o Senhor que te chamou. Ele que te escolheu, te separou e te ama e estará contigo em todos os momentos do teu ministério. Ele é que estende as mãos sobre ti e por isso, tua missão será a de retribuir esta confiança. Não tenhas medo de viver o sacerdócio”, confortou-o.

E concluiu o bispo: “Desempenha, portanto, com verdadeira caridade e contínua alegria, a missão do Cristo sacerdote, procurando não o que é teu, mas o que é de Cristo”.

Rito da ordenação presbiteral

Frei Pedro da Silva, animador  do Serviço Vocacional da Província (SAV),  passou a explicar liturgicamente, após a homilia, todos os passos do rito da ordenação presbiteral, desde o momento em que Frei Diego foi chamado para perto do bispo e foi feita a apresentação do candidato. O paroquiano Antônio, de Nilópolis, foi convidado pelo Ministro Provincial para falar ao bispo por que Frei Diego era digno do ministério presbiteral. Com a aceitação do bispo e o propósito do eleito, teve início a Ladainha de Todos os Santos, quando Frei Diego se prostrou ao chão, enquanto o povo pedia a intercessão de todos os santos.

Na sequência, pela imposição das mãos de Dom Irineu e de todos os presbíteros na celebração, Frei Diego recebeu o Sacramento da Ordem. Esse momento terminou com a oração Consecratória. Em seguida, Frei Vilmar Alves da Silva e Frei José Lino Lückmann ajudaram a Frei Diego na investidura das vestes litúrgicas: casula e estola.

Já como novo presbítero, Frei Diego teve as mãos ungidas com o óleo do Santo Crisma. Na sequência, suas mãos foram amarradas pelo bispo e desamarradas pelos pais, Roseli e Alfredo, significando que agora suas mãos estão a serviço do povo de Deus. Com as mãos livres, Frei Diego deu a sua primeira bênção aos pais.

Já no fim do rito, o ordenando recebeu, de joelhos, a patena com o pão e o cálice com o vinho e a água. A celebração eucarística continuou e terminou com a bênção do novo presbítero para toda a assembleia.

Agradecimentos

O Ministro Provincial Frei Fidêncio Vanboemmel agradeceu a Dom Irineu pela presidência da celebração, a fraternidade São José, o povo de Lages e de outros estados e os confrades da Província, sacerdotes da Diocese e religiosas (os) pela participação. Reservou um agradecimento especial à família de Frei Diego e falou diretamente para o novo presbítero citando uma frase de São Francisco:  “Considerai vossa dignidade, irmãos sacerdotes! Sede santos porque o Senhor é santo”.

Frei José Lino Lückman, guardião do Convento São José, trouxe para o novo presbítero uma mensagem das Clarissas, que segundo Frei Diego tiveram um papel importante na sua vocação.

Por fim, Frei Diego fez os seus agradecimentos e se emocionou muito quando falou diretamente para a sua família: “Um dos maiores tesouros que eu poderia ter: pai, mãe, Tiago e Cinthia. Muito obrigado pelo que representam para mim. Obrigado pelas vezes que vocês sofreram e se privaram de tantas coisas por mim”, completou.

Frei Diego celebra neste domingo, às 9 horas, na Comunidade São Miguel, a sua Primeira Missa.

Primeira MIssa

Frei Diego inicia seu ministério presbiteral

 

 

Por Moacir Beggo

Lages (SC) – O novo presbítero Frei Diego Melo não poderia ter ganho melhor presente do que o carinho e o acolhimento da Comunidade São Miguel, em Lages (SC), onde nasceu, cresceu e voltou para realizar o sonho de ser um apóstolo de Cristo. Durante uma semana, a Comunidade se mobilizou para preparar a ordenação presbiteral (veja vídeo) e deu uma grande demonstração de afeto e fé na Primeira Missa, celebrada neste domingo (12/02).Como era de se esperar, a Comunidade não perdeu a oportunidade de participar deste momento e a Capela ficou pequena para tanta gente.

Tranquilo e calmo, Frei Diego presidiu sua primeira celebração eucarística, tendo ao lado seus confrades e diáconos Frei Vanderlei Grassi e Frei Wilson Batista Simão, que serão ordenados ainda neste semestre; o pároco de Nossa Senhora Aparecida, Frei Gentil Branco; o seu pregador, Frei Bertolino Thol; e o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel. O bispo ordenante Dom Irineu Andreassa, OFM, sentou na primeira fila da igreja ao lados dos pais e irmãos de Frei Diego.  Mais 30 frades estiveram presentes, além de religiosos (as), seminaristas do Seminário São Francisco de Assis de Ituporanga e o grupo de amigos e paroquianos de Nilópolis e Petrópolis (RJ), que vieram para a sua ordenação.

Frei Diego procurou os frades do Convento São José quando iniciou o seu discernimento vocacional em 2001. O primeiro frade a recebê-lo foi Frei Bertolino Tholl e, por isso, foi o escolhido de Frei Diego para fazer a homilia da sua Primeira Missa. Atual vigário paroquial de Ituporanga, Frei Bertolino iniciou a sua pregação lembrando que a missão assumida por Frei Diego, que é a missão de todos os discípulos de Cristo, é a de evangelizar. Segundo ele,  a evangelização é muito mais que proclamar com palavras a presença do Reino de Deus entre nós, mas é torná-lo presente por meio de nossas ações.

Para Frei Bertolino, o Evangelho de Marcos da cura do leproso, ajuda-nos a entender que conceito temos de Deus pelo modo que acolhemos o outro, especialmente quando esse outro é um “leproso” de nossos dias, um marginalizado. “Frei Diego, você não pode deixar de evangelizar pelo anúncio da Palavra, mas nunca se esqueça de evangelizar pela presença junto ao povo, indo ao encontro de todos os ‘leprosos’ de nossos dias, como fez São Francisco de Assis, ouvindo os seus lamentos e aflições e promovendo ações que fazem a vida florescer onde está sendo maltratada. Para você se tornar um evangelizador que proporcione vida plena a todos, não tenha medo de retirar-se e subir a montanha para se encontrar-se com o Pai pela meditação constante da Palavra de Deus, pela Eucaristia e tendo a coragem de dobrar os joelhos todos os dias e muitas vezes ao dia”, ensinou.

A resposta da comunidade emocionou Frei Diego, que não se cansou de elogiar e agradecer. “Ainda distribuindo a comunhão, pude perceber as mãos calejadas das pessoas, mãos que trabalham em serralherias, no campo ou no trabalho doméstico. Por isso, a cada vez que venho aqui, renovo a certeza de que o Reino de Deus é para todos, mas de modo especial para os pobres”, disse Frei Diego, pedindo: “Nunca me deixem esquecer as minhas raízes, de uma família simples e uma comunidade simples e pobre, mas que não perde a fé”.

À família, o novo presbítero sempre falou com emoção, especialmente da mãe, Dona Roseli, que teve um papel importante na sua vocação. “Quando eu era criança, ouvi alguém dizer que quem tem Jesus tem uma luz dentro de si. Cheguei em casa, abri a boca para ver se via Jesus lá dentro. Não enxerguei. Hoje, vejo essa luz dentro de mim. Não é meu brilho, não é uma luz minha, mas é o próprio Jesus que está dentro de mim e que vocês me ajudaram a descobrir”, completou. Fora da celebração, o que se viu em Lages foi o milagre da partilha. Tanto a Comunidade São Miguel, como a Fraternidade São José e a Paróquia Nossa Senhora Aparecida não pouparam esforços para acolher da melhor maneira possível os frades e visitantes.

Entrevista

Frei Diego Atalino de Melo

 

 

Filho de Roselei Maria e Alfredo Adenir Melo, Frei Diego nasceu no dia 26 de agosto de 1983 em Lages, Santa Catarina. É nesta cidade que será ordenado presbítero no dia 11 de fevereiro às 17 horas, pelas mãos do bispo franciscano Dom Irineu Andreassa. Sua ordenação será no Ginásio de Esportes do Colégio Santa Rosa de Lages. A primeira etapa na formação religiosa franciscana de Frei Diego foi o Aspirantando de Ituporanga, em 2002. No ano seguinte, foi para o Postulantado e recebeu o hábito franciscano em 2004, na cidade de Rodeio. Concluiu o Curso de Filosofia (Curitiba) no ano de 2007 e, em 2011, terminou o Curso de Teologia no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ). Professou solenemente na Ordem Franciscana no dia 5 de novembro de 2009 e foi ordenado diácono no dia 4 de dezembro de 2010. Nesta entrevista, Frei Diego fala como se deu o seu discernimento vocacional e a opção pela vida religiosa franciscana. Para ele,  ser franciscano “é uma proposta para quem de fato é corajoso, para quem não é medíocre e aceita viver um grande desafio a cada dia”. 

Acompanhe!

Site Franciscanos – Como se deu o seu discernimento vocacional?

Frei Diego – Desde pequeno sempre gostei muito de participar da Igreja, dos grupos de família e da oração do Terço que era rezada pela Legião de Maria todas as tardes na minha comunidade. Também gostava de visitar um jovem que tinha deficiência física e mental e que morava próximo à minha casa. Certo dia, ao visitá-lo e ao aproximar-me dele, ganhei um abraço seu, o que não era tão comum, tendo em vista que ele era sempre muito agitado. Chegando em casa, contei para minha mãe e ela, então, disse-me que era para eu nunca esquecer daquele gesto, pois na verdade era o próprio Jesus que estava me abraçando. Nunca mais me esqueci daquele momento. Hoje, ao olhar para a minha própria história, percebo o quanto Deus foi falando comigo por meio de pessoas e acontecimentos concretos. Portanto, posso dizer que foi nos gestos mais simples e na concretude da vida com suas dificuldades e sofrimentos que fui descobrindo a voz de Deus a me chamar.

Site Franciscanos – Quando resolveu optar pela vida religiosa franciscana?

Frei Diego – Quando tinha cerca de 16/17 anos, trabalhava em uma empresa durante o dia e cursava o Ensino Médio à noite. Aos finais de semana, participava de um grupo de jovens que ajudava na liturgia do Convento Franciscano São José, na minha cidade natal, Lages-SC. Diante de tantas possibilidades que começavam a se descortinar diante de mim, sentia que buscava algo mais radical para a minha vida, embora não soubesse exatamente o que poderia ser. Com o passar do tempo e com a proximidade com os frades, principalmente com o belo testemunho de simplicidade do meu primeiro orientador vocacional, Frei Bruno Kroeling (falecido em 2001), fui descobrindo que a Vida Franciscana poderia saciar essa minha sede de radicalidade. Com a ajuda e o exemplo dos frades, fui conhecendo a São Francisco e descobrindo a grandeza de sua proposta. Posso dizer que no caminho proposto por Francisco de Assis se encontrava e se encontra todo o meu desejo e projeto de vida. Apaixonei-me profundamente pela sua vida e também quis segui-lo. Era tudo o que eu buscava. Sentia que, de fato, ali poderia encontrar a resposta para a mi-nha vida. Foi quando, depois de um período de discernimento vocacional e, com 18 anos completos, tomei coragem e deixei o meu emprego e o lar da minha família que tanto amo para ingressar numa outra grande família que me acolheu de braços abertos, que é a Ordem dos Frades Menores.

Site Franciscanos – Qual o significado desta ordenação presbiteral para você?

Frei Diego – Trata-se de mais um passo na realização de um sonho que, de certa forma, já está sendo realizado desde o momento em que optei por ser religioso franciscano. Para mim, ser sacerdote é estar a serviço do povo de Deus, participando das suas alegrias e dores, sendo presença do Cristo amigo e solidário, fazendo-se alimento eucarístico sobre o altar e curando as feridas dos chagados de nossa sociedade. É ter a consciência de que, se aqui estou, é porque Jesus conta comigo para a realização da sua missão. Por isso escolhi como lema Jo 15,16: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos esco-lhi”, justamente porque acredito que a vocação não é mérito meu, mas é graça e bondade de Deus. Portanto, sinto-me agradecido a Deus por, apesar de todas as fragilidades, ter confiado a mim essa tão bela missão de ser um sacerdote franciscano.

Site Franciscanos – O que leva um jovem a se encantar pela vida religiosa e sacerdotal no mundo de hoje?

Frei Diego – Creio que somente um profundo amor a Deus e aos homens é capaz de levar um jovem a abraçar a vida religiosa e sacerdotal. Se não se tem essa motivação de querer doar-se inteiramente pelo Reino de Deus, certamente haverá outros apelos que serão mais sedutores. Trata-se do desejo de se fazer irmão de todos, doar-se sem medidas, ter como família o povo de Deus, como casa e claustro o próprio mundo, ser livre e buscar a cada dia tornar-se reflexo de Deus para os homens e mulheres dos dias de hoje. Enfim, é o desejo de conformar a vida à vida de Jesus, que é pobre, humilde e crucificado. Se não for movido por um profundo amor a Jesus Cristo, nada nessa vida tem sentido.

Site Franciscanos – O que esperar de um jovem sacerdote no nosso mundo atual?

Frei Diego – Imagino que deve-se esperar que ele tenha consciência da grandeza da sua missão, mas que também não se esqueça que é a graça de Deus que o fará seguir em frente. Espera-se dele uma resposta vocacional que seja reiterada por uma vida entusiasmada, aberta a descobrir novos caminhos de evangelização e também coerente com aquilo que acredita e anuncia. Espera-se que seja alguém que saiba dialogar com as tantas diferenças que compõem o nosso mundo, que não se deixe envolver pelo comodismo ou pelas suas seguranças e que aprenda sempre com aqueles que são os nossos mestres, os mais pobres e simples. Alguém que tenha a humildade de aprender a descobrir as sementes do Verbo que estão presentes em tantas realidades de nosso mundo, tanto na Igreja quanto fora dela. Enfim, um jovem que coloque todas as suas energias a serviço dessa grande proposta de Jesus e que nunca se esqueça de ser uma pessoa simples, de oração e a serviço do povo de Deus.


Site Franciscanos – O que você diria a um jovem sobre a vida religiosa franciscana e sacerdotal?

Frei Diego – Diria que a vida é um presente de Deus e que, sendo única, deve ser aproveitada e vivida com intensidade a cada momento. Diria que a vida religiosa franciscana é uma maneira, entre tantas outras, de viver radicalmente a cada momento a nossa vida. Ser franciscano é uma opção de vida encantadora. É uma proposta para quem de fato é corajoso, para quem não é medíocre e aceita viver um grande desafio a cada dia. É um ideal a ser perseguido e construído, mas é também uma realidade que já pode ser experimentada no concreto do dia-a-dia. Enfim, é uma proposta que dá sentido à minha existência e que, certamente, também pode ser um sentido de vida para tantos outros jovens que ainda buscam descobrir a melhor forma de viver intensamente as suas próprias vidas.