Vocacional - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Ordenação Presbiteral de Frei Alberto Eckel Junior

Ordenação

“Frei Alberto, o Espírito não o deixará só”

 

Moacir Beggo

Indaial (SC) –  Frei Alberto Eckel Junior não poderia ter escolhido data melhor para ser ordenado presbítero. A solenidade de Pentecostes, que dá início à vida da Igreja de Jesus Cristo, marcou também o começo da vida presbiteral deste catarinense, que recebeu o segundo grau da Ordem pela imposição das mãos do bispo diocesano de Blumenau, Dom José Negri, durante a celebração eucarística na Igreja Nossa Senhora de Fátima, no dia 26 de maio, na cidade catarinense de Indaial.

Foi uma bonita celebração, que reuniu os frades de toda a Província, especialmente desta região e do Noviciado, com seus 19 noviços, para celebrarem esta dupla festa.

Também participaram os seminaristas do Seminário Franciscano de Ituporanga, diáconos da Diocese e o Pe. Frei Márcio Machado, da Comunidade São Francisco de Assis.

Os pais, Alberto e Jociane Mary Trindade Eckel, e os irmãos Thiago e Thaize, já não residem mais em Indaial, mas Frei Alberto quis voltar à cidade onde se formou e cresceu até se mudar para o seminário. O povo retribuiu a sua escolha lotando a igreja para celebrar este momento histórico em sua vida.

Muito simpático, Dom José presidiu a celebração, que teve como concelebrantes o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, e o pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Pe. Célio Ribeiro, e disse que estava muito feliz, pois era a primeira vez que ordenava um filho de São Francisco, santo por quem tem muita estima e veneração. Dom José nasceu na Itália.

Fazendo uma reflexão sobre o tema escolhido por Frei Alberto – “Se alguém tem sede, venha a mim e beba” (Jo 7,37) -, Dom José disse que a sede pode expressar um desejo natural, como beber água, mas ela pode também simbolizar outro tipo de desejo: “São Francisco, por exemplo, na primeira fase de sua vida sentia sede, mas de riqueza, de poder, de vingança contra seus inimigos e corria, corria sem sossego atrás disso. Em certo ponto, a sua sede se transformou e o encontro com o Senhor lhe mudou a vida; ele passou a ter sede do Evangelho, de auxiliar os pobres e de atender os leprosos, que eram excluídos da sociedade”, explicou.

Segundo Dom José, essa sua sede é a de um jovem que quer doar a vida pelo Reino, é a sede de alguém que, depois de anos de caminhada vocacional, sente-se preparado não só para atender ao chamado de Jesus – “Venha a mim” -, mas, sobretudo, aceitar ser como o próprio Jesus. “Essa também não foi por acaso a experiência mística de Francisco? Ele procurou tanto o Cristo sofredor que O encontrou e, quando se uniu misticamente ao Crucificado, ficou marcado pelos estigmas, que se reproduziram em sua carne”, acrescentou.

Dom José disse que o mundo precisa de mais Franciscos e que ele está ao lado de Frei Alberto nesta sua doação, assim como o Espírito não o abandonará. “Ele o acompanhará ao longo de seu ministério e lhe promete – conforme diz o Evangelho (Jo 7,38) – que rios de água viva, frutos e bênção o acompanharão e a sua sede de Deus será saciada”.

Terminada a homilia teve início o rito de ordenação. Frei Alberto foi revestido das vestes litúrgicas por Frei Valdecir Schwambach, guardião do Convento da Penha e o diácono Frei João Francisco. Já como presbítero, Frei Alberto recebeu o cálice e patena de Dom José e, pela primeira vez, ele exerceu o seu ministério, concelebrando com o bispo e os presbíteros.

Alegria e agradecimentos

Frei Fidêncio, em nome de toda a Província, agradeceu a Dom José pela disponibilidade ao aceitar o convite de ordenar Frei Alberto. “Quero agradecer-lhe porque nos permite, como Frades Menores,  fazer penitência na sua Diocese. Como São Francisco diz: fazer penitência é viver a nossa vocação e a nossa missão em Blumenau,em Gaspar, onde nossos frades se fazem presentes”, acrescentou.

Frei Fidêncio demonstrou toda a sua gratidão à comunidade e a Pe. Célio e Pe. Márcio que tornaram possível esta festa em Indaial. Fez um agradecimento especial a Frei Valdir Laurentino, guardião da Fraternidade do Noviciado, que recebeu os frades que participaram da celebração. Por último, agradeceu à família de Frei Alberto: “Sr. Alberto, Jociane, Thiago e Thayse, obrigado a vocês do fundo do nosso coração. Vocês foram abençoados tantas vezes e hoje mais uma vez foram abençoados por esse filho, irmão, sacerdote da Igreja. Obrigado a todos!”. Pe. Célio agradeceu aos frades por trazerem um pouco do carisma de São Francisco a Indaial. “Essa paróquia não será a mesma depois desta ordenação, depois deste momento tão bonito, tão sagrado e tão carregado do Espírito de Deus. Muito obrigado, Frei Alberto, muito obrigado, Frei Fidêncio!”, completou.

Mensagem Final

No final, Dom José deixou a seguinte mensagem ao novo presbítero: “Frei Alberto, hoje padre, escolheu um bispo para ordená-lo que é missionário. Você sabia disso?  Então, não posso terminar esta celebração sem lhe dizer que, pelas minhas mãos episcopais, sacerdotais consagradas, quero que passe também este espírito missionário a você. Hoje é dia de Pentecostes. É graças a Pentecostes que a fé se espalhou pelo mundo inteiro. A Palavra de Deus correu até os confins da Terra”, disse, chamando os noviços angolanos para ficarem ao seu lado no altar. “A fé se espalhou no mundo inteiro. E nós estamos aqui representando esse mundo inteiro. Não esqueça, Frei Alberto, de ser franciscano, mas também de operar para o mundo. E o mundo te espera. Não é só o Estado do Espírito Santo. Tem muito mais Espírito Santo no mundo inteiro que espera a tua palavra!”. Em seguida, Dom José chamou ao seu lado os pais de Frei Alberto: “Eu acredito plenamente que a vocação de um jovem nasce numa família, como Frei Alberto já falou no seu agradecimento. Não esqueçam a grande responsabilidade que têm as famílias diante de Deus. Os filhos não são nossos. Eles são de Deus. Eu quero agradecer a esta família que ofereceu um filho à Igreja. Esse gesto de vocês foi corajoso e, acompanhar o seu filho até esse momento, é uma grande bênção”, finalizou, dando a bênção final. Se Pentecostes é o coroamento de todo o ciclo da Páscoa, a ordenação de Frei Alberto também marcou o coroamento de uma série de onze ordenações presbiterais para a Província da Imaculada Conceição neste primeiro semestre de 2012.

Primeira MIssa

Frei Alberto começa ministério presbiteral como um “veterano”

 

 

Por Moacir Beggo

A celebração da Primeira Missa nem sempre é tranquila para um neossacerdote. Mas para Frei Alberto Eckel Júnior, conhecido por seu interesse e zelo pela liturgia, a Solenidade de Pentecostes o deixou mais à vontade ainda. Quem o viu no domingo (27/05) presidindo a celebração não pensaria que se tratava das Primícias de um jovem sacerdote. E foi assim, com calma, serenidade e tranquilidade que Frei Alberto celebrou a Primeira Missa na Comunidade de São Francisco de Assis, em Indaial. Ao seu lado, ele teve como concelebrante o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, que foi escolhido por ele para ser o pregador nesta Missa.

A bela igreja de São Francisco de Assis, que é assistida por Frei Márcio Machado, da Terceira Ordem Regular franciscana, tornou-se uma casa franciscana naquele domingo solene de Pentecostes. A começar pelo pároco, frades, noviços e seminaristas participaram em peso desta celebração. O povo também lotou a igreja para homenagear o seu mais jovem presbítero.

Como pregador nestas Primícias, uma tradição na Província, Frei Fidêncio perguntou como associar este lema da Ordenação Presbiteral – “Se alguém tem sede, venha a mim e beba” (Jo 7,37) – ao Mistério da Solenidade litúrgica de Pentecostes? Ele mesmo respondeu lembrando São Francisco: “Ao admoestar os seus irmãos a “não extinguirem o Espírito do Senhor, e o seu santo modo de operar”, afirma que precisamos ser pessoas sedentas deste Espírito (desta água), pessoas desejosas deste hálito vital de Deus, para estarmos em comunhão contínua com o ‘Manancial da Vida’.”

Segundo o Ministro Provincial, o Espírito Santo impulsiona para a missão de renovar a partir da linguagem unificadora do amor à face da Terra. “Sim, é preciso renovar a face da ‘Mãe-Terra’ e do mundo inteiro que, originalmente, fora santificado pelo sopro divino. É preciso renovar a face da terra, pois nela, não raro, gravitam outros deuses com seus espíritos que imprimem na humanidade de hoje linguagens enigmáticas e confusas, nada diferente do simbolismo da Torre de Babel no Antigo Testamento!”, alertou. Frei Fidêncio terminou sua homilia fazendo uma belíssima oração sobre os dons do Espírito Santo.

Essa tranquilidade e experiência de Frei Alberto com o sagrado já vem de longe, como revelaram os pais na emocionante homenagem no final da celebração. Segundo eles, foi um susto quando o menino Alberto decidiu ir para o seminário. “Estávamos com os olhos tapados”, confessou a mãe. Desde então começaram a “dar uma de detetive” para saber como nasceu esse desejo no menino de ser padre. Com a ajuda dos primos, que revelaram estar “cansados de tantas Missas rezadas” por Frei Alberto, os pais acharam o grande segredo de Frei Alberto: um sacrário confeccionado de madeira velha por ele mesmo com a imagem de Nossa Senhora Aparecida.

Enquanto a mãe revelava o segredo durante a Missa, os irmãos Thiago e Thayse trouxeram este brinquedo em procissão até o altar. “Aí então, meu filho, caiu a ficha: tua vocação é estar a serviço de Deus, como padre, seguindo o exemplo de São Francisco”, acrescentou, lembrando que Frei Nélson Hillesheim fez o acompanhamento vocacional. “Por isso, hoje, teus pais, dizemos mais uma vez a você: Vai meu filho, vai onde precisarem de ti! E conta sempre com agente. Mas nunca perca a pureza do coração, a simplicidade, a humildade, e sobretudo a alegria de servir, tendo como referência e modelo Nossa Mãezinha do céu, Maria. Conte sempre com a gente e voe, voe alto a serviço do Senhor! E nunca se esqueça: nós amamos você!”, completou.

Por último, Frei Márcio agradeceu a presença de todos os frades durante a Semana Missionária e, lembrando a Oração de São Francisco, disse que ele recebeu mais do que deu nesta semana que antecedeu a ordenação e Primeira Missa de Frei Alberto. Frei Alberto ficou uma semana em Indaial, mas depois retornou para a sua fraternidade, no Convento da Penha, em Vila Velha (ES).

Entrevista

Frei Alberto Eckel Junior

 

 

Por Moacir Beggo

“Se alguém tem sede, venha a mim, e beba” (Jo 7,37). Com este lema, o catarinense Frei Alberto Eckel Junior será ordenado presbítero no dia 26 de maio próximo, por Dom José Negri, PIME, bispo diocesano de Blumenau (SC). A celebração eucarística acontecerá às 19 horas na Igreja Nossa Senhora de Fátima, na rua das Nações, 11, em Indaial (SC). 

Sua Primeira Missa será celebrada no dia 27 de maio, às 9h30, na Igreja São Francisco de Assis, na rua 25 de Janeiro s/n, no bairro Carijós, em Indaial (SC).

Frei Alberto nasceu em Mafra (SC), no dia 19 de janeiro de 1984, filho de Alberto e Jociane Mary Trindade Eckel. Ele tem dois irmãos: Thiago Eckel (25 anos) e Thaize Trindade Eckel (22 anos).

Frei Alberto escolheu Indaial para sua ordenação, porque foi onde seus pais moraram durante sua infância e adolescência. Desde 2010, eles residem na cidade de Camboriú (SC).

Além de conhecer um pouco mais Frei Alberto, nesta entrevista ele fala sobre o seu amor pela Sagrada Liturgia. Confira!

Site Franciscanos – Fale de sua vocação. Como se deu o seu discernimento vocacional?

Frei Alberto Eckel Junior – O meu despertar vocacional se deu de forma bastante simples. Creio que se deve às raízes religiosas, sempre cultivadas em minha família. Na verdade, minha família sempre foi engajada nos movimento eclesiais e nas pastorais, desde quando vivíamos em Mafra-SC, e atuávamos na Paróquia São José. Meus pais eram ministros da comunhão, catequistas, membros da Pastoral Familiar e, mais tarde, membros das Equipes de Nossa Senhora. Isso sem contar com a atuação de meus avós, de ambos os lados, que também eram bastante assíduos nas atividades pastorais. Isso tudo, pois, criou o substrato onde a semente de minha vocação foi lançada. Vendo minha família se dedicar ao serviço pastoral, por que não eu dedicar minha vida integralmente ao serviço do Povo de Deus?

Site Franciscanos – Por que escolheu ser religioso franciscano?

Frei Alberto – Quando decidi ir ao seminário, minha vontade era ser padre. Tanto é que primeiramente me dirigi ao pároco de Indaial-SC, na época o Padre Carlos Kiesewetter, que me encaminhou para o estágio vocacional no Seminário Diocesano de Joinville. A princípio, eu não tinha noção da diferença entre ser padre e vida religiosa. Obviamente, com o passar do tempo, essa noção começou a ficar mais clara. À medida que eu caminhava, descobria as nuances da vida religiosa e, cada vez mais, apaixonava-me por ela. Quanto ao ser franciscano, creio que se deve a um retiro para jovens que fiz em Rodeio. Na ocasião, foram apresentados alguns valores franciscanos, o que me fez buscar contato com os frades. Como meus pais participavam das Equipes de Nossa Senhora em Blumenau, entrei em contato com Frei Nelson Hillesheim, que me encaminhou para o Seminário Santo Antônio, em Agudos-SP. A partir de então, com o aprofundamento da vida e espiritualidade franciscana, as motivações para ser franciscano só aumentavam.

Site Franciscanos  – Conhecemos sua aptidão e preferência pela liturgia? Por que essa escolha?

Frei Alberto – Creio que o amor pela Sagrada Liturgia surgiu pelas circunstâncias da vida e da caminhada vocacional. Como afirmei, fui criado com um contato muito grande com o culto, o que levei comigo para o seminário. Desde os primeiros anos de seminário, estava ligado à equipe litúrgica e envolvido com a preparação das celebrações. É bem verdade que fiz muitas coisas “memoráveis” ao longo desses anos. Cito dois momentos. Um foi um dia da Quaresma em Agudos que cobri as imagens e as cruzes da igreja com panos roxos. Lembro-me que no café da manhã daquele dia os frades buscavam desvendar o mistério de quem colocou as “múmias” na igreja. Outro momento foi no Postulantado, quando fixei nas paredes da igreja, com pregos, dois anjos de isopor. A única coisa que me lembro foi Frei Valdir Laurentino, na época mestre, entrando na igreja bastante bravo e eu saindo com medo por outra porta. Todavia, com o passar do tempo fui estudando e me aprofundando na Sagrada Liturgia e percebendo a sua natureza, importância e riqueza. Devo isso principalmente aos meus professores de Teologia.

Site Franciscanos  – Como está a liturgia hoje no Brasil?

Frei Alberto – É muito difícil falar de Liturgia em nível nacional, dado à complexidade e à variedade de situações. Talvez possamos falar de cenários litúrgicos. Na minha pouca experiência, percebo três cenários principais. Um primeiro é aquele no qual as comunidades receberam e captaram o espírito da reforma do Vaticano II. São comunidades que, não obstante as dificuldades, deixaram-se imbuir da renovação litúrgica, compreendendo a Sagrada Liturgia como fonte e cume de toda ação, evangelização e espiritualidade da Igreja, fugindo à simples e “tradicional” questão pode/não pode. Outro cenário é aquele em que comunidades compreendem a Sagrada Liturgia como um momento de piedade. Explico-me: são aquelas comunidades que, por exemplo, preferem uma reza do terço ou adoração ao Santíssimo em detrimento da celebração eucarística ou da celebração da Palavra. Isso não significa, no entanto, que o terço ou a adoração sejam ruins. Por fim, um terceiro cenário que percebo é aquele, já apontado por Frei Alberto Beckhäuser, em que se busca a estética pela estética, ou seja, o esteticismo. São comunidades ou grupos que, vestidos de uma roupagem tradicional ou de renovação, preocupam-se simplesmente com a forma da celebração, reduzindo a Sagrada Liturgia a normas. Esse último cenário é, talvez, o mais prejudicial à vida da Igreja porque geralmente se reveste de ideologias, progressistas ou conservadoras (não sei se ainda é possível falar dessas categorias!), o que impede um legítimo aggiornamento proposto pelo Vaticano II. Há, no entanto, uma questão que perpassa esses três cenários, é aquela que toca questões pastorais e de inculturação. Acrescente-se a isso a questão da música litúrgica: qual a função da música na Sagrada Liturgia? O repertório que temos atende à função da música litúrgica? Creio que são tensões que ainda incomodam, o que não exclui as belezas e conquistas de nossas comunidades, como por exemplo, a participação ativa de todos os fiéis e a valorização da Palavra de Deus na Sagrada Liturgia.

Site Franciscanos  – Você concorda com a Adélia Prado: “A missa é como um poema, não suporta enfeite nenhum”?

Frei Alberto – A linguagem da Sagrada Liturgia é simbólica. O símbolo, pois, comunica, expressa, celebra e atualiza o Mistério Pascal. A linguagem simbólica não suporta enfeites ou adereços no sentido de algo secundário. Na Sagrada Liturgia, toda ação, a música, os gestos, a palavra, as vestes e as cores, por exemplo, são eloquentes, dizendo o mistério com a veste simbólica. Tudo se converte em símbolo e diz o mistério de Cristo e também este na vida dos fiéis. Tudo é importante na missa, assim como na poesia: cada palavra, expressão e pontuação traduzem os sentimentos e ideias da poesia. Não é um simples esteticismo, mas é o modo próprio de a Liturgia ser celebrada, atualizada e, depois, vivida pelos fiéis. Nesse sentido, o modo como se celebra é importante porque comunica e diz uma verdade de fé, verdade essa que o Magistério da Igreja tem a missão de guardar e zelar. Seguir, pois, as orientações da Igreja não é um simples capricho, mas é algo essencial da fé, que não suporta nem possui elementos secundários e adereços. Nessa linha, o Beato João Paulo II já afirmava (não me lembro onde): que o vosso modo de celebrar seja o vosso modo de crer. Portanto, o modo de celebrar incide no modo de crer e viver a fé.

Site Franciscanos  – “Os elementos fundamentais da fé, que no passado toda e qualquer criança sabia, são cada vez menos conhecidos”. Bento XVI disse na Missa do Crisma esta frase. Como você vê esta situação?

Frei Alberto – Bento XVI faz essa afirmação ao refletir sobre o múnus de ensinar do presbítero. O papa chama a atenção que o verdadeiro ensinamento e consequente doação dos mistérios de Deus acontece quando o próprio presbítero experimenta o mistério de Deus em sua vida. No entanto, o que se percebe é um crescente paradoxo: mesmo em meio ao desenvolvimento intelectual da sociedade, há um crescente analfabetismo religioso entre os fiéis. De fato, há uma ignorância religiosa entre os fiéis e falo isso por experiência própria: há algum tempo eu trabalhei numa instituição de ensino na área de ensino religioso e, depois, com a catequese de Crisma.

Notei que parte dos alunos, embora muito inteligentes, careciam de conhecimentos religiosos fundamentais e, às vezes, nem sabiam as orações fundamentais do cristão. Isso se deve não só a uma catequese defasada, mas também a uma não vivência da fé em família, independente da constituição dela. Assim, a afirmação de Bento XVI vem a calhar muito bem, o que exige do presbítero uma postura muito mais firme e fundamentada na experiência dos mistérios de Deus. Ou seja, além de investir numa catequese mistagógica, o presbítero precisa, mais do que nunca, ser um homem de Deus.