Ordenação Presbiteral de Frei Alan Maia de França Victor
Ordenação
D. Orani pede a Frei Alan testemunho e serviço
Moacir Beggo
Bangu (RJ) – A Comunidade Paroquial São Judas Tadeu de Bangu, reforçada com a presença de dois ônibus de fiéis – um de Nilópolis e outro da Rocinha – fez uma linda celebração para marcar o início do Ministério Sacerdotal de Frei Alan Maia de França Victor, que foi ordenado presbítero neste sábado, às 17 horas, pelo Cardeal Orani João Tempesta. O clima no bairro de Bangu, que é conhecido pelas altas temperaturas no verão, ficou ameno com a chuva que chegou e deixou a festa ainda mais bonita.
Além do Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, confrades de Frei Alan de toda a Província da Imaculada participaram da celebração, assim como sacerdotes e seminaristas da Arquidiocese do Rio. A Igreja ficou pequena para essa grande demonstração de carinho pelo ordenando, que levou o pároco Pe. Jorge Luiz a instalar um telão no Salão Paroquial.
Frei Alan teve ao seu lado, na procissão de entrada, o pai Marinaldo e a mãe Anita Maria de França Victor, que permaneceram com ele até ser chamado para se aproximar do Arcebispo, depois da liturgia da Palavra, quando teve início o rito da ordenação. Frei Fidêncio apresentou Frei Alan e deu seu testemunho, em nome da Província da Imaculada e do povo de Deus, que ele “era considerado digno” para o ministério sacerdotal.
Na homilia, Dom Orani exortou o neo-sacerdote a ser testemunha e anunciador do amor de Deus. “Escolhemos esse nosso irmão para Ordem do Presbiterato. Pode parecer uma frase do ritual da ordenação, mas é do Evangelho: ‘Não fostes vós que Me escolhestes, mas fui Eu que vos escolhi’”, disse D. Orani. Segundo ele, é um mistério o chamado de Deus em meio a toda essa confusão do mundo de hoje, de gente perseguida, de cristãos sendo martirizados, de cidades em caos, não só por questões políticas, mas questões éticas, sociais etc.
O ordenado deve levar a todos a experiência da vida divina e isto lhe dá a graça necessária para cumprir diversas tarefas relacionadas ao ministério sacerdotal. “Entre tantas más notícias, o ordenado foi escolhido para levar a grande boa notícia do amor de Deus, do compromisso pela pessoa”, acrescentou D. Orani.
Dom Orani lembrou que a ordenação de Frei Alan acontece às vésperas da festa de São Francisco de Assis. “Frei Alan deixou a sua família, a sua Paróquia para poder servir o carisma franciscano. Pois como bem nos exorta São Francisco de Assis: ‘Pregue o Evangelho em todo tempo. Se necessário use palavras’. Essa é a essência de todo religioso e cristão: ser testemunha do Deus ao qual Ele serve”, lembrou, enfatizando o testemunho do presbítero por toda a vida.
Segundo D. Orani, viver a sua consagração religiosa tornando-se presbítero é uma grande missão e serviço. “É muito importante lembrar a sociedade hoje do transcendente, lembrar os valores de Deus, lembrar as pessoas que podem ser melhores e fazer o bem. Ser chamado por Deus para esta missão é assumir todas as dores, dificuldades e alegrias que o ministério traz”, disse.
“É uma grande alegria se doar pelo Reino de Deus na comunicação do Evangelho”, completou.
Após a homilia, o rito continuou com o propósito do eleito. Em seguida, foi cantada a Ladainha de todos os Santos, quando o eleito prostrou-se, como sinal de sua total entrega a Deus. Em seguida, o momento central da ordenação com a imposição das mãos e a Prece de Ordenação. Na sequência, a última parte do rito: unção das mãos e a veste do eleito com a casula e a estola.
Dois momentos são sempre muito emocionantes: a unção das mãos, que são amarradas pelo bispo e depois são desamarradas pelos pais, que recebem a primeira bênção do novo presbítero. Outro momento marcante foi a vestição, quando o neo-sacerdote, auxiliado por pároco Pe Jorge Luiz, vestiu os paramentos próprios do presbítero, trazidos pela família em procissão.
Ordenado, Frei Alan concelebrou no altar e, neste domingo, 1º de outubro, presidirá a sua Primeira Missa nesta Paróquia.
AGRADECIMENTOS
Pe. Jorge Luiz fez os agradecimentos em nome da Paróquia e confessou a Frei Diego Melo, coordenador do Serviço de Animação Vocacional da Província, que “já estão sentindo saudades” depois de uma semana em missões em preparação para a ordenação de Frei Alan. Pe. Jorge Luiz também enfatizou muito a colaboração dos paroquianos nesta celebração. “O padre, sozinho, não pode fazer nada. Mas quando o padre conta com a comunidade, e a comunidade abraça a proposta, nós sabemos que o resultado é fantástico”, disse, agradecendo muito os paroquianos.
Frei Fidêncio, em nome de toda a Fraternidade Provincial, agradeceu a D. Orani por aceitar ordenar Frei Alan. “Agradeço mais uma vez por esta proximidade de irmão e pai, cuidador dos nossos irmãos, especialmente dos que vivem sua vida penitencial aqui no Rio de Janeiro. Quero agradecer ao Pe. Jorge Luiz porque o Frei Diego nos dizia hoje que foram, desde o primeiro momento,muito bem acolhidos. A esta Comunidade Paroquial o nosso muito, muito, obrigado”, destacou, agradecendo à família de Frei Alan. “Eu sempre falo que vocês nos deram um companheiro, um amigo fiel, um irmão necessário para viver conosco a nossa vocação franciscana nesse projeto evangélico de São Francisco de Assis”, disse, dirigindo-se a Frei Alan: “Conte sempre com a gente na nossa Fraternidade Provincial. Muito obrigado a você e à Comunidade da Rocinha onde você atua”.
Frei Alan é o filho mais velho do casal Marinaldo e Anita Maria de França Victor. Tem uma irmã, que se chama Aline, quatro anos mais nova. Atualmente ele compõe a Fraternidade Franciscana Nossa Senhora da Boa Viagem, na Rocinha.
Nos agradecimentos, Frei Alan, emocionado, louvou a Deus pelo dom da vida e da vocação, agradeceu à família, à Província Franciscana e à Igreja, que acabara de acolhê-lo na Ordem dos Presbíteros.
A Dom Orani demonstrou a sua gratidão e de sua família pedindo que sua mãe lhe entregasse uma orquídea como lembrança. Agradeceu ao Pe. Tiago, que há dez anos deu a carta de recomendação para entrar na Ordem dos Frades Menores: “Meu muito obrigado pelos conselhos e pela acolhida”, disse.
Não poupou agradecimentos ao pároco Pe. Jorge Luiz, que abriu as portas da Paróquia e de sua casa para receber os missionários durante a Semana preparatória para a ordenação. “Sempre que o procurei para falar da ordenação, ele me dizia: ‘Não se preocupe, está tudo certo!'”.
Frei Alan agradeceu ao povo de Deus de sua Paróquia, de Nilópolis, onde passou dois anos fazendo pastoral quando era estudante de Teologia, e da Rocinha, onde vive atualmente. “Nos momentos de dificuldades, sempre repito nas celebrações, que sejamos instrumentos de paz naquela comunidade”, disse, muito aplaudido. A Rocinha viveu dias de angústia e medo nas últimas semanas.
No final, Frei Alan surpreendeu e emocionou a todos ao pedir licença a D. Orani, a Frei Fidêncio e ao pároco Pe. Jorge para se dirigir ao povo. “A presença de vocês aqui nesta noite é meu maior presente. Mas eu queria um segundo presente”, disse, ajoelhando-se e pedindo a todos que estendessem a mão e rezassem um Pai Nosso e uma Ave Maria pelo serviço que hoje estava abraçando. “Que eu seja sinal e sacramento de Deus na vida do povo de Deus. Me ajudem e, quando necessário, corrijam-me também!”.
Primeira Missa
Frei Alan Maia inicia seu Ministério Presbiteral
Moacir Beggo
Bangu (RJ) – O sacerdote – como está escrito em Hebreus 5 – é “um homem tirado por Deus do meio do povo e colocado a serviço desse mesmo povo nas coisas de Deus”. É em tudo e em primeiro lugar um homem de Deus, alguém que foi escolhido por Ele para ser o sinal visível da Sua presença no meio do mundo, como dizia ontem o Cardeal Orani João Tempesta. Pois foi com muita alegria e solenidade que a Paróquia São Judas Tadeu, em Bangu, se reuniu neste domingo, às 9h30, para agradecer a Deus pelo início do Ministério Presbiteral de Frei Alan Maia.
O envolvimento da Comunidade Paroquial que se viu durante a ordenação ontem, sábado (30/9), começou cedo neste domingo de sol e céu azul. A comunidade corria pra lá e pra cá, todos preocupados com os detalhes da liturgia, das homenagens, do som. Não menos felizes estavam as crianças nas primeiras filas de um lado da igreja e, de outro, os familiares de Frei Alan: o pai Marinaldo e a mãe Anita Maria de França Victor; a irmã Aline e seu esposo Rodrigo.
Frei Alan presidiu a celebração tendo como concelebrantes o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, o pároco Pe. Jorge Luiz, Frei Diego Melo, Frei Alexandre Magno e Frei Paulo Santana. Seus confrades, diáconos, seminaristas, religiosos também vieram celebrar com ele esta nova etapa em sua vida religiosa.
A liturgia da palavra teve início com a entrada da Bíblia trazida pelo seu confrade Frei Camilo, que fez a primeira leitura e Frei José Raimundo fez a segunda. O diácono Frei Vanderlei Silva Neves, que hoje reside em Xaxim, leu o Evangelho. Ele será o próximo frade desta Província a ser ordenado sacerdote.
Frei Gabriel Dellandrea fez a animação da Missa e explicou que é costume na Província da Imaculada que, na Primeira Missa, o neo-sacerdote convide outro irmão para fazer a pregação. Frei Alan escolheu Frei Alexandre Magno, que é pároco e guardião em Curitiba, porque ele fez parte de seu processo de discernimento vocacional e também participou da equipe formativa na etapa da Filosofia.
Fazendo referência ao Evangelho do dia (Mt 21,28-32), Frei Alexandre explicou que o filho mais novo, que diz sim ao pai mas acaba não cumprindo a tarefa, lembra muito os sumo-sacerdotes que diziam sim à lei antiga, mas eram incapazes de dizer sim ao seguimento do Senhor. Segundo Frei Alexandre, a história se repete hoje. “Existe uma divisão entre o que celebramos e o que vivemos. E o que conta para nosso Deus é, sobretudo, uma vivência no dia a dia do seguimento. E o pior é que, muitas vezes, por pertencemos ao grupo daqueles que celebram o Senhor, chegamos a julgar aqueles irmãos que estão distantes. Para o Senhor é fundamental uma vida coerente”, disse Frei Alexandre.
Segundo o pregador (FOTO ACIMA), o Papa Francisco nos chama a atenção que é tarefa da Igreja levar o Evangelho além das portas da igreja. “Esses dias, durante as Missões, ficou muito claro: a realidade do culto tem que ser transformada em missão. Tudo que nós celebramos aqui diante do Senhor deverá ser levado para o dia a dia de nossas vidas. É o comprometimento com a vida do irmão”, insistiu.
Ele lembrou que o Papa Francisco prefere uma Igreja acidentada, sofrida, por ter saído para anunciar Jesus a outras pessoas do que uma Igreja que ficou sempre em torno de si mesma. “É preferível o risco daqueles que saem”, acrescentou.
Falando para Frei Alan, disse que hoje ele é o agente da comunidade que sai em nome de Jesus. E deu algumas orientações para iluminar a caminhada de Frei Alan. Como primeiro ponto, indicou “a capacidade de dialogar com a realidade que nos cerca”. “E essa realidade hoje clama a centralidade da Palavra. É um processo longo e podemos dizer que Francisco tinha isso muito presente: o retorno ao Evangelho”, explicou.
Depois, como segundo ponto, disse que a Igreja vive a partir da ministerialidade. “A Igreja do Senhor é uma Igreja ministerial. Aí vemos São Francisco que respeita e valoriza os diversos dons e virtudes dos irmãos na fraternidade”.
“Também o Concílio Vaticano II coloca a necessidade de uma Igreja ministerial. O Vaticano II chega a dizer que é tarefa urgente dos presbíteros despertar nas comunidades novas lideranças e ministros que ofereçam abundantemente o alimento da Palavra. Será tarefa sua, Frei Alan, lá onde estiver, ajudar o povo a Deus a se envolver no compromisso com a Palavra”, pediu, recordando que no próximo ano a Igreja do Brasil celebrará o Ano do Laicato.
Em terceiro lugar, lembrou que celebramos um mês missionário e franciscano. “Então temos a necessidade de uma Igreja em saída para realidades distantes. Uma Igreja que se compromete, mais e mais, com as periferias existenciais. Ser capaz de anunciar Jesus lá onde Ele não é anunciado”, indicou, destacando, porém, o trabalho evangelizador dos frades hoje na Rocinha, como instrumentos de paz.
Frei Alan abraça o garoto João Miguel que lhe fez uma bela homenagem.
O pregador também ressaltou a importância do diálogo, que é próprio do carisma franciscano. “Aquele que é realmente discípulo, tem a capacidade de acreditar na Palavra e, como missionário, lá onde estiver, será um homem do diálogo, também para com aqueles que pensam diferente. Francisco fez isso quando visitou o sultão. A Igreja ia com armas defender os lugares santos e Francisco ia só com a sua túnica. Graças a esse respeito, a Igreja e os franciscanos até hoje cuidam dos lugares santos”, recordou.
Frei Alexandre encerrou falando da importância do Sínodo dos Jovens, convocado pelo Papa Francisco, com o tema “O jovem, a fé e o discernimento vocacional”. Para se preparar tendo em vista esse grande momento da Igreja, pediu para a Comunidade falar das vocações, rezar pelas vocações e convidar nossos jovens e leigos para as missões.
Do começo ao fim, Frei Alan conduziu a celebração com tanta segurança, tranquilidade, que nem parecia um neo-sacerdote. Apenas segurou a voz embargada em alguns momentos fortes da Eucaristia, como a consagração.
No final, depois do rito da Comunhão, a Comunidade prestou muitas homenagens a Frei Alan, demonstrando o carinho que têm pelo novo sacerdote. Pe. Jorge voltou a agradecer os paroquianos e os frades, assim como a Frei Alan, que recebeu homenagens e presentes da Comunidade, através do garotinho João Miguel, de Dª. Adélia, e da família, através de sua tia Sílvia. Ainda deu uma bênção especial à sua irmã Aline que está grávida e espera um menino que se chamará Afonso.
Neste domingo mesmo, às 18 horas, Frei Alan celebra na sua Comunidade da Rocinha.
Entrevista
Frei Alan Maia de França Victor
Moacir Beggo
O carioca Frei Alan Maia de França Victor será ordenado presbítero por Dom Orani João Tempesta no dia 30 de setembro, às 17 horas, na Paróquia São Judas Tadeu, em Bangu, Rio de Janeiro. Nesta mesma Paróquia, no dia 1º de outubro, às 9h30, ele vai celebrar a Primeira Missa, e terá como pregador Frei Alexandre Magno da Silva. Às 18 horas, ele celebrará na Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, onde reside. Seu lema é: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a Boa-nova aos pobres”.
Natural do Rio de Janeiro, onde nasceu no dia 5 de fevereiro de 1980, no bairro de Bangu, Frei Alan é filho de Marinaldo e Anita Maria de França Victor e irmão de Aline, quatro anos mais nova. Há onze anos, quando ainda trabalhava numa empresa particular de Banco de Sangue, decidiu buscar orientação vocacional. “Sentia o desejo de servir à Igreja de uma forma mais radical, participava ativamente da Paróquia São Judas Tadeu, onde fui coroinha por 7 anos, atuei como coordenador dos coroinhas por três anos, frequentei várias pastorais na Paróquia, era membro do conselho paroquial e do círculo bíblico de jovens. Participando das atividades da Paróquia, o pároco sempre me incentivava a participar do grupo vocacional do Vicariato oeste da Arquidiocese do Rio de Janeiro, que tinha sua sede em Bangu. Era um padre muito bom que coordenava este grupo, com meninos e meninas, e direcionava para o seminário ou casa religiosa, conforme a busca pessoal de cada um”, conta Frei Alan, até que, com ajuda da Internet, fez contato com a Província da Imaculada e no dia 14 de fevereiro 2007 ingressava no Seminário de Ituporanga. No ano seguinte, fez o Postulantado. Depois de um ano de noviciado, professou temporariamente na Ordem dos Frades Menores no dia 3 de janeiro de 2010. Frei Alan cursou Filosofia em Rondinha e Teologia em Petrópolis, onde morou de 2013 a 2014 no Sagrado e, de 2015 a 2016, na Fraternidade Nossa Senhora de Guadalupe. Professou solenemente na Ordem dos Frades Menores no dia 6 de dezembro de 2014 e, ao concluir o Curso de Teologia, foi transferido no dia 22 de dezembro de 2016 para a sua atual residência: a Paróquia da Rocinha. Nesta entrevista, Frei Alan fala sobre este momento importante na sua vida religiosa.
Site Franciscanos – Como você define o ministério sacerdotal?
Frei Alan – Defino o ministério sacerdotal como sendo exercido por um homem que ensina em nome de Cristo. O sacerdote não fala “de si”, não fala “para si”, mas propõe a Verdade que é o próprio Cristo, a sua Palavra, o seu modo de viver. Pela ordenação, o ministro ordenado não se pertence a si mesmo, mas a Cristo e à Igreja. O sacerdote não ensina as suas próprias ideias, sua função é agir em nome de Cristo. Jesus subiu a montanha e chamou os que ele quis (Mc 3,13). Essa é a razão do chamado sacerdotal: o querer de Deus, totalmente independente das qualidades pessoais daquele que é chamado. A vocação sacerdotal é, por isso, dom totalmente gratuito. Ninguém tem “direito” a recebê-la. O sacerdócio é assumido pelo frade menor como forma de serviço à Igreja.
Chamado por um ato de amor a ser frade menor e a serviço do ministério ordenado, na gratuidade, devo amar a Igreja como Cristo a amou, consagrando a ela todas as minhas energias e oferecendo quotidianamente a minha própria vida.
O sacerdócio é um dom. Escolhido entre homens e constituído em favor de todos, é discípulo servidor do povo de Deus. Na busca contínua da santidade de vida e no encontro pessoal com o Cristo ressuscitado, como frade menor quero buscar e ter verdadeira paixão pelo Reino, profunda compaixão pelo próximo, sobretudo os mais pobres e sofredores. No dia da ordenação presbiteral, o frade torna-se, na Igreja e para a Igreja, imagem real, viva e transparente de Cristo Sacerdote.
O povo de Deus espera do padre que seja sinal da bênção de Deus, tornando presente a sua bondade no mundo atual. Que sejamos amigos na fé, anunciadores de Cristo. Como frade menor, ao exercer este ministério, vou procurar ser profundamente um homem de busca na oração, encontrando na Palavra de Deus a fonte de minha fidelidade e espiritualidade franciscana, no serviço e administração dos sacramentos. Seguindo o exemplo de Maria, mãe de Jesus Cristo e nossa mãe, quero colocar-me sempre a serviço dos irmãos e irmãs.
Site Franciscanos – Quais as suas expectativas como presbítero na Igreja do Papa Francisco?
Frei Alan – Minhas expectativas são de ser um presbítero servidor, transmitir a beleza do encontro com Jesus Cristo, anunciar o Evangelho com alegria e esperança, estar no meio do povo a partir da nossa vida e espiritualidade franciscana, ser sinal de Deus entre os irmãos e irmãs, escutar com caridade o povo. O sacerdote é aquele homem que está sempre a caminho e junto com o povo. Ser presbítero hoje é doar a vida pelo Senhor e pelos irmãos.
Nos dias atuais, o sacerdote deve ser um homem que conhece Jesus a partir de dentro, que se encontrou com ele e aprendeu a amá-lo. Quem coloca a sua vida a serviço do Cristo sabe que é sempre um que semeia, um outro que colhe.
O Papa Francisco falando aos seminaristas (11/12/2016) descreveu o ministério de um presbítero através de uma tríplice pertença: ao Senhor, à Igreja, ao Reino. “Somente se pertencermos a Cristo, à Igreja e ao Reino podemos crescer, superando os obstáculos como a perigosa tentação do narcisismo”. Na realidade atual é uma maneira profética de ser Igreja no serviço do ministério ordenado hoje. Ser homem de relação com os outros, ser homem de relação com Cristo, com todas as pessoas. Ir ao encontro dos excluídos e marginalizados, experimentar a beleza da fraternidade, ser sinal do amor e da graça de Deus. Na alegria e consciência de ter um tesouro incorruptível em um vaso de barro. Viver o ministério que pela imposição das mãos do bispo vou receber a partir do lema que escolhi: O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para a Boa-nova aos pobres (Lc 4, 18a).
Site Franciscanos – O que diria para um jovem que procura a vida religiosa franciscana?
Frei Alan – A vocação à vida religiosa hoje exige que o vocacionado tenha o desejo de servir e dedicar sua vida como Jesus. Entrega total nas mãos de Deus. Amar a Igreja de todo o coração como ela é. O frade menor é aquele que assumiu viver o Evangelho de Cristo nas pegadas de São Francisco. A finalidade da vida religiosa franciscana é a imitação de Jesus Cristo. Estamos vivendo hoje em uma época de grandes transformações, o que nos leva a pensar que os desafios se multiplicam. É preciso saber responder como São Francisco de Assis: “É isto que eu quero, é isto que eu procuro, é isto que eu desejo fazer do íntimo do coração” (1 Cel 8,22). O objetivo da vida religiosa franciscana consiste na configuração com ao Senhor. Trata-se de um itinerário, uma busca de experiência com Jesus Cristo e com os irmãos e irmãs, a exemplo de São Francisco e Santa Clara de Assis. Nosso pai Francisco tornou-se assim um mestre no seguimento de Jesus. Para os candidatos à vida religiosa franciscana, digo que vale a pena viver este nosso modo de vida na minoridade, na fraternidade e a serviço do Evangelho. “A Regra e a vida dos Frades Menores é esta: observar o santo Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, vivendo em obediência, sem nada de próprio e em castidade.” (RB 1,1). Venha ser um frade menor, a vida franciscana tem muito a oferecer ao mundo de hoje. Deus continua ainda a chamar os jovens. Ajudemos a “voz de Deus” a tocar o coração da juventude e acolhamos os que a conseguem escutar e procuram dizer sim!